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terça-feira, 24 de dezembro de 2019

UM CONTO DE NATAL



Por alguma razão incerta e não sabida, o Natal fica mais sem graça a cada ano que passa. Não muito tempo atrás, mal chegava novembro e já se viam miríades de luzinhas piscantes alegrando a cidade. Hoje, noves fora o comércio em geral e os shopping centers em particular — que têm interesse em ressuscitar o moribundo "Espírito do Natal" —, a data passaria em brancas nuvens para os cerca de 33% da população mundial que comemoram no dia 25 de dezembro o nascimento daquele que, acreditam eles, morreu na cruz para salvá-los (foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas, por via das dúvidas, livrai-nos, meu Deus, de todo o mal).

Na véspera do Natal de 2009, eu publiquei que Papai Noel era representado originalmente trajando uma roupa de inverno na cor marrom, que o cartunista alemão Thomas Nast repaginou a imagem, exibindo o bom velhinho com a indefectível roupa vermelha com detalhes em branco e cinto preto, e que o novo layout foi popularizado por uma campanha publicitária da Coca-Cola em 1931, já que o vermelho e o preto eram as cores do rótulo do refrigerante. Mas há controvérsias.

De acordo com alguns historiadores, Papai Noel é uma adaptação de São Nicolau. Na maioria das representações, ele é retratado como um velhote rechonchudo, com bochechas rosadas e barbas brancas. Mas Nicolau nasceu numa cidade portuária onde hoje é a Turquia, o que lhe assegura a tez cor de oliva dos mediterrâneos.

Entre 1931 e 1964, Haddon Sundblom pintou cenas encantadoras da casa de Papai Noel para a Coca-Cola, e Norman Rockwell o retratou como um idoso bonachão. Antes disso, Thomas Nast já havia desenhado o bom velhinho com seu tradicional casaco vermelho, barba branca, barriga redonda e cachimbo. 

O mais provável é que Nicolau vestisse uma simples túnica e um manto, assim como outros ministros cristãos de sua era. Até porque casacos de pele não eram necessários na costa mediterrânea. Ademais, é improvável que ele trajasse roupas bordadas de vermelho ou verde e usasse mitra, estola, luvas e anéis. Primeiro porque o cristianismo era uma religião minoritária, perseguida e proibida durante cerca de dois terços da vida de Nicolau. Segundo porque ele era pobre e, portanto, não tinha recursos para luxar — e ainda que os tivesse ele não sairia pela rua todo paramentado, pois a pobreza campeava solta e os assaltantes estavam sempre à espreita.

Tampouco se destacou Nicolau pela disposição e alegria com que foi posteriormente retratado. No que foi sem dúvida o incidente mais importante de sua vida, registrado pela primeira vez em meados do século VI, o santo interrompeu uma execução e confrontou o juiz que havia dado a sentença até que ele admitisse ter aceitado suborno.

Um artigo da revista National Geographic, que segue a transformação de Nicolau de santo a Papai Noel, cita um conto segundo o qual o bispo teria entregado secretamente três sacos de ouro para o pai de três moças pobres oferecer como dote, salvando-as de uma vida de prostituição

Ao descrever a metamorfose festiva de bispo, o site do History Channel menciona que o conto dos três dotes é "uma das mais conhecidas histórias de São Nicolau", e que, a despeito de essa lenda promover o santo a entregador de presentes, outra história mais sombria reza que em meados do século X, na Baixa Saxônia, o bom velhinho teria trazido de volta à vida três crianças que um criminoso esquartejara e colocara em barris de madeira, para com elas fazer compota. Artistas itinerantes encenaram esse drama em cidades e vilarejos de toda a Europa, e assim o santo se tornou padroeiro e protetor das crianças. 

Oportuno salientar que no final do século XIX os líderes cristãos dos Estados Unidos (em sua grande maioria protestantes) proibiram as celebrações natalinas por considerá-las pagãs. Mas as pessoas queriam comemorar, sobretudo os trabalhadores braçais, que ficavam ociosos durante o inverno. Assim, muitos deles se embriagavam e iam para as ruas farrear e saquear. E foi assim, de acordo com o historiador canadense Gerry Bowler, que a classe alta nova-iorquina criou a Sociedade São Nicolau de Nova York, que basicamente reescreveu a história do Natal.

A festa de São Nicolau era celebrada em 6 de dezembro (data da morte do religioso). No início de século XIX, no entanto, a Reforma Protestante acabou com os santos cristãos e o Natal também foi deixado de lado em grande parte da Europa. Na Holanda, porém, uma figura tradicional continuou viva: o Sinterklaas, que usava uma mitra (chapéu alto e pontudo) de cor vermelha, tinha uma longa barba branca e era baseado em São Nicolau. Foi ele que inspirou os nova-iorquinos a tirar os bêbados da rua e presentear as crianças.

Mais adiante, o escritor Washington Irving escreveu uma série de contos em que São Nicolau voava pelas casas fumando cachimbo e deixando presentes para as crianças bem-comportadas. Anos depois, um poema anônimo (The Children’s Friend) discorria sobre um personagem chamado Santeclaus, onde um velho gorducho dirigia um trenó puxado por renas e deixava presentes nas meias das crianças. Por fim, um estudioso episcopal chamado Clement Clarke Moore escreveu um poema conhecido como The Night Before Christmas, no qual São Nicolau entrava pelas chaminés. A história foi rapidamente difundida pelos Estados Unidos e, segundo Bowler, no início do século XIX São Nicolau foi padronizado como Santa Claus, o nosso Papai Noel.

Seja qual for a versão verdadeira, faço votos de que o bom velhinho se lembre de nós em mais este Natal "morno", contaminado pelo caos com e pela desgraceira com que vimos sendo bombardeados diuturnamente pelo noticiário, e coloque sob a árvore o nosso presentinho. Aliás, cumpre mencionar que os tradicionais "pinheirinhos de Natal" são na verdade tuias — coníferas pertencentes à família Cupressaceae, que têm formato, cor e cheiro característicos dos dias 24 e 25 de dezembro.

Havendo interesse e sobrando tempo, assista a este vídeo. E não deixe de assistir também ao clipe abaixo. Duvido que você não dê umas boas gargalhadas. Aliás, rir é o melhor remédio.


domingo, 27 de outubro de 2019

NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA PEDRA


E

era um vez um reino distante, no qual, certa madrugada, quando todos ainda dormiam, o rei mandou pôr uma enorme pedra na estrada que passava defronte ao palácio e se escondeu num local de onde podia observar sem ser visto. Não demorou a aparecer um camponês com uma longa pluma tremulando no quepe, uma reluzente espada balançando na cintura e devaneios de bravura cruzando-lhe a mente enquanto ele sua mente enquanto puxava uma carroça carregada de grãos.
— Por que ninguém tira essa pedra da estrada? — vociferou o bravo aldeão, enquanto pelejava para contornar o obstáculo. Quando conseguiu, seguiu adiante, preferindo reclamar da inoperância alheia a tentar ele próprio tirar a pedra do meio do caminho.

Ainda nas brumas que antecedem o amanhecer, surgiu um jovem soldado com uma longa pluma no quepe, uma reluzente espada na cintura e a mente perdida em batalhas mirabolantes, onde ele posava de herói sem mácula. Distraído, esbarrou na pedra e foi ao chão. Levantou-se, sacudiu a poeira da farda, desembainhou o sabre e se pôs a esbravejar contra quem deixara aquela imensa pedra no meio do caminho. A exemplo do camponês, porém, o militar seguiu estrada afora sem esboçar qualquer tentativa de remover o obstáculo.

E assim foi ao longo de todo o dia, enquanto o rei, do seu esconderijo, tudo observava. Cada um que passava reclamava, praguejava, mas simplesmente seguia adiante, até que, ao cair da noite, a filha do moleiro, que vinha cansada das muitas horas trabalhadas no moinho, pôs-se a discutir consigo mesma o perigo representado pela pedra, dada a possibilidade de acontecer um grave acidente no escuro da noite que se avizinhava. Assim, ela desceu da montaria, espalmou as mãos na rocha, empurrou, depois puxou e por fim girou, até que finalmente conseguiu colocá-la à margem da estrada.

Terminado o serviço, a jovem reparou numa caixa que estava enterrada sob a rocha. Ela se aproximou e viu que na tampa havia os seguintes dizeres: “Esta caixa pertence a quem retirar a pedra”. Para sua surpresa, a caixa estava repleta de moedas de ouro e pedras preciosas.

Tão logo souberam do ocorrido, o camponês, o soldado e os demais que havia contornado a pedra voltara voltaram ao local e passaram a revolver febrilmente a terra de onde a moça tirou a caixa, na esperança de encontrar mais moedas de ouro. Foi quando o rei, que tudo observava, se aproximou e disse a seus súditos:

— Meus caros, não raro encontramos pedras no caminho, mas preferimos reclamar em alto e bom som enquanto nos desviamos delas, quando deveríamos removê-las e descobrir o que há sob elas. E o preço da preguiça é normalmente a decepção pelas oportunidades perdidas. — Ato contínuo, sua majestade desejou uma boa noite a todos e caminhou, assoviando, de volta para seu castelo.

Moral da história: "No meio de toda dificuldade sempre existe uma oportunidade".

Para fechar com "chave de ouro" este raro momento de descontração, segue um clipe imperdível:


Bom domingo a todos.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? Parte VIII

ENQUANTO OS CARIOCAS E OUTROS PRAIANOS DESCANSAM A METADE DA SEMANA, OS BAIANOS VÃO TRABALHANDO E DESCANSANDO AO MESMO TEMPO.

Voltando por um instante ao tema da postagem anterior, memórias DDR3 continuam sendo amplamente utilizadas, embora algumas máquinas, notadamente as de configuração mais “robusta”, integrem módulos DDR4

Fisicamente, os pentes são diferentes ― o padrão DDR4 tem 284 contatos, 44 a mais que o DDR3, sem mencionar que, na região central do pente, os pinos são alongados, razão pela qual só é possível instalar essas memórias em placas-mãe que já lhes ofereçam suporte (às vezes, durante transições dessa natureza, os fabricantes disponibilizam slots compatíveis com ambos os padrões, mas isso não é regra geral).

Em relação a frequência, a frequência de operação das memórias DDR3 fica entre 800 MHz e 2.400 MHz, ao passo que, nas DDR4, ela varia de 2.133 MHz a 4.266 MHz. É uma grande diferença, pois permite mais transferências num mesmo intervalo de tempo. E além do melhor desempenho ― que pode chegar ao dobro em relação ao padrão anterior ― as DDR4 operam com tensões menores (1,2v contra 1,5v do DDR3), o que pode não parecer muita coisa, mas ajuda a aumentar autonomia das baterias em notebooks (em até 40%).

Outro diferencial importante entre esses dois padrões remete à maior capacidade dos chips, que facilita a construção pentes de 2 GB a 16 GB nas memórias DDR4, contra 512 MB a 8 GB no padrão anterior. Esse aspecto é importante quando se trata de grandes servidores ou máquinas de alto desempenho, como as usadas por gamers fanáticos ou por quem trabalha com aplicativos mais exigentes (designers gráficos e companhia), nos quais a quantidade de memória costuma ser de 16 GB ou mais.

Volto a lembrar que as memórias DDR5 não tardam a chegar ao mercado (a previsão é de que sejam postas à venda em meados do ano que vem). Elas prometem dobrar a largura de banda e a densidade do padrão DDR4, aumentando significativamente o desempenho e propiciando um melhor gerenciamento de energia em uma grande variedade de aplicações.

Para não espichar demais este texto, vamos deixar para abordar a placa-mãe no próximo capítulo. Até lá.


NOTÍCIA EM EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA:

Lula foi condenado pelo juiz Sergio Moro a nove anos e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva no caso do tríplex do Guarujá, investigado no âmbito da Operação Lava Jato.

Também são réus no caso o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, os executivos da empresa Agenor Franklin Medeiros, Paulo Gordilho, Fábio Yonamine e Roberto Ferreira, e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, todos acusados de lavagem de dinheiro e corrupção ativa. A ex-primeira-dama
Marisa Letícia teve o nome excluído da ação após a sua morte, em fevereiro passado.

Confira mais detalhas ao longo das próximas postagens na nossa comunidade de política.


SEGUE A NOVELA DA DENÚNCIA CONTRA TEMER NA CCJ

Como eu adiantei no post anterior, o relator da denúncia contra Michel Temer na CCJ da Câmara, Sergio Zveiter, recomendou o prosseguimento do processo contra o presidente da República ― embora pertença ao PMDB, que é o partido de Temer, a postura “independente” do deputado carioca preocupava o Planalto. E não sem razão, como se vê agora.

Zveiter disse que a acusação é grave, e recomendou a necessária autorização para que o processo seja instaurado: “O que está em discussão não é o direito individual do presidente, mas Presidência da República, daí a necessidade de se fazer uma análise criteriosa do conjunto dos indícios colhidos no inquérito. Por tudo o que vimos e ouvimos, não é fantasiosa a acusação. É o que temos e o que deve ser apurado”, disse.

A patuleia festejou, naturalmente, mas é bom lembrar que essa caterva é contra Temer por revanchismo. O PT e seus afins querem o fim do governo porque têm o presidente na conta de “golpista”, “traíra”, e por aí afora. Daí obstruírem votações importantes no Congresso, como a reforma trabalhista e da Previdência, por exemplo, que interessam ao país, independentemente de quem o governa neste momento.

A título de ilustração: ontem, Eunício Oliveira, presidente do Senado, foi impedido pelas senadoras de oposição de se sentar em sua cadeira para presidir a votação da reforma trabalhista. Quando suspendeu a sessão, foi acusado por Gleisi Hoffmann, a chefe da gangue vermelha, presidente do PT e ré na Lava-Jato, de impedir que as mulheres expusessem seu ponto de vista sobre as reformas. O fato é que dá para contar nos dedos os parlamentares isentos, avessos à corrupção e demais práticas espúrias de governantes e políticos de toda espécie. Ninguém parece preocupado em esclarecer as suspeitas que pairam sobre a pessoa do presidente (que não são poucas) e defender os interesses da nação. Triste Brasil.

Temer afirmou que respeitará a decisão da CCJ, e que o momento não é para dúvidas ou receios, mas para respostas rápidas. A discussão será retomada nesta quarta-feira e deve se prolongar até o final da semana. Para ser aprovado, o parecer precisa do apoio de 34 dos 66 titulares da comissão. Qualquer que seja o resultado, a denúncia seguirá para o plenário da Casa, onde a votação será nominal (como no impeachment de Dilma, cada parlamentar terá de declarar seu voto abertamente, ao microfone). Para barrar o processo, são necessários os votos de, pelo menos, 172 dos 513 deputados.
Para ler a íntegra da denúncia da PGR, clique aqui; para ler a íntegra do relatório de Zveiter, clique aqui; e para ler a defesa do presidente, clique aqui.

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terça-feira, 4 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? ― Parte IV

THERE ARE THREE METHODS TO GAIN WISDOM: FIRST, BY REFLECTION, WHICH IS NOBLEST; SECOND, BY IMITATION, WHICH IS EASIER; AND THIRD, BY EXPERIENCE, WHICH IS THE BITTEREST. (CONFUCIUS)

A disseminação dos desktops entre usuários domésticos se deveu em grande medida à arquitetura aberta da plataforma PC, que estimulou o mercado cinza numa época em que as máquinas “de grife” custavam os olhos da cara. Hoje em dia, porém, poucos usuários montam pessoalmente seus PCs ou encarregam dessa tarefa um Computer Guy de sua confiança para mais detalhes, leia esta postagem). Não só porque é mais prático adquirir o aparelho pronto num hipermercado ou grande magazine e contar com a garantia de fábrica, além de pagar o produto em suaves prestações mensais. Claro que quem é “do ramo” não abre mão de escolher a dedo os componentes e ajustar a configuração da máquina às suas preferências, necessidades e possibilidades, mas isso já é outra história (se esse assunto lhe interessa, não deixe de ler a trinca de postagens iniciada por esta aqui).

Mesmo que você não pretenda montar sua próxima máquina, convém ter uma noção ― elementar que seja ― de como a coisa funciona, pois isso é fundamental na hora de escolher do modelo mais adequado ao seu perfil. Então vamos lá.

Embora seja indevidamente chamado de CPU por muita gente, aquela caixa metálica que abriga os componentes internos do computador ― placa-mãe, processador, placas de expansão, drives de HD e de mídia óptica, módulos de memória, ventoinhas, etc. ― e agrupa as interfaces necessárias à conexão dos periféricos (teclado, mouse, monitor, impressora, caixas acústicas, joystick, e por aí afora) atende pelo nome de “case”, “gabinete” ou “torre”. CPU é a sigla, em inglês, de Unidade Centra de Processamento, e remete ao processador principal do sistema (principal porque pode haver mais do que um, como na placa gráfica, por exemplo, que pode contar com uma GPU ― sigla de Graphics Processing Unit).

Os gabinetes costumam ser comercializados com ou sem fonte de alimentação integrada, em tamanhos, cores e formatos para todos os gostos e bolsos. O jurássico padrão AT caiu em desuso no final do século passado, e como o BTX (lançado pela Intel em 2003) não prosperou, o ATX ainda é a bola da vez. No entanto, quem compra uma máquina pronta não tem muito espaço de manobra: é aceitar ou não o modelo definido pelo fabricante e ponto final.

É certo que, de uns tempos para cá, os notebooks (ou laptops) se tornaram a opção preferida dos usuários de PCs. A despeito de custarem ou pouco mais do que os desktops de configuração semelhante, eles combinam desempenho aceitável com a praticidade do transporte e do uso em trânsito. Todavia, seu reinado vem sendo seriamente ameaçado pelos tablets ― menores, mais leves, enfim, verdadeiramente portáteis, embora eu os veja mais como complemento do que como substituto do PC convencional, notadamente pelo pouco espaço para armazenamento de dados e, por que não dizer, pelo desconforto dos teclados virtuais, que são um porre quando se precisa redigir documentos de texto e até mensagens de email mais extensas. Por outro lado, tem gente que se vira bem até mesmo com as telinhas dos smartphones, de modo que isso é uma questão de preferência pessoal.

Oportuno salientar também que os PCs tipo “ALL-IN-ONE” são excelentes opções para quem não abre mão de teclado, mouse e tela de grandes dimensões. Todavia, como os notebooks e os tablets, esses modelos devem ser comprados prontos, já que sua montagem (e, por que não dizer, sua manutenção) exige ferramental apropriado e expertise de que a maioria dos usuários domésticos não dispõe.

O resto fica para as próximas postagens. Até lá.

ESTUFE O PEITO: O BRASIL ESTÁ BEM NA FITA

Não é qualquer republiqueta de bananas que pode se orgulhar de ter o presidente denunciado por corrupção, a ex-presidente impichada e investigada por suspeitas de corrupção, e seu antecessor e mentor ― que é penta-réu na Justiça penal e a qualquer momento deve ser sentenciado pela primeira vez ― posando de candidato à presidência e empunhando a bandeira da moralidade, malgrado seja ele o grande responsável pela institucionalização da corrupção no país. Não é uma beleza?

Seguem essa procissão de orgulhos nacionais o Congresso afundado em denúncias, com ambas as Casas presididas por investigados na Lava-Jato e compostas por uma caterva de réus e indiciados, mais preocupada em salvar rabo do que em defender os interesses legítimos da população. Logo atrás vem o Judiciário, onde magistrados das nossas mais altas Cortes, a pretexto de travar uma “cruzada” contra as prisões preventivas da Lava-Jato, soltam criminosos condenados, como José Dirceu, mentor intelectual do mensalão, o ex-goleiro Bruno, homicida e sequestrador de menor, o médico Roger Abdelmassih, estuprador serial condenado a 278 anos de prisão.

Isso sem mencionar a palhaçada protagonizada pelo TSE de Gilmar Mendes, que manteve o amigo Michel na presidência da Banânia a despeito da enxurrada de provas do uso de dinheiro roubado no financiamento da campanha de sua chapa em 2014.  Ou o senador Aécio Neves, que foi afastado do cargo por determinação judicial ― já que seu imprestável partido não teve colhões para lhe cassar o mandato ―, e agora é reempossado por obra e graça do ministro Marco Aurélio, e às vésperas do recesso do Judiciário, para que eventual recurso do MPF seja apreciado somente no mês que vem. É ou não para a gente estufar o peito?

Voltando a Lula, especulava-se que sua primeira condenação saísse nesta segunda-feira, até porque o Moro julgou o processo de Antonio Palocci na semana passada (e condenou o ex-ministro petralha a 12 anos e 2 meses de prisão), mas de duas uma: ou ele ainda não concluiu o rascunho do mapa do inferno do molusco (a sentença de Palocci resultou num calhamaço de 311 páginas, nas quais o “chefe” foi citado 75 vezes), ou está sendo mais cuidadoso.

Segundo o Estadão, investigadores e advogados que acompanham de perto o andamento dos processos na 13ª Vara Penal de Curitiba avaliam que a sentença deve demorar mais alguns dias, até porque as alegações finais da defesa têm 363 páginas. Além disso, há que se levar em conta a recente decisão da 8ª Turma do TRF-4, que, por 2 votos a um, absolveu João Vaccari por “insuficiência de provas” (em linhas gerais, os desembargadores Leandro Paulsen e Victor Laus entenderam que a condenação foi imposta com base apenas no depoimento de delatores). Essa decisão pode influenciar no julgamento de Lula, que procurou jogar sobre a ex-primeira-dama a responsabilidade pela compra de uma cota da Bancoop no Edifício Solaris e por visitar mais vezes o tríplex cuja propriedade ele nega.

A iminência da publicação da sentença vem gerando especulações no âmbito político e no mercado financeiro. Se condenado em primeira e segunda instâncias, Lula ficará impedido de disputar as eleições de 2018 (com base na Lei da Ficha-Limpa). Vale lembrar que Moro tem sob seus cuidados mais dois processos contra o petralha; um que trata de repasses de empreiteiras à LILS e outro sobre o emblemático Sítio Santa Bárbara.

Enquanto isso, Michel Temer também tem muito com que se preocupar. Nesta terça-feira, a CCJ da Câmara deve escolher o relator da denúncia apresentada por Janot. A comissão tem 66 parlamentares, 40 dos quais da base aliada, mas isso não garante muita coisa: o próprio presidente da comissão, Rodrigo Pacheco, que é do PMDB, já deu sinais de independência ao afirmar que, se Janot realmente apresentar 3 denúncias, elas deverão tramitar de forma separada. O Planalto já tentou reverter a situação trocando o atual presidente de Furnas por outro que agrade a Pacheco e ao PMDB mineiro, mas o deputado voltou a dizer que isso não mudará sua postura e que a troca apenas corrige uma “falta grave” com Minas, já que o PMDB local sempre indicou o dirigente máximo da estatal ― veja leitor como são tomadas as decisões importantes no governo e, mais uma vez, estufe orgulhosamente o peito, não só por ser brasileiro, mas também por ter ajudado a eleger essa cáfila de fisiologistas.

Na quarta-feira, Temer tem outra provação: aprovar a reforma trabalhista no plenário do Senado ― o que, de certa forma, é seu principal trunfo para permanecer no cargo. O Planalto conta com 48 dos 81 votos, e precisa apenas de 41 (maioria simples), ou seja, 41 votos, mas prevê cinco “traições”, o que deixaria o projeto no limite de não ser aprovado ― volto a chamar a atenção do leitor para a sobreposição do “jogo político” ante os interesses da nação, pois é nítido que os parlamentares definem seus votos ao sabor de suas conveniências pessoais.

A rigor nenhuma bancada dos 10 principais partidos da base aliada, que reúnem 327 dos 513 deputados, fechou apoio ao presidente contra a denúncia da PGR. Reuniões devem acontecer ao longo desta semana para definir o posicionamento a ser adotado, e o clima é de incerteza. Nem mesmo o PMDB fechou questão, de modo que cada um dos 63 deputados federais do partido poderá votar “de acordo com sua consciência” (e lá político tem consciência?). Mais crítica ainda é a situação do PSDB, que conta com 46 parlamentares: 6 dos sete deputados que integram a CCJ devem votar pela aceitação da denúncia. Até mesmo o líder do DEM ― partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que se mostra cada vez “menos aliado” ao presidente ― evitou fazer uma defesa enfática de Temer. Segundo ele, o partido vai reunir a bancada para tirar uma posição somente após ouvir a versão da defesa, pois até agora “só se conhece a versão da acusação por meio da denúncia enviada apresentar pela PGR”.

A denúncia chegou à Câmara na quinta-feira passada. Após a defesa se manifestar, haverá cinco sessões para o deputado que for designado relator apresentar seu parecer. Em seguida, o processo vai ao plenário. Para que o STF dê seguimento ao caso, são necessários os votos de 342 deputados.

Resta-nos estufar o peito e acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

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quarta-feira, 28 de junho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? ― Parte II

POBRE, QUANDO METE A MÃO NO BOLSO, SÓ TIRA OS CINCO DEDOS.

Foram milhares de anos até o computador evoluir do ÁBACO ― criado há mais de 3.000 anos no antigo Egito ― para a PASCALINA ― geringonça desenvolvida no século XVII pelo matemático francês Blaise Pascal e aprimorada mais adiante pelo alemão Gottfried Leibniz, que lhe adicionou a capacidade de somar e dividir. Mas o “processamento de dados” só viria com o Tear de Jacquard ― primeira máquina programável ―, que serviu de base para Charles Babbage projetar um dispositivo mecânico capaz de computar e imprimir tabelas científicas, precursor do tabulador estatístico de Herman Hollerith, cuja empresa viria se tornar a gigante IBM.

Nos anos 1930, Claude Shannon aperfeiçoou o Analisador Diferencial (dispositivo de computação movido a manivelas) mediante a instalação de circuitos elétricos baseados na lógica binária, e alemão Konrad Zuze criou o Z1 (primeiro computador binário digital). Com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, a necessidade de decifrar mensagens codificadas e calcular trajetórias de mísseis levou os EUA, a Alemanha e a Inglaterra a investir no desenvolvimento do Mark 1, do Z3 e do Colossus, e, mais adiante, com o apoio do exército norte-americano, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia construírem o ENIAC ― um monstrengo de 18 mil válvulas e 30 toneladas que produziu um enorme blecaute ao ser ligado, em 1946, e era capaz somente de realizar 5 mil somas, 357 multiplicações ou 38 divisões simultâneas por segundo ― uma performance incrível para a época, mas que qualquer videogame dos anos 90 já superava “com um pé nas costas”. Para piorar, de dois em dois minutos uma válvula queimava, e como a máquina só possuía memória interna suficiente para manipular dados envolvidos na tarefa em execução, qualquer modificação exigia que os programadores corressem de um lado para outro da sala, desligando e religando centenas de fios.

EDVAC, criado no final dos anos 1940, já dispunha de memória, processador e dispositivos de entrada e saída de dados, e seu sucessor, o UNIVAC, usava fita magnética em vez de cartões perfurados, mas foi o transistor que revolucionou a indústria dos computadores, quando seu custo de produção foi barateado pelo uso do silício como matéria prima. No final dos anos 1950, a IBM lançou os primeiros computadores totalmente transistorizados (IBM 1401 e 7094) e mais adiante a TEXAS INSTRUMENTS revolucionou o mundo da tecnologia com os circuitos integrados (compostos por conjuntos de transistores, resistores e capacitores), usados com total sucesso no IBM 360, lançado em 1964). No início dos anos 70, a INTEL desenvolveu uma tecnologia capaz de agrupar vários CIs numa única peça, dando origem aos microchips, e daí à criação de equipamentos de pequeno porte foi um passo. Vieram então o ALTAIR 8800, vendido sob a forma de kit, o PET 2001, lançado em 1976 e tido como o primeiro microcomputador pessoal, e os Apple I e II (este último já com unidade de disco flexível).

O sucesso estrondoso da Apple despertou o interesse da IBM no filão dos microcomputadores, levando-a a lançar seu PC (sigla de “personal computer”), cuja arquitetura aberta e a adoção do MS-DOS, da Microsoft, se tornaram um padrão de mercado. De olho no desenvolvimento de uma interface gráfica com sistema de janelas, caixas de seleção, fontes e suporte ao uso do mouse ― tecnologia de que a XEROX dispunha desde a década de 70, conquanto só tivesse interesse em computadores de grande porte ―, a empresa de Steve Jobs fez a lição de casa e incorporou esses conceitos inovadores num microcomputador revolucionário. Aliás, quando Microsoft lançou o Windows ― que inicialmente era uma interface gráfica que rodava no DOS ― a Apple já estava anos-luz à frente.

Para encurtar a história, a IBM preferiu lançar seu PS/2, de arquitetura fechada e proprietária, a utilizar então revolucionário processador 80386 da INTEL, mas Compaq convenceu os fabricantes a continuar utilizando a arquitetura aberta. Paralelamente, o estrondoso sucesso do Windows 3.1 contribuiu para liquidar de vez a parceria Microsoft/IBM, conquanto ambas as empresas buscassem desenvolver, cada qual à sua maneira, um sistema que rompesse as limitações do DOS. Depois de uma disputa tumultuada entre o OS/2 WARP e o Windows 95 (já não mais uma simples interface gráfica, mas um sistema operacional autônomo, ou quase isso), a estrela de Bill Gates brilhou, e o festejado Win98 sacramentou a Microsoft como a “Gigante do Software”.

O resto é história recente: a arquitetura aberta se tornou padrão de mercado, o Windows se firmou como sistema operacional em todo o mundo (a despeito da evolução das distribuições LINUX e da preferência de uma seleta confraria de nerds pelos produtos da Apple) e a evolução tecnológica favoreceu o surgimento de dispositivos de hardware cada vez mais poderosos, propiciando a criação de softwares cada vez mais exigentes.

Enfim, foram necessários milênios para passarmos do ábaco aos primeiros mainframes, mas poucas décadas, a partir de então, para que "pessoas comuns" tivessem acesso aos assim chamados computadores pessoais ― ou microcomputadores ―, que até não muito tempo atrás custavam caríssimo e não passavam de meros substitutos da máquina de escrever, calcular, e, por que não dizer, do baralho de cartas e dos então incipientes consoles de videogame. Em pouco mais de três décadas, a evolução tecnológica permitiu que os desktops e laptops das primeiras safras diminuíssem de tamanho e de preço, crescessem astronomicamente em poder de processamento, recursos e funções, e se transformassem nos smartphones e tablets atuais, sem os quais, perguntamo-nos, como conseguimos viver durante tanto tempo.

Continuamos no próximo capítulo. Até lá.

SOBRE MICHEL TEMER, O PRIMEIRO PRESIDENTE DENUNCIADO NO EXERCÍCIO DO CARGO EM TODA A HISTÓRIA DO BRASIL.

Michel Temer já foi de tudo um pouco nos últimos tempos. De deputado federal a vice na chapa da anta vermelha; de presidente do PMDB (por quinze anos) a presidente da Banânia; de depositário da nossa esperança de tornar a ver o país crescer a “chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”; e de tudo isso a primeiro presidente do Brasil a ser denunciado no exercício do cargo.

Joesley Batista, o megamoedor de carne que multiplicou seu patrimônio com o beneplácito da parelha de ex-presidentes petistas ― que sempre valorizaram meliantes como Eike Batista e o próprio Joesley (é curiosa a coincidência no sobrenome, mas acho que não passa disso) ―, promoveu Temer ao lugar que, por direito, pertence a Lula, e a este atribuiu “somente” a institucionalização da corrupção na política tupiniquim.

Há quem afirme que a promoção de Temer foi inoportuna e despropositada. Afinal, não foi ele quem sequestrou e depenou o Brasil durante 13 anos, ou roubou o BNDES e passou uma década enfiando bilhões de dólares na Friboi ― que acabou se tornando a gigante J&F, controladora da maior processadora de proteína animal do planeta. Tampouco foi ele quem torturou São José Dirceu para forçá-lo a reger na Petrobras o maior assalto da história do ocidente, recebeu uma cobertura tríplex no Guarujá da OAS de Leo Pinheiro e, ao ser pego com as calças na mão e manchas de batom na cueca, atribuiu a culpa à esposa Marisa, digo, Marcela).

Gozações à parte, as opiniões divergem quanto à delação de Joesley e companhia. Há quem ache que a contrapartida dada pelo MPF e avalizada por Fachin foi exagerada (a despeito da multa bilionária que os delatores terão de pagar, que representa a punição mais “dolorosa” para gente dessa catadura). Outros, como certo ministro do Supremo e presidente do TSE, reprovam o acordo por serem sistematicamente contrários à Lava-Jato e às delações premiadas, às prisões preventivas prolongadas (sem as quais a Lava-Jato nem existiria, ou, se existisse, ainda estaria engatinhando). Felizmente, 7 dos 11 ministros do STF já se votaram pela manutenção de Fachin na relatoria dos processos oriundos da delação da JBS e pela validade da delação propriamente dita (assunto que eu detalhei na semana passada).

O fato é que o peemedebista se apequena mais a cada dia, o que não ajuda em nada o país, como bem sabem os que acompanharam os estertores dos governos Sarney e Collor e de Dilma. Com novas denúncias e acusações surgindo regularmente, o presidente está acossado, fragilizado politicamente e, por que não dizer, mais preocupado com articulações políticas visando à sua defesa do que com a aprovação das tão necessárias reformas que se predispôs a capitanear.

Na última segunda-feira, Temer juntou ao seu invejável currículo a experiência inédita de ser denunciado por corrupção ainda no exercício do cargo (até hoje, nenhum presidente brasileiro havia sido agraciado com tal honraria, embora quase todos tenham feito por merecê-la). E novas denúncias virão em breve, até porque Janot resolveu não pôr todos os ovos na mesma cesta. Como a denúncia passa pela CCJ da Câmara e pelo plenário da casa antes de ser julgada no STF, o Planalto moverá mundos e fundos para barrar o processo, de modo que o fatiamento serve para a PGR ganhar tempo, visando à possibilidade de novos fatos mudarem os ventos no Congresso. A meu ver, bastaria que a voz das ruas voltasse a roncar como roncou no ano passado, durante o impeachment de Dilma, para que a sorte do presidente fosse selada, mas quem sou eu, primo?

Talvez seja mesmo melhor a gente ficar com diabo que já conhece. Nenhuma liderança expressiva surgiu no cenário até agora, e a perspectiva de Rodrigo Maia assumir o comando do País não é das mais alvissareiras. Demais disso, eleições diretas, neste momento, contrariam flagrantemente a legislação vigente, e interessariam apenas a Lula e ao PT, que se balizam na tese do "quanto pior melhor".  

O molusco indigesto continua encabeçando as pesquisas de intenção de voto, mesmo atolado em processos e prestes a receber sua primeira (de muitas) condenações (veja detalhes na postagem anterior). Mas não se pode perder de vista que isso se deve em grande parte ao fato de ele ser o mais conhecido entre os pesquisados, e que isso lhe assegura também o maior índice de rejeição. Enfim, muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte até outubro do ano que vem. Se as previsões se confirmarem, Moro deve condenar o sacripanta dentro de mais alguns dias, e uma possível confirmação da sentença pelo TRF-4 jogará a esperada pá de cal nessa versão petista de conto do vigário.

Infelizmente, deixamos escapar a chance de abraçar o parlamentarismo no plebiscito de 1993 (graças à absoluta falta de esclarecimento do eleitorado tupiniquim), e agora só nos resta lidar com a quase impossibilidade de defenestrar um presidente da República, mesmo que ele já não tenha a menor serventia ou que esteja envolvido em práticas pouco republicanas (haja vista os traumatizantes impeachments de Collor e de Dilma). 

Estão em andamento algumas tentativas de tapar o sol com peneira, como a PEC do Senador Antonio Carlos Valadares (PSB/SE), aprovada no último dia 21 pela CCJ do Senado, que inclui na Constituição a possibilidade revogação do mandato do presidente, vinculada à assinatura de não menos que 10% dos eleitores que votaram no último pleito (colhidas em pelo menos 14 estados e não menos de 5% em cada um deles).

De acordo com o texto aprovado, a proposta será apreciada pela Câmara e pelo Senado, sucessiva e separadamente, e precisará do voto favorável da maioria absoluta dos membros de cada uma das Casas. Garantida a aprovação, será então convocado referendo popular para ratificar ou rejeitar a medida. O projeto prevê ainda que será vedada a proposta de revogação durante o primeiro e o último ano de governo e a apreciação de mais de uma proposta de revogação por mandato.

Por hoje é só, pessoal. Até a próxima.

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terça-feira, 27 de junho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC?

SOBRE DILMA: A PIOR COISA DO MUNDO É UMA INCOMPETENTE COM INICIATIVA.

Ninguém precisa ser chef de cuisine para preparar uma macarronada, nem engenheiro mecânico para dirigir um automóvel. Aos PCs, aplica-se o mesmo raciocínio, embora houve tempos em que operar um microcomputador não era para qualquer um, notadamente quando não havia interface gráfica e tudo era feito a partir do prompt de comando. Aliás, se você chegou a usar o velho o velho MS-DOS, clique aqui para matar as saudades ― se não for dessa época, clique assim mesmo e leia também as postagens subsequentes, pois o link em questão remete ao capítulo de abertura de uma sequência sobre o Windows e sua evolução através dos tempos.

Voltando à premissa inicial, mesmo um motorista amador precisa saber que é fundamental checar os níveis do fluído de arrefecimento e do óleo do motor regulamente, bem como calibrar os pneus semanalmente, e que, se adquiriu um veículo popular, não deve esperar a performance de uma Ferrari. Mutatis mutandis, dá-se o mesmo com o computador, daí a importância de você escolher uma máquina adequada a seu perfil de usuário, porque levar em conta apenas no preço (no menor preço, para ser mais exato) é insatisfação garantida sem dinheiro de volta. Mas vamos por partes.

Chamamos computador a um dispositivo eletrônico capaz de manipular informações sob a forma de dados digitais. E apesar de realizar cálculos monstruosos em frações de segundo, esse prodígio da tecnologia moderna só é capaz de “entender” linguagem de máquina ― enormes sequências de zeros e uns ―, já que tudo o que ele processa, lê e grava (de letras, símbolos e algarismos a músicas, imagens, vídeos e instruções operacionais) é representado através da notação binária, onde o bit (forma reduzida binary digit) é a menor unidade de informação que o computador consegue manipular, e pode representar apenas dois estados opostos ― fechado/aberto, desligado/ligado, falso/verdadeiro, etc. ―, que, por convenção, são expressos pelos algarismos 0 e 1. Para economizar tempo e espaço, não vou descer a detalhes sobre esse assunto; quem quiser saber mais a respeito pode clicar aqui para acessar uma abordagem detalhada, mas em linguagem simples, de fácil compreensão.

Deixando de lado o informatiquês que tanto atazana a vida dos leigos e iniciantes, podemos definir o computador como um aparelho baseado em dois segmentos distintos, mas interdependentes: o hardware e o software. Numa definição jocosa que remonta aos primórdios da informática, o hardware é aquilo que o usuário chuta, e o software, aquilo que ele xinga. Colocando de outra forma, o primeiro remete à parte física do sistema computacional (o gabinete e seus componentes internos, periféricos como o monitor, o mouse, o teclado, etc.), e o segundo corresponde ao sistema operacional e demais programas (navegador de internet, processador de textos, cliente de correio eletrônico, etc.).

No léxico da informática, o termo programa designa um conjunto de instruções em linguagem de máquina que descreve uma tarefa a ser realizada pelo computador, e pode referenciar tanto o código fonte, escrito em alguma linguagem de programação, quanto o arquivo executável que contém esse código. O sistema operacional também é um programa, conquanto seja tido e havido como uma espécie de software-mãe, pois cabe a ele gerenciar o hardware e o software, prover a interface entre o usuário e a máquina (e vice-versa) e servir como base para a execução dos demais programas (aplicativos, utilitários, etc.).

Para evitar que este texto se prolongue demais, a continuação fica para a próxima postagem.

LULA PRESTES A SER CONDENADO E TEMER DENUNCIADO

O grande chefe da ORCRIM, na definição do procurador Deltan Dallagnol, ficou meio que esquecido depois que o presidente Michel Temer foi acusado de ser o chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil. Aliás, tanto ele quanto sua nefasta pupila foram lembrados na apocalíptica delação da JBS, notadamente pelos US$150 milhões que teriam bancado suas campanhas. Só que as denúncias contra Temer e as benesses concedidas a Joesley e companhia pela PGR roubaram a cena e relegaram o deus pai da petralhada a uma posição secundária. Agora, porém, a coisa deve mudar de figura.

Nesta segunda-feira, o juiz Moro sentenciou Antonio Palocci a 12 anos e 2 meses de prisão, e deve julgar a qualquer momento a ação em que Lula é acusado de receber benefícios espúrios da OAS de Leo Pinheiro (representados pela emblemática cobertura tríplex no Guarujá e pelo pagamento do transporte e armazenamento da pilhagem que o ex-presidente trouxe de Brasília quando deixou o Palácio do Planalto). Na sentença em que condenou o ex-ministro petista, Moro citou Lula 68 vezes, na maioria delas em transcrições de depoimentos usados como prova para estipular as penas impostas aos réus. Num desses trechos, o magistrado escreveu: 

Percebe-se ainda que ‘Italiano’ é a pessoa com acesso ao então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que é também o caso de Antônio Palocci Filho (...) Chama ainda a atenção a referência de que, apesar do veto, seriam cogitadas alternativas junto ao então Presidente, ‘tributárias e ou com a Petrobrás’, para compensar o Grupo Odebrecht, prova da intenção de solicitação de contrapartida ilegal em favor dele por parte do Governo Federal”.

Palocci, vale lembrar, mostrou-se propenso a municiar a Lava-Jato com informações e documentos que, segundo ele, garantiriam mais um ano de trabalho aos procuradores, mas ainda não formalizou seu acordo de colaboração premiada. Na sentença, Moro mencionou que essa oferta se destinava mais a constranger outros réus e investigados na Lava-Jato do que propriamente a contribuir com a Justiça. Agora, porém, a condenação pode servir de estímulo para a delação, e aí a situação dos ex-presidentes petralhas tende a se complicar.

Vale lembrar também que a defesa de Lula, sem argumentos fáticos para contestar as acusações, tem sido useira e vezeira em tentar desqualificar o trabalho do MPF e em criar embaraços e protelações, chegando mesmo a pedir ― sem sucesso ― que os processos contra seu cliente fossem retirados do juiz Sérgio Moro. Mas talvez o magistrado seja o menor dos problemas do petralha. Segundo O Antagonista, uma reportagem da Folha sobre os juízes “linha-dura” da 8ª Turma do TRF-4, que revisa as decisões da 13ª Vara Federal de Curitiba, é de fazer o molusco arrancar os cabelos. Quase metade das penas dadas por Moro foram aumentadas na segunda instância, algumas delas em mais de dez anos. Na quarta-feira (21), por exemplo, o processo contra Gerson de Mello Almada, ex-sócio da Engevix, chegou à Turma com uma condenação a 19 anos de reclusão e saiu com uma pena de 34 anos e vinte dias. Lula é feliz com Moro e não sabe.

Complicada, também, é a situação de Michel Temer, a quem só resta a retórica vazia para tentar convencer as Velhinhas de Taubaté de que seu governo está firme e forte. “Nada nos destruirá”, disse ele, enfático, às vésperas da denúncia de Janot.

Observação: Na noite de ontem, Janot denunciou o presidente da República e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures por corrupção passiva. O ministro Fachin, relator da Lava-Jato no STF, deverá enviar a acusação para a Câmara, onde será votada em plenário. Caso 342 dos 513 deputados votem contra o presidente, a denúncia voltará para o Supremo, que decidirá se afasta o presidente ― já na condição de réu ― por até 180 dias ou até decisão final do processo, o que ocorrer primeiro. Estrategicamente, Janot preferiu fatiar a denúncia em três partes e apresentar as outras duas (por obstrução de justiça e organização criminosa) nos próximos dias. Para ler na íntegra a primeira delas, clique aqui.

Quase 24 horas depois que as primeiras informações sobre a delação de Joesley Batista vieram a público, Temer afirmou, em pronunciamento à nação, que o inquérito no supremo seria o território onde surgiriam as provas de sua inocência, e que exigiria pronta e rápida apuração dos fatos. Palavras ao vento, como se viu mais adiante, pois o que o presidente vem fazendo desde então é usar todos os meios disponíveis para barrar o processo, distribuindo, inclusive, cargos e verbas em troca de apoio dos parlamentares (vale reforçar que, para se livrar desse imbróglio, Temer não precisa de 171 votos a seu favor. O que ele precisa  impedir que 342 deputados votem contra ele, o que, convenhamos, é bem mais fácil).

Resumo da ópera: Ao que tudo indica, pela primeira vez na nossa história teremos ― e na mesma semana ― um presidente da República formalmente denunciado pelo MPF durante o exercício do mandato e um ex-presidente da República condenado na Justiça Penal.

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segunda-feira, 31 de março de 2014

CARTÕES DE CRÉDITO, DÉBITO E COMPRAS – CONHEÇA MELHOR O “DINHEIRO DE PLÁSTICO” E USE-O COM SABEDORIA.

TODO PROGRESSO SE BASEIA NUM DESEJO INATO E UNIVERSAL DE VIVER ALÉM DOS PRÓPRIOS MEIOS.

Na pré-história do comércio, o escambo era a bola da vez: quem pescava trocava peixes por ovinos, suínos e bovinos com quem os criava, ou por frutas e verduras com quem as cultivava.
Como era difícil chegar a um consenso quanto ao valor das mercadorias, as mais requisitadas passaram a ser usadas como parâmetro – caso do sal, por exemplo, que era amplamente utilizado na conservação dos alimentos, mas de difícil obtenção para povos que viviam longe do litoral. Aliás, o termo salário advém da utilização do sal, na antiga Roma, para o pagamento de serviços prestados.
Mais adiante, o metal passou a ser usado na confecção de armas e utensílios que até então eram feitos de pedra, e devido à facilidade de transporte e entesouramento, logo foi guindado à condição de moeda de troca, ganhou forma e peso definidos e marca indicativa de valor, dando origem ao que hoje conhecemos como dinheiro. As primeiras moedas foram cunhadas em ouro, prata e cobre, não só pela raridade desses elementos, mas também pela beleza, imunidade à corrosão e “poder mágico” que lhes era atribuído pelos antigos sacerdotes babilônicos, e assim foi durante séculos, até o advento do papel-moeda.
Eu sou da época em que as contas eram pagas em dinheiro vivo ou em cheque, de acordo com o valor (já então não era boa política andar com muita grana no bolso). Claro que havia Bancos para conceder empréstimos e financiamentos, além do famoso “papagaio” – como era chamada a nota promissória (promessa de pagamento endossável, passível de aval e, no caso de inadimplência, protestável e executável judicialmente). Isso sem mencionar o indefectível fiado – modalidade informal de crédito, onde os gastos do dia-a-dia em armazéns, botecos e afins eram anotados pelos comerciantes eram anotados nas famosas cadernetas (nem sempre de forma muito honesta) e pagos no final do mês pela distinta freguesia.
A ideia do cartão de crédito surgiu nos anos 1920, quando algumas empresas (notadamente redes de hotéis e petroleiras) passaram a permitir que seus clientes comprassem a crédito nos próprios estabelecimentos. Já o primeiro cartão de crédito para uso no comércio em geral foi criado na década de 50 pelo americano Frank MacNamara, que teria vislumbrado o potencial desse instrumento durante um jantar com amigos, ao perceber que estava sem a carteira. Para contornar a “saia-justa”, ele apresentou seu cartão de visita e prometeu pagar a conta do dia seguinte – com o que o dono do restaurante concordou, desde que a nota da despesa fosse assinada.
Assim surgiu o Diners Club Card – utilizável inicialmente em 27 restaurantes –, que desembarcou no Brasil cinco anos depois, na condição de cartão de compra (voltaremos a esse assunto oportunamente). Nosso primeiro cartão de crédito “de verdade” teria sido o ELO, segundo alguns, ou o CREDICARD, segundo outros, que revolucionaram o mercado com suas propostas de parcelamento e taxas, e logo conquistaram as principais lojas e magazines.
Amanhã a gente continua; abraços e até lá.