O GLOBO publicou
na última quinta-feira que o acordo de delação do ex-ministro petista Antonio
Palocci, que
vinha sendo negociado desde o ano passado, sem sucesso, com o MPF, foi
aceito pela Polícia Federal, e que seu
conteúdo envolve o esquema de arrecadação do PT com empreiteiras citadas
na Lava-Jato e a atuação dos
ex-presidentes Lula e Dilma nos crimes apurados pela
operação. Por se tratar de uma colaboração negociada na primeira
instância, os temas abordados dizem respeito a fatos
investigados ― ou passíveis de investigação ― pela 13ª Vara Federal em Curitiba, e cabe ao juiz Sergio Moro a competente homologação (o
que deve ocorrer já nas próximas semanas).
Ao detalhar o “pacto
de sangue” entre Lula e a Odebrecht, em meados do ano
passado, o ex-braço-direito de Lula jogou por terra a retórica do
ex-chefe e cravou o penúltimo prego no caixão onde os projetos políticos do criminoso
de Garanhuns dormirão seu sono eterno. Em contrapartida, o ora delator caiu em desgraça aos olhos da alta
cúpula petista: o próprio Lula, em
depoimento ao juiz Moro, rebaixou o
ex-comparsa de “uma das mentes mais brilhantes do Brasil” a “pessoa
dissimulada, fria, calculista e capaz de simular mentiras mais verdadeiras que
a verdade”.
Diante da ameaça de ser expulso do partido que ajudou a fundar, Palocci pediu sua desfiliação através de uma carta enviada à presidente nacional da quadrilha, a senadora Gleisi Hoffmann, dizendo que “chegou a hora da verdade”, e, referindo-se a Lula, perguntando: "até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do 'homem mais honesto do País' enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto (!!) são atribuídos à Dona Marisa?” (para ler o texto na íntegra, clique aqui).
Diante da ameaça de ser expulso do partido que ajudou a fundar, Palocci pediu sua desfiliação através de uma carta enviada à presidente nacional da quadrilha, a senadora Gleisi Hoffmann, dizendo que “chegou a hora da verdade”, e, referindo-se a Lula, perguntando: "até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do 'homem mais honesto do País' enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto (!!) são atribuídos à Dona Marisa?” (para ler o texto na íntegra, clique aqui).
Observação: Palocci foi co-fundador do PT e participou das decisões mais importantes do partido nas últimas duas décadas. Assumiu a coordenação da campanha de Lula à presidência em 2002, depois do (ainda mal explicado) assassinato de Celso Daniel. Foi dele a ideia de lançar a famosa “Carta ao povo brasileiro” ― manifesto público assegurando o compromisso do candidato petista com a estabilidade econômica. Também foi ele quem coordenou a equipe de transição e angariou o respeito do empresariado ao longo da campanha. Em 2003, foi nomeado ministro da Fazenda por Lula, mas deixou o governo em 2006, após ser envolvido em denúncias que culminaram na a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Mais adiante, foi chamado por Lula para ajudar a eleger Dilma, e operou para angariar fundos junto às empresas que se beneficiaram dos governos petistas. A pedido de Lula, foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil em janeiro de 2011, mas deixou o cargo em junho do mesmo ano, quando vieram a público informações de que seu patrimônio havia aumentado 20 vezes entre 2006 e 2010. Foi preso preventivamente em setembro de 2016, durante a 35ª fase da Lava-Jato, e condenado pelo juiz Moro a 12 anos, 2 meses e 20 dias de prisão em junho de 2017. Sua defesa recorreu da sentença ao TRF-4, mas o apelo ainda não foi julgado, e seu pedido de habeas corpus foi negado pelo STF.
Ainda segundo O GLOBO,
boa parte das histórias abordadas por Palocci
― que deverão ser detalhadas no curso das investigações ― reconstitui o esquema
de corrupção na Petrobras, as relações das empreiteiras com políticos do PT e a forma como Lula e Dilma se
envolveram nas tratativas que resultaram num prejuízo de R$ 42 bilhões aos cofres da estatal, de acordo como a estimativa da
própria PF. Durante o processo de
delação, o “petralha arrependido” também poderá apresentar anexos suplementares
com novos casos considerados relevantes pelos investigadores.
Ao falar de Lula,
o ex-ministro afirmou que foi pessoalmente levar pacotes de dinheiro vivo ao
ex-presidente e relacionou datas e valores entregues por um de seus principais
assessores, Branislav Kontic, na
sede do Instituto Lula, e que o
dinheiro seria usado para bancar despesas pessoais do chefe. Na
ocasião das entregas, ele e Lula
combinavam o local de encontro para o pagamento. Como Palocci não dirigia o próprio carro, o auxiliar que fazia as vezes
de motorista (cuja identidade é mantida em sigilo) deverá ser chamado a
testemunhar sobre o caso.
Palocci listou
datas e horários das entregas de dinheiro a Lula como parte do conteúdo probatório. A partir dessas
informações, os investigadores terão condições de confirmar os encontros, tanto por meio de
ligações telefônicas entre Lula e Palocci quanto pela posição dos aparelhos
celulares no mapa de antenas. Sobre a relação de Lula com empreiteiras, ele diz que parte do dinheiro
entregue em mãos ao ex-presidente e na sede do instituto teria saído
diretamente da “conta Amigo”, a
reserva de propina atribuída ao petista no setor de operações estruturadas da
Odebrecht (vulgo “departamento de propina”). Sobre Dilma, ele afirma que ela teria atuado para
atrapalhar as investigações da Lava-Jato
no episódio da nomeação de Lula para
ministro da Casa Civil, em março de 2016, e narrou uma conversa com Lula no Palácio do Planalto, na qual
teriam tratado do esquema envolvendo a construção de sondas para exploração de
petróleo em águas profundas. O objetivo da negociação, feita na presença de Dilma, seria levantar dinheiro para
bancar a eleição da ex-presidente, em 2010.
Para mais detalhes sobre o que Palocci deve dizer, acesse https://oglobo.globo.com/brasil/as-balas-na-agulha-de-palocci-22629123
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