quarta-feira, 23 de outubro de 2024

E LULA LÁ...

A TRAGÉDIA DA VIDA É QUE FICAMOS VELHOS CEDO DEMAIS E SÁBIOS TARDE DEMAIS.
 
Fabricantes de aeronaves e empresas aéreas dizem que "aviões não caem, são derrubados". Segundo eles, a grossa maioria dos acidentes decorre de falhas humanas ou condições climáticas adversas.  

Considerando que o trânsito matou 458 vezes mais pessoas em 2023, a aviação comercial é, de fato, um dos meios de transporte mais seguros. Mas "shit happens", e quando isso acontece a 30 mil pés, parar no acostamento não é uma opção. 
 
No início deste mês, um "problema técnico" obrigou o Aerolula a queimar querosene voando em círculos sobre a Cidade do México antes de pousar no aeroporto de onde havia decolado 4 horas antes. Dizem as más línguas que o avião não caiu porque o diabo detesta concorrência. Pura maldade. O que caiu foram os índices de aprovação do governo e o próprio governante, que beijou o chão de um banheiro do Alvorada às vésperas de voar para a Rússia, onde participaria de corpo presente no encontro do Brics. 
 
No ranking das causas de mortes acidentais, os tombos ficam logo abaixo do acidentes de trânsito. No caso dos idosos (melhor idade é a puta que pariu), a maioria cai no banheiro. Lula deve colher sua 79ª margarida do jardim da existência neste domingo (27), e há 14 banheiros na residência oficial da presidência da República.  
 
O boletim emitido pelo Hospital Sírio Libanês informou que o presidente sofreu um "ferimento corto-contuso em região occipital" e foi "orientado a evitar viagem aérea de longa distância". O médico Roberto Kalil afirmou que o paciente estava bem, mas reconheceu que "o trauma não foi pequeno", que "teve de dar ponto", e que "foi detectada uma pequena hemorragia cerebral na região frontotemporal do encéfalo". 

Em português do asfalto, Lula sofreu um corte atrás da cabeça, levou cinco pontos e cancelou a viagem porque, em casos assim, um sangramento intracraniano pequeno pode se tornar grande. Faltou explicar como ele foi ao chão estando sentado num banco.
 
Lula passou por poucas e boas em suas quase 8 décadas de existência. Ainda em Garanhuns (PE), de onde "retirou" para São Paulo em 1952 com a mãe e seis irmãos, o pequeno Luiz Inácio foi mordido na barriga por uma mula, e só não morreu porque um compadre de dona Lindú desferiu uma peixeirada no animal (na mula, bem entendido). Em meados dos anos 1960, o então metalúrgico teve o dedo mínimo da mão esquerda esmagado por uma prensa num acidente pra lá de esquisito.

Uma crise de hipertensão levou o xamã petista ao hospital em 2010. No ano seguinte, ele se submeteu a sessões de quimo e radioterapias para se curar de um câncer na laringe. Também teve Covid em dezembro de 2020 e em junho de 2022, e foi submetido a uma blefaroplastia em 2023 — mesmo ano em que contraiu pneumonia e colocou uma prótese na junção do fêmur com o quadril. 
 
Os puxa-sacos de plantão disseram que a queda não alterou a rotina do chefe, que está coerente (!?) e muito ativoLula demonstrou que sua sanidade é maior que a dos auxiliares que passaram o final de semana minimizando os efeitos do tombo: "Estou aguardando, porque os médicos dizem que eu tenho que esperar pelo menos uns três, quatro dias para eles saberem qual foi o estrago que fez a batida". Só faltou explicar por que a agenda da Presidência da última segunda-feira não foi divulgada. 

Para evitar dissabores, Lula, os doutores e os assessores deveriam disciplinar a divulgação das notícias.  Sobre questões médicas, falam os médicos, de preferência por meio de comunicados oficiais. Assessores e ministros falam sobre intercorrências administrativas, não sobre medicina. E todos deveriam se expressar em linguagem de gente, evitando turvar a transparência que se exige de notícias sobre a saúde de qualquer presidente.

A menos que faça muita besteira — como fez o "mito" durante os quatro anos de mandato — um presidente em exercício é sempre favorito à reeleição. Mas a fragilidade da saúde de Lula pode mudar o jogo eleitoral em 2026. A chamada “fadiga de material” do lulopetismo é real e bastante acentuada. 

Cedendo a vez para alguém com mais vitalidade e menos rejeição, o petista poderá realizar o sonho de ser visto como estadista, e não como mais um político mesquinho. Apoiando alguém mais ao centro, ele poderia ser mais útil à causa da esquerda — quando ele apoiou Dilma, a incompetente venceu; quando apoiou Haddad, o poste conseguiu uma votação expressiva.

O peso da idade é real, como Joe Biden deixou claro recentemente. Com Lula não é diferente, ainda que ele acredite piamente no contrário. Se teimar em concorrer, ele correrá o risco de perder no segundo turno, a exemplo de seu apadrinhado na disputa pela pela prefeitura de Sampa.