Os
seguidores da
seita do inferno se vêm valendo da concessão do
auxílio-moradia para atacar o juiz
Sérgio Moro e outros membros do judiciário, numa nítida represália
contra aqueles que ousaram condenar seu amado líder. Curiosamente, eles parecem
não levar em conta que ninguém foi tão beneficiado por versões bandalhas desse
benefício quanto o próprio
Lula (não
vou repetir aqui o que escrevi na última segunda-feira, já que você pode ler seguindo
este link).
O
STF deve voltar
a discutir auxílio-moradia, ou melhor, julgar a liminar do ministro
Luiz Fux, que, em 2014,
autorizou o pagamento de R$ 4.378 mensais a
todos os juízes do país. Espera-se que os ministros consigam ao menos impor
restrições à concessão do benefício, já que as pressões contrárias são grandes,
inclusive no próprio Judiciário: na semana passada, a
Associação dos Juízes Federais do Brasil pediu à ministra
Cármen Lúcia que
retirasse a ação da pauta,
argumentando que o processo não está pronto para ser julgado porque falta uma
manifestação da entidade.
O salário do
Judiciário
se baseia na remuneração dos ministros do
STF (a propósito, ninguém naquela Corte recebe o benefício, mas 6 ministros têm residências funcionais, como é o caso de
Gilmar
Mendes, que possui
imóvel próprio em Brasília). No entanto, diversos
penduricalhos ― como auxílio-moradia, auxílio-educação, diárias,
passagens e outros ― não entram no cálculo do “teto” de
R$ 33,7 mil, sem mencionar que, por ter sido concedido através de
liminar e de maneira indiscriminada, o
auxílio-moradia se
incorporou aos vencimentos daqueles que o recebem, o que complica dificulta ainda mais situação (até porque a lei assegura a
irredutibilidade dos vencimentos dos magistrados).
Observação: A ONG
Contas Abertas calcula que o pagamento do benefício a cerca de 17 mil
magistrados e 13 mil promotores e procuradores custou à União e aos Estados R$ 4,5 bilhões (até junho de 2017;
atualizado até dezembro, esse valor chega a R$ 5 bilhões), mas a devolução dos valores é questionável, pois o
pagamento foi autorizado pelo STF e
pelo CNJ, e quem recebeu o fez de
boa-fé. Por mais imoral ― ou inaceitável ― que seja alguém receber um salário de mais de R$ 30 mil, ter domicilio próprio no município onde trabalha e ainda ganhar auxílio-moradia, enquanto o STF não decidir em contrário o benefício é legal.
O que a patuleia ignara vem fazendo
em sua estúpida patrulha moral revanchista é sentar em cima
do rabo e falar mal do rabo alheio. Salta aos olhos que os alvos dos falsos
moralistas vermelhos são os juízes
Sergio Moro e
Marcelo Bretas ― responsáveis pelos
processos da Lava-Jato em Curitiba e no Rio de Janeiro, respectivamente ―, e os desembargadores
Victor Laus e Leandro Paulsen ― dois
dos três integrantes da
8.ª Turma do
TRF-4, que manteve a condenação de
Lula e aumentou a pena na segunda
instância. É nítido que seu propósito seja atacar quem mais têm trabalhado pela
restauração da moralidade neste país.
Se vamos falar em benefícios imorais,
não devemos nos esquecer das aposentadorias milionárias, dos planos de saúde com cobertura
irrestrita e direito aos melhores hospitais, além, claro, dos apartamentos ― que deveriam
ser “funcionais” ― dos suplentes dos suplentes de parlamentares federais,
estaduais e municipais (gente em quem nosso “esclarecidíssmo” eleitorado
votou, vota e continuará votando ad perpetuam).
Depois, perguntam por que nossos governantes não investem em educação!
Bastaria um pouco de “vontade política” para diminuir essa
farra indecente e fazer sobrar dinheiro para investir em segurança, moradia, saúde, transporte, etc., pois o que se
arrecada de imposto no Brasil é uma exorbitância ― observe o rodapé
do cupom fiscal que você recebe quando faz compras no supermercado ou abastece o carro, por exemplo, e veja se eu não tenho razão.
Enfim, como lembrou a jornalista
Lillian Witte Fibe numa postagem recente em seu Blog, foi graças ao
trabalho de equipes como as da
Lava-Jato,
Greenfield, Zelotes,
Custo Brasil e outras, o chamado “
prejuízo
evitado” aumentou mais de vinte vezes entre 2014 e 2016. Esses
servidores impediram os ladrões engravatados de roubar quase
R$ 60 bilhões de nossos impostos só em
2016. Pensando bem, eles ganham muito pouco diante do benefício que nos fazem.
E às futuras gerações. O dinheiro que eles retiveram nos cofres públicos em
2016 equivale, praticamente, à metade do déficit público. Deixem-nos trabalhar
em paz.
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