sexta-feira, 6 de julho de 2018

O BRASIL E O COMPLEXO DE VIRA-LATA



Nelson Rodrigues cunhou a expressão “complexo de vira-lata” durante a Copa de 1950, quando a derrota na final contra o Uruguai transformou o brasileiro no último dos torcedores. De uns tempos a esta parte, porém, os “intelectuais” de esquerda vêm usando o epíteto para definir a desesperança da tribo da Banânia, embora o grande problema nacional não seja o complexo de vira-lata, mas sim o narcisismo desbragado — com a devida venia do escritor e dramaturgo retro citado, para quem o brasileiro seria um “Narciso ao contrário”, que cospe na própria imagem.

Desde os mais verdes anos, somos ensinados que nossa bandeira e nosso hino são os mais bonitos, que Deus é brasileiro, e que, deitado eternamente em berço esplêndido, este é o país do futuro e coisa e tal. Querer é poder, diz um ditado, mas na prática, a teoria é outra, diz outro. Não basta querer ganhar a Copa; é preciso jogar melhor que os adversários e contar com uma boa pitada de sorte, pois o imprevisto costuma ter voto na assembleia dos acontecimentos.

Para o país melhorar, não basta querer. É preciso escolher representantes probos, competentes e comprometidos com a moralidade, dispostos a apoiar a Lava-Jato e quem mais se dispuser a pôr atrás das grades a súcia de ladrões que desde sempre esbulha o erário, mas cujo apetite se tornou pantagruélico depois que o PT assumiu o poder central. E não seria de se esperar algo muito diferente de uma agremiação criminosa, liderada por um bandido condenado e alimentada pela ignorância de uma súcia abilolada, que parece acreditar (mesmo) que Lula é um preso político — quando na verdade ele é um político preso —, a alma viva mais honesta do Brasil, encarcerada não pelos crimes que cometeu, mas para não disputar as eleições presidenciais.

O próprio Lula — que deve uivar em noites de lua cheia — parece acreditar (mesmo) que seria capaz de salvar o país com quem ninguém pode através de fórmulas tão singelas quanto as que usou nos anos 70, quando, pelego de carteirinha, era escalado para se entender com os patrões. Nas entrelinhas, no entanto, fica visível que o propósito do safardana é salvar o próprio rabo, ainda que mediante um absurdo autoindulto presidencial.

Por alguma razão misteriosa, permite-se ao “salvador da pátria engaiolado” comandar o PT de dentro da sala especial que habita na Superintendência da PF em Curitiba, onde se exercita numa esteira ergométrica e assiste aos jogos da Copa numa TV de plasma. Tirando a esteira e a tela de plasma, saltam aos olhos as semelhanças com os chefes do PCC e outras organizações criminosas que tais, que mesmo trancafiados em presídios de segurança máxima mandam e desmandam na bandidagem que assola o país.

Quando se esperava que o STF condenasse a presidente da fação lulopetista, as bruxas da segunda turma absolveram-na alegremente e, de quebra, anularam as provas obtidas pela PF em seu apartamento funcional. Na sequência, cuspiram na cara dos cidadãos de bem ao devolverem às ruas o guerrilheiro de festim, José Dirceu, que agora aguarda em liberdade (ainda que com tornozeleira eletrônica e outras restrições impostas pelo juiz Sérgio Moro) o resultado de seus apelos às instâncias superiores.

Como ter autoestima num país onde o “candidato a presidente” mais lembrado nas pesquisas intenções de voto é um criminoso condenado? Só mesmo um alienado (ou um completo idiota) estufaria o peito e escarraria do fundo dos pulmões algum arremedo de nativismo neste arremedo de país (não que o Brasil tenha culpa, culpe o Criador pelo povinho de merda que foi colocado aqui).

Já se tornaram habituais as surpresas jurídicas promovidas pela segunda turma do STF, conhecida como “Jardim do Éden” por ser majoritariamente garantista — em contraposição à primeira turma, punitivista, que é chamada de “Câmara de Gás”. É certo que os ministros têm o direito e a obrigação de sustentar suas opiniões, até porque, mais uma vez parafraseando Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Mas daí a decidirem monocraticamente em desacordo com a jurisprudência cristalizada na nossa mais alta corte vai uma longa distância. Onde a segurança jurídica?

Faltou pouco para o trio de laxantes togados soltar o demiurgo de Garanhuns — que, nunca é demais lembrar, não pode disputar a presidência, barrado que foi pela Lei da Ficha-Limpa, mas faz questão de manter a ficção de pé e sustentar sua candidatura até que ela seja formalmente impugnada pelos tribunais, quando então entrará em cena o “Plano B” que seus fiéis vassalos garantem não existir: Lula sai de cena e tenta transferir seus votos para um poste.

Segundo a coluna Radar do site de Veja, esse poste será Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, derrotado no primeiro turno por João Doria quando tentou a reeleição. No horário de tevê, Lula e Haddad se apresentarão, deixando claro tratar-se de um candidato-robô, destinado a cobrir a vaga do candidato inelegível. Lula diz: “Eu, Lula, sou Haddad”. E Haddad, no melhor estilo dos antigos filmes de Tarzan (“Me Tarzan, you Jane”), responde: “Eu, Haddad, sou Lula”.

Haddad não é Lula e Lula não é Haddad, mas isso não importa. Lula espera que Haddad não faça com ele o que Dilma fez, ao disputar a reeleição sem ceder lhe ceder a vaga. E Haddad, um político menos afoito, não terá a ousadia de usurpar a liderança do PT. Mesmo se fosse eleito, ele seria sempre uma marionete de Lula.

Continuamos na próxima postagem. Até lá.

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