quinta-feira, 23 de maio de 2019

COMPUTADOR, SMARTPHONE, WINDOWS E UM POUCO DE HISTÓRIA — Parte Final


ÀS VEZES, O QUE SE TEM É SOMENTE AQUILO EM QUE SE ACREDITA.

Como já vimos, o computador é composto de dois segmentos distintos, mas interdependentes. O hardware é a parte física (gabinete, teclado, monitor, placa-mãe, placas de expansão, memórias etc.) e o software, os programas (sistema operacional, aplicativos, utilitários etc.). No léxico da informática, o termo programa designa um conjunto de instruções em linguagem de máquina que descreve uma tarefa a ser realizada pelo computador, e pode referenciar tanto o código fonte, escrito em alguma linguagem de programação, quanto o arquivo executável que contém esse código.

Qualquer dispositivo computacional atual, dos (já quase obsoletos) desktops aos notebooks que a gente levava de um lado para outro antes de os smartphones se tornarem capazes de substituí-los na maioria das situações, conta com um sistema operacional, que, tecnicamente, é um programa como qualquer outro, ainda que seja considerado (muito apropriadamente) como o software-mãe, uma vez que cabe a ele gerenciar o hardware e o software, prover a interface entre o usuário e a máquina (e vice-versa) e servir como base para a execução dos demais programas. 

Embora o Mac OS e as distribuições Linux sejam bastante populares, o Windows é o sistema operacional para PCs mais usado em todo o mundo — nos smartphones e tablets a liderança fica com o Android, não só por ele ser um sistema de código aberto, mas também devido ao fato de que, como os demais produtos da Apple, o iPhone, que utiliza o iOS, esbanja excelência, mas custa caro, sobretudo no Brasil, onde a carga tributária é escorchante.

Os arquivos de instalação do MS-DOS e das edições 3.x do Windows ocupavam uns poucos disquetes de 1,44 MB. O Win/95, que já era um sistema operacional autônomo (ou quase isso), foi o primeiro a ser fornecido tanto em disquetes (13 disquinhos) quanto em CD-ROM, mas as versões subsequentes foram se tornando mais volumosas — para armazenar os arquivos de instalação do Windows 7, por exemplo seriam necessários mais de 2.000 disquetes, e bastaria um deles embolorar ou desmagnetizar para comprometer todo o conjunto. 

Atualmente, muita gente vê o MS-DOS como “coisa do passado”, mas o prompt de comando (e, mais recentemente, o Windows PowerShell) continua presente, visando auxiliar o usuário na execução de tarefas que não podem ser convocadas via interface gráfica ou que demandam o uso diferenciado de recursos do computador como diagnósticos de rede, manutenções avançadas do sistema e por aí vai. Alguns desses procedimentos podem ser realizados também via menu Executar, mas isso já é outra história e fica para outra vez.

O Vista, a exemplo do ME antes dele e do Windows 8 mais adiante, foi um fiasco de crítica e de público, mas se notabilizou por ser a primeira edição fornecida em DVD. O XP foi a encarnação do Windows mais longeva, e o Seven segue o mesmo caminho, visto que muitos usuários não se entusiasmaram com o Vista e relutaram em fazer o upgrade para o Windows 10, que foi lançado em 2015 como serviço e disponibilizado gratuitamente até meados de 2016 (se for o seu caso, fique atento, porque o suporte estendido do Windows 7 termina em janeiro do ano que vem, e o do Eight, em janeiro de 2023.

Sistemas e programas atuais são monstruosas obras de engenharia computacional. Para se ter uma ideia, o Seven é formado por cerca de 40 milhões de linhas de código; o Office 2013, por 50 milhões; o Mac OS X “Tiger”, por quase 90 milhões. Claro que para rodar essas monstruosidades com desenvoltura é preciso que o hardware seja compatível. Nos PCs de fabricação mais ou menos recente, espaço em disco não é problema, já que até os modelos de entrada de linha já trazem drives de HDD com 500 ou mais gigabytes, mas processador chinfrim e pouca memória física (RAM) podem comprometer dramaticamente o desempenho do sistema e do computador com um todo. E é bom não se fiar nos requisitos mínimos informados pela Microsoft, que é modesta quando lhe convém; para rodar o Windows 10 com desenvoltura e a maioria dos apps que utilizamos no nosso dia-a-dia, o ideal é dispor de uma CPU de respeito e algo entre 4 e 8 gigabytes de RAM.

O código-fonte do Windows 10 ocupa meio terabyte e se estende por mais de 4 milhões de arquivos (para ter uma ideia do tamanho desse imbróglio, siga este link). A maior parte do kernel (núcleo) sistema é escrita em C, mas outras linguagens de programação, como C #, JavaScript, TypeScript, VB.NET e C++ também são utilizadas (à medida que nos aproximamos do modo de usuário e de desenvolvimentos mais recentes, encontramos menos C e mais C++). A árvore completa, com todo os códigos-fonte, o código de testes e tudo o que constitui o "código-fonte do Windows" tem mais de meio terabyte de tamanho, com dados espalhados em mais de 4 milhões de arquivos. Em nível de código, um programador levaria cerca de um ano para localizar manualmente uma pasta específica (são mais de 500 mil) e “uma vida inteira” para ler tudo. Pense nisso se você achar que esta sequência de postagens ficou muito grande.