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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

A METÁSTASE DA CORRUPÇÃO, O EXTERMÍNIO DE LULA E A PASSIVIDADE DO POVO BRASILEIRO


Assim como Michel Temer passou por um procedimento cirúrgico para desobstruir as artérias coronárias de seu bondoso coração, o Brasil precisa ser submetido a uma terapia de choque. Para o presidente foi mais fácil: bastou embarcar no Força Aérea 1 tupiniquim, voar para São Paulo e receber cuidados médicos do melhor complexo hospitalar do país ― tudo pago pelos contribuintes, naturalmente. Na manhã da última segunda-feira, durante o rápido traslado (de helicóptero) do hospital ao aeroporto de Congonhas, sua excelência tuitou uma mensagem de agradecimento à equipe médica e a todos que rezaram por seu pronto restabelecimento. Fico pensando aqui comigo se Temer não deveria ter apertado a mão de cada um desses fiéis apoiadores... a julgar pelos seus índices de popularidade, isso não levaria mais que alguns minutos.

Para o Brasil, o buraco é mais embaixo. A “cleptomania coletiva” que tomou conta da classe política em geral e parte substantiva do empresariado, os sucessivos escândalos expostos pela e PF e o MPF nos últimos tempos e o fato de nossos conspícuos congressistas continuarem legislando em causa própria e roubando descaradamente sem a menor preocupação com a possibilidade de passar férias compulsórias no sistema prisional tupiniquim são de embrulhar estômago de avestruz. Oxalá o povo ― ah, o povo ― dê o troco nas urnas, expurgando sem remissão todos os 513 deputados federais e 2/3 dos 81 senadores da República. Não que eu acredite nisso; seria estupidez acreditar, dada a "qualidade" do nosso eleitorado ― que só não é pior que a qualidade dos nossos políticos. 

Falando na péssima qualidade dos nossos homens públicos, Lula, para o bem do país, precisa ser definitivamente varrido do cenário. Se ainda é visto por boa parte da sociedade como o prócer a ser seguido, se continua liderando pesquisas e inspirar ando militantes Brasil afora, ele precisa morrer. Não literalmente, embora a ideia não seja das piores. Mas leiam leiam o que diz o escritor, publicitário e colunista Mario Vitor Rodrigues a respeito do molusco abjeto:

Enquanto o cidadão Lula não passa de um arrivista que levou a vida esgueirando-se dos desafios para pinçar oportunidades, o mito Lula, para alcançar seus objetivos, ainda é capaz de sapatear em cima de qualquer um. Até mesmo na memória da falecida esposa.
Ao indivíduo, criminoso que é, restou apenas escapar da cadeia. O personagem político, entretanto, persiste em sua sanha pelo poder, mesmo após ter comandado o esquema de corrupção mais perverso na história da República. Trocando em miúdos, o sujeito merece a expiação pública, com o cumprimento de pena pelos crimes que cometeu, mas ao outrora líder carismático não cabe essa colher de chá: o folclore em torno de Lula precisa acabar, e isso só acontecerá se ele for derrotado nas urnas.
Muitos alegarão o risco que correria o sistema eleitoral caso um condenado pela justiça, e com tantas outras condenações ainda por vir, conseguisse se eleger. Na verdade, a simples hipótese de que o alcaide petista dispute o pleito já é suficiente para apavorar até os mais experientes. No entanto, diz o autor deste excerto, esse temor é exagerado: graças ao trabalho realizado pela Operação Lava-Jato, escancarando o aparelhamento do Estado e o sequestro da própria democracia brasileira pelo PT, nunca houve, desde 2002, momento tão propício para derrotar Lula em uma eleição. Jamais foi possível, como agora, jogar por terra todo o corolário de narrativas que serviram para forjar a imagem de guardião do povo em alguém especialmente dedicado a ser o seu pior inimigo.
Portanto, feitas todas as ressalvas e noves fora o dever que a polícia e o judiciário têm de cumprir as suas funções, não importando a relevância histórica ou política de quem estiver em dívida com a comunidade, insisto, bom mesmo será ter a chance de ver Lula sucumbir politicamente.

Particularmente, acho temerário dar asas a cobras sem antes lhes retirar o veneno. A meu ver, Lula deve ser apeado de seu voo de galinha e impedido de participar das próximas eleições. Afinal, se réus em ações penais são excluídos da linha sucessória presidencial, como permitir que o petralha dispute um cargo que, em tese, não poderia exercer nem mesmo interinamente, como substituto eventual? 

Em abono a essa tese, relembro imbróglio envolvendo o senador Renan Calheiros, que foi afastado da linha sucessória presidencial pelo STF quando se tornou réu por peculato (pelas minhas contas, esse entulho do cangaço alagoano responde a 17 processos). É certo que os ministros tenham parido uma jabuticaba jurídica que preservou o mandato do senador e o manteve esse projeto de sacripanta na presidência do Senado e do Congresso Nacional ― tudo com a melhor das intenções, naturalmente, que era de minimizar as rusgas entre o Legislativo e o Judiciário. Volto a dizer que, com um Supremo desses, estamos no mato sem cachorro.

Para construir o país que tanto queremos, precisamos combater implacavelmente a cleptocracia que tomou conta de todas as instâncias do Estado. Urge exigir a revogação ou reformulação de leis e preceitos constitucionais que perpetuam a impunidade e a corrupção como a indicação política dos ministros do STF e o foro privilegiado para mais de 50 mil servidores públicos “mais iguais perante a lei do que os outros”.

Em que pese a indignação que poreja nas redes sociais, a povo deixou de sair às ruas para exigir o restabelecimento do império da moralidade. O que se vê ― e quando se vê ― são grupelhos recrutados entre sem-terra, sem-teto, a mando de sindicalistas sem-vergonha, que, vestidos com as indefectíveis camisetas vermelhas, promovem patéticos mise-en-scènes em troca do indefectível sanduíche de mortadela e da merreca para a cachaça.

Haveria muito mais a dizer, mas o estômago é fraco. Volto depois de vomitar. Até lá.

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