sábado, 24 de agosto de 2019

UM PAÍS DIFERENTE




Na noite de ontem, o presidente Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão — pontuado por panelaços aqui e acolá — para anunciar medidas de combate aos incêndios e ao desmatamento na Amazônia. Na oportunidade, lembrou sua excelência que incêndios florestais existem em todo o mundo, e que isso pode ser pretexto para sanções internacionais. Disse também que as queimadas das últimas semanas estão na média dos últimos 15 anos, mas que o governo não está satisfeito e vai atuar para conter os focos de incêndio. Faltou dizer que incêndios e queimadas são coisas diferentes, como já havia explicado a ministra da Agricultura. E que a Amazônia queima desde sempre sob a leviandade de presidentes que não têm coragem para proibir o desmate — isso, nem o presidente nem a ministra disseram.

Para provar que a Amazônia inteira está em chamas, o presidente da França postou uma foto de 1989 e, em seguida, outra de um fotógrafo morto em 2013. Fez tabelinha com Cristiano Ronaldo, que preferiu um incêndio no Rio Grande do Sul. Com aliados assim, a floresta não precisa de inimigos. Macron aproveitou para jogar gasolina no debate às vésperas da reunião do G7, ao chamar nossa Hileia de “nossa casa”, e ainda cometeu a tolice de lhe atribuir o papel de pulmão do mundo, uma afirmação negada pelos ecologistas há muito tempo. Bolsonaro colaborou para o incêndio retórico incluindo no bate-boca denúncias sem provas de autoria do crime a ONGs financiadas pelos países ricos. A ver até que ponto essa merda ainda vai feder.


A Fiesp vê com espanto as ameaças de países participantes do tratado comercial do Mercosul, anunciado há menos de 60 dias, de recuarem no que foi acordado em exaustivos debates ao longo de duas décadas. Causa espécie que os integrantes do tratado recorram a pretextos que não têm qualquer relação com o que foi negociado para fazer política interna e tentar atacar a imagem do Brasil, que participa de todos grandes os acordos globais sobre clima e meio ambiente em vigor — e os cumpre.

Observação: A “resistência” acha que vai liquidar a fatura com mais um discurso do Macrô, três “manifestações em todo o Brasil” e os dez merréis de carne que a Finlândia diz que não vai comprar mais. Aí é só pedir o impíxe do homem e correr pro abraço.

Vamos ver até que ponto essa merda ainda vai feder.
 
O presidente da República pode ser ruim, ou muito ruim, conforme a definição que deixar o leitor mais confortável. Também pode ser bom, caso se leve em conta a opinião dos que acham que ele está sempre certo. Na verdade, para simplificar a conversa, o presidente pode ser o que você quiser.

Mas os fatos que podem ser verificados na prática estão dizendo que seu governo, depois dos primeiros sete meses, é bom — ou, mais exatamente, o programa de governo é bom, possivelmente muito bom. Esqueça um pouco o Jair Bolsonaro que aparece em primeiríssimo plano no noticiário, todo santo dia, em geral falando coisas que deixam a maioria dos comunicadores deste país em estado de ansiedade extrema.

Em vez disso, tente prestar atenção no que acontece. O que acontece, seja lá o que você acha de Bolsonaro, é que seu governo está conseguindo resultados concretos. Mais: é um governo que tem planos, e tem a capacidade real de executar esses planos. Enfim, é um governo que tem uma equipe muita boa fazendo o trabalho que lhe cabe fazer.

O ministro Paulo Guedes tem um plano, e seu plano está sendo transformado em realidades — a começar pela aprovação de uma reforma da Previdência que todos os cérebros econômicos do Brasil julgavam, até outro dia, ser uma impossibilidade científica.

A reforma tributária virá; seja qual for sua forma final, ela deixará um país melhor. Uma bateria de outras mudanças, basicamente centradas no avanço da liberdade econômica e na faxina administrativa para melhorar a vida de quem produz, está a caminho — diversas delas, por sinal, já foram feitas e estão começando a funcionar. Guedes é um ministro de competência comprovada, e sua equipe, que ele deixa em paz para trabalhar, tem qualidade de país desenvolvido.

É bobagem, simplesmente, apostar contra ele. Os ministros Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, Bento Albuquerque, de Minas e Energia, e Tereza Cristina, da Agricultura, são craques indiscutíveis — e estão mudando, em silêncio, o sistema nervoso central das estruturas de produção do país.
Há mais. O ministro Sergio Moro, que seria destruído numa explosão nuclear, está mais vivo do que nunca. Há todo um novo ambiente, voltado para as realidades e para a produção de resultados, em estatais como a Petrobras ou a Caixa Econômica Federal, a Eletrobras ou o BNDES.

As mudanças, aí e em muitos outros pontos-chave do Estado nacional, estão colocando o Brasil numa estrada oposta à que vem sendo seguida desde 2003 — e é claro que a soma de todos esses esforços, por parciais, imperfeitos e deficientes que sejam, vai criar um país diferente. Os avanços são pouco registrados na mídia? São. O governo comete erros, frequentemente grosseiros? Comete.
Suas propostas sofrem deformações, amputações e alterações para pior? Sofrem. O presidente é uma máquina de produzir atritos, problemas de conduta e confusões inúteis? É. Mas nada disso tem impedido, não de verdade, que o governo esteja conseguindo obter a maioria das coisas que quer. Já conseguiu uma porção delas em seus primeiros sete meses. Não há fatos mostrando que vá parar de conseguir nos próximos três anos e meio.

O governo Bolsonaro é ruim? De novo, dê a resposta que lhe parecer melhor. Mas sempre vale a pena lembrar que a maioria das coisas só é ruim ou boa em comparação com outras da mesma natureza. O atual governo seria pior que o de Dilma Rousseff ou de Lula? E comparando com o de Fernando Collor, então, ou o de José Sarney? Eis aí o problema real para quem não gosta do Brasil do jeito que ele está — o governo Bolsonaro não vai ser um desastre.

A possibilidade de repetir o que houve nos períodos citados acima é igual a zero. Impeachment? Sonhar sempre dá. Mas onde arrumar três quintos contra Bolsonaro no Congresso? Na última vez que a Câmara votou uma questão essencial, a reforma da Previdência, deu 74% dos votos para o governo. Melhor pensar em outra coisa — ou aceitar o fato de que o homem vai estar aí pelo menos até 2022.

Texto de J.R. Guzzo.