O número de novas infecções por Covid no mundo diminuiu 17% entre a última semana de janeiro e a primeira de fevereiro. Segundo a OMS, foi a quarta semana consecutiva com redução de novos casos e o menor número semanal de novas infecções desde outubro.
Em Israel, onde
quase 50% da população já recebeu ao menos a primeira dose da vacina — o maior
índice em todo o mundo —, os casos sintomáticos da doença caíram 94%. No Reino Unido — o primeiro país ocidental
a iniciar a vacinação —, o número de novos casos baixou de 55 mil em 15 de
janeiro para 9.700 em 15 de fevereiro.
No Brasil, não bastasse o drama que vivemos com a pandemia,
temos de lidar com o rastro de destruição deixado por um germe patogênico
incapacitante: o bolsovírus — um agente
infeccioso grave, que contaminou a população com um discurso inescrupuloso, ditado
pela ignorância negacionista e pelo descaso com a vida dos brasileiros.
Bolsonaro
minimizou desde o começo a gravidade da pandemia os efeitos do que chamou de “gripezinha”. Foi contrário às medidas
de distanciamento social e o uso de máscara. Defendeu a prescrição da hidroxicloroquina para combater a
doença (fármaco que o ministro-pesadelo
distribuiu à larga no Amazonas, onde
manauenses morriam feito moscas por falta de oxigênio hospitalar). Em sua
cruzada contra a imunização, continua dizendo que não vai se vacinar — "uma atitude singular e única nas
democracias”, disse a propósito o jornal francês Le Figaro.
As pessoas estão cansadas desse FEBEAPÁ
de incompetência, das asneiras, grosserias e ataques à democracia desfechadas
por um governo medíocre em escala industrial. O agravamento da pandemia nos leva a achar que
o SARS-CoV-2 é o maior dos nossos
problemas, mas a desgraceira vem sendo potencializada pelo despreparo do
inquilino de turno da Presidência e sua obsessão patológica pela reeleição —
instituição que o “candidato Bolsonaro” prometeu propor ao
Legislativo extinguir, caso fosse eleito, até porque não nasceu para ser presidente, mas para ser
militar, mas não pensa em outra coisa senão em conquistar um segundo
mandato.
Assistir ao noticiário tornou-se uma provação. O aumento do
número mortes pela Covid, a baixa
adesão ao isolamento, o recorde de perdas entre os profissionais da saúde, os
hospitais em colapso. Quando todas as atenções deveriam estar focadas em salvar
vidas, o que se vê é um bando de lunáticos, comandado por um alienado, levando
o país a dançar na beira do precipício, enquanto uma súcia de imbecis bate
palmas.
Observação: O capitão
da reserva que o general Ernesto Geisel classificou
de “anormal e mau militar”
foi excluído dos quadros da Escola de
Oficiais por indisciplina e
insubordinação e, em 27 anos de deputância, aprovou dois míseros projetos e
colecionou mais de trinta ações criminais.
Circula na Internet uma versão (fake) segundo a qual ele deixado o quartel por
“insanidade mental”. Na verdade, a aversão dos fardados pela imprensa laborou
em prol do capitão-rebeldia, que acabou absolvido das acusações pelo STM. Em 2018, uma nota da assessoria de
imprensa do Exército informou que Bolsonaro foi transferido para a reserva
automaticamente ao ser eleito vereador no Rio de Janeiro em
1988, aos 33 anos de idade, e que essa transferência é determinada pelo Estatuto dos Militares,
lei 6.880, de 1980). Para bom entendedor...
Resumo da ópera: a poucos dias de o primeiro caso de Covid confirmado em terra brasilis
completar um ano faltam vacinas e pelo menos quatro estados estão com mais de
90% de seus leitos de UTI ocupados, de acordo com dados divulgados por
suas Secretarias de Saúde até a última quarta-feira. A situação era mais
crítica é em Rondônia, que usava
97,5% de suas vagas. Na sequência apareciam Acre (93,3%), Roraima
(92%) e Amazonas (91,9%), mas o Maranhão não fica atrás, com 95,24% de
ocupação em seus leitos de alta complexidade (no resto do estado, essa taxa cai
para 38,94%).
No Rio Grande do Sul,
mais de 2.000 pessoas internadas ocupam 79,5% dos leitos de UTI. A situações é
ainda pior no Paraná e em Santa Catarina: 85% dos 1.226 leitos
paranaenses de UTI para adultos estão ocupados, e os catarinenses estão usando
81,5% do total de vagas disponíveis no estado. Em São Paulo, a taxa transmissão da Covid desacelerou
para 0,7. No último dia 16, o estado registrava 66,3% de ocupação em
seus leitos de UTI (65,2% na região metropolitana e 66,3% na capital). Mas
existem “pontos fora da curva”, como a cidade de Araraquara, que vive um colapso na saúde pública em meio a lockdown.
Já o estado do Rio de Janeiro registrava ocupação de 59,5% de seus leitos, mas
a situação na Cidade Maravilhosa é mais preocupante: na semana passada, 82% das
509 vagas estavam em uso.
Atualização: Parece que não estamos mesmo e época de boas notícias. Bastou dizer que a taxa de transmissão havia desacelerado para 0,7 em São Paulo e que o estado registrava 66,3% de ocupação em seus leitos de UTI (65,2% na região metropolitana e 66,3% na capital) no último dia 16 para ser desmentido por informações atualizadas, confirmadas pelo próprio governo estadual na última segunda-feira: São Paulo bateu o recorde histórico de pacientes internados por covid em UTI desde o início da pandemia. De acordo com o secretário estadual da saúde, Jean Gorinchteyn, 6.410 pacientes estão internados em leitos intensivos. O número registrado até então era de 6.250.
Para o secretário executivo do Centro de Contingência da Covid-19, João Gabbardo, “esses números podem significar que os pacientes estejam se internando com mais gravidade e que exige um tempo maior dos equipamentos de UTI”. O aumento dos casos fez com que o órgão elaborasse uma série de recomendações extraordinárias, além das regras já previstas no Plano São Paulo, que devem ser anunciadas amanhã e valerão a partir da próxima sexta-feira. "É o que podemos fazer nesse momento para reduzir a transmissibilidade, independentemente de ser ou não variante", disse Gabbardo.
São Paulo já vacinou 2 milhões de pessoas — a marca foi atingida às 18h17 do último domingo. Às 13h desta segunda, a secretaria da Saúde contabilizava 2.033.582 imunizações desde o dia 17 de janeiro. Em fevereiro, começaram a ser imunizados os idosos com mais de 85 anos. A partir do dia 1º de março, a campanha de imunização será ampliada para todas as pessoas com idade entre 80 e 84 anos. À medida que o Ministério da Saúde viabilizar mais doses, as novas etapas do cronograma e públicos-alvo da campanha de vacinação serão divulgadas pelo governo do estado. O Butantan entregou quase 10 milhões de doses a todo o país e, nesta terça (23), inicia a oferta de mais um lote de pouco mais de 3,4 milhões de vacinas.
Com receio de perder protagonismo, o capitão da caverna sem luz (*) saiu em cruzada contra o Instituto Butantan e a Coronavac — o primeiro, por ser ligado ao governo do estado de São
Paulo; a segunda, porque é fabricada na China. Gostemos ou não, se não fosse o
empenho do governador João Doria, a
campanha de imunização em nível nacional continuaria prevista para começar na hora H do dia D.
A pesquisadora Margareth Dalcolmo responsabiliza o
discurso do governo Bolsonaro pela
queda na adesão dos brasileiros à campanha de imunização. A cientista também
lamenta que o Brasil, apesar de ter participado das pesquisas de várias
vacinas, como AstraZeneca/Oxford com
a Fiocruz, e Sinovac com o Instituto
Butantan, está atrasado nas negociações com os laboratórios para a compra
do produto.
(*) O Mito da Caverna é uma alegoria de Platão sobre o conhecimento que pode
ser lida em A República. O
diálogo entre Sócrates e Glauco sobre ignorância e
conhecimento — sobretudo sobre a importância de se ter acesso a conhecimento
para sairmos da caverna (e para queremos ficar fora dela) — ensina que,
acorrentados à ignorância, os homens são privados do aprendizado.
O ex-ministro da Saúde Luís
Henrique Mandetta, que Bolsonaro
empurrou porta afora do gabinete por não admitir que um subordinado
“brilhasse” mais do que ele, traçou um
paralelo entre a caverna e o governo, onde, acorrentados a superstições, o
presidente e seus esbirros viviam num universo paralelo de sombras, e a
insistência do médico em combater o coronavírus à
luz da ciência fazia dele o ex-acorrentado que viu a luz e foi morto ao tentar
libertar os demais dos grilhões da ignorância.
Nelson Teich, escolhido
para substituir Mandetta no cargo, ficou
de tal forma horrorizado com o que viu na folclórica reunião ministerial de 22 de
abril que se demitiu duas semanas depois. A despeito de ter dito que estava perfeitamente alinhado com o capitão
das trevas, o oncologista se recusou a chancelar o uso da cloroquina
no tratamento contra a Covid. No dia
15 de maio, sem sequer ter completado um mês à frente da pasta (já então informalmente
comandada pelo general Pesadelo), iniciou
seu pronunciamento de despedida com uma frase que eu jamais esqueci: “a
vida é feita de escolhas, e eu hoje escolhi sair.”
É imperativo admitir uma verdade filosófica que
sobrevive por séculos, a despeito de Sócrates:
a crença na verdade incontestável de nossas posições é o suporte da estupidez
humana e justifica todos os fanatismos, porque o fanatismo é a energia que dá
sentido à vida dos genocidas. Nesta observação final está a resposta
para o tamanho de nossa crise. E a possível frustração de nossa esperança.
Como se não bastasse, a troca no comando da Petrobras causou instabilidade nos
mercados. Depois que Bolsonaro indicou
o general Joaquim Silva e Luna para substituir
Roberto Castello Branco, a percepção de risco para as ações da
companhia — que já estava alta por conta das críticas do capitão ao reajuste de
combustíveis e ao CEO da estatal — aumentou ainda mais, e as ações da
petrolífera despencaram mais de 19% na primeira hora de pregão. Após as
notícias divulgadas na última sexta-feira, diversas casas de análise reduziram a
recomendação para os papéis da estatal.
Observação: Somada à baixa de cerca de 8% dos ativos na sexta, que resultou numa perda de R$ 28 bilhões em valor de mercado, a estatal de petróleo perdeu outros R$ 102 bilhões de valor em apenas dois pregões. Ou seja, a estultícia bolsonariana mandou para casado car... mandou par o espaço R$ 280,55 bilhões. Ainda no radar das estatais, segundo Lauro Jardim, nos dinâmico capetão fará com André Brandão no BB o que fez com Castello Branco na Petrobras, e que considera fazer mudanças na tarifa de energia, o que também levou a um aumento dos temores sobre novas medidas.
Membros do Conselho de Administração da Petrobras se reuniram com o ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, mas não ficaram convencidos de que nada mudará no mecanismo de reajuste de preços da estatal. Em reunião a ser realizada hoje, deverá ser discutida a convocação de assembleia extraordinária para avaliar o nome de Luna e destituir o conselho, com a perspectiva de recondução dos integrantes ao cargo. Na pauta da reunião ordinária estava a recondução de Castello Branco à presidência, mas a demissão e a indicação do general afastaram esse item das discussões. Internamente, alguns membros do conselho consideram a possibilidade de votar pela recondução de Castello Branco ao posto, sinalizando que há governança na estatal, mas outros veem a mudança na presidência como inevitável.
Bolsonaro negou tratar-se de interferência na Petrobras, mas deixou clara sua insatisfação com a política de preços adotada pela estatal. Em conversa com apoiadores, criticou o salário de Castello Branco e o fato de ele trabalhar em sistema home office, devido à pandemia. “Alguém sabe quanto ganha o presidente da Petrobras? Chuta bem alto aí”, pediu aos presentes. Após um apoiador sugerir que Castello Branco receberia R$ 50 mil por mês, nosso grande líder emendou: “50 mil por semana? É mais do que isso por semana. Então tem coisa que não tá certo. E para ficar em casa, trabalhando de casa...”
No âmbito de uma ação popular impetrada pelos advogados Daniel Perrelli Lança e Gabriel Senra da Cunha, que pediram uma liminar para barrar as mudanças, a Justiça determinou que Bolsonaro se manifeste em 72 horas sobre troca na Petrobras.