terça-feira, 18 de setembro de 2018

ELEIÇÕES 2018 — TEMPESTADE PERFEITA?



De acordo com o instituto MDA, Jair Bolsonaro lidara as pesquisas de intenção de voto com 28,2%, seguido pelo beleguim de Lula com 17,6%. Nos 5 cenários testados para um eventual segundo turno, o Capitão Caverna empataria com Ciro (na casa dos 37%) e derrotaria Haddad (por 39% a 35,7%), Meirelles (38,6% a 25,7%), Alckmin (38,2% a 27,7%) e Marina (39,4% a 28,2%). Pejo jeito o eleitor consciente ficará entre a cruz e a caldeirinha no próximo dia 7, o que é lamentável, sobretudo se consideramos quão desinformada é a grande maioria dos brasileiros votantes.

Corta para Haddad: Uma semana depois de ser confirmado como presidenciável, o pau-mandado vermelho foi (mais uma vez) exercer sua lulodependência em mais uma visita ao mentor — nos últimos 40 dias, foram nada menos que seis —, de quem recebe instruções para sua campanha. Parece que ninguém dá a mínima para o fato de o presidiário de Garanhuns traçar toda a estratégia da campanha de Haddad de dentro da cadeia, indicando homens de sua confiança para assessorá-lo e orientando-o sobre os lugares aonde ir, qual a postura nos debates a adotar e quem atacar para alavancar sua candidatura. Graças à complacência das autoridades judiciárias, o sumo pontífice da petralhada transformou sua cela em central de comando da campanha do PT, a exemplo do que fazem outros líderes notórios de facções criminosas nesta terra de ninguém.

Corta de novo para Bolsonaro: Enquanto seus adversários se engalfinham no pelotão intermediário das pesquisas, o extremista de direita aposta na polarização com o laranja de Lula e age como se tentasse desenvolver uma vacina capaz de imunizá-lo contra o veneno de Alckmin, que tem se referindo a ele como “um passaporte para a volta do PT” ao Planalto. Talvez o cenário fosse outro se a candidatura do picolé de chuchu decolasse, mas enfim...

Perguntado sobre seus altos índices de rejeição, Bolsonaro questiona as estatísticas que o classificam como o favorito a fazer do seu adversário no segundo round o próximo presidente da República. Sem mencionar expressamente o nome de Alckmin, ele associa a pregação do tucano à ideia de fraude: “A narrativa agora é que eu perderia para qualquer um no segundo turno. Não é perder no voto, é perder na fraude. Então, essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez no primeiro, é concreta.” Parece que, do seu leito na unidade de tratamento semi-intensivo do Hospital Albert Einstein, o capitão não tem acesso aos resultados das pesquisas mais recentes.

Bolsonaro voltou a criticar o Supremo por ter barrado o projeto sobre o voto impresso, de sua autoria, e reforçou a intenção de Haddad tirar Lula da cadeia: “O Haddad, eleito presidente — ele já falou isso, e, se não falou, vocês sabem —, assina no mesmo momento da posse o indulto de Lula. E, no segundo seguinte, o nomeia chefe da Casa Civil.” Também insinuou que Lula só não buscou refúgio numa embaixada companheira porque dispunha de alternativa melhor: “Se coloquem no lugar do presidiário que está lá em Curitiba, com toda a sua popularidade, toda a sua possível riqueza. Com todo seu tráfego junto às ditaduras do mundo inteiro, que se autoapoiam, especialmente em Cuba, você aceitaria passivamente, bovinamente ir para a cadeia? Você não tentaria uma fuga? Se você não tentou fugir, obviamente, é porque você tem um plano B.”

A internação parece ter feito bem a Bolsonaro. Há 11 dias, antes do atentado em Juiz de Fora, ele soava tão soberbo que passava a impressão de só ter virtudes generais. Agora, o sofrimento suavizou sua imagem — o que não deixa de ser problema para a campanha de Alckmin, que voltou a bater no rival com a mesma intensidade de antes da facada.

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