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terça-feira, 21 de maio de 2019

IMPEACHMENT, RENÚNCIA E PROGNÓSTICOS



Certa vez, acertei uma milhar seca no jogo do bicho. Afora isso, nunca fui bom de palpite. Mas adivinhar é uma coisa, inferir com base na observação é outra. E foi a partir da observação que “cantei a bola” do impeachment de Dilma antes mesmo de Eduardo Cunha autorizar a abertura do processo.

Mais adiante, previ que o dublê de anta e egun despachado não se elegeria senadora, e que Bolsonaro derrotaria a patética marionete do ventríloquo presidiário, a despeito das previsões do Ibope, Datafolha e distinta companhia. Posso ter errado ao apostar na renúncia de Temer quando Lauro Jardim publicou em O Globo detalhes espúrios da conversa de alcova entre o emedebista e o moedor de carne bilionário, mas soube-se mais adiante que o vampiro do Jaburu só não pediu o boné porque foi dissuadido por sua tropa de choque — comandada pelo então pitbull palaciano Carlos Marun, que é sempre o primeiro (e talvez o único) a visitar o ex-chefe quando este é preso preventivamente.

Apostar que a rachadinha corria solta no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj seria o mesmo que, na Belém do Pará dos anos 1980, prever chuva para o final da tarde. Hoje, até o tempo deixou de ser sério no Brasil, mas, no caso do ex-deputado e ora senador, que se arrasta desde o ano passado, só um completo imbecil acreditaria nas desculpas esfarrapadas dos envolvidos.

No último sábado, a Folha publicou uma matéria de capa sobre o compartilhamento que Jair Bolsonaro fizera na véspera, pelo Twitter, de um texto apócrifo (escrito pelo analista da Comissão de Valores Mobiliários Paulo Portinho) que fala de pressões dos poderes e dificuldades de governar. O Congresso interpretou o tuíte como mais um ataque do capitão ao que ele classifica de velha política, mas era impossível não vislumbrar uma possibilidade de renúncia no ar, sobretudo se o país continuar “disfuncional” e o capitão teimar em continuar jogando para a torcida de bolsomínions, olavetes e outros desajustados — que, a exemplo do presidente e dos seus filhos, se deixam levar pelas teorias conspiratórias do “Homem de Virgínia” (falo do astrólogo-ideólogo que mora em Richmond, mas faço um trocadilho com um seriado televisivo da década de 1960, do qual certamente a maioria dos gatos pingados que leem minhas postagens jamais ouviu falar).

A Folha fala numa espécie de "cenário Jânio Quadros" (mais detalhes na próxima postagem), o que não me parece algo fora de propósito. Até porque, diz a matéria, circulou no Alto Comando do Exército um relato em que Bolsonaro teria dito que poderia renunciar se as dificuldades continuassem. Assessores palacianos negaram essa versão e afirmaram que presidente apenas expressou o que sempre disse durante a campanha. Já O Globo disse que, diante das dificuldades conhecidas no relacionamento entre o governo e o Congresso, os parlamentares decidiram liderar o processo de reformas necessárias para o país e vão deixar as propostas do Palácio do Planalto em segundo plano. E com efeito: numa reunião de líderes do Centrão ficou acertado que o Congresso assumirá a formatação da reforma da Previdência. O Estado também comentou a reunião e a decisão dos deputados, destacando as declarações de Ramos, para quem apresentar um novo texto é a única forma de aprovar a reforma neste momento. Todos esses jornais lembraram que as tensões da última sexta-feira elevaram a cotação do dólar a vertiginosos R$ 4,10 e fizeram o Ibovespa fechar abaixo dos 90 mil pontos.

O comportamento recente de Bolsonaro tem explicações múltiplas de assessores. Interlocutores afirmam que parlamentares pedem cargos no governo como condição para votarem a favor das reformas, mas fala-se à boca pequena que o chefe do Executivo está acuado pelo avanço das investigações sobre o zero um, que culpa o Congresso pelos atrasos na tramitação do projetos do governo e que, por isso, decidiu mobilizar seus apoiadores contra deputados.

Ricardo Noblat relembra que Fernando Collor, acuado por denúncias de corrupção, convocou seus apoiadores a ocupar as ruas com camisas verde amarelas no dia 7 de setembro de 1992, dois anos e meio depois de ter sido empossado. Poucos o fizeram, talvez por vergonha, talvez porque tivessem algo melhor a fazer durante o feriado. Em compensação, multidões foram às ruas naquele mesmo dia vestidas com camisetas pretas. Collor cairia três meses depois.

Neste momento, a situação de Bolsonaro ainda está longe de poder ser comparada com a de Collor. Mas isso não o impediu de estimular seus devotos a convocarem manifestações a seu favor para o próximo domingo (26). E se as manifestações não reunirem tanta gente? E se elas forem menores do que as que aconteceram na semana passada contra o corte de verbas para a Educação, que atraíram mais de dois milhões de pessoas em cerca de 200 municípios tupiniquins? E se multidões forem às ruas na mesma data vestidas com camisas pretas? Novas manifestação de opositores do governo estão agendadas para o próximo dia 30. Por que o governo deveria a essa altura submeter-se ao teste das ruas? As pesquisas desaconselham. Se o teste lhe desfavorecer, não diga Bolsonaro mais tarde que nada teve a ver com isso. Ou que não foi avisado.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? ― Parte II

POBRE, QUANDO METE A MÃO NO BOLSO, SÓ TIRA OS CINCO DEDOS.

Foram milhares de anos até o computador evoluir do ÁBACO ― criado há mais de 3.000 anos no antigo Egito ― para a PASCALINA ― geringonça desenvolvida no século XVII pelo matemático francês Blaise Pascal e aprimorada mais adiante pelo alemão Gottfried Leibniz, que lhe adicionou a capacidade de somar e dividir. Mas o “processamento de dados” só viria com o Tear de Jacquard ― primeira máquina programável ―, que serviu de base para Charles Babbage projetar um dispositivo mecânico capaz de computar e imprimir tabelas científicas, precursor do tabulador estatístico de Herman Hollerith, cuja empresa viria se tornar a gigante IBM.

Nos anos 1930, Claude Shannon aperfeiçoou o Analisador Diferencial (dispositivo de computação movido a manivelas) mediante a instalação de circuitos elétricos baseados na lógica binária, e alemão Konrad Zuze criou o Z1 (primeiro computador binário digital). Com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, a necessidade de decifrar mensagens codificadas e calcular trajetórias de mísseis levou os EUA, a Alemanha e a Inglaterra a investir no desenvolvimento do Mark 1, do Z3 e do Colossus, e, mais adiante, com o apoio do exército norte-americano, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia construírem o ENIAC ― um monstrengo de 18 mil válvulas e 30 toneladas que produziu um enorme blecaute ao ser ligado, em 1946, e era capaz somente de realizar 5 mil somas, 357 multiplicações ou 38 divisões simultâneas por segundo ― uma performance incrível para a época, mas que qualquer videogame dos anos 90 já superava “com um pé nas costas”. Para piorar, de dois em dois minutos uma válvula queimava, e como a máquina só possuía memória interna suficiente para manipular dados envolvidos na tarefa em execução, qualquer modificação exigia que os programadores corressem de um lado para outro da sala, desligando e religando centenas de fios.

EDVAC, criado no final dos anos 1940, já dispunha de memória, processador e dispositivos de entrada e saída de dados, e seu sucessor, o UNIVAC, usava fita magnética em vez de cartões perfurados, mas foi o transistor que revolucionou a indústria dos computadores, quando seu custo de produção foi barateado pelo uso do silício como matéria prima. No final dos anos 1950, a IBM lançou os primeiros computadores totalmente transistorizados (IBM 1401 e 7094) e mais adiante a TEXAS INSTRUMENTS revolucionou o mundo da tecnologia com os circuitos integrados (compostos por conjuntos de transistores, resistores e capacitores), usados com total sucesso no IBM 360, lançado em 1964). No início dos anos 70, a INTEL desenvolveu uma tecnologia capaz de agrupar vários CIs numa única peça, dando origem aos microchips, e daí à criação de equipamentos de pequeno porte foi um passo. Vieram então o ALTAIR 8800, vendido sob a forma de kit, o PET 2001, lançado em 1976 e tido como o primeiro microcomputador pessoal, e os Apple I e II (este último já com unidade de disco flexível).

O sucesso estrondoso da Apple despertou o interesse da IBM no filão dos microcomputadores, levando-a a lançar seu PC (sigla de “personal computer”), cuja arquitetura aberta e a adoção do MS-DOS, da Microsoft, se tornaram um padrão de mercado. De olho no desenvolvimento de uma interface gráfica com sistema de janelas, caixas de seleção, fontes e suporte ao uso do mouse ― tecnologia de que a XEROX dispunha desde a década de 70, conquanto só tivesse interesse em computadores de grande porte ―, a empresa de Steve Jobs fez a lição de casa e incorporou esses conceitos inovadores num microcomputador revolucionário. Aliás, quando Microsoft lançou o Windows ― que inicialmente era uma interface gráfica que rodava no DOS ― a Apple já estava anos-luz à frente.

Para encurtar a história, a IBM preferiu lançar seu PS/2, de arquitetura fechada e proprietária, a utilizar então revolucionário processador 80386 da INTEL, mas Compaq convenceu os fabricantes a continuar utilizando a arquitetura aberta. Paralelamente, o estrondoso sucesso do Windows 3.1 contribuiu para liquidar de vez a parceria Microsoft/IBM, conquanto ambas as empresas buscassem desenvolver, cada qual à sua maneira, um sistema que rompesse as limitações do DOS. Depois de uma disputa tumultuada entre o OS/2 WARP e o Windows 95 (já não mais uma simples interface gráfica, mas um sistema operacional autônomo, ou quase isso), a estrela de Bill Gates brilhou, e o festejado Win98 sacramentou a Microsoft como a “Gigante do Software”.

O resto é história recente: a arquitetura aberta se tornou padrão de mercado, o Windows se firmou como sistema operacional em todo o mundo (a despeito da evolução das distribuições LINUX e da preferência de uma seleta confraria de nerds pelos produtos da Apple) e a evolução tecnológica favoreceu o surgimento de dispositivos de hardware cada vez mais poderosos, propiciando a criação de softwares cada vez mais exigentes.

Enfim, foram necessários milênios para passarmos do ábaco aos primeiros mainframes, mas poucas décadas, a partir de então, para que "pessoas comuns" tivessem acesso aos assim chamados computadores pessoais ― ou microcomputadores ―, que até não muito tempo atrás custavam caríssimo e não passavam de meros substitutos da máquina de escrever, calcular, e, por que não dizer, do baralho de cartas e dos então incipientes consoles de videogame. Em pouco mais de três décadas, a evolução tecnológica permitiu que os desktops e laptops das primeiras safras diminuíssem de tamanho e de preço, crescessem astronomicamente em poder de processamento, recursos e funções, e se transformassem nos smartphones e tablets atuais, sem os quais, perguntamo-nos, como conseguimos viver durante tanto tempo.

Continuamos no próximo capítulo. Até lá.

SOBRE MICHEL TEMER, O PRIMEIRO PRESIDENTE DENUNCIADO NO EXERCÍCIO DO CARGO EM TODA A HISTÓRIA DO BRASIL.

Michel Temer já foi de tudo um pouco nos últimos tempos. De deputado federal a vice na chapa da anta vermelha; de presidente do PMDB (por quinze anos) a presidente da Banânia; de depositário da nossa esperança de tornar a ver o país crescer a “chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”; e de tudo isso a primeiro presidente do Brasil a ser denunciado no exercício do cargo.

Joesley Batista, o megamoedor de carne que multiplicou seu patrimônio com o beneplácito da parelha de ex-presidentes petistas ― que sempre valorizaram meliantes como Eike Batista e o próprio Joesley (é curiosa a coincidência no sobrenome, mas acho que não passa disso) ―, promoveu Temer ao lugar que, por direito, pertence a Lula, e a este atribuiu “somente” a institucionalização da corrupção na política tupiniquim.

Há quem afirme que a promoção de Temer foi inoportuna e despropositada. Afinal, não foi ele quem sequestrou e depenou o Brasil durante 13 anos, ou roubou o BNDES e passou uma década enfiando bilhões de dólares na Friboi ― que acabou se tornando a gigante J&F, controladora da maior processadora de proteína animal do planeta. Tampouco foi ele quem torturou São José Dirceu para forçá-lo a reger na Petrobras o maior assalto da história do ocidente, recebeu uma cobertura tríplex no Guarujá da OAS de Leo Pinheiro e, ao ser pego com as calças na mão e manchas de batom na cueca, atribuiu a culpa à esposa Marisa, digo, Marcela).

Gozações à parte, as opiniões divergem quanto à delação de Joesley e companhia. Há quem ache que a contrapartida dada pelo MPF e avalizada por Fachin foi exagerada (a despeito da multa bilionária que os delatores terão de pagar, que representa a punição mais “dolorosa” para gente dessa catadura). Outros, como certo ministro do Supremo e presidente do TSE, reprovam o acordo por serem sistematicamente contrários à Lava-Jato e às delações premiadas, às prisões preventivas prolongadas (sem as quais a Lava-Jato nem existiria, ou, se existisse, ainda estaria engatinhando). Felizmente, 7 dos 11 ministros do STF já se votaram pela manutenção de Fachin na relatoria dos processos oriundos da delação da JBS e pela validade da delação propriamente dita (assunto que eu detalhei na semana passada).

O fato é que o peemedebista se apequena mais a cada dia, o que não ajuda em nada o país, como bem sabem os que acompanharam os estertores dos governos Sarney e Collor e de Dilma. Com novas denúncias e acusações surgindo regularmente, o presidente está acossado, fragilizado politicamente e, por que não dizer, mais preocupado com articulações políticas visando à sua defesa do que com a aprovação das tão necessárias reformas que se predispôs a capitanear.

Na última segunda-feira, Temer juntou ao seu invejável currículo a experiência inédita de ser denunciado por corrupção ainda no exercício do cargo (até hoje, nenhum presidente brasileiro havia sido agraciado com tal honraria, embora quase todos tenham feito por merecê-la). E novas denúncias virão em breve, até porque Janot resolveu não pôr todos os ovos na mesma cesta. Como a denúncia passa pela CCJ da Câmara e pelo plenário da casa antes de ser julgada no STF, o Planalto moverá mundos e fundos para barrar o processo, de modo que o fatiamento serve para a PGR ganhar tempo, visando à possibilidade de novos fatos mudarem os ventos no Congresso. A meu ver, bastaria que a voz das ruas voltasse a roncar como roncou no ano passado, durante o impeachment de Dilma, para que a sorte do presidente fosse selada, mas quem sou eu, primo?

Talvez seja mesmo melhor a gente ficar com diabo que já conhece. Nenhuma liderança expressiva surgiu no cenário até agora, e a perspectiva de Rodrigo Maia assumir o comando do País não é das mais alvissareiras. Demais disso, eleições diretas, neste momento, contrariam flagrantemente a legislação vigente, e interessariam apenas a Lula e ao PT, que se balizam na tese do "quanto pior melhor".  

O molusco indigesto continua encabeçando as pesquisas de intenção de voto, mesmo atolado em processos e prestes a receber sua primeira (de muitas) condenações (veja detalhes na postagem anterior). Mas não se pode perder de vista que isso se deve em grande parte ao fato de ele ser o mais conhecido entre os pesquisados, e que isso lhe assegura também o maior índice de rejeição. Enfim, muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte até outubro do ano que vem. Se as previsões se confirmarem, Moro deve condenar o sacripanta dentro de mais alguns dias, e uma possível confirmação da sentença pelo TRF-4 jogará a esperada pá de cal nessa versão petista de conto do vigário.

Infelizmente, deixamos escapar a chance de abraçar o parlamentarismo no plebiscito de 1993 (graças à absoluta falta de esclarecimento do eleitorado tupiniquim), e agora só nos resta lidar com a quase impossibilidade de defenestrar um presidente da República, mesmo que ele já não tenha a menor serventia ou que esteja envolvido em práticas pouco republicanas (haja vista os traumatizantes impeachments de Collor e de Dilma). 

Estão em andamento algumas tentativas de tapar o sol com peneira, como a PEC do Senador Antonio Carlos Valadares (PSB/SE), aprovada no último dia 21 pela CCJ do Senado, que inclui na Constituição a possibilidade revogação do mandato do presidente, vinculada à assinatura de não menos que 10% dos eleitores que votaram no último pleito (colhidas em pelo menos 14 estados e não menos de 5% em cada um deles).

De acordo com o texto aprovado, a proposta será apreciada pela Câmara e pelo Senado, sucessiva e separadamente, e precisará do voto favorável da maioria absoluta dos membros de cada uma das Casas. Garantida a aprovação, será então convocado referendo popular para ratificar ou rejeitar a medida. O projeto prevê ainda que será vedada a proposta de revogação durante o primeiro e o último ano de governo e a apreciação de mais de uma proposta de revogação por mandato.

Por hoje é só, pessoal. Até a próxima.

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quarta-feira, 31 de maio de 2017

MPF MANTÉM A PROIBIÇÃO DA ABOMINÁVEL FRANQUIA DE DADOS NA INTERNET FIXA.

SÓ MESMO UM DONO DE FRIGORÍFICO PARA DAR NOME AOS BOIS E FAZER A VACA IR PARA O BREJO!

Em 11 de março do ano passado, eu comentei que a VIVO havia aventado a possibilidade de implementar “cotas” no serviço de banda larga fixa ADSL, à semelhança do que era feito na internet móvel (via redes 3G/4G). Dias depois, voltei ao assunto para dizer que as demais operadoras (com a honrosa exceção da TIM) seguiram alegremente o exemplo. Mais adiante, 15 de abril, convoquei os gatos pingados que honram com sua prestimosa atenção a aderir a abaixo-assinados contra aquela abjeta alteração nas regras do jogo. O assunto rendeu outras postagens. Numa delas, eu dava conta de que o governo federal havia criado uma enquete para saber a opinião dos internautas sobre a questão; em outra, disse que projeto de lei 174/2016 ― que veta a criação das franquias ― recebera parecer favorável do relator e seria votado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática. Em agosto, critiquei a postura do presidente da Anatel, para quem “a era da internet ilimitada estava chegando ao fim”. Em outubro, comentei que a novela já se arrastava por mais de seis meses sem qualquer perspectiva de solução.

Ninguém nega que 2016 tenha sido um ano conturbado ― tivemos o agravamento da crise, o impeachment da anta vermelha, a troca de governo. Mas o tempo foi passando e a preocupação, aumentando. Notadamente porque, segundo as operadoras, as novas regras entrariam em vigor no início de 2017. Só que o ano em curso vem se revelando ainda mais conturbado que o anterior: quando achamos que já vimos todo tipo de patifaria, surgem revelações ainda mais estarrecedoras, comprovando que não sabíamos da missa a metade.

Observação: No contexto atual, cada vez mais as pessoas dependem da internet em seu dia-a-dia ― haja vista o número astronômico de usuários de redes sociais e serviços online como o WhatsApp, por exemplo. Assim, coibir o acesso à internet ou encarecê-lo mediante cobrança sobretaxas e afins seria um retrocesso, um desserviço à uma população sofrida, que amarga impotente os efeitos nefastos das crises política, econômica, social e de vergonha na cara ― que nossos políticos fingem se empenhar em debelar.     

O fato é que o tema perdeu espaço para outros assuntos, até porque a medida abusiva das operadoras não entrou em vigor ― pelo menos por enquanto. Daí eu retomar o assunto agora, à luz da informação de que o MPF determinou à ANATEL que mantenha a proibição das abomináveis franquias, pelo menos até a conclusão dos estudos que estão sendo feitos para avaliar se há ou não vantagens neste tipo de serviço.

A consulta pública (ou “tomada de subsídio”) que se estendeu até o último dia 30 de abril não foi suficiente para embasar uma decisão definitiva. Segundo ofício enviado pela Câmara de Consumidor e ordem Econômica do Ministério Público Federal à agência reguladora, “o questionário foi apresentado de forma inadequada e tendenciosa, e somente evidencia a enorme assimetria de informações entre prestadores de serviços e consumidores”, e “o estabelecimento de franquias incentiva a criação de monopólios que impedem a entrada de prestadores de serviços alternativos de voz, vídeo e mensagens de texto”.

Resumo da ópera: As TELES continuam defendendo a criação de franquias, a pretexto de evitar congestionamentos decorrentes do elevado tráfego de dados. No entendimento do MPF, especialistas da sociedade civil afirmam que a capacidade de tráfego das redes poderia ser determinada pelo fluxo de dados por unidade de tempo, o que tornaria a velocidade o parâmetro fundamental para moldar o desempenho da rede de cada empresa, à semelhança de como isso é aferido e comercializado atualmente. O que se vislumbra por trás disso é um lobby que busca estimular a adesão a serviços de TV por assinatura (oferecidos, em sua maioria, pelas TELES, como é o caso da VIVO TV, NET TV e distinta companhia), que vem perdendo consumidores para o NETFLIX e outros serviços baseados em streaming, que custam menos e oferecem mais conteúdo e facilidades para seus usuários. “Caso a postura da agência (ANATEL) seja outra, deixa claro desde agora que medidas extrajudiciais ou judiciais cabíveis serão adotadas para assegurar os princípios e direitos que regem a matéria”, finaliza o Ministério Público Federal.

Vamos continuar acompanhando.

NOTÍCIAS DA POLITICALHA

A cada dia que passa, Michel Temer fica mais parecido com sua deplorável predecessora. Acuado, ele busca maneiras mirabolantes de se equilibrar no cargo, chegando mesmo a afirmar que o governo vai muito bem, obrigado, e que as reformas continuam avançando no Congresso. Mas os fatos, sempre teimosos, contrariam flagrantemente essa falácia, e a situação do presidente é inegavelmente delicada.

Popular, Temer nunca foi. E nem “santo”. Mas poucos imaginavam que ele chegasse ao cúmulo de participar de reuniões clandestinas com comparsas de crime, e que ouvisse seus descalabros com naturalidade. No caso de Joesley Batista, o mínimo que se esperava dele seria dar voz de prisão ao criminoso e determinar a abertura de um inquérito para apurar a veracidade de suas alegações.

Para quem não se lembra, o dono da JBS afirmou, dentre outras coisas, que estaria subornando um procurador da República para obter informações privilegiadas sobre investigações contra sua empresa, que teria juízes no bolso e que estaria pagando uma polpuda mesada para garantir o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, hoje inquilino do complexo médio-penal de Pinhais, em Curitiba, e de seu operador financeiro, Lucio Funaro, que também foi devidamente recolhido ao xadrez.  

Como desgraça pouca é bobagem, depois que essas revelações estarrecedoras chegaram ao conhecimento da população ― através de um furo de reportagem de Lauro Jardim em O GLOBO ―, Temer se dedicou a desqualificar a gravação e, numa tentativa desesperada de defender o indefensável, a produzir versões mirabolantes para justificar o injustificável. Na opinião da maioria dos juristas, o simples fato de a conversa em questão ter acontecido caracteriza crime de responsabilidade e justifica a abertura de um processo de impeachment.

A diferença entre os pronunciamentos de Temer e os de Dilma é o idioma. Enquanto o atual presidente se expressa em português castiço, mas não tão pernóstico quanto o do finado Jânio Quadros, a anterior tartamudeia em dilmês, portunhol de araque e francês de galinheiro. Só que manejar o vernáculo com maestria não basta. Na atual conjuntura, nem mesmo a invejável retórica de Lula ― um semianalfabeto assumido, mas dono de uma inteligência brilhante ― conseguiria sensibilizar os brasileiros, até porque o “ibope” de Temer jamais pontuou, nem mesmo quando a maioria comemorava a expulsão da anta vermelha.

Observação: Pensando bem, existe outra diferença digna de nota: Ao contrário de Dilma, Temer não fala em “golpe” nem posa de vítima. Ainda.

A permanência de Temer na presidência é periclitante. Cabe a Rodrigo Maia, seu notório escudeiro, deliberar sobre os (14) pedidos de impeachment, e mais hora, menos hora será obrigado a tomar uma decisão, como teve que fazer no caso de Eduardo Cunha. E as semelhanças não param por aí: se o plenário da Câmara decidir pelo afastamento de Temer, será Maia quem assumirá interinamente a presidência e convocará eleições indiretas para escolher quem governará o país até o final do ano que vem (e nada impede que o próprio Rodrigo Maia seja o escolhido). Mas é público e notório que, no âmbito da política, apoio nem sempre significa fidelidade canina. Maia já deu mostras disso ao atribuir a Temer a culpa pela decisão estapafúrdia de convocar as Forças Armadas para coibir as “manifestações” que incendiaram o Distrito Federal na semana passada (mais detalhes no meu texto sobre política desta postagem).

O que já era ruim ficou pior com a decisão de substituir Osmar Serraglio por Torquato Jardim no comando do ministério da Justiça. Há tempos que Temer vinha sendo pressionado por ministros e políticos do alto escalão, para quem Serraglio não tinha pulso para controlar a PF e, consequentemente, frear a Lava-Jato. Aliás, quando a operação Carne Fraca revelou conversas em que o ministro chamava um dos capi da Máfia dos Frigoríficos de “grande chefe”, Temer “não viu nada de errado”, talvez porque não desejasse aumentar ainda mais a lista de “notáveis” exonerados do seu ministério (de maio de 2016 a fevereiro deste ano, foram 8). Vale lembrar que, na época, o do presidente não estava na reta. Mas agora está.

Inicialmente, a ideia era nomear Serraglio para a pasta da Transparência, mantendo, assim, o foro privilegiado de Rodrigo Rocha Loures ― que foi filmado pela PF com uma mala contendo R$ 500 mil reais em propina, que supostamente transportava a mando do presidente. Mas tudo indica que a maracutaia não vingou: Serraglio parece decidido a reassumir seu mandato na Câmara, e a menos que outro deputado do PMDB do Paraná seja nomeado para a pasta da Transparência, a investigação de Loures será enviada para a primeira instância.

Observação: O MPF pediu a prisão preventiva de Loures, e o ministro Fachin negou. Mas Janot recorreu, e o STF ainda não se pronunciou. Se confirmado o declínio de competência ― que não é automático, pois o imbróglio também envolve Michel Temer e Aécio Neves, que têm foro privilegiado ― o homem da mala, que já vinha manifestando interesse em negociar um acordo de delação premiada, terá um incentivo ainda maior para levar a ideia adiante.

Ao fim e ao cabo, a melhor saída para o país ― ou a menos traumática ― me parece ser a renúncia, pois daria condições para uma transição rápida e não afetaria tanto o país quanto um prolongado e conturbado processo de impeachment (basta lembrar o de Dilma). A ideia chegou a ser cogitada, mas não prosperou, já que, na visão do presidente, seria uma admissão de culpa, e ele não deseja essa mácula em sua biografia (se desejos fossem cavalos, mendigos cavalgariam, mas isso já é outra história). Resta então o quê? O impeachment? Além de traumática, essa alternativa esbarra no apoio de Rodrigo Maia, que, pelo menos até agora, vem empurrando todos os pedidos com sua rotunda barriga.

Claro que o TSE pode cassar a chapa Dilma-Temer já na próxima semana. E se jogar a culpa em Dilma e usar a indivisibilidade das contas como justificativa, a saída de Temer será vista como mero “efeito colateral” e, portanto, não impactaria tão negativamente sua biografia. Mas nada garante que o julgamento seja concluído de plano, pois é possível e até provável que algum ministro peça vista do processo. E supondo que o julgamento siga adiante e resulte em condenação, a decisão dificilmente não seria objeto de recurso ao STF, e aí amargaríamos meses e meses de incertezas, com as reformas paralisadas e o país andando de lado. Sem mencionar que não sabemos o que se passa na cabeça dos 11 ministros da nossa mais alta Corte de justiça (embora sempre se possa especular, só que vamos deixar para fazer isso numa próxima oportunidade).

Por último, mas não menos importante, há ainda a possibilidade de a abertura de inquérito contra Temer no STF, deferida por Fachin a pedido de Janot, ser avalizada pelo Plenário. Nessa hipótese, o presidente será formalmente promovido à condição de réu. Mas esse também seria um longo caminho, mesmo que não tão longo quanto o do impeachment. Seja como for, o tempo urge e 2018 bate à porta. Supondo que o Brasil sobreviva até lá, a eleição do próximo presidente pelo voto direto fará com que qualquer ação que vise à cassação de Temer perca o objeto.

E viva o povo brasileiro!     

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quinta-feira, 25 de maio de 2017

MANUTENÇÃO PREVENTIVA COM O NORTON UTILITIES

O BRASIL ESTÁ DOMINADO POR FACÇÕES CRIMINOSAS. DOS PRESÍDIOS AOS PALÁCIOS.

manutenção preventiva pode ser feita mais facilmente com a ajuda de programinhas dedicados, geralmente reunidos em "pacotes" ― ou "suítes" ― que atuam sobre os principais gargalos de desempenho que surgem com o passar do tempo e o uso normal do computador.

Semanas atrás, eu falei brevemente sobre o Advanced System Care, o Wise Care 365 e o Steganos Tuning Pro; hoje, a bola da vez é o Norton Utilities, que usei por anos a fio, quando a suíte ainda se chamava Norton System Works e acompanhava o pacote Internet Security da Symantec.

Embora não seja oferecido em versão freeware, o NU pode ser avaliado gratuitamente por 30 dias ― tempo mais que suficiente para você “dar uma geral” em seu sistema. Para mais informações e download, basta seguir este link, apontar para Teste Grátis, clicar em Faça o download do produto e seguir as instruções do assistente de instalação. Para continuar usando o produto após o período de testes, é preciso adquirir uma licença (R$ 49) válida por prazo indeterminado e extensível a 3 PCs.

Compatível com todas as edições do Windows a partir do XP, de 32 ou 64 bits, esse “canivete suíço” da Symantec reúne numa interface bem organizada o Disk Doctor, que corrige problemas lógicos no disco rígido; o Norton UnErase, que recupera arquivos apagados acidentalmente; o Speed Disk, que desfragmenta e otimiza os arquivos no disco rígido; o Gerenciador de Inicialização, que otimiza o tempo de carregamento do sistema ― inibindo ou retardando a inicialização de aplicativos que “pegam carona” com o Windows; o Gerenciador de Serviços, que minimiza a perda de desempenho pela execução simultânea dos processos e serviços em segundo plano; o Monitor de Registro ― que notifica o usuário quando o Registro do Windows precisa ser reparado; e o Limpador do Disco ― que elimina rastros de navegação na Internet.

Observação: Alguns dos módulos do Norton Utilities operam através de ferramentas do próprio Windows, mas isso não desmerece a suíte: automatizando as rotinas de manutenção, ela facilita a realização de manutenções preventivo-corretivas por leigos e iniciantes, que, por desconhecimento ou desinteresse, não tirariam proveito dos recursos que o sistema fornece nativamente para esse fim.

SOBRE A CONVERSA CLANDESTINA E A RENÚNCIA DO PRESIDENTE

É mais fácil acreditar no Coelho da Páscoa do que nos pronunciamentos de Temer à nação.

Na última quinta-feira, 20 horas após o vazamento da delação da JBS e cia. ― que atinge nada menos que 1.829 políticos ―, o presidente classificou a abertura de inquérito contra ele de “território onde surgirão todas as explicações” e exigiu “investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro”. No sábado, o discurso já era outro: a gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos e, incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguação, levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil”. No domingo, em entrevista à FOLHA, enquanto reafirmava sua decisão de não renunciar (se quiserem, me  derrubem), seus advogados atuavam nos bastidores para suspender o inquérito ― aquele de onde surgiriam todas as explicações, lembram-se? (mais adiante, mudaram de estratégia e desistiram do pedido, já que a possibilidade de serem atendidos era próxima de zero).

Ainda na quinta-feira, a renúncia chegou a ser dada como certa, mas a pressão de ministros e outros apoiadores ― e a perspectiva de perder a prerrogativa de foro ― levou o presidente a reconsiderar e partir para uma luta inglória, que só posterga o inevitável e produz efeitos deletérios na economia e na estabilidade política do país. Entrementes, pedidos de impeachment vão se acumulando ― resta saber o que Rodrigo Maia fará a respeito ― e novos fatos estarrecedores bombardeiam implacavelmente os escombros da imagem de Temer que ainda resistem.

A situação é insustentável. Sem respaldo popular, o presidente buscava apoio nos (volúveis) parlamentares e nos indicadores do mercado financeiro. Depois de quinta-feira, isso também se foi. Tudo que o mercado quer é uma solução rápida, mas o medo prestar contas à “República de Curitiba” e acabar como Eduardo Cunha não estimula FrankensTemer a tomar a atitude correta. Aliás, fatos como os revelados na delação da JBS ― ou a própria visita fortuita de Joesley ao Palácio do Jaburu ― bastariam para afastá-lo durante a apuração dos fatos, como ocorreria em qualquer país sério. Pensando bem, num país sério o presidente não esperaria ser afastado, fá-lo-ia de moto próprio ― e reassumiria o cargo sem constrangimento algum, se e quando as acusações fossem descartadas.

Em tese, o governo acabou, o presidente caiu. Meirelles passou incólume pelas delações de Joesley, e se a equipe econômica ficar, o mercado há de se acalmar e a vida seguirá adiante, ainda que com menos brilho até que se defina o que acontecerá a seguir. Cassação pelo TSE?  Impeachment pelo Congresso? Ambas essas saídas são possíveis à luz da Constituição. Mas levariam tempo, e tempo é artigo escasso quando cada dia de incertezas aumenta a instabilidade político-econômica.

Por hoje é só. E não é pouco.



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quarta-feira, 24 de maio de 2017

DE OLHO NO DESEMPENHO DO PC (PARTE VII)

EU CAVO, TU CAVAS, ELE CAVA, NÓS CAVAMOS, VÓS CAVAIS, ELES CAVAM. NÃO É BONITO E NEM RIMA, MAS É PROFUNDO…

Vistas e examinadas (e, espero eu, seguidas) as informações publicadas nas primeiras seis postagens desta sequência, cumpre agora concluir a novela, mas não sem antes relembrar (pois suponho ter dito isso em algum dos capítulos anteriores) que as suítes de manutenção de terceiros costumam proporcionar melhores resultados do que as limitadas ferramentas do Windows (que, basicamente, se resumem a eliminar arquivos desnecessários, corrigir erros na estrutura lógica do HD e desfragmentar os dados). 

De passagem, sugeri alguns utilitários para remoção de aplicativos ― que costumam funcionar melhor que o desinstalador nativo dos programinhas ou do próprio Windows e soluções para limpeza e desfragmentação do Registro ― etapa importante da manutenção preventivo-corretiva, mas para qual a Microsoft não disponibiliza uma ferramenta.

Embora eu já tenha publicado diversas avaliações de suítes de manutenção, tanto pagas quanto gratuitas, não me custa relembrar algumas opções interessantes:

CCleaner ― disponibilizado pela Piriform em versão paga ou gratuita (confira meu review nesta postagem).

IOBit Advanced System Care (para conferir minhas remissões a essa suíte, digite o nome dela no campo de buscas do Blog e pressione Enter) ― Da mesma forma que o CCleaner, o ASC é distribuído tanto como shareware quanto como freeware. Para usuários domésticos comuns, a versão gratuita é mais que suficiente, embora a paga ofereça mais recursos (note que é possível testar a opção gratuita e fazer o upgrade a qualquer tempo; para mais detalhes e download, clique aqui).

Glary Utilities ― Verdadeiro canivete suíço, a suíte integra um conjunto de ferramentas invejável, mesmo na modalidade gratuita (que não deixa a desejar, embora a paga tenha alguns recursos a mais). Tratei desse programa numa sequência de duas postagens, começando por esta aqui.

Era isso, pessoal. Até mais ler.

SOBRE A GRAVAÇÃO DA CONVERSA ENTRE TEMER E JOESLEY

É mais fácil acreditar na fada do dente do que nos pronunciamentos que Michel Temer fez à nação depois de uma amostra do conteúdo da delação de Joesley Batista e outros 6 executivos da JBS/J&F vir a público, na quarta-feira passada.

Em sua primeira fala, cerca de 20 horas depois do cataclismo, Temer classificou a investigação pedida por Janot e autorizada por Fachin de território onde surgirão todas as explicações” e exigiu “investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro”, além de negar as acusações e rechaçar a possibilidade de renúncia ― que, na sua avaliação, seria o mesmo que confessar a culpa. Dois dias mais tarde, em novo pronunciamento, o presidente disse que a “gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos” e que “incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguação, [o áudio] levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil”. No domingo, em entrevista à FOLHA, ele voltou a afirmar que não vai renunciar (se quiserem, me derrubem), enquanto seus advogados trabalhavam febrilmente para suspender o inquérito ― aquele onde surgiriam todas as explicações, lembram-se? Na segunda-feira, no entanto, com base no laudo do pelo perito Ricardo Molina, a banca de advogados capitaneada por Antonio Claudio Mariz de Oliveira mudou a estratégia e desistiu do pedido de suspensão.

Ouvindo a longa explanação de Molina ― que atuou mais como advogado de defesa do que como perito ―, fica-se sabendo que: 1) a gravação é imprestável ― dada a existência de mais de 70 “pontos de obscuridade”; 2) o MPF é inocente e incompetente. Todavia, dois peritos ouvidos pelo Jornal Nacional chegaram à conclusão de que toda a gravação está intacta.

A ministra Cármen Lúcia determinou que o julgamento do pedido de suspensão do inquérito aberto, que a princípio ocorreria nesta quarta-feira (24), só seja realizado após a conclusão da perícia. Isso significa esperar que sejam periciados também o(s) gravador(es) utilizado(s) por Joesley ― não sei dizer por que foram usados dois aparelhos; segundo Molina, trata-se de artefatos fabricados a partir de um chipset chinês e vendidos no Mercado Livre por menos de R$ 30. Enquanto isso, pedidos de abertura de processo de impeachment contra Michel Temer se empilham na secretaria da Câmara dos Deputados. Eram 14 na tarde da última segunda-feira, nove dos quais foram protocolados após a furo de reportagem de Lauro Jardim. Espera-se que um novo pedido, da OAB, seja protocolado ainda nesta semana.

Um presidente só começa a falar em “renúncia” quando está no limiar do poder e o país, no limite máximo na escala das crises. Temer é o primeiro presidente do Brasil investigado por corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa. Até a última quarta-feira, a Lava-Jato tinha diversas menções a ele em episódios suspeitos, mas não abriu investigação porque todas se referem a atos cometidos na época em que sua excelência ainda era vice. E a Constituição determina que um presidente da República só pode ser processado pelo que fez no exercício do cargo. Mas agora a história mudou.

Se o arquivo de áudio foi ou não manipulado, cabe aos peritos atestar ― e parece que dificilmente chegarão a um consenso a esse respeito. Molina, na coletiva que concedeu na noite da segunda-feira, fez questão de enfatizar que determinados “ruídos” e outros “efeitos” podiam ter sido adicionados à gravação, e que trechos da conversa poderiam ter sido editados. Sempre no condicional. Aliás, chegou mesmo a dizer que introduzir ruídos como os que havia detectado era “a coisa mais fácil do mundo”, e que só não demonstraria isso ali, ao vivo e em cores, porque não tinha o equipamento necessário.

Observação: Vale lembrar que voar também é a coisa mais fácil do mundo. Os pássaros que o digam. Eu até voaria para comprovar minha assertiva; só não o faço porque me faltam as asas.

Enfim, muito se discute a validade do tal arquivo de áudio, mas o fato é que o próprio Temer não contestou trechos da conversa que o comprometem, limitando-se apenas a dar desculpas esfarrapadas ― conforme, aliás, eu já comentei nos posts anteriores. Se ele vai renunciar, aí já é outra história. Mas sua queda é líquida e certa. Se através da cassação da chapa ou de outra maneira, aí também é outra história. O fato é que ele perdeu o apoio do Congresso, e como nunca teve suporte da população, a conclusão é óbvia. Então, o faz sentido especular a partir de agora é o que acontecerá depois que ele deixar o trono. Mas isso já é assunto para a próxima postagem.


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domingo, 21 de maio de 2017

UM POÇO DE INCERTEZAS

UM POÇO DE INCERTEZAS

O terremoto de magnitude 10 da última quarta-feira, que teve como epicentro o Palácio da Alvorada e se espalhou rapidamente Brasil afora, deixou no chinelo a “Delação do Fim do Mundo” e colocou o governo na antessala do Apocalipse. Tudo começou com o furo de reportagem publicado em O Globo por Lauro Jardim, cuja pronta repercussão na mídia levou ao esvaziamento do Congresso e sitiou no Palácio do Planalto o presidente da República. Quase 24 horas depois, em sua primeira fala à nação, Temer classificou de clandestina a gravação da conversa entre ele e o dono da JBS num encontro à sorrelfa, tarde da noite, no Palácio do Jaburu ― segundo Joesley, foi preciso apenas baixar o vidro do carro e dizer que era o Rodrigo para ter o acesso à garagem liberado ― daí se pode inferir que clandestina foi a reunião, não a gravação.

Observação: A J&F Investimentos é uma holding criada em 1953 pela família Batista e que controla empresas como a JBS, Eldorado Celulose e outras. J, B, e S são as iniciais de José Batista Sobrinho, pai de Joesley e Wesley Batista (e de mais quatro filhos), mais conhecido como Zé Mineiro. Nos anos 1950, o patriarca dos Batista fundou, em Anápolis (GO), a Casa de Carnes Mineira, que deu origem a uma rede de açougues que se virou uma rede de frigoríficos, e que, com os ventos de cauda soprados pelo BNDES durante os governos petistas, aumentou seu faturamento de R$ 4,3 bilhões em 2006 para R$ 170 bilhões em 2016.

Durante a tal conversa, Joesley fala de sua situação como investigado, diz que está “segurando” dois juízes, que vem pagando mesada de R$ 50 mil ao procurador da República Ângelo Goulart Villela em troca de informações sigilosas sobre as operações Sépsis, Greenfield e Cui Bono, nas quais a JBS é investigada, e R$ 400 mil por mês ao doleiro Lucio Funaro, operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (presos na Lava-Jato), para garantir que ambos fiquem de bico calado.

Ao “ser informado” dos crimes do bilionário, Temer deveria ter determinado a pronta abertura de uma investigação, mas agiu como alguém que, numa inconsequente conversa de botequim, ouvisse um amigo discorrer sobre suas aventuras extraconjugais. Só isso (“só” é força de expressão) basta para enquadrá-lo por crime responsabilidade e embasar um pedido de impeachment. À guisa de justificativa, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República divulgou nota afirmando o presidente não acreditou na veracidade das declarações de Joesley ― o empresário estava sendo objeto de inquérito e, portanto, parecia contar vantagem ―, que juízes e/ou membros do Ministério Público estivessem sendo cooptados, e que a gravação teria sido editada mais de 50 vezes. Mesmo assim, Janot determinou a prisão de Ângelo Villela e autorizou a abertura de um inquérito para investigar Michel Temer. Este último, por seu turno, diz que vai largar o osso, como deixou claro em seu segundo pronunciamento à nação. Se ele terá condições de continuar à frente do governo (boa parte da base aliada já começou a debandar, como ratos que abandonam o navio quando pressentem a iminência do naufrágio) ou se será expelido do cargo pelo TSE (que deve retomar o julgamento do pedido de cancelamento da chapa Dilma-Temer no próximo dia 6), aí são outros quinhentos.

Temer orientou sua tropa de choque a “partir para o enfrentamento”, a despeito de o STF ter autorizado a abertura de um inquérito para investigá-lo. A meu ver, isso deveria leva-lo a se afastar (ou ser afastado) do cargo até a conclusão das investigações ― como aconteceria em qualquer democracia que se preze. Mas não Temer, como não Dilma antes dele e nem Collor antes dela (é fato que o “caçador de marajás de araque” renunciou na véspera do julgamento do impeachment para preservar seus direitos políticos, o que não funcionou, pois ele acabou sendo cassado, mas isso já é outra história). Em vez disso, sua excelência resolveu atacar a credibilidade do depoimento de Joesley, mesmo não sendo capaz de apresentar argumentos que expliquem de maneira convincente sua conivência com os atos espúrios revelados durante a conversa clandestina no Jaburu. A julgar por sua retórica, falta pouco para o presidente cair no ridículo em que caíram antes dele a gerentona de araque ― que, além de incompetente, agora é acusada de saber da origem dos milhões que financiaram suas campanhas e de ter negociado pessoalmente parte das propinas ― e a alma viva mais honesta do Brasil ― que deve ser agraciada no mês que vem com sua primeira sentença no âmbito da Lava-Jato).

Temer disse na quinta-feira que a investigação pedida pelo Supremo será território onde surgirão todas as explicações, que não tem qualquer envolvimento com os fatos, que não renunciará à presidência e que exigirá investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. “Esta situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito tempo. Se foram rápidas nas gravações clandestinas, não podem tardar nas investigações e na solução respeitantemente a essas investigações”, arrematou o presidente. No sábado, porém, o discurso mudou: “A gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos, e incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguação, levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil.

Os especialistas que examinaram o arquivo de áudio não chegaram a um consenso sobre as supostas interrupções ou edições. Alguns atribuem a falha ao gravador, mas a maioria atesta que não há sinais de mudança na parte fundamental da gravação: quando Joesley diz que zerou suas pendências com Eduardo Cunha e ficou de bem com o ex-deputado preso em Curitiba, ouve-se a seguir o presidente incentivar, dizendo “isso tem que continuar, viu”.

Para o perito ouvido pelo Estadão, o mesmo ocorre na parte em que o Temer ouve Joesley dizer que está manipulando a Justiça. O presidente encaminhou a gravação para o serviço de inteligência da Presidência da República; a PGR informou que uma avaliação técnica concluiu que o áudio revela uma conversa lógica e coerente e que a gravação anexada ao inquérito do STF é exatamente a entregue pelo colaborador, e o ministro Edson Fachin determinou o encaminhamento do arquivo à perícia da Polícia Federal, que deverá apresentará a ele as respectivas conclusões. Sem embargo, diversos pontos da conversa que NÃO FORAM CONTESTADOS pelo presidente caracterizam crime de responsabilidade, o que já basta para embasar pedidos de impeachment contra ele. Até  tarde de sexta-feira, 8 pedidos já haviam sido protocolados na Câmara, e no sábado foi a vez da OAB, que aprovou por 25 votos a 1 o relatório que resultará no 9º pedido (isso se nenhum outro for protocolado antes). Resta saber o que fará o presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia, que mantém boas relações com Temer ― ou mantinha, pois não se sabe como elas ficarão daqui por diante.

Temer disse que o autor do grampo está livre e solto, passeando por Nova York, que o Brasil, que já tinha saído da mais grave crise econômica de sua história, vive agora dias de incerteza, que Joesley não passou nenhum dia na cadeia, não foi preso, não foi julgado, não foi punido e, pelo jeito, não será. De fato, diferentemente do que se viu em todos os acordos de colaboração firmados antes deste, os termos da delação dos Batista e outros seis executivos da JBS e J&F, já homologada pelo ministro Fachin, não só permitiram que eles deixassem o país como também os livraram de responder a inquéritos na esfera Penal ― o que é no mínimo estranho. Temer afirmou também que, prevendo os efeitos de sua delação na taxa de câmbio, Joesley comprou US$ 1 bilhão, e sabendo que a gravação também reduziria o valor das ações de sua empresa, vendeu-as antes da queda da bolsa. De fato, a JBS lucrou milhões e milhões de dólares em menos de 24 horas; nesse ponto o presidente está coberto de razão.

Peemedebistas, ministros e outros apoiadores afirmam que o presidente está tranquilo, que vai provar sua inocência, e blá, blá, blá. Mas não é isso que se vê nos raros momentos em que sua excelência dá o ar da graça ― ou da desgraça, melhor dizendo. Uma imagem exibida pela TV Globo durante o primeiro depoimento e reexibida exaustivamente nos telejornais mostra que a fisionomia do presidente denuncia um nervosismo que beira a dor física, e que ele só conseguiu disfarçar o tremor nas mãos entrelaçando firmemente os dedos. Outro detalhe digno de nota: na tarde de quinta-feira, Temer disse que a investigação pedida pelo Supremo Tribunal Federal será território onde surgirão todas as explicações. Se é assim, por que, então, apresentar àquela Corte um pedido de suspensão do inquérito?

O Brasil não precisa (e nem merece) de outro impeachment presidencial. Como dizem os americanos, BETTER THE DEVIL YE KEN, THAN THE DEVIL YE DON'T (numa tradução livre, “melhor ficar com o diabo que conhecemos do que com o que desconhecemos”). O afastamento de Temer levaria Rodrigo Maia ― mais um investigado na Lava-Jato ― a assumir interinamente a presidência e convocar eleições indiretas para o mandato tampão, e com o Congresso que aí está, recheado de réus, investigados ou parlamentares que estão em vias de sê-lo, isso seria uma temeridade. Mas é o que a Constituição determina e, portanto, o que terá de ser feito caso Temer renuncie ou seja cassado pelo TSE.

A propósito da interminável novela da cassação da chapa Dilma-Temer, até quinta-feira tinha-se como certo que um pedido de vistas resultaria em novo adiamento ― isso se os ministros não resolvessem deixar tudo como está, a pretexto de que ação perdeu o objeto quando Dilma foi penabundada. Nada do que veio à luz nos últimos dias ― e nem o que virá nos próximos ― deveria influenciar na decisão no TSE, mas, como bem disse o sempre eloquente presidente daquela Corte, os juízes não são de Marte. Para bom entendedor, meia palavra basta.

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quinta-feira, 18 de maio de 2017

O GOVERNO ACABOU - EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA

Depois que o dono da JBS ofereceu à Justiça a gravação em que Temer avaliza a compra do silêncio de Eduardo Cunha e indica o deputado Rodrigo Loures para resolver uma pendência do grupo, o governo que se arrastava passou a agonizar (veja mais detalhes na minha postagem desta manhã).

Temer não foi o único atingido por essa delação ― que, curiosamente, foi negociada, concluída e homologada em menos de 3 meses, enquanto a da Odebrecht levou 10 meses e a da OAS se arrasta há mais de um ano. A caca respingou também em Aécio Neves, que teria pedido (e recebido) R$ 2 milhões da JBS para pagar os advogados encarregados de sua defesa. Fala-se também que Joesley Batista teria injetado R$ 60 milhões na campanha do tucano à presidência, além de comprar o apoio de partidos políticos.

Hoje pela manhã, a irmã de Aécio e seu primo Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred ― que teria sido filmado recebendo o dinheiro da propina ― foram presos em BH. Aécio foi afastado pelo ministro Fachin, que não pediu sua prisão preventiva. O plenário do Supremo deve se pronunciar a qualquer momento sobre a situação do senador e presidente do PSDB.

Espera-se que Temer faça um pronunciamento à nação a qualquer momento. Ele está reunido desde cedo com assessores. Rodrigo Maia também foi chamado para essa reunião, e como é ele quem assume a presidência no caso de Temer renunciar ou ser afastado, há muita especulação (talvez Temer tenha a grandeza de renunciar, coisa que Dilma não fez, mas isso já é outra história).

O país entrou em convulsão. A Bovespa caiu quase 10 pontos, e o dólar subiu feito rojão. O Congresso está paralisado e as discussões sobre as reformas (da Previdência, Trabalhista, etc.) foram suspensas. Para a maioria dos analistas, o governo ruiu, e uma eleição indireta deveria ser feita no prazo de 30 dias, como manda a Constituição, para definir os nomes do presidente e do vice-presidente que assumiriam o comando do país até dezembro do ano que vem.

Em tese, nada disso deveria afetar o julgamento chapa Dilma-Temer pelo TSE, marcado para o próximo dia 6. Na prática, todavia, a decisão dos magistrados certamente será contaminada pelos fatos acachapantes que vieram à luz na noite de ontem ― e continuam brotando como merda de privada entupida. O jeito é acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. Volto a postar atualizações assim que houver novidades relevantes.

ATUALIZAÇÃO - 16h00:

TEMER ESTÁ PRONTO PARA ANUNCIAR SUA RENÚNCIA. ESPERA-SE QUE O FAÇA AINDA HOJE, NO INÍCIO DA NOITE. ELE JÁ CONVERSOU A RESPEITO COM ALGUNS MINISTROS DE ESTADO E ACOMPANHA PESSOALMENTE A REDAÇÃO DO PRONUNCIAMENTO QUE INFORMARÁ O PAÍS A RESPEITO.
 
RODRIGO MAIA JÁ FOI AVISADO E ASSUMIRÁ INTERINAMENTE A PRESIDÊNCIA, COMO PREVÊ A CONSTITUIÇÃO. 

MENOS MAL QUE SEJA ASSIM. O BRASIL NÃO SUPORTARIA MAIS UM LONGO E CONTURBADO PROCESSO DE IMPEACHMENT.

ISTO POSTO, TEREMOS ELEIÇÕES INDIRETAS ― PELO CONGRESSO. 

FICA AGORA A PERGUNTA: QUE SERÁ QUE IRÁ GOVERNAR O PAÍS ATÉ O FINAL DE 2018?
 
FAÇAM SUAS APOSTAS.


ATUALIZAÇÃO - 16h30

TEMER RESOLVEU NÃO RENUNCIAR

Ao falar à nação, o presidente disse que não irá renunciar e citou os avanços econômicos obtidos durante a sua gestão. 

— Meu governo viveu essa semana seu melhor e o seu pior momento. Ontem contudo, a revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe o fantasma de crise política de proporção ainda não dimensionada. Não podemos jogar no lixo da história e o avanço do País. Repito e ressalto, em nenhum momento autorizei e não comprei o silêncio de ninguém, pela razão que não temo nenhuma delação, nada tenho a esconder e sempre honrei meu nome.

O presidente concluiu dizendo que irá se defender no STF e que provará a sua inocência. 
 
Houve especulação sobre a renúncia. Temer pediu para ter acesso aos áudios entregues por Batista em sua delação, que foi homologada pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato nesta quinta. 

Apesar de não ter tido acesso aos áudios, Temer optou por manter o seu pronunciamento e afastar a hipótese da renúncia. 

NOVOS CAPÍTULOS DESSA NOVELA A QUALQUER MOMENTO. 
 
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