quarta-feira, 21 de agosto de 2019

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA


É IMPRESSIONANTE A CAPACIDADE QUE A MÚSICA TEM DE NOS TRANSPORTAR PARA OUTROS LUGARES. DIAS ATRÁS EU ESTAVA NUM BARZINHO, COMEÇOU A TOCAR FUNK E DALI A MINUTOS EU ESTAVA EM CASA.

Anos-luz de evolução separam os desktops e notebooks atuais dos 286, 386 e 486 das décadas de 80/90. Raras vezes paramos para pensar nisso, mas, quando o fazemos, custa-nos acreditar que os monstruosos mainframes dos anos 1950 — que ocupavam prédios inteiros e tinham menos poder de processamento que uma calculadora xing ling teria dali a 30 anos — diminuíram de tamanho a ponto de caberem na bolsa ou no bolso, enquanto seus recursos cresceram em progressão geométrica.

O pool de sistemas usado pela NASA na missão Apollo 11 dispunha de 64 KB de memória RAM e processador com frequência de operação de 0,043 MHz. Isso corresponde a uma ínfima fração da capacidade de executar cálculos de qualquer smartphone de entrada de linha fabricado nos últimos 5 anos (vale lembrar que os telefoninhos inteligentes nada mais são que computadores pessoais ultraportáteis). E o que temos, atualmente, de mais avançado não demora a se tornar "coisa do passado", e assim sucessivamente.

Nos últimos 150 anos, o mundo evoluiu mais do que desde o tempo da pedra lascada até o final do século XIX. Costuma-se dizer que a maior invenção do homem foi a roda, mas quem a inventou certamente não sabia o que fazer com ela até que alguém teve a ideia de abrir furo no centro, enfiar uma vareta e colocá-la para rodar.

Em comparação com as carroças e diligências que vemos nos filmes de faroeste, o Ford T de 1908 era "uma coisa do outro mundo", para usar uma expressão daquela época. Mas seria covardia compará-lo com os veículos atuais, ou mesmo com as carroças que rodavam no Brasil antes de Collor reabrir as importações e pôr fim à reserva de mercado. Tirando a parte que toca ao ex-presidente impichados, o mesmo se aplica aos "teco-tecos" usados na a 1ª Guerra Mundial e os aviões supersônicos que hoje cortam os céus a velocidades vertiginosas.

No campo que viria a ser o da tecnologia da informação, o ábaco é tido e havido como a antecessor mais remoto do computador. Cerca de 5 mil anos transcorreram da criação desse rudimentar instrumento de cálculo à invenção da "Pascalina", à qual o alemão Gottfried Leibniz adicionou a capacidade de somar e dividir. Mas o “processamento de dados” viria somente com o Tear de Jacquard, no início do século XIX, que serviu de base para Charles Babbage projetar o precursor do Tabulador Estatístico de Herman Hollerith (fundador da empresa que se tornaria a gigante IBM).

Já no século XX, Claude Shannon implementou circuitos elétricos baseados na lógica binária no Analisador Diferencial (uma espécie de computador arcaico, movido a manivelas) e o alemão Konrad Zuze criou o primeiro computador binário digital. Durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), a necessidade de decifrar mensagens codificadas e calcular trajetórias de mísseis levou os EUA, a Alemanha e a Inglaterra a investirem no desenvolvimento do Mark 1, do Z3 e do Colossus.

Em 1946, com o apoio do exército norte-americano, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia construíam um monstrengo de 18 mil válvulas e 30 toneladas que, a despeito de ter custado uma fábula, realizava apenas 5 mil somas, 357 multiplicações ou 38 divisões simultâneas por segundo (uma performance incrível para a época, mas que qualquer videogame dos anos 90 já superava com um pé nas costas). Mas foi o transistor que revolucionou a indústria dos computadores.

No final dos anos 1950, a IBM lançou os primeiros computadores totalmente transistorizados; mais adiante, TEXAS INSTRUMENTS revolucionou o mundo da tecnologia com os circuitos integrados (conjuntos de transistores, resistores e capacitores), que a IMB usaria com total sucesso no IBM 360, lançado em 1964. Dali a menos de uma década a INTEL agruparia múltiplos circuitos integrados numa única peça, dando origem ao que chamamos de microchips, e daí até o surgimento dos computadores de pequeno porte foi um pulo: depois do ALTAIR 8800, vendido sob a forma de kit, o PET 2001, lançado em 1976, entrou para a história como o primeiro computador pessoal.

O sucesso estrondoso dos Apple I e II (este último já com unidade de disco flexível) despertou o interesse da IBM pelo filão dos microcomputadores, levando-a a lançar seu PC (de personal computer), que mais adiante padronizaria a arquitetura aberta e a adoção do MS-DOS, da Microsoft. De olho no desenvolvimento de uma interface gráfica com sistema de janelas, caixas de seleção, fontes e suporte ao uso do mouse tecnologia que a XEROX dominava desde a década de 70, mas não utilizava por não ter interesse em computadores de pequeno porte , Steve Jobs fez a lição de casa e incorporou esses conceitos inovadores num dispositivo revolucionário. Aliás, quando Microsoft lançou o Windows, que inicialmente era apenas uma interface gráfica que rodava no DOS, a Apple já estava anos-luz à sua frente.

Em vez de utilizar o então revolucionário processador 80386 da INTEL, a IBM preferiu lançar seu PS/2, de arquitetura fechada e proprietária, mas Compaq convenceu os fabricantes a continuar usando a arquitetura aberta. Paralelamente, o sucesso do Windows 3.1 pôs fim à parceria Microsoft/IBM. Ambas as empresas continuaram buscando romper as limitações do DOS, mas, na guerra entre o OS/2 WARP e o Windows 95 (já então um sistema operacional autônomo), Bill Gates saiu vitorioso, e o inovador Win98 sacramentou a Microsoft como a “Gigante do Software”.

Resumo da ópera: Milhares de anos se passaram até que o conceito do ábaco desaguasse nos primeiros "cérebros eletrônicos", mas, a partir daí, bastaram poucas décadas para o advento do computador pessoal. Impulsionado pelos ventos benfazejos da evolução tecnológica, o que nasceu como um caríssimo substituto das máquinas de escrever e de calcular diminuiu de tamanho e de preço, ao mesmo tempo que seu leque de aplicações se abriu como a cauda de um pavão. Em poucos anos, os desktops e laptops das primeiras safras se agigantaram em recursos e funções, dando origem, inclusive, aos smartphones e tablets, que, a exemplo de seus irmãos mais maiores, hoje são vendidos em qualquer hipermercado ou loja de departamentos.

Continua na próxima postagem.