CESSE TUDO O QUE A MUSA ANTIGA CANTA, QUE OUTRO VALOR MAIS ALTO SE ALEVANTA...
Zuckerberg não é Manuel Carlos, mas a novela da política da privacidade do WhatsApp rivaliza com os folhetins do consagrado autor global em número de capítulos e reviravoltas inesperadas (para mais detalhes, clique aqui e aqui). No episódio mais recente — que foi ao ar nesta segunda-feira — o mago do Facebook emulou Camões em Os Lusíadas, Canto I, estrofe 3 (... cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta).
Resumo da ópera (ou do ato, melhor dizendo): O WhatsApp não
vai mais impor restrições aos usuários que não aderirem às novas regras de
coleta e tratamento de dados que estão em processo de adoção no Brasil e no
restante do mundo.
As novas práticas da plataforma — anunciadas no início
do ano — são questionadas por órgãos como a Autoridade Nacional de
Proteção de Dados (ANPD), o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) e o Ministério Público Federal (MPF) por envolverem o
repasse ao Facebook (empresa controladora do aplicativo) de dados das
interações com contas comerciais. As novas regras entraram em vigor no dia 15
do mês passado, quando então o WhatsApp divulgou restrições e limitações
— tais como impedir o acesso à lista de conversas e suspender o envio
de mensagens e chamadas — que seriam impostas aos usuários que não aceitassem expressamente
a política.
Diante do questionamento do ANPD, Cade e MPF
— que apontaram problemas tanto para a proteção de dados dos usuários quanto
para a concorrência do mercado de redes sociais e apps de mensageria —, o WhatsApp
se comprometeu a postergar a implementação das medidas restritivas por 90 dias,
mas agora abriu mão de vez das limitações — pelo menos até a próxima reviravolta.
Em nota à Agência
Brasil, a empresa afirmou que, devido à discussão com autoridades
regulatórias e especialistas em privacidade, a opção foi por não tornar as
limitações obrigatórias. “Ao invés disso, o WhatsApp continuará lembrando
os usuários de tempos em tempos para que eles aceitem a atualização, incluindo
quando as pessoas escolhem usar determinadas funcionalidades opcionais, como se
comunicar no WhatsApp com uma empresa que esteja recebendo suporte do Facebook”,
diz o comunicado da plataforma.
Fonte: Agência Brasil