Como sabem os que acompanham a vergonhosa política tupiniquim, o ex-presidente que institucionalizou a corrupção no Brasil
em prol de si próprio e dos seus, e está preso desde abril do ano passado, pode ser libertado graças a leis criadas sob medida para favorecer criminosos e a uma Justiça cega, surda, muda e tetraplégica: Lula já cumpriu um sexto da pena a que foi condenado no caso do tríplex — que o STJ reduziu de 12 para 8 anos —, o que o habilita a "progredir de regime" para o semiaberto,
no qual os presos dormem na cadeia e saem durante o dia para trabalhar.
Porta-voz do lema “Nunca
antes neste país”, o parteiro do Brasil Maravilha é o ineditismo em pessoa.
Maior beneficiário do "escândalo do
Mensalão" — esquema criminoso que durante anos subornou parlamentares com
dinheiro subtraído do Banco do Brasil e resultou na prisão de mais de uma
dezena de divindades do panteão lulopetista —, o capo di tutti i capi não só escapou ileso da ação penal 470 (não
foi sequer denunciado) como se reelegeu e terminou o segundo mandato com a
popularidade nos píncaros.
Tamanha popularidade permitiria ao sumo pontífice da seita
do inferno eleger o próprio Cão para manter aquecida a poltrona presidencial até
que ele pudesse voltar a ocupá-la. Todavia, o Mensalão deixara os "cumpanhêros" Dirceu e Palocci temporariamente
indisponíveis, e assim o encantador de burros resolveu vestir uma incompetente
de quatro costados com a roupagem de "gerentona-mãezona" e convencer
a récua militante a votar nela. Em outubro de 2010, essa anta sacripanta derrotou o cemitério de egos tucano, que teve José Serra como representante da vez. Em janeiro do ano seguinte, a candidate eleita arroganta e pedanta subiu a rampa do Planalto
como a primeira mulher-presidente desta republiqueta de bananas; mais adiante,
não se sabe exatamente quando, a calamidade em forma de gente foi picada pela mosca azul e passou a
"fazer o diabo" para se reeleger — afinal, nem mesmo ela seria capaz de afundar esta Nau
dos Insensatos em apenas 4 anos.
Em 2014, graças ao maior estelionato da história desta banânia,
a Bruxa Má do Oeste derrotou o
tucano Aécio Neves (por uma vantagem
de 3% que muita gente atribui a urnas eletrônicas com opinião própria e
tendências esquerdistas). Fosse outro o resultado e teríamos trocado um diabo conhecido
por sua versão dissimulada: como se veio a saber mais adiante, o mineirinho safo, por fora, era "bela viola",
mas por dentro era "pão bolorento".
Dilma foi
penabundada do Planalto e em 2016 e, graças à Lava-Jato, tornou-se ré no processo do Quadrilhão do
PT, enquanto seu infame criador responde a 9 ou 10 ações penais, já foi
condenado em duas e está cumprindo a pena que lhe foi atribuída na primeira dela pela terceira instância do Judiciário tupiniquim (vide parágrafo de abertura).
De todos os investigados no esquema do Petrolão, o demiurgo de Garanhuns foi o único a causar impacto
quando alvo de operações de busca por documentos em sua residência e a provocar
comoção por ocasião da condução coercitiva para prestar depoimento em processos
na Lava-Jato. Dada a sua popularidade,
fizeram-se as previsões mais tenebrosas sobre as possíveis consequências do
tratamento que lhe foi conferido pela PF
e pelo MPF. Mas nada aconteceu então,
nem quando da decretação de sua prisão após a condenação em segunda instância
no caso do tríplex — uma gentil oferenda da empreiteira OAS.
Tornou-se a falar em revolta popular em seguida, à luz dos
fatos circunscrita às imediações do Sindicato dos Metalúrgicos de SBC e depois
ao acampamento no entorno da sede da PF
em Curitiba, mas, de novo, nada aconteceu. Agora, enquanto o STF rediscute a prisão após condenação em segunda instância e, segundo os alarmistas de plantão, pode anular
a condenação no caso do tríplex, voltam à cena tais conjecturas, agora sobre o papel a ser exercido pelo Redentor dos Miseráveis na política, em particular sua influência nas disputas de 2020 e 2022.
Dora Kramer
salienta que a pesquisa Veja/FSB,
publicada na edição impressa de Veja
da semana passada, mostra o ex-presidente petralha como o nome eleitoralmente mais
viável entre os antagonistas de Bolsonaro
localizados à esquerda, não por ser o mais forte, mas o único
nesse campo capaz de competir em boa situação. Algo que para Bolsonaro seria a composição dos sonhos
numa campanha, para repetir o enfrentamento que o levou à Presidência. Mas a
realidade é um tanto diferente do mundo dos números de pesquisas colhidas
quando ainda há um volume oceânico de metros cúbicos a passar por baixo da
ponte e inúmeros obstáculos a ser superados antes de se considerar de maneira
racional Lula como uma força real e
objetiva, para além da mitologia.
Mesmo que saia da sala da PF em decorrência da derrubada da prisão depois da segunda
instância, Lula continuará
inelegível. Ficha eleitoral limpa, só no caso de o STF anular a sentença de Sergio
Moro no processo do tríplex. vista as
demais ações (9 ou 10, já nem sei direito) desautorizam maiores otimismos, já
que sua tramitação pode novamente suprimir a liberdade do réu e/ou a
elegibilidade daquele que ainda sonha em voltar a conspurcar com sua imundície
a poltrona presidencial.
Passando ao universo da política e dos fatos, no qual o
petista terá de transitar depois de libertado, é justamente nesse mundo que ele
já não transitava bem muito antes da prisão e desde que se agravou sua situação
na Justiça com repercussão na política. Há muito não frequentava — nem falava
em — ambientes que não fossem de convertidos ao seu altar do petismo mais
exacerbado. Entrevistas, só para simpatizantes. Circular em público, nem
pensar.
De uma pessoa tão importante e querida seria de esperar que
andasse por aí a desfrutar a popularidade, mas nunca se viu Lula em
restaurantes, cinemas, teatros, aeroportos nem em estádios em jogos de seu
amado futebol. Incomparavelmente menos festejado nas pesquisas, Fernando Henrique Cardoso, por exemplo,
vai a todo lugar e fala em toda parte sem restrições desde que deixou a
Presidência.
E o discurso do Lula-Livre,
será como disse outro dia o do pacificador? Incongruente com a autoria da
dinâmica do “nós contra eles”, cuja consequência tem hoje assento no Palácio do
Planalto. Preso, pode exercitar a intransigência típica dos carismáticos.
Quando exige absolvição total soa convicto, algo a ser lido como “ele deve ter
razão”. Solto, terá de se ver com a realidade, por vezes uma madrasta.