O MS Edge foi criado para substituir o anacrônico
Internet Explorer, e o Edge Chromium, para substituir o Edge (que atualmente é chamado de “Edge Legacy” ou "de legado").
Em 1995, para de estimular a adoção do IE,
a Microsoft passou a fornecê-lo como componente
nativo do Windows. Flanando na
crescente popularidade do sistema, o programa destronou
o Netscape Navigator e dominou o mercado até 2012, quando foi nocauteado pelo Google Chrome e
entrou em parafuso (para saber mais, digite na caixa de pesquisas do Blog
termos-chave como Internet Explorer,
Edge, Edge Chromium, Guerra dos
Browsers etc.).
Quando finalmente reconheceu que o IE não dava mais caldo, a Microsoft atualizou-o pela última vez (para a versão 11) e levou à vitrine seu substituto, e para reproduzir o efeito obtido duas décadas antes, transformou o Edge em navegador padrão do Windows 10, que lançou em julho de 2015. Mas faltou combinar com os russos, digo, com os internautas.
Mesmo tendo oferecido gratuitamente o upgrade para o Win10 a usuários que rodavam cópias legítimas do Win7 ou do Win8/8.1 em máquinas com hardware compatível, o novo sistema patinou um bocado antes de deslanchar. A ambiciosa missão de atingir 1 bilhão de instalações em três anos só foi cumprida em janeiro passado, com um atraso de 18 meses. Atualmente, o Win10 abocanha respeitáveis 77,12% do mercado mundial de sistemas operacionais para microcomputadores, mas o Edge velho de guerra fica com míseros 0,52% do segmento de navegadores.
Tamanho fiasco se explica (pelo menos em parte) 1) Pela falta compatibilidade — na contramão dos principais concorrentes, o Edge rodava única e exclusivamente no Win10; 2) Pela carência de extensões — o número reduzido de usuários não estimulou os desenvolvedores parceiros da Microsoft a criar add-ons para o browser, e a falta de extensões afugentou os usuários do IE, que migraram em bando para o Chrome: 3) Pela demora na disponibilização de novos recursos — enquanto os concorrentes instalam novas versões automaticamente ou, no mínimo, notificam o usuário de que há um update disponível, o Edge se manteve dependente do Windows Update. Isso sem mencionar as inoportunas semelhanças entre o Edge e o obsoleto IE — começando pelo ícone do programa, que contribuiu para afugentar seu público-alvo.
Parece que finalmente a Microsoft acertou
a mão. A exemplo do Chrome, do Opera e do Vivaldi,
entre outros, o novo Edge foi desenvolvido
com base no Projeto Chromium, o
que garante compatibilidade com outras plataformas (inclusive sistemas móveis, como
Android e iOS) e abre um vastíssimo leque de extensões (embora tenha
sua própria loja de complementos, o Edge
Chromium suporta add-ons
desenvolvidas para o Google Chrome; basta habilitar o suporte
a extensões de “outras lojas”,
acessar a Chrome Web Store e
fazer a festa).
Uma vez que eu publiquei 21 postagens (não consecutivas) sobre navegadores entre 6 de maio e 16 de junho) e uma sequência focada especificamente no Edge Chromium (concluída neste post), encerro esta (não tão) breve contextualização relembrando que os navegadores atuais se equivalem em desempenho, pluralidade de funções e consumo de recursos, de modo que o usuário pode se sentir à vontade para escolher a opção que mais lhe agrade ou melhor lhe atenda.
Não
quero dizer com isso que os programas tenham se tornado "cópias carbono" uns dos
outros, mesmo porque cada qual tem suas peculiaridades e oferece recursos que nem sempre são disponibilizados pelos concorrentes. Mas nada nos impede de instalar dois,
três ou mais navegadores (tanto no PC quanto no smartphone) e alternar entre eles a nosso
bel-prazer.
A Microsoft tenciona encerrar o suporte ao Edge Legacy em março de 2021, a partir de quando o programa deixará de receber atualizações (inclusive as críticas e de segurança). Até lá, todos os usuários do Win10 deverão ter recebido o Edge Chromium via Windows Update. Aliás, as atualizações KB4576753 e KB4576754 vêm sendo disponibilizados para as versões 1809, 1903, 1909 e 2004 do sistema.
Vale ressaltar que a instalação impossibilita o acesso à versão clássica do Edge. Se por algum motivo você quiser restaurá-la, terá de desinstalar a versão Chromium por meio do prompt de comando, que deve ser executado com prerrogativas de administrador. Por sua conta e risco, digite na tela do prompt “C:\Program Files (x86)\Microsoft\Edge\Application\83.0.478.58\Installer” (sem as aspas) e em seguida “setup.exe --uninstall --system-level --verbose-logging --force-uninstall”, também sem as aspas.
A versão mais recente do Edge Chromium (86) trouxe diversas novidades. Entre outras, cito a maior liberdade na escolha das imagens usadas no layout da abas abertas do navegador. Também merece menção o “modo IE”, que entra em ação automaticamente quando o navegador detecta que o site acessado só é exibido corretamente no IE (por incrível que pareça, isso ainda existe).
Também e possível escolher o destino de um arquivo descarregado da Web, mas para que as novas opções sejam exibidas é preciso primeiro habilitar a função "Perguntar o que fazer com cada download".
O Edge ganhou ainda a capacidade de monitorar senhas, informar sobre possíveis vazamentos e sugerir a troca quando necessário (recurso que o Chrome oferece há tempos). Além disso, melhorias implementadas no leitor de arquivos .PDF do navegador permitem apagar os arquivos baixados sem que seja preciso acessar o Explorador de arquivos do sistema.