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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

AINDA A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA FOCADA NO SEGMENTO AUTOMOTIVO - O MOTOR DE COMBUSTÃO DO CICLO OTTO


OS GUERREIROS MAIS PODEROSOS SÃO A PACIÊNCIA E O TEMPO.

Para facilitar a compreensão do que será explicado a seguir, sugiro clicar aqui, para ler o post de abertura desta sequência, ou aqui para aceder ao capítulo que antecedeu o intervalo. Sem embargo, dedico algumas linhas a uma rápida recapitulação dos pontos essenciais, que servirá também como introdução para o que está por vir. Acompanhe.

Grosso modo, o motor se divide em cabeçote, bloco e cárter (detalhes nesta postagem). No bloco ficam os cilindros. Dentro de cada cilindro, um pistão, ligado ao eixo de manivelas (ou virabrequim) por uma biela, realiza sucessivos movimentos retilíneos verticais (de sobre e desce), que se repetem milhares de vezes por minuto, conforme o regime de giros do motor.

Sobre o bloco, e firmemente preso a ele, fica o cabeçote do motor. Nos projetos mais antigos, ele não passava de uma "tampa" que abrigava as velas de ignição; nos atuais, nele abriga também as válvulas de admissão e de escapamento, o eixo-comando que as aciona e outros componentes, tais como guias, sedes, chavetas, molas de retorno, hastes, tuchos, retentores e balancins. Para reduzir o peso e melhorar a refrigeração, veículos esportivos e de alto rendimento têm cabeçotes de alumínio (nos demais, ele é feito de ferro fundido).

No ciclo Otto, as velas produzem a centelha que inflama a mistura ar-combustível, dando início à fase de combustão, também chamada de ciclo de força ou ciclo útil por ser a única das quatro fases que gera energia (as demais, de admissão, compressão e descarga, são meramente preparatórias).

Observação: No ciclo Diesel é o ar, e não a mistura, que é aspirado para o interior da câmara pelo movimento descendente do pistão e comprimido quando o êmbolo retorna ao PMS (ponto morto superior). O óleo é injetado somente no final do ciclo de compressão, quando a pressão chega a ser 60 vezes superior à inicial e a temperatura atinge patamares elevadíssimos. Como a combustão ocorre por auto ignição, essa tecnologia dispensa velas, bobinas, platinado, condensador, distribuidor e outros penduricalhos que tais.

A maioria dos motores conta com uma vela para cada cilindro, e cada vela tem dois eletrodos (um central e outro lateral). Do correto espaçamento entre eles depende a eficácia da centelha, daí a importância de se ajustar essa "folga" às especificações do fabricante com um calibrador de folga (figura à direita), em vez de confiar "no olhômetro" ou usar uma lâmina de serra, como é de praxe entre os mexânicos de plantão.

Velas inapropriadas ou com a folga mal ajustada podem causar problemas: um tamanho de rosca menor que o especificado, por exemplo, compromete a queima da mistura e gera sedimentação na parte final da rosca; em casos extremos, a vela pode superaquecer e até perder o eletrodo-massa. Já uma rosca longa demais pode alterar a compressão da mistura dentro da câmara, gerar resíduos e até ser atingida pela cabeça do pistão, ao passo que uma vela mal assentada (isto é, que não tenha sido adequadamente rosqueada) pode provocar perda de compressão e ser expelida do cabeçote.

Como toda regra tem exceção, há velas com múltiplos eletrodos e motores que utilizam duas velas por cilindro. Os mais conhecidos são os dos primeiros Honda Fit 1.4, dos Alfa Romeo 164 Twin Spark, da Mercedes M-112 V6 e das primeiras Ford Ranger. Essa solução visava intensificar a faísca e otimizar a queima da mistura, mas foi substituída por amplificadores de centelha, velas com tecnologia Iridium, cabos de menor resistência, bobinas individuais (uma para cada cilindro) e até mesmo ciclos mais modernos — como o Atkinson —, que custam menos e dão melhores resultados. Mesmo assim, motores aeronáuticos de pistão continuam utilizando duas velas por cilindro, até porque lá em cima não tem acostamento.

Continua no próximo capítulo.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

COMPUTADOR, SMARTPHONE, WINDOWS E UM POUCO DE HISTÓRIA — Parte Final


ÀS VEZES, O QUE SE TEM É SOMENTE AQUILO EM QUE SE ACREDITA.

Como já vimos, o computador é composto de dois segmentos distintos, mas interdependentes. O hardware é a parte física (gabinete, teclado, monitor, placa-mãe, placas de expansão, memórias etc.) e o software, os programas (sistema operacional, aplicativos, utilitários etc.). No léxico da informática, o termo programa designa um conjunto de instruções em linguagem de máquina que descreve uma tarefa a ser realizada pelo computador, e pode referenciar tanto o código fonte, escrito em alguma linguagem de programação, quanto o arquivo executável que contém esse código.

Qualquer dispositivo computacional atual, dos (já quase obsoletos) desktops aos notebooks que a gente levava de um lado para outro antes de os smartphones se tornarem capazes de substituí-los na maioria das situações, conta com um sistema operacional, que, tecnicamente, é um programa como qualquer outro, ainda que seja considerado (muito apropriadamente) como o software-mãe, uma vez que cabe a ele gerenciar o hardware e o software, prover a interface entre o usuário e a máquina (e vice-versa) e servir como base para a execução dos demais programas. 

Embora o Mac OS e as distribuições Linux sejam bastante populares, o Windows é o sistema operacional para PCs mais usado em todo o mundo — nos smartphones e tablets a liderança fica com o Android, não só por ele ser um sistema de código aberto, mas também devido ao fato de que, como os demais produtos da Apple, o iPhone, que utiliza o iOS, esbanja excelência, mas custa caro, sobretudo no Brasil, onde a carga tributária é escorchante.

Os arquivos de instalação do MS-DOS e das edições 3.x do Windows ocupavam uns poucos disquetes de 1,44 MB. O Win/95, que já era um sistema operacional autônomo (ou quase isso), foi o primeiro a ser fornecido tanto em disquetes (13 disquinhos) quanto em CD-ROM, mas as versões subsequentes foram se tornando mais volumosas — para armazenar os arquivos de instalação do Windows 7, por exemplo seriam necessários mais de 2.000 disquetes, e bastaria um deles embolorar ou desmagnetizar para comprometer todo o conjunto. 

Atualmente, muita gente vê o MS-DOS como “coisa do passado”, mas o prompt de comando (e, mais recentemente, o Windows PowerShell) continua presente, visando auxiliar o usuário na execução de tarefas que não podem ser convocadas via interface gráfica ou que demandam o uso diferenciado de recursos do computador como diagnósticos de rede, manutenções avançadas do sistema e por aí vai. Alguns desses procedimentos podem ser realizados também via menu Executar, mas isso já é outra história e fica para outra vez.

O Vista, a exemplo do ME antes dele e do Windows 8 mais adiante, foi um fiasco de crítica e de público, mas se notabilizou por ser a primeira edição fornecida em DVD. O XP foi a encarnação do Windows mais longeva, e o Seven segue o mesmo caminho, visto que muitos usuários não se entusiasmaram com o Vista e relutaram em fazer o upgrade para o Windows 10, que foi lançado em 2015 como serviço e disponibilizado gratuitamente até meados de 2016 (se for o seu caso, fique atento, porque o suporte estendido do Windows 7 termina em janeiro do ano que vem, e o do Eight, em janeiro de 2023.

Sistemas e programas atuais são monstruosas obras de engenharia computacional. Para se ter uma ideia, o Seven é formado por cerca de 40 milhões de linhas de código; o Office 2013, por 50 milhões; o Mac OS X “Tiger”, por quase 90 milhões. Claro que para rodar essas monstruosidades com desenvoltura é preciso que o hardware seja compatível. Nos PCs de fabricação mais ou menos recente, espaço em disco não é problema, já que até os modelos de entrada de linha já trazem drives de HDD com 500 ou mais gigabytes, mas processador chinfrim e pouca memória física (RAM) podem comprometer dramaticamente o desempenho do sistema e do computador com um todo. E é bom não se fiar nos requisitos mínimos informados pela Microsoft, que é modesta quando lhe convém; para rodar o Windows 10 com desenvoltura e a maioria dos apps que utilizamos no nosso dia-a-dia, o ideal é dispor de uma CPU de respeito e algo entre 4 e 8 gigabytes de RAM.

O código-fonte do Windows 10 ocupa meio terabyte e se estende por mais de 4 milhões de arquivos (para ter uma ideia do tamanho desse imbróglio, siga este link). A maior parte do kernel (núcleo) sistema é escrita em C, mas outras linguagens de programação, como C #, JavaScript, TypeScript, VB.NET e C++ também são utilizadas (à medida que nos aproximamos do modo de usuário e de desenvolvimentos mais recentes, encontramos menos C e mais C++). A árvore completa, com todo os códigos-fonte, o código de testes e tudo o que constitui o "código-fonte do Windows" tem mais de meio terabyte de tamanho, com dados espalhados em mais de 4 milhões de arquivos. Em nível de código, um programador levaria cerca de um ano para localizar manualmente uma pasta específica (são mais de 500 mil) e “uma vida inteira” para ler tudo. Pense nisso se você achar que esta sequência de postagens ficou muito grande.

terça-feira, 21 de maio de 2019

COMPUTADOR, SMARTPHONE, WINDOWS E UM POUCO DE HISTÓRIA


MOSTRE-ME SEU MURO DE QUATRO METROS E EU LHE MOSTRAREI MINHA ESCADA DE CINCO.

O mundo evoluiu um bocado desde a pré-história, mas, do ponto de vista da tecnologia, os últimos 200 anos foram determinantes. Basta lembrar que os primeiros computadores surgiram somente em meados do século passado, e a computação pessoal, que começou a se popularizar nos anos 1990, foi de vento em popa depois que o visionário Steve Jobs, ao lançar o iPhone, estimulou o desenvolvimento de "computadores de mão" com cada vez mais recursos e funções, que em poucos anos se tornaram, senão um substituto, um complemento dos desktops e notebooks.

Detalhar essa evolução foge às possibilidades desta postagem, sem mencionar que a extensão do texto tornaria a leitura cansativa para os gatos pingados que acessam este humilde Blog. Portanto, vou trocar tudo em miúdos, começando por lembrar que o ábaco, criado no Egito dos faraós, é considerado o pai do computador, e o UNIX, desenvolvido em meados do século passado, o pai de todos os sistemas operacionais.

Muita areia escoou pela ampulheta do tempo desde o surgimento da jurássica moldura com bastões paralelos com contas deslizantes (cuja criação muitos atribuem aos chineses). A primeira calculadora mecânica de que se tem notícia foi idealizada pelo matemático Blaise Pascal, no século XVII, e aprimorada mais adiante, pelo alemão Gottfried Leibniz, com a capacidade de multiplicar e dividir, e tempos depois o Tear de Jacquard serviria de base para Charles Babbage projetar um dispositivo mecânico capaz de computar e imprimir tabelas científicas, que seria o precursor do tabulador estatístico de Herman Hollerith (cuja empresa se tornaria a gigante IBM).

Em meados do século passado, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia construíram o primeiro computador digital eletrônico uma monstruosidade de 18 mil válvulas e 30 toneladas que produziu um enorme blecaute ao ser ligado pela primeira vez. Batizado de ENIAC, o portento era capaz de realizar 5 mil somas, 357 multiplicações ou 38 divisões simultâneas por segundo — uma performance incrível para a época, mas que qualquer videogame dos anos 90 superaria com facilidade. Suas válvulas queimavam a razão de uma cada dois minutos, e sua memória interna era suficiente apenas para manipular os dados envolvidos na tarefa em execução; qualquer modificação exigia que os operadores, que também eram programadores, corressem de um lado para outro da sala, desligando e religando centenas de chaves e cabos.

Acomodar os imensos mainframes dos anos 1950/60 exigia o espaço de salas ou andares inteiros. Como os sistemas operacionais ainda não existiam, os operadores controlavam esses monstrengos por meio de chaves, fios e luzes de aviso. Mais adiante, os batch systems (sistemas em lote) já permitiam que cada programa fosse escrito em cartões perfurados e carregado, juntamente com o respectivo compilador, mas não havia padronização de arquitetura e cada máquina usava um sistema operacional específico. Pelo menos até o Unix mudar esse quadro, como veremos ao longo desta sequência.

O primeiro sistema operacional realmente funcional foi criado pela General Motors para controlar o IBM 704. Com o tempo, diversas empresas desenvolveram sistemas para seus mainframes, e algumas se especializaram em produzi-los para terceiros. O mais famoso foi EXEC, escrito para operar o UNIVAC — computador que fez muito sucesso entre os anos 50 e 60, principalmente por ser pequeno e barato (para os padrões da época, já que o troço era do tamanho de um guarda-roupas), o que propiciou sua adoção por universidades e pequenas empresas.

Observação: As funções do sistema operacional são, basicamente, servir de “ponte” entre o hardware e o software, gerenciar os programas, definir os recursos destinados a cada processo e criar uma interface amigável com o usuário. É ele quem “reconhece” os componentes de hardware, quem gerencia os processos, os arquivos, a memória, os periféricos, quem decide quais programas em execução devem receber a atenção do processador, etc., e está presente não só nos PCs e assemelhados, mas em praticamente tudo que tenha um microchip e rode aplicativos, de automóveis a televisores, de consoles de videogames a relógios digitais. Graças à internet das coisas (IoT), o Linux marca presença em lâmpadas, geladeiras, smartphones e até rifles do exército norte-americano.

O primeiro microcomputador foi o Altair 8800, lançado em meados dos anos 1970 e comercializado na forma de kit (ou seja, a montagem ficava a cargo do consumidor). Era mais uma curiosidade do que algo realmente útil, ao menos até que Bill Gates e Paul Allen criarem para ele um “interpretador” escrito na linguagem BASIC e batizado de Microsoft-BASIC, que não era um SO como os usados nos mainframes de então, mas foi o precursor dos sistemas operacionais para microcomputadores. O MIT, a General Eletric e a AT&T criaram uma força tarefa para desenvolver o MULTICS, mas abandonou o projeto após uma década de trabalho. Em 1969, Ken Thompson, ex-integrante da equipe, criou o UNICS — uma versão menos ambiciosa escrita em Assembly, que foi posteriormente reescrita em C pelo próprio Thompson e por Dennis Ritchie (criador da linguagem C) e rebatizada como UNIX. Seu kernel (núcleo) logo passou a servir de base para outros sistemas operacionais, dentre os quais o BSD, o POSIX, o MINIX, o FreeBSD e o Solaris, para ficar nos mais conhecidos.

O sucesso do Altair levou a Apple a investir no segmento de computadores pessoais. O Apple II, lançado em 1977, já contava com um Disk Operating System (ou DOS — acrônimo que integra o nome de diversos sistemas operacionais, como o Free DOS, o PTS-DOS, o DR-DOS etc.). Como a máquina vinha montada, trazia um teclado integrado e tinha a capacidade de reproduzir gráficos coloridos e sons, muitos a consideram o “primeiro computador pessoal moderno”.

Observação: Steve Jobs foi pioneiro na adoção da interface gráfica, com sistema de janelas, caixas de seleção, fontes e suporte ao uso do mouse — tecnologia de que a XEROX já dispunha havia algum tempo, mas nunca explorou devidamente porque só tinha interesse em computadores de grande porte. Aliás, quando Microsoft lançou o Windows, que inicialmente era uma interface gráfica que rodava no MS-DOS, a Apple já estava anos-luz à sua frente, a despeito de a arquitetura fechada, o software proprietário e o alto custo de produtos da marca da Maçã limitarem sua participação no mercado a um segmento de nicho.

De olho no sucesso da Apple, a IBM, então líder no âmbito dos mainframes, resolveu lançar o IBM-PC, com arquitetura aberta e sistema operacional desenvolvido pela Microsoft (que se tornariam padrão de mercado). Ressalte-se que, naquela época, a hoje Gigante do Software jamais havia escrito um sistema operacional, mas Bill Gates adquiriu de Tim Paterson (por US$ 50 mil) o QDOS, adaptou-o ao hardware da IBM e rebatizou-o como MS-DOS — e assim começou sua escalada ao topo do ranking dos homens mais ricos do planeta (hoje ele está em segundo lugar, com um patrimônio pessoal estimado pela Forbes em quase 100 bilhões de dólares).

O resto fica para a próxima postagem.

terça-feira, 4 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? ― Parte IV

THERE ARE THREE METHODS TO GAIN WISDOM: FIRST, BY REFLECTION, WHICH IS NOBLEST; SECOND, BY IMITATION, WHICH IS EASIER; AND THIRD, BY EXPERIENCE, WHICH IS THE BITTEREST. (CONFUCIUS)

A disseminação dos desktops entre usuários domésticos se deveu em grande medida à arquitetura aberta da plataforma PC, que estimulou o mercado cinza numa época em que as máquinas “de grife” custavam os olhos da cara. Hoje em dia, porém, poucos usuários montam pessoalmente seus PCs ou encarregam dessa tarefa um Computer Guy de sua confiança para mais detalhes, leia esta postagem). Não só porque é mais prático adquirir o aparelho pronto num hipermercado ou grande magazine e contar com a garantia de fábrica, além de pagar o produto em suaves prestações mensais. Claro que quem é “do ramo” não abre mão de escolher a dedo os componentes e ajustar a configuração da máquina às suas preferências, necessidades e possibilidades, mas isso já é outra história (se esse assunto lhe interessa, não deixe de ler a trinca de postagens iniciada por esta aqui).

Mesmo que você não pretenda montar sua próxima máquina, convém ter uma noção ― elementar que seja ― de como a coisa funciona, pois isso é fundamental na hora de escolher do modelo mais adequado ao seu perfil. Então vamos lá.

Embora seja indevidamente chamado de CPU por muita gente, aquela caixa metálica que abriga os componentes internos do computador ― placa-mãe, processador, placas de expansão, drives de HD e de mídia óptica, módulos de memória, ventoinhas, etc. ― e agrupa as interfaces necessárias à conexão dos periféricos (teclado, mouse, monitor, impressora, caixas acústicas, joystick, e por aí afora) atende pelo nome de “case”, “gabinete” ou “torre”. CPU é a sigla, em inglês, de Unidade Centra de Processamento, e remete ao processador principal do sistema (principal porque pode haver mais do que um, como na placa gráfica, por exemplo, que pode contar com uma GPU ― sigla de Graphics Processing Unit).

Os gabinetes costumam ser comercializados com ou sem fonte de alimentação integrada, em tamanhos, cores e formatos para todos os gostos e bolsos. O jurássico padrão AT caiu em desuso no final do século passado, e como o BTX (lançado pela Intel em 2003) não prosperou, o ATX ainda é a bola da vez. No entanto, quem compra uma máquina pronta não tem muito espaço de manobra: é aceitar ou não o modelo definido pelo fabricante e ponto final.

É certo que, de uns tempos para cá, os notebooks (ou laptops) se tornaram a opção preferida dos usuários de PCs. A despeito de custarem ou pouco mais do que os desktops de configuração semelhante, eles combinam desempenho aceitável com a praticidade do transporte e do uso em trânsito. Todavia, seu reinado vem sendo seriamente ameaçado pelos tablets ― menores, mais leves, enfim, verdadeiramente portáteis, embora eu os veja mais como complemento do que como substituto do PC convencional, notadamente pelo pouco espaço para armazenamento de dados e, por que não dizer, pelo desconforto dos teclados virtuais, que são um porre quando se precisa redigir documentos de texto e até mensagens de email mais extensas. Por outro lado, tem gente que se vira bem até mesmo com as telinhas dos smartphones, de modo que isso é uma questão de preferência pessoal.

Oportuno salientar também que os PCs tipo “ALL-IN-ONE” são excelentes opções para quem não abre mão de teclado, mouse e tela de grandes dimensões. Todavia, como os notebooks e os tablets, esses modelos devem ser comprados prontos, já que sua montagem (e, por que não dizer, sua manutenção) exige ferramental apropriado e expertise de que a maioria dos usuários domésticos não dispõe.

O resto fica para as próximas postagens. Até lá.

ESTUFE O PEITO: O BRASIL ESTÁ BEM NA FITA

Não é qualquer republiqueta de bananas que pode se orgulhar de ter o presidente denunciado por corrupção, a ex-presidente impichada e investigada por suspeitas de corrupção, e seu antecessor e mentor ― que é penta-réu na Justiça penal e a qualquer momento deve ser sentenciado pela primeira vez ― posando de candidato à presidência e empunhando a bandeira da moralidade, malgrado seja ele o grande responsável pela institucionalização da corrupção no país. Não é uma beleza?

Seguem essa procissão de orgulhos nacionais o Congresso afundado em denúncias, com ambas as Casas presididas por investigados na Lava-Jato e compostas por uma caterva de réus e indiciados, mais preocupada em salvar rabo do que em defender os interesses legítimos da população. Logo atrás vem o Judiciário, onde magistrados das nossas mais altas Cortes, a pretexto de travar uma “cruzada” contra as prisões preventivas da Lava-Jato, soltam criminosos condenados, como José Dirceu, mentor intelectual do mensalão, o ex-goleiro Bruno, homicida e sequestrador de menor, o médico Roger Abdelmassih, estuprador serial condenado a 278 anos de prisão.

Isso sem mencionar a palhaçada protagonizada pelo TSE de Gilmar Mendes, que manteve o amigo Michel na presidência da Banânia a despeito da enxurrada de provas do uso de dinheiro roubado no financiamento da campanha de sua chapa em 2014.  Ou o senador Aécio Neves, que foi afastado do cargo por determinação judicial ― já que seu imprestável partido não teve colhões para lhe cassar o mandato ―, e agora é reempossado por obra e graça do ministro Marco Aurélio, e às vésperas do recesso do Judiciário, para que eventual recurso do MPF seja apreciado somente no mês que vem. É ou não para a gente estufar o peito?

Voltando a Lula, especulava-se que sua primeira condenação saísse nesta segunda-feira, até porque o Moro julgou o processo de Antonio Palocci na semana passada (e condenou o ex-ministro petralha a 12 anos e 2 meses de prisão), mas de duas uma: ou ele ainda não concluiu o rascunho do mapa do inferno do molusco (a sentença de Palocci resultou num calhamaço de 311 páginas, nas quais o “chefe” foi citado 75 vezes), ou está sendo mais cuidadoso.

Segundo o Estadão, investigadores e advogados que acompanham de perto o andamento dos processos na 13ª Vara Penal de Curitiba avaliam que a sentença deve demorar mais alguns dias, até porque as alegações finais da defesa têm 363 páginas. Além disso, há que se levar em conta a recente decisão da 8ª Turma do TRF-4, que, por 2 votos a um, absolveu João Vaccari por “insuficiência de provas” (em linhas gerais, os desembargadores Leandro Paulsen e Victor Laus entenderam que a condenação foi imposta com base apenas no depoimento de delatores). Essa decisão pode influenciar no julgamento de Lula, que procurou jogar sobre a ex-primeira-dama a responsabilidade pela compra de uma cota da Bancoop no Edifício Solaris e por visitar mais vezes o tríplex cuja propriedade ele nega.

A iminência da publicação da sentença vem gerando especulações no âmbito político e no mercado financeiro. Se condenado em primeira e segunda instâncias, Lula ficará impedido de disputar as eleições de 2018 (com base na Lei da Ficha-Limpa). Vale lembrar que Moro tem sob seus cuidados mais dois processos contra o petralha; um que trata de repasses de empreiteiras à LILS e outro sobre o emblemático Sítio Santa Bárbara.

Enquanto isso, Michel Temer também tem muito com que se preocupar. Nesta terça-feira, a CCJ da Câmara deve escolher o relator da denúncia apresentada por Janot. A comissão tem 66 parlamentares, 40 dos quais da base aliada, mas isso não garante muita coisa: o próprio presidente da comissão, Rodrigo Pacheco, que é do PMDB, já deu sinais de independência ao afirmar que, se Janot realmente apresentar 3 denúncias, elas deverão tramitar de forma separada. O Planalto já tentou reverter a situação trocando o atual presidente de Furnas por outro que agrade a Pacheco e ao PMDB mineiro, mas o deputado voltou a dizer que isso não mudará sua postura e que a troca apenas corrige uma “falta grave” com Minas, já que o PMDB local sempre indicou o dirigente máximo da estatal ― veja leitor como são tomadas as decisões importantes no governo e, mais uma vez, estufe orgulhosamente o peito, não só por ser brasileiro, mas também por ter ajudado a eleger essa cáfila de fisiologistas.

Na quarta-feira, Temer tem outra provação: aprovar a reforma trabalhista no plenário do Senado ― o que, de certa forma, é seu principal trunfo para permanecer no cargo. O Planalto conta com 48 dos 81 votos, e precisa apenas de 41 (maioria simples), ou seja, 41 votos, mas prevê cinco “traições”, o que deixaria o projeto no limite de não ser aprovado ― volto a chamar a atenção do leitor para a sobreposição do “jogo político” ante os interesses da nação, pois é nítido que os parlamentares definem seus votos ao sabor de suas conveniências pessoais.

A rigor nenhuma bancada dos 10 principais partidos da base aliada, que reúnem 327 dos 513 deputados, fechou apoio ao presidente contra a denúncia da PGR. Reuniões devem acontecer ao longo desta semana para definir o posicionamento a ser adotado, e o clima é de incerteza. Nem mesmo o PMDB fechou questão, de modo que cada um dos 63 deputados federais do partido poderá votar “de acordo com sua consciência” (e lá político tem consciência?). Mais crítica ainda é a situação do PSDB, que conta com 46 parlamentares: 6 dos sete deputados que integram a CCJ devem votar pela aceitação da denúncia. Até mesmo o líder do DEM ― partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que se mostra cada vez “menos aliado” ao presidente ― evitou fazer uma defesa enfática de Temer. Segundo ele, o partido vai reunir a bancada para tirar uma posição somente após ouvir a versão da defesa, pois até agora “só se conhece a versão da acusação por meio da denúncia enviada apresentar pela PGR”.

A denúncia chegou à Câmara na quinta-feira passada. Após a defesa se manifestar, haverá cinco sessões para o deputado que for designado relator apresentar seu parecer. Em seguida, o processo vai ao plenário. Para que o STF dê seguimento ao caso, são necessários os votos de 342 deputados.

Resta-nos estufar o peito e acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

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segunda-feira, 3 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? ― Parte III

NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES, VOTEM EM ALI-BABÁ. PELO MENOS, SÃO SÓ 40 LADRÕES.

A história do Microsoft se confunde com a da computação pessoal, ainda que a Empresa de Redmond não tenha sido a pioneira na criação de sistemas operacionais nem tampouco inventado o microcomputador, o mouse, a interface gráfica e o navegador de Internet. 

Tudo começou no início dos anos 80 (por tudo, entenda-se o sucesso da Microsoft e a fortuna pessoal do seu fundador), quando o estrondoso sucesso dos microcomputadores da Apple levou a IBM ― que dominava o mercado de mainframes desde meados do século ― a lançar seu Personal Computer, cuja arquitetura aberta e a adoção do MS-DOS se tornariam padrão de mercado. Como não dispunha de um sistema operacional para gerenciar a geringonça, a IBM procurou Bill Gates, supondo (erroneamente) que ele fosse o detentor dos direitos autorais do Control Program for Microcomputer. Contrariando sua fama de oportunista, Gates desfez o equívoco, mas aceitou o desafio.

Como jamais tivesse desenvolvido um SO até então, a Microsoft não se arriscou a desenvolver o programa a partir do zero. Em vez disso, comprou o QDOS de Tim Paterson por US$50 mil, adaptou-o ao hardware do IBM-PC, mudou o nome para MS-DOS e com ele ele dominou o mercado de microcomputadores compatíveis.

Observação: Todos os sistemas operacionais modernos baseiam-se em dois programas pioneiros: o UNIX e o XEROX PARK. O primeiro ─ que pode ser considerado o “pai” das distribuições Linux ─ foi o precursor dos sistemas multitarefa e multiusuário, e continua sendo largamente utilizado em servidores e máquinas de alto desempenho. O segundo, desenvolvido por Linus Torvalds, trouxe para o mundo da computação pessoal a primeira interface gráfica, que incluía todas as ideias utilizadas nas versões modernas, desde a área de trabalho exibida na tela do monitor até os ícones, janelas, botões, menus e caixas de diálogo.

O estrondoso sucesso do Windows 3.1 liquidou a parceria entre a IBM e a Microsoft, mas ambas as empresas continuaram buscando maneiras de romper as limitações do DOS. Depois de uma disputa tumultuada entre o OS/2 WARP e o Windows 95 (já um sistema operacional autônomo), Bill Gates viu sua estrela brilhar, e o resto é história recente: a arquitetura aberta se tornou padrão de mercado e o Windows se firmou como o SO mais utilizado em todo o mundo.

Continuamos na próxima postagem.

A QUE PONTO CHEGAMOS!

Anda difícil acompanhar o noticiário: como se não bastassem a exploração desmedida de desgraças de toda sorte, os escândalos que brotam aos borbotões no cenário político expõem as entranhas da podridão que se alastrou no Congresso e se espalhou como metástase pelos mais altos escalões da República.

Michel Temer, o irrenunciável, delatado pelo moedor de carne bilionário e ora denunciado formalmente pela PGR, agarra-se ao cargo com unhas e dentes, como Dilma antes dele e Collor antes dela (por ocasião de seus respectivos processos de impeachment). Também como a anta vermelha ― que em algum momento do primeiro mandato deixou de governar para “fazer o diabo” em tempo integral, visando obter mais quatro anos para demolir o país ―, o presidente da vez manda às favas os interesses da nação para se dedicar full time a salvar próprio rabo.

Em pronunciamentos mais que estapafúrdios, Temer usa e abusa do ataque como estratégia para defender o indefensável, classifica de “ilações” as acusações que lhe são feitas e acusa seus acusadores de práticas espúrias. Sem bases concretas, todavia, suas acusações levam nada a lugar nenhum, servindo apenas para converter sua patética figura num fator de constrangimento nacional e internacional.

Aí você liga o rádio e ouve que um ministro STF mandou soltar um assassino condenado ― caso de certo ex-goleiro do Flamengo ― ou um estuprador em série ― caso de certo médico condenado a mais de 100 anos de prisão ―, ou ainda o maquiavélico mentor do Mensalão, libertado a pretexto de uma “cruzada contra as prisões preventivas excessivamente longas da Lava-Jato”. Parabéns, meritíssimos!

Outro exemplo igualmente estarrecedor foi o “julgamento jurídico e judicial” da chapa Dilma-Temer, em que o TSE do presidente Gilmar Mendes reconheceu a caudalosa enxurrada de provas colacionadas aos autos pelo ministro-relator Herman Benjamin, mas decidiu, por 4 votos a três, que elas não valiam, e assim preservou o cargo (e o direito ao foro privilegiado) de seu amigão do peito. Parabéns, excelência!

Daí se infere que, na visão desses luminares do saber jurídico, o que ontem era uma banana pode amanhã ser uma laranja. Entendeu? Nem eu, mas o Brasil não é mesmo para principiantes; então, às favas com a opinião pública e viva o compadrio!

Quer mais? Então vamos lá. Aécio Neves foi gravado em conversas altamente comprometedoras, mas sua prisão preventiva foi negada, pois um senador da República só pode ser preso em flagrante delito e por crime inafiançável. Chegou a ser afastado do cargo pelo ministro Fachin, mas acabou reconduzido a ele, na última sexta-feira, por decisão monocrática do ministro Marco Aurélio, o sublime ― e isso às vésperas do recesso do Judiciário, de modo que eventual recurso do MPF só será apreciado em agosto.

Aí você liga a televisão e vê o senador tucano ― que um dia foi nossa esperança de penabundar do Planalto a caterva vermelha ― comemorando o que, segundo ele, “reafirma a confiança de todos os brasileiros no poder Judiciário”. Em que mundo vive essa gente? Não no nosso; talvez em algum exoplaneta onde ética na política seja um detalhe desejável, não um pressuposto obrigatório.

Talvez não sirva de consolo, mas a PROTESTE ― associação não governamental ligada aos órgãos de defesa do consumidor ― conseguiu restabelecer a exibição dos canais abertos SBT, Record e Rede TV nas grades de programação das operadoras de TV por assinatura (que haviam sido suprimidos no final de março, aqui em Sampa, quando o sinal analógico foi desligado). Palhaçada por palhaçada, melhor assistir ao Sílvio Santos

De quebra, segue um clipe com o senador Justo Veríssimo, protagonizado pelo impagável Chico Anysio. Um quadro antigo, mas mais atual do que nunca.


Se o vídeo não abrir, o link é https://youtu.be/0XFpBLE22-k.

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quarta-feira, 28 de junho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? ― Parte II

POBRE, QUANDO METE A MÃO NO BOLSO, SÓ TIRA OS CINCO DEDOS.

Foram milhares de anos até o computador evoluir do ÁBACO ― criado há mais de 3.000 anos no antigo Egito ― para a PASCALINA ― geringonça desenvolvida no século XVII pelo matemático francês Blaise Pascal e aprimorada mais adiante pelo alemão Gottfried Leibniz, que lhe adicionou a capacidade de somar e dividir. Mas o “processamento de dados” só viria com o Tear de Jacquard ― primeira máquina programável ―, que serviu de base para Charles Babbage projetar um dispositivo mecânico capaz de computar e imprimir tabelas científicas, precursor do tabulador estatístico de Herman Hollerith, cuja empresa viria se tornar a gigante IBM.

Nos anos 1930, Claude Shannon aperfeiçoou o Analisador Diferencial (dispositivo de computação movido a manivelas) mediante a instalação de circuitos elétricos baseados na lógica binária, e alemão Konrad Zuze criou o Z1 (primeiro computador binário digital). Com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, a necessidade de decifrar mensagens codificadas e calcular trajetórias de mísseis levou os EUA, a Alemanha e a Inglaterra a investir no desenvolvimento do Mark 1, do Z3 e do Colossus, e, mais adiante, com o apoio do exército norte-americano, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia construírem o ENIAC ― um monstrengo de 18 mil válvulas e 30 toneladas que produziu um enorme blecaute ao ser ligado, em 1946, e era capaz somente de realizar 5 mil somas, 357 multiplicações ou 38 divisões simultâneas por segundo ― uma performance incrível para a época, mas que qualquer videogame dos anos 90 já superava “com um pé nas costas”. Para piorar, de dois em dois minutos uma válvula queimava, e como a máquina só possuía memória interna suficiente para manipular dados envolvidos na tarefa em execução, qualquer modificação exigia que os programadores corressem de um lado para outro da sala, desligando e religando centenas de fios.

EDVAC, criado no final dos anos 1940, já dispunha de memória, processador e dispositivos de entrada e saída de dados, e seu sucessor, o UNIVAC, usava fita magnética em vez de cartões perfurados, mas foi o transistor que revolucionou a indústria dos computadores, quando seu custo de produção foi barateado pelo uso do silício como matéria prima. No final dos anos 1950, a IBM lançou os primeiros computadores totalmente transistorizados (IBM 1401 e 7094) e mais adiante a TEXAS INSTRUMENTS revolucionou o mundo da tecnologia com os circuitos integrados (compostos por conjuntos de transistores, resistores e capacitores), usados com total sucesso no IBM 360, lançado em 1964). No início dos anos 70, a INTEL desenvolveu uma tecnologia capaz de agrupar vários CIs numa única peça, dando origem aos microchips, e daí à criação de equipamentos de pequeno porte foi um passo. Vieram então o ALTAIR 8800, vendido sob a forma de kit, o PET 2001, lançado em 1976 e tido como o primeiro microcomputador pessoal, e os Apple I e II (este último já com unidade de disco flexível).

O sucesso estrondoso da Apple despertou o interesse da IBM no filão dos microcomputadores, levando-a a lançar seu PC (sigla de “personal computer”), cuja arquitetura aberta e a adoção do MS-DOS, da Microsoft, se tornaram um padrão de mercado. De olho no desenvolvimento de uma interface gráfica com sistema de janelas, caixas de seleção, fontes e suporte ao uso do mouse ― tecnologia de que a XEROX dispunha desde a década de 70, conquanto só tivesse interesse em computadores de grande porte ―, a empresa de Steve Jobs fez a lição de casa e incorporou esses conceitos inovadores num microcomputador revolucionário. Aliás, quando Microsoft lançou o Windows ― que inicialmente era uma interface gráfica que rodava no DOS ― a Apple já estava anos-luz à frente.

Para encurtar a história, a IBM preferiu lançar seu PS/2, de arquitetura fechada e proprietária, a utilizar então revolucionário processador 80386 da INTEL, mas Compaq convenceu os fabricantes a continuar utilizando a arquitetura aberta. Paralelamente, o estrondoso sucesso do Windows 3.1 contribuiu para liquidar de vez a parceria Microsoft/IBM, conquanto ambas as empresas buscassem desenvolver, cada qual à sua maneira, um sistema que rompesse as limitações do DOS. Depois de uma disputa tumultuada entre o OS/2 WARP e o Windows 95 (já não mais uma simples interface gráfica, mas um sistema operacional autônomo, ou quase isso), a estrela de Bill Gates brilhou, e o festejado Win98 sacramentou a Microsoft como a “Gigante do Software”.

O resto é história recente: a arquitetura aberta se tornou padrão de mercado, o Windows se firmou como sistema operacional em todo o mundo (a despeito da evolução das distribuições LINUX e da preferência de uma seleta confraria de nerds pelos produtos da Apple) e a evolução tecnológica favoreceu o surgimento de dispositivos de hardware cada vez mais poderosos, propiciando a criação de softwares cada vez mais exigentes.

Enfim, foram necessários milênios para passarmos do ábaco aos primeiros mainframes, mas poucas décadas, a partir de então, para que "pessoas comuns" tivessem acesso aos assim chamados computadores pessoais ― ou microcomputadores ―, que até não muito tempo atrás custavam caríssimo e não passavam de meros substitutos da máquina de escrever, calcular, e, por que não dizer, do baralho de cartas e dos então incipientes consoles de videogame. Em pouco mais de três décadas, a evolução tecnológica permitiu que os desktops e laptops das primeiras safras diminuíssem de tamanho e de preço, crescessem astronomicamente em poder de processamento, recursos e funções, e se transformassem nos smartphones e tablets atuais, sem os quais, perguntamo-nos, como conseguimos viver durante tanto tempo.

Continuamos no próximo capítulo. Até lá.

SOBRE MICHEL TEMER, O PRIMEIRO PRESIDENTE DENUNCIADO NO EXERCÍCIO DO CARGO EM TODA A HISTÓRIA DO BRASIL.

Michel Temer já foi de tudo um pouco nos últimos tempos. De deputado federal a vice na chapa da anta vermelha; de presidente do PMDB (por quinze anos) a presidente da Banânia; de depositário da nossa esperança de tornar a ver o país crescer a “chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”; e de tudo isso a primeiro presidente do Brasil a ser denunciado no exercício do cargo.

Joesley Batista, o megamoedor de carne que multiplicou seu patrimônio com o beneplácito da parelha de ex-presidentes petistas ― que sempre valorizaram meliantes como Eike Batista e o próprio Joesley (é curiosa a coincidência no sobrenome, mas acho que não passa disso) ―, promoveu Temer ao lugar que, por direito, pertence a Lula, e a este atribuiu “somente” a institucionalização da corrupção na política tupiniquim.

Há quem afirme que a promoção de Temer foi inoportuna e despropositada. Afinal, não foi ele quem sequestrou e depenou o Brasil durante 13 anos, ou roubou o BNDES e passou uma década enfiando bilhões de dólares na Friboi ― que acabou se tornando a gigante J&F, controladora da maior processadora de proteína animal do planeta. Tampouco foi ele quem torturou São José Dirceu para forçá-lo a reger na Petrobras o maior assalto da história do ocidente, recebeu uma cobertura tríplex no Guarujá da OAS de Leo Pinheiro e, ao ser pego com as calças na mão e manchas de batom na cueca, atribuiu a culpa à esposa Marisa, digo, Marcela).

Gozações à parte, as opiniões divergem quanto à delação de Joesley e companhia. Há quem ache que a contrapartida dada pelo MPF e avalizada por Fachin foi exagerada (a despeito da multa bilionária que os delatores terão de pagar, que representa a punição mais “dolorosa” para gente dessa catadura). Outros, como certo ministro do Supremo e presidente do TSE, reprovam o acordo por serem sistematicamente contrários à Lava-Jato e às delações premiadas, às prisões preventivas prolongadas (sem as quais a Lava-Jato nem existiria, ou, se existisse, ainda estaria engatinhando). Felizmente, 7 dos 11 ministros do STF já se votaram pela manutenção de Fachin na relatoria dos processos oriundos da delação da JBS e pela validade da delação propriamente dita (assunto que eu detalhei na semana passada).

O fato é que o peemedebista se apequena mais a cada dia, o que não ajuda em nada o país, como bem sabem os que acompanharam os estertores dos governos Sarney e Collor e de Dilma. Com novas denúncias e acusações surgindo regularmente, o presidente está acossado, fragilizado politicamente e, por que não dizer, mais preocupado com articulações políticas visando à sua defesa do que com a aprovação das tão necessárias reformas que se predispôs a capitanear.

Na última segunda-feira, Temer juntou ao seu invejável currículo a experiência inédita de ser denunciado por corrupção ainda no exercício do cargo (até hoje, nenhum presidente brasileiro havia sido agraciado com tal honraria, embora quase todos tenham feito por merecê-la). E novas denúncias virão em breve, até porque Janot resolveu não pôr todos os ovos na mesma cesta. Como a denúncia passa pela CCJ da Câmara e pelo plenário da casa antes de ser julgada no STF, o Planalto moverá mundos e fundos para barrar o processo, de modo que o fatiamento serve para a PGR ganhar tempo, visando à possibilidade de novos fatos mudarem os ventos no Congresso. A meu ver, bastaria que a voz das ruas voltasse a roncar como roncou no ano passado, durante o impeachment de Dilma, para que a sorte do presidente fosse selada, mas quem sou eu, primo?

Talvez seja mesmo melhor a gente ficar com diabo que já conhece. Nenhuma liderança expressiva surgiu no cenário até agora, e a perspectiva de Rodrigo Maia assumir o comando do País não é das mais alvissareiras. Demais disso, eleições diretas, neste momento, contrariam flagrantemente a legislação vigente, e interessariam apenas a Lula e ao PT, que se balizam na tese do "quanto pior melhor".  

O molusco indigesto continua encabeçando as pesquisas de intenção de voto, mesmo atolado em processos e prestes a receber sua primeira (de muitas) condenações (veja detalhes na postagem anterior). Mas não se pode perder de vista que isso se deve em grande parte ao fato de ele ser o mais conhecido entre os pesquisados, e que isso lhe assegura também o maior índice de rejeição. Enfim, muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte até outubro do ano que vem. Se as previsões se confirmarem, Moro deve condenar o sacripanta dentro de mais alguns dias, e uma possível confirmação da sentença pelo TRF-4 jogará a esperada pá de cal nessa versão petista de conto do vigário.

Infelizmente, deixamos escapar a chance de abraçar o parlamentarismo no plebiscito de 1993 (graças à absoluta falta de esclarecimento do eleitorado tupiniquim), e agora só nos resta lidar com a quase impossibilidade de defenestrar um presidente da República, mesmo que ele já não tenha a menor serventia ou que esteja envolvido em práticas pouco republicanas (haja vista os traumatizantes impeachments de Collor e de Dilma). 

Estão em andamento algumas tentativas de tapar o sol com peneira, como a PEC do Senador Antonio Carlos Valadares (PSB/SE), aprovada no último dia 21 pela CCJ do Senado, que inclui na Constituição a possibilidade revogação do mandato do presidente, vinculada à assinatura de não menos que 10% dos eleitores que votaram no último pleito (colhidas em pelo menos 14 estados e não menos de 5% em cada um deles).

De acordo com o texto aprovado, a proposta será apreciada pela Câmara e pelo Senado, sucessiva e separadamente, e precisará do voto favorável da maioria absoluta dos membros de cada uma das Casas. Garantida a aprovação, será então convocado referendo popular para ratificar ou rejeitar a medida. O projeto prevê ainda que será vedada a proposta de revogação durante o primeiro e o último ano de governo e a apreciação de mais de uma proposta de revogação por mandato.

Por hoje é só, pessoal. Até a próxima.

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terça-feira, 27 de junho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC?

SOBRE DILMA: A PIOR COISA DO MUNDO É UMA INCOMPETENTE COM INICIATIVA.

Ninguém precisa ser chef de cuisine para preparar uma macarronada, nem engenheiro mecânico para dirigir um automóvel. Aos PCs, aplica-se o mesmo raciocínio, embora houve tempos em que operar um microcomputador não era para qualquer um, notadamente quando não havia interface gráfica e tudo era feito a partir do prompt de comando. Aliás, se você chegou a usar o velho o velho MS-DOS, clique aqui para matar as saudades ― se não for dessa época, clique assim mesmo e leia também as postagens subsequentes, pois o link em questão remete ao capítulo de abertura de uma sequência sobre o Windows e sua evolução através dos tempos.

Voltando à premissa inicial, mesmo um motorista amador precisa saber que é fundamental checar os níveis do fluído de arrefecimento e do óleo do motor regulamente, bem como calibrar os pneus semanalmente, e que, se adquiriu um veículo popular, não deve esperar a performance de uma Ferrari. Mutatis mutandis, dá-se o mesmo com o computador, daí a importância de você escolher uma máquina adequada a seu perfil de usuário, porque levar em conta apenas no preço (no menor preço, para ser mais exato) é insatisfação garantida sem dinheiro de volta. Mas vamos por partes.

Chamamos computador a um dispositivo eletrônico capaz de manipular informações sob a forma de dados digitais. E apesar de realizar cálculos monstruosos em frações de segundo, esse prodígio da tecnologia moderna só é capaz de “entender” linguagem de máquina ― enormes sequências de zeros e uns ―, já que tudo o que ele processa, lê e grava (de letras, símbolos e algarismos a músicas, imagens, vídeos e instruções operacionais) é representado através da notação binária, onde o bit (forma reduzida binary digit) é a menor unidade de informação que o computador consegue manipular, e pode representar apenas dois estados opostos ― fechado/aberto, desligado/ligado, falso/verdadeiro, etc. ―, que, por convenção, são expressos pelos algarismos 0 e 1. Para economizar tempo e espaço, não vou descer a detalhes sobre esse assunto; quem quiser saber mais a respeito pode clicar aqui para acessar uma abordagem detalhada, mas em linguagem simples, de fácil compreensão.

Deixando de lado o informatiquês que tanto atazana a vida dos leigos e iniciantes, podemos definir o computador como um aparelho baseado em dois segmentos distintos, mas interdependentes: o hardware e o software. Numa definição jocosa que remonta aos primórdios da informática, o hardware é aquilo que o usuário chuta, e o software, aquilo que ele xinga. Colocando de outra forma, o primeiro remete à parte física do sistema computacional (o gabinete e seus componentes internos, periféricos como o monitor, o mouse, o teclado, etc.), e o segundo corresponde ao sistema operacional e demais programas (navegador de internet, processador de textos, cliente de correio eletrônico, etc.).

No léxico da informática, o termo programa designa um conjunto de instruções em linguagem de máquina que descreve uma tarefa a ser realizada pelo computador, e pode referenciar tanto o código fonte, escrito em alguma linguagem de programação, quanto o arquivo executável que contém esse código. O sistema operacional também é um programa, conquanto seja tido e havido como uma espécie de software-mãe, pois cabe a ele gerenciar o hardware e o software, prover a interface entre o usuário e a máquina (e vice-versa) e servir como base para a execução dos demais programas (aplicativos, utilitários, etc.).

Para evitar que este texto se prolongue demais, a continuação fica para a próxima postagem.

LULA PRESTES A SER CONDENADO E TEMER DENUNCIADO

O grande chefe da ORCRIM, na definição do procurador Deltan Dallagnol, ficou meio que esquecido depois que o presidente Michel Temer foi acusado de ser o chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil. Aliás, tanto ele quanto sua nefasta pupila foram lembrados na apocalíptica delação da JBS, notadamente pelos US$150 milhões que teriam bancado suas campanhas. Só que as denúncias contra Temer e as benesses concedidas a Joesley e companhia pela PGR roubaram a cena e relegaram o deus pai da petralhada a uma posição secundária. Agora, porém, a coisa deve mudar de figura.

Nesta segunda-feira, o juiz Moro sentenciou Antonio Palocci a 12 anos e 2 meses de prisão, e deve julgar a qualquer momento a ação em que Lula é acusado de receber benefícios espúrios da OAS de Leo Pinheiro (representados pela emblemática cobertura tríplex no Guarujá e pelo pagamento do transporte e armazenamento da pilhagem que o ex-presidente trouxe de Brasília quando deixou o Palácio do Planalto). Na sentença em que condenou o ex-ministro petista, Moro citou Lula 68 vezes, na maioria delas em transcrições de depoimentos usados como prova para estipular as penas impostas aos réus. Num desses trechos, o magistrado escreveu: 

Percebe-se ainda que ‘Italiano’ é a pessoa com acesso ao então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que é também o caso de Antônio Palocci Filho (...) Chama ainda a atenção a referência de que, apesar do veto, seriam cogitadas alternativas junto ao então Presidente, ‘tributárias e ou com a Petrobrás’, para compensar o Grupo Odebrecht, prova da intenção de solicitação de contrapartida ilegal em favor dele por parte do Governo Federal”.

Palocci, vale lembrar, mostrou-se propenso a municiar a Lava-Jato com informações e documentos que, segundo ele, garantiriam mais um ano de trabalho aos procuradores, mas ainda não formalizou seu acordo de colaboração premiada. Na sentença, Moro mencionou que essa oferta se destinava mais a constranger outros réus e investigados na Lava-Jato do que propriamente a contribuir com a Justiça. Agora, porém, a condenação pode servir de estímulo para a delação, e aí a situação dos ex-presidentes petralhas tende a se complicar.

Vale lembrar também que a defesa de Lula, sem argumentos fáticos para contestar as acusações, tem sido useira e vezeira em tentar desqualificar o trabalho do MPF e em criar embaraços e protelações, chegando mesmo a pedir ― sem sucesso ― que os processos contra seu cliente fossem retirados do juiz Sérgio Moro. Mas talvez o magistrado seja o menor dos problemas do petralha. Segundo O Antagonista, uma reportagem da Folha sobre os juízes “linha-dura” da 8ª Turma do TRF-4, que revisa as decisões da 13ª Vara Federal de Curitiba, é de fazer o molusco arrancar os cabelos. Quase metade das penas dadas por Moro foram aumentadas na segunda instância, algumas delas em mais de dez anos. Na quarta-feira (21), por exemplo, o processo contra Gerson de Mello Almada, ex-sócio da Engevix, chegou à Turma com uma condenação a 19 anos de reclusão e saiu com uma pena de 34 anos e vinte dias. Lula é feliz com Moro e não sabe.

Complicada, também, é a situação de Michel Temer, a quem só resta a retórica vazia para tentar convencer as Velhinhas de Taubaté de que seu governo está firme e forte. “Nada nos destruirá”, disse ele, enfático, às vésperas da denúncia de Janot.

Observação: Na noite de ontem, Janot denunciou o presidente da República e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures por corrupção passiva. O ministro Fachin, relator da Lava-Jato no STF, deverá enviar a acusação para a Câmara, onde será votada em plenário. Caso 342 dos 513 deputados votem contra o presidente, a denúncia voltará para o Supremo, que decidirá se afasta o presidente ― já na condição de réu ― por até 180 dias ou até decisão final do processo, o que ocorrer primeiro. Estrategicamente, Janot preferiu fatiar a denúncia em três partes e apresentar as outras duas (por obstrução de justiça e organização criminosa) nos próximos dias. Para ler na íntegra a primeira delas, clique aqui.

Quase 24 horas depois que as primeiras informações sobre a delação de Joesley Batista vieram a público, Temer afirmou, em pronunciamento à nação, que o inquérito no supremo seria o território onde surgiriam as provas de sua inocência, e que exigiria pronta e rápida apuração dos fatos. Palavras ao vento, como se viu mais adiante, pois o que o presidente vem fazendo desde então é usar todos os meios disponíveis para barrar o processo, distribuindo, inclusive, cargos e verbas em troca de apoio dos parlamentares (vale reforçar que, para se livrar desse imbróglio, Temer não precisa de 171 votos a seu favor. O que ele precisa  impedir que 342 deputados votem contra ele, o que, convenhamos, é bem mais fácil).

Resumo da ópera: Ao que tudo indica, pela primeira vez na nossa história teremos ― e na mesma semana ― um presidente da República formalmente denunciado pelo MPF durante o exercício do mandato e um ex-presidente da República condenado na Justiça Penal.

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quinta-feira, 26 de março de 2015

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA – DO FORD T AO CARRO VOADOR

É BEM MAIS FÁCIL SUPORTAR A CÓLICA ALHEIA.

O motor a vapor foi inventado em meados do século XVIII e no início de 1800 já andavam pelas “ruas” os precursores dos carros de hoje em dia, embora o Benz Patent-Motorwagen (ilustração à esquerda), lançado em 1886, seja considerado como o primeiro “automóvel contemporâneo” isto é, concebido para receber um motor de combustão interna (veja mais detalhes sobre essa tecnologia nas minhas postagens de 21 e 22 de setembro de 2009). No entanto, foi somente em 1913 que Henry Ford concebeu sua primeira “linha de montagem” tida e havida como marco de referência para os métodos de produção em série no mundo , e assim passou a produzir mais veículos em menos tempo e a um custo inferior (em relação à montagem convencional de um carro por vez), realizando seu sonho de motorizar o público em geral.

Observação: A produção do Modelo T atingiu o recorde (para a época) de um veículo completo a cada 10 segundos por dia de trabalho ou dois milhões de veículos por ano, vendidos à US$ 260 permitindo à empresa pagar a seus funcionários um salário mínimo de US$ 5/dia.

Muita água rolou sob a ponte desde então, mas vou poupar os leitores dos detalhes e frisar somente que a evolução tecnológica no último século nos trouxe literalmente ao limiar do futuro. E se você ficou decepcionado por termos termos “virado” o milênio
sem carros voadores como os da Família Jetson (ilustração à direita), saiba que estamos quase lá. Note que eu não estou falando de carros que “voam baixo” termo que se popularizou para designar veículos extremamente velozes, como a Bugatti Veyron 16.4 SS (0-100 Km/h em 2,2s e vel. máxima de 431 Km/h) ou a Porsche 911 GT2 Turbo 1200 (0–100 Km/h em 2,8s e vel. máxima de 414 Km/h) , mas que voam de verdade, como o protótipo Flying Roadster, da AEROMOBIL, que atinge 160 Km/h de velocidade máxima rodando como automóvel convencional e 200 Km/h no “modo avião”. A decolagem se dá a 130 Km/h e exige 200 metros de pista livre; para o pouso, bastam 50 metros, e a autonomia (692 km) permite ir do Rio (RJ) a Curitiba (PR) não deixe de assistir ao vídeo abaixo, que é simplesmente imperdível.



Mas não é só nos ares que avanços tecnológicos extraordinários dão o ar de sua graça: já faz alguns anos que o GOOGLE vem testando um carro que substitui o motorista humano por um correspondente robotizado. Com ele você pode ou poderá em breve se deslocar pela cidade ou viajar para a praia ou para a montanha, por exemplo, apreciando a paisagem, lendo um bom livro ou mesmo tirando uma revigorante soneca. O veículo ainda não está disponível comercialmente, mas já comprovou ser funcional, pois rodou com segurança por mais de 225 mil km, tanto nas espaçosas estradas californianas, quanto nas ruas estreitas de São Francisco, além de subir e descer serras sinuosas, tanto de dia quanto à noite.

Observação: Para se deslocar com segurança o Self-drive Car depende de uma série de equipamentos, dentre os quais três antenas de radar na frente e uma na traseira. Elas criam um mapa tridimensional ao redor do veículo, permitindo ao computador apurar as informações com ajuda do GPS (em trechos mapeados pelo Google Maps), câmeras de vídeo com sensores infravermelhos, acelerômetros e um scanner giratório instalado no teto, que “enxerga” objetos a uma distância de até 60 metros, tanto adiante quanto atrás ou dos lados. Assim ele acelera, freia, faz curvas, estaciona, para em faixas de pedestres e obedece a sinais de trânsito de forma totalmente automática, embora tenha problemas já em fase de correção para identificar buracos (nossa ruas e estradas mal sinalizadas e esburacadas seriam) um desafio interessante!) e acessar rodovias no modo autônomo, devido à sensível e repentina variação de velocidade.


Talvez nossas “carroças” não sejam mais tão rudimentares quanto eram na era pré-Collor já temos modelos intermediários com sofisticações dignas de topo de linha, dentre as quais freios ABS com EBD, controle de tração e estabilidade e transmissão automatizada de dupla embreagem, p. ex. , mas ainda pagamos muito caro por elas. Enquanto isso, na Europa e nos EUA as novidades campeiam soltas. A Ford lançou na Europa um sistema inovador que ajuda a evitar acidentes e, de quebra, multas: um limitador inteligente de velocidade, composto por uma câmera instalada no para-brisa que reconhece os sinais de trânsito e ajusta automaticamente a velocidade aos limites da via. Claro que o veículo responderá normalmente se o motorista resolver pisar fundo, mas o sistema emitirá um alerta sonoro dando conta do abuso . Coisas de além-mar que um dia cá hão de chegar.


Um ótimo dia a todos e até mais ler.

segunda-feira, 31 de março de 2014

CARTÕES DE CRÉDITO, DÉBITO E COMPRAS – CONHEÇA MELHOR O “DINHEIRO DE PLÁSTICO” E USE-O COM SABEDORIA.

TODO PROGRESSO SE BASEIA NUM DESEJO INATO E UNIVERSAL DE VIVER ALÉM DOS PRÓPRIOS MEIOS.

Na pré-história do comércio, o escambo era a bola da vez: quem pescava trocava peixes por ovinos, suínos e bovinos com quem os criava, ou por frutas e verduras com quem as cultivava.
Como era difícil chegar a um consenso quanto ao valor das mercadorias, as mais requisitadas passaram a ser usadas como parâmetro – caso do sal, por exemplo, que era amplamente utilizado na conservação dos alimentos, mas de difícil obtenção para povos que viviam longe do litoral. Aliás, o termo salário advém da utilização do sal, na antiga Roma, para o pagamento de serviços prestados.
Mais adiante, o metal passou a ser usado na confecção de armas e utensílios que até então eram feitos de pedra, e devido à facilidade de transporte e entesouramento, logo foi guindado à condição de moeda de troca, ganhou forma e peso definidos e marca indicativa de valor, dando origem ao que hoje conhecemos como dinheiro. As primeiras moedas foram cunhadas em ouro, prata e cobre, não só pela raridade desses elementos, mas também pela beleza, imunidade à corrosão e “poder mágico” que lhes era atribuído pelos antigos sacerdotes babilônicos, e assim foi durante séculos, até o advento do papel-moeda.
Eu sou da época em que as contas eram pagas em dinheiro vivo ou em cheque, de acordo com o valor (já então não era boa política andar com muita grana no bolso). Claro que havia Bancos para conceder empréstimos e financiamentos, além do famoso “papagaio” – como era chamada a nota promissória (promessa de pagamento endossável, passível de aval e, no caso de inadimplência, protestável e executável judicialmente). Isso sem mencionar o indefectível fiado – modalidade informal de crédito, onde os gastos do dia-a-dia em armazéns, botecos e afins eram anotados pelos comerciantes eram anotados nas famosas cadernetas (nem sempre de forma muito honesta) e pagos no final do mês pela distinta freguesia.
A ideia do cartão de crédito surgiu nos anos 1920, quando algumas empresas (notadamente redes de hotéis e petroleiras) passaram a permitir que seus clientes comprassem a crédito nos próprios estabelecimentos. Já o primeiro cartão de crédito para uso no comércio em geral foi criado na década de 50 pelo americano Frank MacNamara, que teria vislumbrado o potencial desse instrumento durante um jantar com amigos, ao perceber que estava sem a carteira. Para contornar a “saia-justa”, ele apresentou seu cartão de visita e prometeu pagar a conta do dia seguinte – com o que o dono do restaurante concordou, desde que a nota da despesa fosse assinada.
Assim surgiu o Diners Club Card – utilizável inicialmente em 27 restaurantes –, que desembarcou no Brasil cinco anos depois, na condição de cartão de compra (voltaremos a esse assunto oportunamente). Nosso primeiro cartão de crédito “de verdade” teria sido o ELO, segundo alguns, ou o CREDICARD, segundo outros, que revolucionaram o mercado com suas propostas de parcelamento e taxas, e logo conquistaram as principais lojas e magazines.
Amanhã a gente continua; abraços e até lá.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

LÂMPADAS INCANDESCENTES, FLUORESCENTES, BELENUS e VEGETAIS

O MAL ESTÁ SEMPRE NA ALMA DOS OUTROS.

Quando se fala em eletricidade, sempre nos vem à mente a imagem de Benjamin Franklin empinando sua luz elétrica remete a Thomas Edison, embora ele tenha criado a lâmpada incandescente comercializável – antes dele, pelo menos outros 20 inventores tentaram construir fontes de luz a base de energia elétrica.
famosa pipa debaixo de um temporal, ao passo que
Enfim, como a haste de carvão dos primeiros modelos se deteriorava após poucas horas de uso, Edison experimentou diversas ligas metálicas, e hoje em dia o material utilizado é o tungstênio, devido a sua elevada temperatura de fusão. Mesmo assim, a vida útil de uma lâmpada incandescente é estimada em 2.500 horas (contra 15.000 dos modelos fluorescentes e 50.000 dos LEDs).
Claro que já temos tecnologia mais do que suficiente para dobrar, ou mesmo triplicar, a vida útil de uma lâmpada comum, mas isso não interessa aos fabricantes, pois o conceito da obsolescência programada, amplamente utilizado pela indústria, resulta em produtos com duração propositadamente reduzida, forçando o consumidor a reposições regulares. Na contramão dessa linha de raciocínio, todavia, o empresário espanhol Benito Muros criou a BELENUS, que trabalha próxima aos100ºC e cuja fonte previne variações repentinas de tensão, com durabilidade ilimitada (pelo menos segundo o fabricante, que pretende seguir adiante aumentando a vida útil de eletrodomésticos como refrigeradores e lavadoras). Para mais informações, assista ao vídeo abaixo:



Já outra invenção digna do velho Professor Pardal dos quadrinhos Disney é a modificação genética que leva a planta Arabdopsis a emitir luz.
Por enquanto, a capacidade de iluminação é pequena – mas ela daria uma bela Árvore de Natal, dispensando as indefectíveis lampadazinhas, fios e outros que tais –, mas o projeto é ambicioso. Antony Evans, coordenador da equipe, tenciona utilizar essas plantas para substituir as lâmpadas que iluminam as vias públicas (para mais detalhes, clique aqui). 
Mas quem quer saber disso a poucos dias do Réveillon, não é mesmo?  
Um ótimo dia a todos e até amanhã.