Nelson Rodrigues
cunhou a expressão “complexo de
vira-lata” durante a Copa de 1950, quando a derrota na final contra o
Uruguai transformou o brasileiro no último dos torcedores. De uns tempos a esta
parte, porém, os “intelectuais” de esquerda vêm usando o epíteto para definir a
desesperança da tribo da Banânia, embora o grande problema nacional não seja o complexo de vira-lata, mas sim o narcisismo desbragado — com a devida
venia do escritor e dramaturgo retro citado, para quem o brasileiro seria um “Narciso ao contrário”, que cospe na
própria imagem.
Desde os mais verdes anos, somos ensinados que nossa
bandeira e nosso hino são os mais bonitos, que Deus é brasileiro, e que,
deitado eternamente em berço esplêndido, este é o país do futuro e coisa e tal.
Querer é poder, diz um ditado, mas na prática, a teoria é outra, diz outro.
Não basta querer ganhar a Copa; é preciso jogar melhor que os adversários e
contar com uma boa pitada de sorte, pois o
imprevisto costuma ter voto na assembleia dos acontecimentos.
Para o país melhorar, não basta querer. É preciso escolher
representantes probos, competentes e comprometidos com a moralidade, dispostos
a apoiar a Lava-Jato e quem mais se
dispuser a pôr atrás das grades a súcia de ladrões que desde sempre esbulha o
erário, mas cujo apetite se tornou pantagruélico depois que o PT assumiu o poder central. E não seria
de se esperar algo muito diferente de uma agremiação criminosa, liderada por um
bandido condenado e alimentada pela ignorância de uma súcia abilolada, que
parece acreditar (mesmo) que Lula é
um preso político — quando na verdade ele é um político preso —, a alma viva
mais honesta do Brasil, encarcerada não pelos crimes que cometeu, mas para não
disputar as eleições presidenciais.
O próprio Lula —
que deve uivar em noites de lua cheia — parece acreditar (mesmo) que seria
capaz de salvar o país com quem ninguém pode através de fórmulas tão singelas
quanto as que usou nos anos 70, quando, pelego de carteirinha, era escalado
para se entender com os patrões. Nas entrelinhas, no entanto, fica visível que o
propósito do safardana é salvar o próprio rabo, ainda que mediante um absurdo autoindulto
presidencial.
Por alguma razão misteriosa, permite-se ao “salvador da
pátria engaiolado” comandar o PT de
dentro da sala especial que habita na Superintendência da PF em Curitiba, onde
se exercita numa esteira ergométrica e assiste aos jogos da Copa numa TV de
plasma. Tirando a esteira e a tela de plasma, saltam aos olhos as semelhanças com
os chefes do PCC e outras
organizações criminosas que tais, que mesmo trancafiados em presídios de
segurança máxima mandam e desmandam na bandidagem que assola o país.
Quando se esperava que o STF condenasse a presidente da fação lulopetista, as bruxas da segunda turma absolveram-na
alegremente e, de quebra, anularam as provas obtidas pela PF em seu apartamento funcional. Na sequência, cuspiram na cara dos
cidadãos de bem ao devolverem às ruas o guerrilheiro de festim, José Dirceu, que agora aguarda em
liberdade (ainda que com tornozeleira eletrônica e outras restrições impostas
pelo juiz Sérgio Moro) o resultado
de seus apelos às instâncias superiores.
Como ter autoestima num país onde o “candidato a presidente”
mais lembrado nas pesquisas intenções de voto é um criminoso condenado? Só mesmo
um alienado (ou um completo idiota) estufaria o peito e escarraria do fundo dos
pulmões algum arremedo de nativismo neste arremedo de país (não que o Brasil
tenha culpa, culpe o Criador pelo povinho de merda que foi colocado aqui).
Já se tornaram habituais as surpresas jurídicas promovidas
pela segunda turma do STF, conhecida
como “Jardim do Éden” por ser
majoritariamente garantista — em contraposição à primeira turma, punitivista,
que é chamada de “Câmara de Gás”. É
certo que os ministros têm o direito e a obrigação de sustentar suas opiniões,
até porque, mais uma vez parafraseando Nelson
Rodrigues, toda unanimidade é burra. Mas daí a decidirem monocraticamente
em desacordo com a jurisprudência cristalizada na nossa mais alta corte vai uma
longa distância. Onde a segurança jurídica?
Faltou pouco para o trio
de laxantes togados soltar o demiurgo
de Garanhuns — que, nunca é demais lembrar, não pode disputar a
presidência, barrado que foi pela Lei da
Ficha-Limpa, mas faz questão de manter a ficção de pé e sustentar sua
candidatura até que ela seja formalmente impugnada pelos tribunais, quando
então entrará em cena o “Plano B” que seus fiéis vassalos garantem não existir:
Lula sai de cena e tenta transferir
seus votos para um poste.
Segundo a coluna
Radar do site de Veja, esse
poste será Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, derrotado no primeiro
turno por João Doria quando tentou a
reeleição. No horário de tevê, Lula
e Haddad se apresentarão, deixando
claro tratar-se de um candidato-robô, destinado a cobrir a vaga do candidato
inelegível. Lula diz: “Eu, Lula, sou Haddad”. E Haddad, no melhor estilo dos antigos
filmes de Tarzan (“Me Tarzan, you Jane”),
responde: “Eu, Haddad, sou Lula”.
Haddad não é Lula e Lula não é Haddad, mas
isso não importa. Lula espera que Haddad não faça com ele o que Dilma fez, ao disputar a reeleição sem
ceder lhe ceder a vaga. E Haddad, um
político menos afoito, não terá a ousadia de usurpar a liderança do PT. Mesmo se fosse eleito, ele seria
sempre uma marionete de Lula.
Continuamos na próxima postagem. Até lá.
Visite
minhas comunidades na Rede .Link: