Mostrando postagens com marcador pesquisas de intenção de voto. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pesquisas de intenção de voto. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 18 de setembro de 2018

ELEIÇÕES 2018 — TEMPESTADE PERFEITA?



De acordo com o instituto MDA, Jair Bolsonaro lidara as pesquisas de intenção de voto com 28,2%, seguido pelo beleguim de Lula com 17,6%. Nos 5 cenários testados para um eventual segundo turno, o Capitão Caverna empataria com Ciro (na casa dos 37%) e derrotaria Haddad (por 39% a 35,7%), Meirelles (38,6% a 25,7%), Alckmin (38,2% a 27,7%) e Marina (39,4% a 28,2%). Pejo jeito o eleitor consciente ficará entre a cruz e a caldeirinha no próximo dia 7, o que é lamentável, sobretudo se consideramos quão desinformada é a grande maioria dos brasileiros votantes.

Corta para Haddad: Uma semana depois de ser confirmado como presidenciável, o pau-mandado vermelho foi (mais uma vez) exercer sua lulodependência em mais uma visita ao mentor — nos últimos 40 dias, foram nada menos que seis —, de quem recebe instruções para sua campanha. Parece que ninguém dá a mínima para o fato de o presidiário de Garanhuns traçar toda a estratégia da campanha de Haddad de dentro da cadeia, indicando homens de sua confiança para assessorá-lo e orientando-o sobre os lugares aonde ir, qual a postura nos debates a adotar e quem atacar para alavancar sua candidatura. Graças à complacência das autoridades judiciárias, o sumo pontífice da petralhada transformou sua cela em central de comando da campanha do PT, a exemplo do que fazem outros líderes notórios de facções criminosas nesta terra de ninguém.

Corta de novo para Bolsonaro: Enquanto seus adversários se engalfinham no pelotão intermediário das pesquisas, o extremista de direita aposta na polarização com o laranja de Lula e age como se tentasse desenvolver uma vacina capaz de imunizá-lo contra o veneno de Alckmin, que tem se referindo a ele como “um passaporte para a volta do PT” ao Planalto. Talvez o cenário fosse outro se a candidatura do picolé de chuchu decolasse, mas enfim...

Perguntado sobre seus altos índices de rejeição, Bolsonaro questiona as estatísticas que o classificam como o favorito a fazer do seu adversário no segundo round o próximo presidente da República. Sem mencionar expressamente o nome de Alckmin, ele associa a pregação do tucano à ideia de fraude: “A narrativa agora é que eu perderia para qualquer um no segundo turno. Não é perder no voto, é perder na fraude. Então, essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez no primeiro, é concreta.” Parece que, do seu leito na unidade de tratamento semi-intensivo do Hospital Albert Einstein, o capitão não tem acesso aos resultados das pesquisas mais recentes.

Bolsonaro voltou a criticar o Supremo por ter barrado o projeto sobre o voto impresso, de sua autoria, e reforçou a intenção de Haddad tirar Lula da cadeia: “O Haddad, eleito presidente — ele já falou isso, e, se não falou, vocês sabem —, assina no mesmo momento da posse o indulto de Lula. E, no segundo seguinte, o nomeia chefe da Casa Civil.” Também insinuou que Lula só não buscou refúgio numa embaixada companheira porque dispunha de alternativa melhor: “Se coloquem no lugar do presidiário que está lá em Curitiba, com toda a sua popularidade, toda a sua possível riqueza. Com todo seu tráfego junto às ditaduras do mundo inteiro, que se autoapoiam, especialmente em Cuba, você aceitaria passivamente, bovinamente ir para a cadeia? Você não tentaria uma fuga? Se você não tentou fugir, obviamente, é porque você tem um plano B.”

A internação parece ter feito bem a Bolsonaro. Há 11 dias, antes do atentado em Juiz de Fora, ele soava tão soberbo que passava a impressão de só ter virtudes generais. Agora, o sofrimento suavizou sua imagem — o que não deixa de ser problema para a campanha de Alckmin, que voltou a bater no rival com a mesma intensidade de antes da facada.

Visite minhas comunidades na Rede .Link:

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

QUE MALDADE COM O HADDAD



A farsa de que Lula será candidato é uma fake news do PT que conta com o patrocínio da Justiça Eleitoral, muito lenta para varrer a impostura, e boa parte da imprensa, que se compraz em divulgá-la. Trata-se, portanto, de fake news capaz de causar danos incomensuravelmente maiores do que qualquer outra divulgada nas redes sociais. É também mais um exemplo de como Lula e o PT lançam mão das regras democráticas (no caso, o registro provisório da candidatura no TSE) para tentar corroer por dentro a democracia. A farsa confunde os brasileiros semianalfabetos, como mostra a última pesquisa Datafolha, embaralhando a campanha como um todo. A intenção de Lula e PT é fazer chicana até que seja impossível deixar de colocar a foto do condenado na urna eletrônica, e assim tentar viabilizar a eleição do seu poste por meio de um ardil feito sob medida para enganar quem não consegue ler e escrever além do próprio nome. Depois de tudo o que Lula e o PT fizeram no poder e continuam a fazer fora dele, acho espantoso que ainda haja gente, mesmo de centro-esquerda, que os considere do “campo democrático” e possíveis aliados, como é o caso de Fernando Henrique Cardoso.

Não só concordo com o jornalista como vou mais além: a meu ver, Fernando Haddad terá sérias dificuldades para viabilizar sua candidatura, quando mais não seja porque seu nome não é uma unanimidade nem mesmo dentro do partido, e a tão almejada transferência de votos está longe de ser automática.

Observação: Vale lembra que Lula está preso. Não fosse sua ativa participação na campanha de Dilma, a anta vermelha não teria sido eleita sequer para presidir uma prosaica reunião de condomínio. Portanto, sem Lula a tiracolo Haddad não passa de um ilustre desconhecido — que, para piorar, é rejeitado onde é conhecido.

O único cargo eletivo que o "candidato-vice" na chapa tríplex petista conquistou em toda a sua carreira for o de prefeito de Sampa — ou de poste número dois de Lula, melhor dizendo —, mas sua administração medíocre não lhe garantiu a reeleição (pelo contrário, contrariando todas as pesquisas e expectativas, o outsider João Doria derrotou o petista no primeiro turno — proeza jamais alcançada neste município desde quando as eleições para prefeito passaram a ser em dois turnos). Agora, Haddad se tornou refém do discurso do próprio partido, cuja estratégia é levar o nome do criminoso de Garanhuns até as últimas consequências. Mas outras questões sensíveis, como o desgaste da sigla em razão das denúncias de corrupção e o pouco tempo de exposição no horário eleitoral obrigatório, também se atravessam no caminho do poste vermelho.

Como ponderou J.R. Guzzo (leia a íntegra do texto na postagem de ontem), ao aceitar na frente de todo mundo o papel de objeto inanimado, sem vontade própria e disposto a tudo para servir aos interesses de um homem que pensa unicamente em si mesmo, Haddad está descendo ladeira abaixo, como no tango de Gardel. Tornou-se um cúmplice integral do grupo de arruaceiros que está no comando do partido. É o instrumento-chave da tentativa de sabotar a eleição com a farsa do “duplo cenário”, da litigação judiciária de má fé, da “intervenção da ONU”, da foto do não-candidato na urna eletrônica e tudo o mais que possa fraudar o processo eleitoral com a produção de desordem. Enfim, ao oferecer-se como voluntário para a posição de “poste”, está contribuindo diretamente para destruir o futuro de seu partido

Na minha modestíssima opinião, a decisão do TSE acerca da fantasiosa candidatura de Lula será um divisor de águas. Tanto é que, preocupados com a possibilidade de a Justiça Eleitoral se balizar pelo princípio da celeridade e botar água no chope da petralhada já nos próximos dias, os chicaneiros do pulha de Garanhuns pediram aos ministros que lhes seja assegurada a utilização de todos os meios e recursos que lhe são inerentes. Isso porque a produção de provas pode ser negada pelo relator — afinal, o que há para ser provado quando o impugnado está preso, cumprindo pena decorrente de condenação em segunda instância, e isso é um fato público e notório? 

O receio do PT é que, em não havendo produção de provas, as alegações finais se tornam desnecessárias, e o tribunal pode decidir a questão no início de setembro, e não no final do mês, como o partido gostaria. Embora a Lei da Ficha-Limpa estabeleça com clareza meridiana que a condenação por tribunal colegiado torna um candidato inelegível, os petralhas querem ganhar tempo para que o padim Lula apareça no horário eleitoral obrigatório — que vai começar a nos aporrinhar na próxima sexta-feira. 

Há quem afirme que o esticamento do imbróglio favorece Haddad, pois a vinculação do “poste” ao criador, exposta ao eleitor por mais tempo no rádio e na TV, facilita a tal transferência de votos. No entanto, mesmo que o horário político obrigatório seja tido e havido como uma varinha mágica capaz de tornar um “picolé de chuchu” palatável, transformar uma sonhática em presidente ou fazer de um extremista de direita um candidato viável, só saberemos até que ponto a coisa funciona na prática depois que as inserções forem ao ao ar.

Para concluir, em abono à minha tese sobre a “confiabilidade” das pesquisas eleitorais, confiram o que diz o historiador Marco Antonio Villa no vídeo a seguir:


Visite minhas comunidades na Rede .Link:
http://informatica.link.blog.br/
http://cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/
http://acepipes-guloseimas-e-companhia.link.blog.br/

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O NAUSEABUNDO CENÁRIO POLÍTICO — TERCEIRA PARTE



PESQUISA É COMO BIQUÍNI: REVELA TUDO, MENOS O ESSENCIAL.

Desde o final do ano passado que as pesquisas de intenção de voto apontam dois extremistas disputando a preferência do eleitorado — o que vem mudando ao longo do tempo é o percentual atribuído a cada um. Quando nada, esses números comprovam que o eleitor tupiniquim votaria numa lata de estrume se a ela fosse carismática e profícua em promessas populistas (qualquer semelhança com o pulha de Garanhuns não é mera coincidência).

Uma eleição em dois turnos é o mesmo que duas eleições. O primeiro escrutínio envolve todos os candidatos e o segundo, apenas os dois mais votados na etapa anterior. Lula, embora seja franco-favorito nas pesquisas, jamais se elegeu no primeiro turno — nem ele nem sua imprestável sucessora, que, aliás, só venceu Aécio em 2014 por uma maioria insignificante de votos (diferença essa que muita gente atribui a urnas com “ideias próprias e convicções partidárias favoráveis” ao PT).

Faltando pouco mais um mês para o pleito presidencial, apenas 4 ou 5 dos 13 candidatos registrados têm chances reais de disputar o segundo turno. O fato de Lula, mesmo preso, vir crescendo nas pesquisas se contrapõe à informação — obtida através das mesmas pesquisas — de que a maioria dos eleitores repudia políticos ficha-suja. Mas convém ter em mente que pesquisa é como biquíni: revela tudo, menos o essencial. Além disso, os institutos coletam informações junto a alguns milhares de entrevistados e as projetam num cenário de 147 milhões de eleitores, de modo que dizer que a margem de erro é de 2 ou 3 por cento me parece muito otimismo.

Na melhor das hipóteses, os índices atribuídos aos candidatos representam um instantâneo do momento em que o público-alvo foi abordado, e devem ser vistos como uma tendência — basta lembrar que, nas eleições municipais de 2016, João Doria foi eleito prefeito de Sampa no primeiro turno, embora Ibope, Datafolha e demais institutos de pesquisa o tivessem na conta de azarão; em outro episódio, chegou-se a estampar em manchetes a vitória de Martha Suplicy, mas quem se elegeu foi Gilberto Kassab.

Observação: A despeito de sua inelegibilidade acachapante, Lula continua sendo incluído nas pesquisas, o que contribui para tumultuar o já conturbado cenário sucessório e confundir a parcela menos esclarecida e pouco informada da população (ou seja, a maioria do eleitorado). Quem ganha com isso, além do PT — visto que a exposição de seu eterno presidente de honra ajuda a canalizar votos para o poste que o substituirá nas urnas —, é a seleta confraria que vem enchendo as burras com a instabilidade do mercado financeiro e as sucessivas altas do dólar. Mas essa é outra conversa.

Como salientou José Nêumanne, mesmo com seu líder cumprindo pena numa dita sala de “estado-maior”, como a definiu o juiz que o encarcerou, a máquina de propaganda do petismo não cessou de funcionar. Em 14 de agosto, o jornal The New York Times publicou um artigo, de suposta lavra da pena (no sentido figurado) do molusco abjeto, exaltando programas de seu governo e chamando de “golpe” o impeachment do poste que elegeu para sucedê-lo. Ou seja, o órgão de imprensa de convicções liberais que trava uma guerra contra o presidente Donald Trump reproduziu as diatribes a que recorrem os advogados do apenado e dirigentes do seu partido.

A máquina de propaganda petista, sem contar mais com os colunistas de aluguel nem com emissoras ditas públicas de rádio e televisão — cabides de emprego de militantes e simpatizantes —, divulgou com estardalhaço o texto de seu profeta. Como se, por terem sido impressas sob o timbre do jornalão nova-iorquino, representassem uma adesão deste às teses absurdas de defesa de um criminoso e acusação contra a Justiça brasileira. Pois, como escreveu Fernando Gabeira em artigo no Globo do último dia 20, “para salvar Lula, é necessário condenar a Justiça”. Na verdade, por mais que possa parecer estranho à malta esquerdista, numa democracia os jornais, especialmente os liberais, como o NYT, publicam rotineiramente opiniões estranhas e até opostas às deles. Este foi o caso do artigo em questão, embora isso não impeça que, do lado de cá, em defesa da democracia que escolhemos para nos reger, não tenhamos comentários desairosos sobre esses registros de pulp fiction.

José Roberto Guzzo, em sua coluna na revista Veja, escreveu: “O que a imprensa mundial diz ao público é que Lula está preso porque lidera ‘todas as pesquisas’; se estivesse solto, seria candidato a presidente e ganharia a eleição, e ‘não querem’ que isso aconteça, porque ele voltaria a ajudar os pobres. Quem ‘não querem’? E o que alguém ganharia ficando contra ‘os pobres’? Não há essas informações. Também não há nenhuma palavra sobre o fato de que a presidência de Lula foi o período de maior corrupção já registrado na história mundial ­— realidade comprovada por delações, confissões e devolução de bilhões em dinheiro roubado. Mas e daí? Ninguém está ligando para o Brasil como ele é. O Brasil do Zé Carioca é muito mais interessante”.

O apoio que a caterva lulista acha ter encontrado na mídia burguesa, porém, não basta. Em pleno mês do desgosto, a fábrica de fake news, hoje por conta de robôs nas redes sociais, encontrou mais um tema para incutir nos desinformados a ilusão de que o condenado — e, portanto, inelegível pela Lei da Ficha-Limpa — conta com adesão internacional para defender sua candidatura inviável à presidência da República. Fê-lo com a notícia de que certo “comitê” de direitos humanos da ONU — sempre a ONU — havia intimado o Brasil, ou o governo brasileiro, ou seja lá o que for, a permitir que o condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro disputasse as eleições, ao arrepio da lei.

O que houve de verdade? O comunicado a que recorreu a fábrica petista de fake news em exigência para permitir candidatura do condenado é um documento emanado de um “comitê” formado por 18 “especialistas” independentes sem nenhum poder decisório ou mandatório. Ou seja, está sendo repetido o estratagema do convite da FAO, já denunciado por Carlos Brickmann no site Chumbo Gordo: não havia no calendário de eventos oficiais daquele órgão da ONU nenhum registro do tal compromisso oficial. Agora também não há. 

A notícia foi dada (ou seja, vazada) pela BBC, não pelas Nações Unidas. E tanto nunca foi oficial que a própria ONU divulgou nota informando que a função do tal “comitê” é “supervisionar e monitorar” o cumprimento dos acordos internacionais de defesa dos direitos humanos. E fazer recomendações, sempre em entendimento e consultas com os países envolvidos. O texto dessa nota de informações não deixa dúvidas quanto ao uso impróprio da entidade na divulgação: “É importante notar que esta informação, embora seja emitida pelo Escritório das Nações Unidas para Direitos Humanos, é uma decisão do Comitê de Direitos Humanos, formado por especialistas independentes. (Logo) esta informação deve ser atribuída ao Comitê de Direitos Humanos”.

O título da coluna de Jânio de Freitas na Folha, Brasil ignora tratados internacionais no caso de Lula, vai na contramão dessas conclusões falsas e apressadas. Já na quinta-feira 16 o comentarista de economia Carlos Alberto Sardenberg registrou em seu artigo semanal na página de opinião de O GloboFake ONU, o seguinte: “Vai daí que são fake todas as notícias do tipo: ONU manda, determina, exige que Lula participe da eleição; Conselho da ONU decide a favor de Lula (forçando uma confusão do Comitê com o Conselho, por ignorância ou má-fé); decisão do Comitê é obrigatória”. 

Ainda na semana passada, em pleno espocar dos foguetões dos lulistas devotos, o colega José Fucs esclareceu no site BR18 do Portal do Estadão: “O comunicado revela, de qualquer forma, o grau de interferência política que predomina nas iniciativas do órgão e o seu aparelhamento pelos PTs do mundo e por países cujos interesses têm pouco ou nada a ver com a defesa da liberdade e dos direitos humanos. Não por acaso, em junho deste ano, os Estados Unidos decidiram se retirar da entidade, que inclui ‘exemplos’ de democracia, como Angola, China, Cuba e Venezuela, em protesto contra suas críticas frequentes a Israel”.

Os fanáticos do padim Lula poderão argumentar que o presidente norte-americano, Donald Trump, não é flor que se cheire em matéria de verdade, além de se declarar publicamente inimigo número um da imprensa livre de seu país. Mas ninguém de boa-fé ou de boa vontade pode considerar os ditadores comunistas dos países citados por Fucs como militantes da defesa da liberdade de dissentir de seus dissidentes internos. 

The New York Times, a BBC, a ONU e os tais militantes, que não são diplomatas das “nações unidas”, mas “especialistas em direitos humanos”, normalmente de esquerda e que compõem o tal “comitê”, não assumiram nenhum compromisso de lealdade com as instituições do Estado de Direito vigente no Brasil por livre e soberana vontade majoritária do povo brasileiro. Os robôs a serviço da pregação ideológica da farsa da “perseguição de Lula para evitar que ele se candidate” não têm vontade própria nem discernimento. Mas, pelo menos em teoria, o PT e o PCdoB, que apoiam as pretensões presidenciais de Lula, e principalmente ele próprio deveriam respeitar e proteger nossas instituições democráticas, se é que pretendem mesmo disputar o voto do cidadão sob a égide delas.

Amanhã a gente continua.

Visite minhas comunidades na Rede .Link:
http://informatica.link.blog.br/
http://cenario-politico-tupiniqim.link.blog.br/
http://acepipes-guloseimas-e-companhia.link.blog.br/

quarta-feira, 6 de junho de 2018

ELEIÇÕES 2018 ― TEMPOS ESTRANHOS



Vivemos tempos estranhos, disse o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal. E com efeito: a julgar pelas pesquisas ― nem sempre muito confiáveis, mas impossíveis de ser ignoradas ―, nosso esclarecidíssmo eleitorado está dividido entre um criminoso condenado, populista de carteirinha, e um militar aposentado, estadista de quatro costados.

A polarização da política ― fomentada em grande medida pelo “nós contra eles” do ex-presidente petista ― leva os “petralhas” a escolher um candidato que dificilmente disputará a presidência (e que deve apodrecer na prisão, em havendo justiça nesta terra), e os extremistas de direita a escolher alguém que emula a volta dos militares ao poder.

Pré-candidatos como Henrique Meirelles e João Doria são solenemente ignorados pela esmagadora maioria dos brasileiros incapazes de enxergar que a virtude não está nos extremos, e isso assusta, notadamente quando apenas quatro meses nos separam da eleição presidencial. A propósito, sugiro a leitura do artigo “Coxinhas e petralhas: o fandom político como chave de análise da audiência criativa nas mídias sociais”, publicado na revista Geminis, da Universidade Federal de São Carlos. 

Sobre Lula, não há muito a dizer além do que eu já disse em minhas minhas humildes postagens. Mas Bolsonaro só foi citado meia dúzia de vezes, se tanto, e mesmo assim de passagem. Portanto, resolvi preencher essa lacuna. Acompanhe.

O ex-capitão do exército que hoje vive dias de celebridade aparece com respeitáveis 20% nas pesquisas de intenção de voto ― a título de comparação, Geraldo Alckmin, o eterno picolé de chuchu, não chega a 1/3 disso ― e vive hoje sua terceira e melhor fase na pré-campanha presidencial. Há um ano, ele era considerado o candidato folclórico da disputa, como tantos outros o foram em todas as eleições desde a redemocratização. De alguns meses para cá, porém, surfando na derrocada do PT, começou a crescer nas sondagens e agora parece ter presença garantida no segundo turno.

Aos poucos, Bolsonaro construiu uma narrativa eloquente contra bandeiras tradicionais da esquerda, sem se importar com a pecha de machista, homofóbico e racista que viria junto. Além disso, explorou o fato de não estar envolvido em escândalos de corrupção, especialmente na Lava-Jato para se vender como um político diferente ― a despeito dos sete mandatos como deputado federal e um como vereador no Rio. Mas não é só. O deputado-capitão também atrai o voto de protesto que outrora era comum em eleições legislativas como a de 2014, quando foi eleito o palhaço Tiririca.

Tamanha é a frustração do brasileiro com a política e a economia que Bolsonaro virou uma espécie de refúgio dos indignados. “Ele atende aos descontentes com o Brasil atual, principalmente os descontentes com a corrupção”, diz David Fleischer, professor de ciências políticas da Universidade de Brasília. “A figura que ele encarna é quase ideal. É um personagem de um drama, comédia ou tragédia política”, afirma Roberto Romano, professor aposentado de Ética e Filosofia da Unicamp.

Com o pé no segundo turno, o debate que se impõe é: se eleito, Bolsonaro terá condições de presidir o país? Além disso, qual Bolsonaro seria presidente? O mais radical, com forte discurso contra a política e o sistema, ou o que agora começar a vestir um figurino um pouco mais flexível para atrair um eleitorado que ainda duvida de sua capacidade para conduzir o Brasil em um dos períodos mais conflagrados da história?

Capitão da reserva do Exército, Jair Messias Bolsonaro sempre balizou sua atuação política em assuntos caros a seu eleitorado original ― os militares. Foi erguendo bandeiras de interesse dos colegas de farda que se elegeu pela primeira vez. Era um rebelde nos quartéis, lutando por melhorias nas condições de trabalho de soldados e cabos (o baixo clero da caserna), e, da Câmara de Vereadores do Rio, levou a bandeira para a Câmara Federal, nos anos 1990 ― que atravessou com uma apagada atuação parlamentar, focada no atendimento de demandas corporativas das Forças Armadas.

A chegada de Lula ao poder, em 2003, daria ao deputado Bolsonaro um inimigo de peso para combater — e aparecer. Foi a partir daí que se deu sua primeira guinada política. Na era petista, ele ampliou o foco de sua atuação, passou a falar não apenas para os militares de baixo coturno e adotou bandeiras conservadoras para rebater as políticas públicas propostas pelo PT. Aos poucos, foi se consolidando como um dos mais virulentos críticos do petismo e ganhou protagonismo.

Ainda no governo Lula, Bolsonaro depois de ser abordado agressivamente Maria do Rosário durante um debate sobre redução da maioridade penal, disse que a deputada petralha gaúcha não merecia ser estuprada. No começo do governo Dilma, comprou a briga contra o chamado kit-gay ― uma espécie de cartilha contra a homofobia que o Ministério da Educação queria distribuir às escolas. Ao deputado Jean Willys, homossexual assumido, disse que teria vergonha de ter um filho como ele.

Cada polêmica era bem explorada pela equipe de Bolsonaro nas redes sociais, o que fez com que seu nome passasse a ser admirado país afora (e também odiado por grupos mais simpáticos às bandeiras de esquerda). Os vídeos foram viralizando — e, paulatinamente, ajudando o deputado a fidelizar o eleitorado antipetista. Com o recrudescimento da crise econômica e o avanço da Lava-Jato, seu número de eleitores saltou dos 120 mil, em 2010, para 464 mil, em 2014, quando foi reeleito para o sétimo mandato na Câmara e se tornou o terceiro deputado mais votado do país (só para constar: Tiririca teve 1,3 milhão de votos em 2010 e cerca de 1 milhão em 2014). Foi então que ele começou a cogitar a ideia de concorrer ao Palácio do Planalto. A hipótese foi aventada ainda em 2014, mas o deputado não encontrou apoio no PP ― partido que o abrigava àquela altura. Fez algumas abordagens ao presidente da sigla, o notório senador Ciro Nogueira, que sempre fugia do assunto. 

Bolsonaro abandonou o PP após a reeleição de Dilma, mas o PSC também não garantiu legenda para seu projeto nacional. Em 2017, vendo que teria mais chances de se candidatar a presidente em uma sigla menor, aproximou-se do nanico PEN ― rebatizado de Patriota a pedido do próprio Bolsonaro ― e, mais adiante, ingressou no PSL.

No Datafolha, Bolsonaro começou a aparecer com 4% das intenções de voto em 2015, subiu para 7% em 2016 e para 15% em 2017. A pecha de sectário, contudo, continuava a ser um problema a resolver, juntamente com a crítica frequente de que era leigo em relação a temas importantes para alguém que pretende comandar o país. Foi então que, no final do ano passado, ele passou a modular seu discurso e terceirizar a elaboração de propostas em algumas áreas cruciais. Para tentar uma aproximação com o mercado, ator relevante em eleições presidenciais, escalou o economista Paulo Guedes, fundador e ex-sócio do BTG Pactual e doutor em economia pela Universidade de Chicago. A ideia de convidá-lo para coordenar o programa econômico de sua campanha teve efeitos positivos. Ali, em meio ao deserto de opções que se desenhavam, o pré-candidato foi ganhando a simpatia de empresários e operadores de mercado e passou a participar de sabatinas organizadas por bancos e associações empresariais.

Durante a recente paralisação dos caminhoneiros, Bolsonaro apoiou as reivindicações da categoria e chegou mesmo a prometer que anistiaria as multas aplicadas aos grevistas. Mas ao longo da semana acabou assumindo uma posição mais crítica e condenou os bloqueios nas estradas. “Houve infiltração no movimento”, disse. E completou: “Caso seja presidente, não quero pegar o país pior do que está”.

Some-se à miopia política (para não dizer “ignorância”) de boa parte do eleitorado a absoluta ausência de candidatos ilibados e qualificados para presidir este arremedo de país e fica fácil compreender porque estamos nesta deplorável situação.

Que Deus nos ajude em outubro, nos próximos quatro anos e nos demais que estão por vir.

Visite minhas comunidades na Rede .Link: