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era um vez um reino distante, no qual, certa madrugada, quando todos ainda dormiam, o rei mandou pôr uma enorme pedra na estrada que passava defronte ao palácio e se escondeu
num local de onde podia observar sem ser visto. Não demorou a aparecer um camponês com uma longa pluma tremulando no quepe, uma reluzente espada balançando na cintura e devaneios de bravura cruzando-lhe a mente enquanto ele sua mente enquanto puxava uma carroça carregada de grãos.
— Por que ninguém tira essa pedra da estrada? — vociferou o bravo
aldeão, enquanto pelejava para contornar o obstáculo. Quando conseguiu, seguiu adiante, preferindo reclamar da inoperância alheia a tentar ele próprio tirar a
pedra do meio do caminho.
Ainda nas brumas que antecedem o amanhecer, surgiu um jovem soldado com uma
longa pluma no quepe, uma reluzente espada na cintura e a mente perdida em batalhas mirabolantes, onde ele posava de herói sem mácula. Distraído, esbarrou na pedra e foi ao chão. Levantou-se, sacudiu a poeira da farda, desembainhou o sabre e se pôs a esbravejar contra quem deixara
aquela imensa pedra no meio do caminho. A exemplo do camponês, porém, o militar seguiu estrada afora sem esboçar qualquer tentativa de remover o obstáculo.
E assim foi ao longo de todo o dia, enquanto o rei, do seu esconderijo, tudo observava. Cada um que passava reclamava,
praguejava, mas simplesmente seguia adiante, até que, ao cair da noite, a filha do moleiro,
que vinha cansada das muitas horas trabalhadas no moinho, pôs-se a discutir consigo mesma o perigo representado pela pedra, dada a possibilidade de acontecer um grave acidente no escuro da noite que se avizinhava. Assim, ela desceu da montaria, espalmou as mãos na rocha, empurrou, depois puxou e por fim girou,
até que finalmente conseguiu colocá-la à margem da estrada.
Terminado o serviço, a jovem reparou numa caixa que estava enterrada sob a rocha. Ela se aproximou e viu que na tampa havia os seguintes dizeres: “Esta caixa pertence a quem retirar a pedra”. Para sua surpresa, a caixa estava repleta de moedas de ouro e pedras preciosas.
Terminado o serviço, a jovem reparou numa caixa que estava enterrada sob a rocha. Ela se aproximou e viu que na tampa havia os seguintes dizeres: “Esta caixa pertence a quem retirar a pedra”. Para sua surpresa, a caixa estava repleta de moedas de ouro e pedras preciosas.
Tão logo souberam do ocorrido, o camponês, o soldado e os demais que havia contornado a pedra voltara voltaram ao local e passaram a revolver febrilmente a terra de onde a moça tirou a caixa, na esperança de encontrar mais
moedas de ouro. Foi quando o rei, que tudo observava, se aproximou e disse a seus súditos:
— Meus caros, não raro encontramos pedras no
caminho, mas preferimos reclamar em alto e bom som enquanto nos desviamos delas, quando deveríamos removê-las e descobrir o que há sob elas. E o preço da preguiça é normalmente a decepção pelas oportunidades perdidas. — Ato contínuo, sua majestade desejou uma boa noite a todos e caminhou, assoviando, de volta para seu castelo.
Moral da história: "No
meio de toda dificuldade sempre existe uma oportunidade".
Para fechar com "chave de ouro" este raro momento de descontração, segue um clipe imperdível:
Bom domingo a todos.