terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

NÃO PERGUNTE O QUE O CONGRESSO PODE FAZER PELO BRASIL...

 

Escândalos acontecem em qualquer país, mas o Brasil é um escândalo. E 2023 começou a todo vapor. À evasão de Bolsonaro às vésperas de Lula seguiu-se um ataque terrorista que ocupou as manchetes durante semanas a fio. E na sequência vieram a minuta do golpe e a operação-tabajara contra Alexandre de Moraes, sem mencionar o patético discurso de Augusto Aras na abertura do ano judiciário — um escárnio que pegou muito mal

Indicado e reconduzido ao cargo pelo "mito", o procurador filobolsonarista dedicou-se de corpo alma a garantir a impunidade de seu amo. Se ele não viu a continuada e descarada prática de atos antidemocráticos cometidos por Bolsonaro, foi porque assumiu o papel de esbirro, em flagrante deturpação de suas funções.
 
A recondução de Arthur Lira à presidência da Câmara Federal foi mais prova provada de que a "Casa do Povo" não passa de um antro de chacais e abutres. Lira realizou o sonho de ser primeiro-ministro no governo passado, e agora se empenha em ser o pesadelo de Lula, que terá de comprar no varejo o apoio legislativo que Bolsonaro pagou ao Centrão no atacado. 
 
Observação: Em 2017, o então deputado Jair Bolsonaro disputou a presidência da Câmara e obteve míseros 4 votos. Em 2018, às vésperas do segundo turno, discursou contra a corrupção e o toma-lá-dá-cá no Congresso. Em 2021, moveu mundos e fundos em prol da candidatura de Lira na disputa contra Baleia Rossi e conseguiu terminar o mandato sem ser incomodado pelos mais de 140 pedidos de impeachment que colecionou ao longo dos últimos 4 anos. 
 
O reinício dos trabalhos no Legislativo inaugura uma nova fase no governo, escreveu Josias de Souza em sua coluna no Uol. Até então, diz ele, Lula se dedicou a criticar o antecessor e a desfazer o que o rival fizera. A partir da posse dos parlamentares, a satanização do capitão perderá gradativamente a importância. No gogó, as prioridades do pajé do PT são econômicas, mas ele terá de passar das palavras à ação e demonstrar que dispõe de tropa parlamentar.
 
Há momentos em que as nações precisam desesperadamente de bom gosto. No Brasil, depois dos ataques golpistas aos Três Poderes, o bom gosto tornou-se gênero de primeira necessidade. Restaurou-se o ambiente físico dos prédios públicos, mas um déficit estético marcou o retorno do Congresso às suas atividades na última quarta-feira.
 
"Não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país", disse o presidente americano John F. Kennedy em seu discurso de posse. E o centrão para Lula: "Não pergunte o que o congressistas podem fazer por seu governo, mas o que você pode fazer pelos congressistas." 
 
Nesse jogo, o contribuinte brasileiro entra com o bolso.