PESQUISA É COMO BIQUÍNI: REVELA TUDO, MENOS O ESSENCIAL.
Desde o final do ano passado que as pesquisas de intenção de voto apontam dois extremistas disputando a preferência do eleitorado — o que vem mudando ao longo do tempo é o percentual atribuído a cada um. Quando nada, esses números comprovam que o eleitor tupiniquim votaria numa lata de estrume se a ela fosse carismática e profícua em promessas populistas (qualquer semelhança com o pulha de Garanhuns não é mera coincidência).
Uma eleição em dois turnos é o mesmo que duas
eleições. O primeiro escrutínio envolve todos os candidatos e o segundo, apenas os dois mais
votados na etapa anterior. Lula,
embora seja franco-favorito nas pesquisas, jamais se elegeu no
primeiro turno — nem ele nem sua imprestável sucessora, que, aliás, só venceu Aécio em 2014 por uma maioria insignificante
de votos (diferença essa que muita gente atribui a urnas com “ideias próprias e
convicções partidárias favoráveis” ao PT).
Faltando pouco mais um mês para o pleito presidencial,
apenas 4 ou 5 dos 13 candidatos registrados têm chances reais de disputar o segundo turno. O fato de Lula, mesmo
preso, vir crescendo nas pesquisas se contrapõe à informação —
obtida através das mesmas pesquisas — de que a maioria dos eleitores repudia
políticos ficha-suja. Mas convém ter em mente que pesquisa é como biquíni: revela tudo, menos o essencial. Além disso, os institutos coletam informações junto a alguns milhares de entrevistados e as projetam
num cenário de 147 milhões de eleitores, de modo que dizer que a margem
de erro é de 2 ou 3 por cento me parece muito otimismo.
Na melhor das hipóteses, os índices atribuídos aos candidatos representam um instantâneo do momento em que o público-alvo foi abordado, e devem ser vistos como uma tendência — basta lembrar que, nas eleições municipais de 2016, João Doria foi eleito prefeito de Sampa no primeiro turno, embora Ibope, Datafolha e demais institutos de pesquisa o tivessem na conta de azarão; em outro episódio, chegou-se a estampar em manchetes a vitória de Martha Suplicy, mas quem se elegeu foi Gilberto Kassab.
Na melhor das hipóteses, os índices atribuídos aos candidatos representam um instantâneo do momento em que o público-alvo foi abordado, e devem ser vistos como uma tendência — basta lembrar que, nas eleições municipais de 2016, João Doria foi eleito prefeito de Sampa no primeiro turno, embora Ibope, Datafolha e demais institutos de pesquisa o tivessem na conta de azarão; em outro episódio, chegou-se a estampar em manchetes a vitória de Martha Suplicy, mas quem se elegeu foi Gilberto Kassab.
Observação: A despeito de sua inelegibilidade acachapante, Lula continua sendo incluído nas pesquisas, o que contribui para tumultuar o já conturbado cenário sucessório e confundir a parcela menos esclarecida e pouco informada da população (ou seja, a maioria do eleitorado). Quem ganha com isso, além do PT — visto que a exposição de seu eterno presidente de honra ajuda a canalizar votos para o poste que o substituirá nas urnas —, é a seleta confraria que vem enchendo as burras com a instabilidade do mercado financeiro e as sucessivas altas do dólar. Mas essa é outra conversa.
Como salientou José
Nêumanne, mesmo com seu líder cumprindo pena numa dita sala de
“estado-maior”, como a definiu o juiz que o encarcerou, a máquina de propaganda
do petismo não cessou de funcionar. Em 14 de agosto, o jornal The New York Times publicou um
artigo, de suposta lavra da pena (no sentido figurado) do molusco abjeto, exaltando
programas de seu governo e chamando de “golpe” o impeachment do poste que
elegeu para sucedê-lo. Ou seja, o órgão de imprensa de convicções liberais que
trava uma guerra contra o presidente Donald
Trump reproduziu as diatribes a que recorrem os advogados do apenado e
dirigentes do seu partido.
A máquina de propaganda petista, sem contar mais com os
colunistas de aluguel nem com emissoras ditas públicas de rádio e televisão —
cabides de emprego de militantes e simpatizantes —, divulgou com estardalhaço o
texto de seu profeta. Como se, por terem sido impressas sob o timbre do
jornalão nova-iorquino, representassem uma adesão deste às teses absurdas de
defesa de um criminoso e acusação contra a Justiça brasileira. Pois,
como escreveu Fernando Gabeira em
artigo no Globo do último dia 20, “para salvar Lula, é necessário
condenar a Justiça”. Na verdade, por mais que possa parecer estranho à
malta esquerdista, numa democracia os jornais, especialmente os liberais, como
o NYT, publicam rotineiramente
opiniões estranhas e até opostas às deles. Este foi o caso do artigo
em questão, embora isso não impeça que, do lado de cá, em defesa da democracia
que escolhemos para nos reger, não tenhamos comentários desairosos sobre esses
registros de pulp fiction.
José Roberto Guzzo,
em sua coluna na revista Veja, escreveu: “O que a imprensa mundial diz ao público é que Lula
está preso porque lidera ‘todas as pesquisas’; se estivesse solto, seria
candidato a presidente e ganharia a eleição, e ‘não querem’ que isso aconteça,
porque ele voltaria a ajudar os pobres. Quem ‘não querem’? E o que alguém ganharia
ficando contra ‘os pobres’? Não há essas informações. Também não há nenhuma
palavra sobre o fato de que a presidência de Lula foi o período de maior
corrupção já registrado na história mundial — realidade comprovada por
delações, confissões e devolução de bilhões em dinheiro roubado. Mas e daí?
Ninguém está ligando para o Brasil como ele é. O Brasil do Zé Carioca é muito
mais interessante”.
O apoio que a caterva lulista acha ter encontrado na mídia
burguesa, porém, não basta. Em pleno mês do desgosto, a fábrica de fake
news, hoje por conta de robôs nas redes sociais, encontrou mais um tema
para incutir nos desinformados a ilusão de que o condenado — e, portanto,
inelegível pela Lei da Ficha-Limpa —
conta com adesão internacional para defender sua candidatura inviável à presidência
da República. Fê-lo com a notícia de que certo “comitê” de direitos humanos da ONU — sempre a ONU — havia intimado o Brasil, ou o governo brasileiro, ou seja lá
o que for, a permitir que o condenado por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro disputasse as eleições, ao arrepio da lei.
O que houve de verdade? O comunicado a que recorreu a
fábrica petista de fake news em
exigência para permitir candidatura do condenado é um documento emanado de um
“comitê” formado por 18 “especialistas” independentes sem nenhum poder
decisório ou mandatório. Ou seja, está sendo repetido o estratagema do convite
da FAO, já denunciado por Carlos
Brickmann no site Chumbo Gordo: não havia no
calendário de eventos oficiais daquele órgão da ONU nenhum registro do tal compromisso oficial. Agora também não
há.
A notícia foi dada (ou seja, vazada) pela BBC, não pelas Nações Unidas.
E tanto nunca foi oficial que a própria ONU
divulgou nota informando que a função do tal “comitê” é “supervisionar e
monitorar” o cumprimento dos acordos internacionais de defesa dos direitos
humanos. E fazer recomendações, sempre em entendimento e consultas com os
países envolvidos. O texto dessa nota de informações não deixa
dúvidas quanto ao uso impróprio da entidade na divulgação: “É importante
notar que esta informação, embora seja emitida pelo Escritório das Nações
Unidas para Direitos Humanos, é uma decisão do Comitê de Direitos Humanos,
formado por especialistas independentes. (Logo) esta informação deve ser
atribuída ao Comitê de Direitos Humanos”.
O título da coluna de Jânio
de Freitas na Folha, Brasil ignora
tratados internacionais no caso de Lula, vai na contramão dessas conclusões
falsas e apressadas. Já na quinta-feira 16 o comentarista de economia Carlos Alberto Sardenberg registrou em
seu artigo semanal na página de opinião de O Globo, Fake
ONU, o seguinte: “Vai daí que são fake todas as notícias do tipo:
ONU manda, determina, exige que Lula participe da eleição; Conselho da ONU
decide a favor de Lula (forçando uma confusão do Comitê com o Conselho, por
ignorância ou má-fé); decisão do Comitê é obrigatória”.
Ainda na semana
passada, em pleno espocar dos foguetões dos lulistas devotos, o colega José Fucs esclareceu no site BR18 do Portal do Estadão: “O comunicado revela, de qualquer forma, o
grau de interferência política que predomina nas iniciativas do órgão e o seu
aparelhamento pelos PTs do mundo e por países cujos interesses têm pouco ou
nada a ver com a defesa da liberdade e dos direitos humanos. Não por
acaso, em junho deste ano, os Estados Unidos decidiram se retirar da entidade,
que inclui ‘exemplos’ de democracia, como Angola, China, Cuba e Venezuela, em
protesto contra suas críticas frequentes a Israel”.
Os fanáticos do padim Lula poderão argumentar que o
presidente norte-americano, Donald
Trump, não é flor que se cheire em matéria de verdade, além de se
declarar publicamente inimigo número um da imprensa livre de seu país. Mas
ninguém de boa-fé ou de boa vontade pode considerar os ditadores comunistas dos
países citados por Fucs como
militantes da defesa da liberdade de dissentir de seus dissidentes
internos.
The New York Times, a BBC, a ONU e os tais militantes, que não são diplomatas das “nações
unidas”, mas “especialistas em direitos humanos”, normalmente de esquerda e que
compõem o tal “comitê”, não assumiram nenhum compromisso de lealdade com as
instituições do Estado de Direito vigente no Brasil por livre e soberana vontade
majoritária do povo brasileiro. Os robôs a serviço da pregação ideológica da
farsa da “perseguição de Lula para
evitar que ele se candidate” não têm vontade própria nem discernimento. Mas,
pelo menos em teoria, o PT e o PCdoB, que apoiam as pretensões presidenciais
de Lula, e principalmente ele
próprio deveriam respeitar e proteger nossas instituições democráticas, se é
que pretendem mesmo disputar o voto do cidadão sob a égide delas.
Amanhã a gente continua.
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