IMAGINAÇÃO É A
INTELIGÊNCIA SE DIVERTINDO.
Ontem, 13, foi a segunda terça-feira de novembro, dia de Patch Tuesday da Microsoft. O
problemático update
de outubro (build 1809) não foi incluído (felizmente; se é para ter
problemas, melhor ficar com a versão 1803 até que a mãe da criança dê seu jeito).
Na minha máquina, o patch KB4467702 entrou liso feito quiabo, a exemplo de uma atualização do Adobe Flash Player. A ferramenta de remoção de software malicioso também rodou sem novidades. Desejo a mesma sorte a
todos.
Abastecer um veículo Flex com etanol traz benefícios que transcendem a economia e o desempenho (o álcool custa mais barato e gera mais torque e potência). Mas nem tudo são flores nesse jardim. Antes de detalhar isso melhor, porém, é preciso preencher algumas lacunas que ficaram em aberto ao longo dos capítulos anteriores. Acompanhe.
Numa definição não muito exata do ponto de vista técnico, mas
adequada aos propósitos desta postagem, a potência
— que é medida em cavalos vapor (cv) cavalos de força (hp, do
inglês horse-power) ou quilowatts (kW) — é responsável por fazer o veículo ganhar velocidade, ao passo
que o torque — expresso em quilogramas-força/metro (kgfm) ou em Newtons-metro (Nm) —,
por entregar a força.
Para fugir das intrincadas fórmulas
que aprendemos no colégio e esquecemos logo após o vestibular, troquemos isso em miúdos: levar algo de um ponto a outro é trabalho,
e torque representa trabalho,
embora seja uma força com tendência a girar objetos (apertar as porcas da roda do
carro é um bom exemplo: ao aplicar uma determinada força na chave de rodas,
você cria o torque necessário para rosquear a porca no prisioneiro). Já a potência tem a ver com a rapidez com que esse trabalho é realizado (veículos mais
potentes alcançam velocidades mais elevadas e se deslocam de um ponto a outro
mais rapidamente do que os menos potentes).
Conforme vimos no capítulo anterior,
o motor desenvolve sua potência
máxima em regimes de giro elevados — entre 5.000 e 7.000 rotações por minuto nos
carros de passeio, mas que chegam a 15.000 rpm nos bólidos de F1 —, ao passo que o torque máximo tende a surgir regimes inferiores — o que é bom: quanto menor o
regime de giros em que ele é produzido e mais plana for sua “curva”, tanto
melhor (vide figura que ilustra esta postagem).
Para não abrir mais uma lacuna a ser preenchida mais adiante, lembro que o torque costuma ser associado à
arrancada, e a potência, à velocidade, embora ambos sejam produzidos pela
combustão, aumentem conforme o giro do motor se eleva e atuem em conjunto
durante todo o tempo em o veículo é utilizado. O fato de o torque máximo surgir em regimes inferiores ao da potência máxima se explica pela distância
horizontal das bielas, que varia de acordo com sua posição em relação ao
virabrequim. Com isso, o torque também varia, já que ele é o produto da força
pela distância. Note que, com o pistão no ponto mais alto do ciclo e a biela
alinhada verticalmente com o centro do virabrequim, nenhum torque é gerado — seria
como posicionar a chave de roda na vertical e subir em cima dela; ainda que
você conseguisse se equilibrar, a porca não se soltaria, pois o torque só se manifesta quando a força
atua numa alavanca perpendicular ao eixo.
A potência, por ser associada à
velocidade máxima, é usada como referência primária da eficiência do motor (isso
nos veículos de passeio; nos ônibus e caminhões valoriza-se mais o torque — que costuma ser mais abundante nos motores do ciclo Diesel, além de surgir em rotações mais baixas que nos do ciclo Otto. A título
de ilustração, um motor diesel de 12 litros produz 400 cavalos (quase a mesma potência
do motor V8 a gasolina de um Ford Mustang
preparado), mas gera incríveis 228 kgfm
de torque a 1.200 rpm, enquanto o
Mustang entrega “apenas” 48,9 kgfm a 5.600 rpm.
O torque é expresso em Newtons-metro (Nm) ou
em Quilogramas-força x metro
(kgfm ou m.kgf). 1 Nm corresponde ao
torque produzido por 1 N de força aplicada a 1 m de distância do ponto de
rotação, e equivale a aproximadamente 0,10 kgfm. Para entender isso melhor, pense
na chave de rodas do nosso exemplo: quanto
maior for seu braço, menor será o esforço (torque) necessário para girar
a porca.
Motores de combustão interna (como os que equipam a maioria dos nossos veículos) transformam a energia calorífica gerada pela
queima da mistura ar-combustível na energia mecânica produzida pelo movimento
descendente do pistão. Em outras palavras, a força (torque) resultante da
explosão é transmitida pela biela ao virabrequim, que a transmite, através do volante, ao câmbio (através da embreagem
ou do conversor de torque, conforme o caso), que a desmultiplica e repassa ao
diferencial, que faz girar as rodas motrizes (veja isso em detalhes nesta
postagem).
Para não encompridar demais este
texto, trataremos das unidades de potência na próxima postagem. Bom feriadão a todos.