O ESQUECIMENTO MATA AS INJÚRIAS. A VINGANÇA AS MULTIPLICA.
Em 2004, o Google revolucionou o webmail com o lançamento do Gmail, que prometia caixas postais de 1GB (como dito, até então a maioria dos serviços de webmail oferecia de 1MB a 5MB). Também por essa época, as leitoras de mídia óptica foram substituídas por gravadores de CD — nas versões R (gravável) e RW (regravável).
As mídias ópticas aposentaram o disquete como solução primária para armazenamento externo e transporte de arquivos digitais, mas o progressivo barateamento dos pendrives e drives de disco rígido portáteis (padrão USB) condenou-as à obsolescência. Assim, os fabricantes de PCs eliminaram os drives de CD/DVD/Blue Ray de seus produtos —como haviam feito, anos antes, com o floppy drive.
Observação: Compatível com equipamentos portáteis como players automotivos e discman, o CD era a mídia mais usada para ouvir música nos anos 2000, mas cada disquinho oferecia espaça para algo entre 15 e 20 faixas (cerca de 80 minutos de audição). Vale destacar que ainda não havia smartphones nem (muito menos) serviços de streaming, e que, para gravar músicas em formato MP3 e transferi-las para o CD, era preciso recodificar as faixas por meio de apps como o Nero.
Na esteira da popularização dos sites de bate-papo (ou chats, como se dizia então), aplicativos mensageiros, como o ICQ e o MSN Messenger, caíram no gosto dos internautas. Em 2004, o Orkut se tornou a rede social mais popular entre os brasileiros (ainda que não possuísse um recurso similar às mensagens diretas das redes sociais atuais, o serviço oferecia alguma privacidade, já que as mensagens precisavam ser aprovadas pelos destinatários antes de serem publicadas).
Naqueles tempos, o MS Internet Explorer — vencedor da Primeira Guerra dos Browsers — nadava de braçada, mas tinha o péssimo hábito de travar quando a gente tentava acessar sites mais pesados, repletos de elementos em flash, por exemplo, o que muitas vezes nos obrigava a reiniciar o computador.
Naquela época não havia streaming; compartilhava-se conteúdo multimídia com programas P2P (como KaZaA, eMule e Limewire). Conforme a velocidade de conexão e outras variáveis, o download demorava uma eternidade.
Observação: O compartilhamento de arquivos P2P dispensa o servidor central; cada usuário faz tanto o papel de servidor quanto de cliente de conteúdo, podendo colocar sua discografia à disposição dos demais participantes da rede e baixar o conteúdo disponibilizado por eles. Também era comum os internautas converterem conteúdos do YouTube para o formato MP3. Isso facilitava o download das faixas, mas obrigava o usuário a procurar a capa dos CDs no Google e inseri-la manualmente no Windows Media Player, o que nem sempre dava certo.
Devido à lentidão da conexão discada, era praticamente impossível assistir a um vídeo online. Conforme o volume do arquivo, o download podia demorar dias (ou semanas). A dificuldade era tamanha que os gerenciadores de downloads se tornaram indispensáveis, pois não só permitiam pausar o processo e retomá-lo em outro momento como eram uma mão na roda quando a conexão "caía" — sem um gerenciador de download, seria preciso reiniciar o processo do zero.
Até o surgimento do Google, em 1999, quem precisava fazer buscas pela Internet recorria ao Yahoo!, ao Altavista, ou ao brasileiro Cadê? Eles foram muito populares, embora não filtrassem os resultados pela relevância do conteúdo — assim, restava ao usuário a ingrata tarefa de esquadrinhar dezenas (ou centenas) de sugestões em busca daquilo que realmente lhe interessava.
Continua...