Inicio o post de hoje com o excerto de um texto publicado por Mario Sabino na revista digital Crusoé:
A farsa de que Lula será candidato é uma fake news do PT que conta com o patrocínio da
Justiça Eleitoral, muito lenta para varrer a impostura, e boa parte da
imprensa, que se compraz em divulgá-la. Trata-se, portanto, de
fake news capaz de causar danos incomensuravelmente maiores do que qualquer
outra divulgada nas redes sociais. É também mais um exemplo de como Lula e o PT lançam mão das regras democráticas (no caso, o registro
provisório da candidatura no TSE)
para tentar corroer por dentro a democracia. A farsa confunde os
brasileiros semianalfabetos, como mostra a última pesquisa Datafolha, embaralhando a campanha como um todo. A intenção de Lula e PT é fazer chicana até que seja impossível deixar de colocar a foto
do condenado na urna eletrônica, e assim tentar viabilizar a eleição do seu
poste por meio de um ardil feito sob medida para enganar quem não consegue ler
e escrever além do próprio nome. Depois de tudo o que Lula e o PT fizeram no poder e continuam a fazer fora dele, acho espantoso
que ainda haja gente, mesmo de centro-esquerda, que os considere do “campo
democrático” e possíveis aliados, como é o caso de Fernando Henrique Cardoso.
Não só concordo com o jornalista como vou mais além: a meu ver, Fernando Haddad terá sérias dificuldades
para viabilizar sua candidatura, quando mais não seja porque seu nome não é
uma unanimidade nem mesmo dentro do partido, e a tão almejada
transferência de votos está longe de ser automática.
Observação: Vale lembra que Lula
está preso. Não fosse sua ativa participação na campanha de Dilma, a anta vermelha não teria sido
eleita sequer para presidir uma prosaica reunião de condomínio. Portanto, sem Lula a tiracolo Haddad não passa de um ilustre desconhecido — que, para piorar, é
rejeitado onde é conhecido.
O único cargo eletivo que o "candidato-vice" na chapa tríplex petista conquistou em toda a sua carreira for o de prefeito de Sampa
— ou de poste número dois de Lula,
melhor dizendo —, mas sua administração medíocre não lhe garantiu a reeleição
(pelo contrário, contrariando todas as pesquisas e expectativas, o outsider João Doria derrotou o petista no primeiro turno — proeza jamais
alcançada neste município desde quando as eleições para prefeito passaram a ser
em dois turnos). Agora, Haddad se tornou refém do discurso do
próprio partido, cuja estratégia é levar o nome do criminoso de Garanhuns até
as últimas consequências. Mas outras questões sensíveis, como o desgaste da sigla
em razão das denúncias de corrupção e o pouco tempo de exposição no horário
eleitoral obrigatório, também se atravessam no caminho do poste vermelho.
Como ponderou J.R.
Guzzo (leia a íntegra do texto na postagem de ontem), ao aceitar na frente de todo mundo o papel de objeto inanimado, sem
vontade própria e disposto a tudo para servir aos interesses de um homem que
pensa unicamente em si mesmo, Haddad
está descendo ladeira abaixo, como no tango de Gardel. Tornou-se um cúmplice
integral do grupo de arruaceiros que está no comando do partido. É o
instrumento-chave da tentativa de sabotar a eleição com a farsa do “duplo
cenário”, da litigação judiciária de má fé, da “intervenção da ONU”, da foto do
não-candidato na urna eletrônica e tudo o mais que possa fraudar o processo
eleitoral com a produção de desordem. Enfim, ao oferecer-se como voluntário
para a posição de “poste”, está contribuindo diretamente para destruir o futuro
de seu partido.
Na minha modestíssima opinião, a decisão do TSE acerca da fantasiosa candidatura de
Lula será um divisor de águas. Tanto é que, preocupados com a possibilidade de a Justiça Eleitoral se balizar pelo princípio da celeridade e botar
água no chope da petralhada já nos próximos dias, os chicaneiros do pulha de
Garanhuns pediram aos ministros que lhes seja assegurada a utilização de todos os meios e recursos que lhe são inerentes. Isso porque a produção de provas pode ser negada pelo relator — afinal, o que há para ser provado quando o impugnado está preso, cumprindo pena decorrente de condenação em segunda instância, e isso é um fato público e notório?
O receio do PT é que, em não havendo produção de provas, as alegações finais se tornam desnecessárias, e o tribunal pode decidir a questão no início de setembro, e não no final do mês, como o partido gostaria. Embora a Lei da
Ficha-Limpa estabeleça com clareza meridiana que a condenação por
tribunal colegiado torna um candidato inelegível, os petralhas querem ganhar tempo para que o padim Lula apareça no horário eleitoral obrigatório — que vai começar a
nos aporrinhar na próxima sexta-feira.
Há quem afirme que o esticamento do imbróglio favorece Haddad, pois a vinculação do “poste” ao criador, exposta ao eleitor por mais tempo no rádio e na TV, facilita a tal transferência de
votos. No entanto, mesmo que o horário político obrigatório seja tido e
havido como uma varinha mágica capaz de tornar um “picolé de chuchu” palatável, transformar
uma sonhática em presidente ou fazer de um extremista de direita um candidato
viável, só saberemos até que ponto a coisa funciona na prática depois que as inserções forem ao ao ar.
Para concluir, em abono à minha tese sobre a “confiabilidade”
das pesquisas eleitorais, confiram o que diz o historiador Marco Antonio Villa no vídeo a seguir:
http://informatica.link.blog.br/
http://cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/
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