Assim como Michel
Temer passou por um procedimento cirúrgico para desobstruir as
artérias coronárias de seu bondoso coração, o Brasil precisa ser submetido a
uma terapia de choque. Para o presidente foi
mais fácil: bastou embarcar no Força
Aérea 1 tupiniquim, voar para São Paulo e receber cuidados médicos do melhor complexo hospitalar do país
― tudo pago pelos contribuintes, naturalmente. Na manhã da última
segunda-feira, durante o rápido traslado (de helicóptero) do hospital ao
aeroporto de Congonhas, sua excelência tuitou uma mensagem de agradecimento à equipe
médica e a todos que rezaram por seu pronto restabelecimento. Fico pensando
aqui comigo se Temer não deveria ter apertado a mão de cada um desses fiéis
apoiadores... a julgar pelos seus índices de popularidade, isso não levaria mais
que alguns minutos.
Para o Brasil, o buraco é mais embaixo. A “cleptomania coletiva” que tomou
conta da classe política em geral e parte substantiva do empresariado, os
sucessivos escândalos expostos pela e PF
e o MPF nos últimos tempos e o fato
de nossos conspícuos congressistas continuarem legislando em causa própria e roubando descaradamente sem a menor preocupação com a possibilidade de passar
férias compulsórias no sistema prisional tupiniquim são de embrulhar estômago
de avestruz. Oxalá o povo ― ah, o povo ― dê o troco nas urnas, expurgando
sem remissão todos os 513 deputados federais e 2/3 dos 81 senadores da
República. Não que eu acredite nisso; seria estupidez acreditar, dada a "qualidade" do nosso eleitorado ― que só não é pior que a qualidade dos nossos políticos.
Falando na péssima qualidade dos nossos homens públicos, Lula, para o bem do país, precisa ser definitivamente varrido do cenário. Se ainda é visto por boa parte da sociedade como o prócer a ser seguido, se continua liderando pesquisas e inspirar ando militantes Brasil afora, ele precisa morrer. Não literalmente, embora a ideia não seja das piores. Mas leiam leiam o que diz o escritor,
publicitário e colunista Mario Vitor Rodrigues a respeito do molusco abjeto:
Enquanto o cidadão Lula não
passa de um arrivista que levou a vida esgueirando-se dos desafios para pinçar
oportunidades, o mito Lula, para alcançar seus objetivos, ainda é capaz
de sapatear em cima de qualquer um. Até mesmo na memória da falecida esposa.
Ao indivíduo,
criminoso que é, restou apenas escapar da cadeia. O personagem político,
entretanto, persiste em sua sanha pelo poder, mesmo após ter comandado o
esquema de corrupção mais perverso na história da República. Trocando em
miúdos, o sujeito merece a expiação pública, com o cumprimento de pena pelos
crimes que cometeu, mas ao outrora líder carismático não cabe essa colher de
chá: o folclore em torno de Lula
precisa acabar, e isso só acontecerá se ele for derrotado nas urnas.
Muitos alegarão o
risco que correria o sistema eleitoral caso um condenado pela justiça, e com
tantas outras condenações ainda por vir, conseguisse se eleger. Na verdade, a
simples hipótese de que o alcaide petista dispute o pleito já é suficiente para
apavorar até os mais experientes. No entanto, diz o autor deste excerto, esse
temor é exagerado: graças ao trabalho realizado pela Operação Lava-Jato,
escancarando o aparelhamento do Estado e o sequestro da própria democracia
brasileira pelo PT, nunca houve,
desde 2002, momento tão propício para derrotar Lula em uma eleição. Jamais foi possível, como agora, jogar por
terra todo o corolário de narrativas que serviram para forjar a imagem de
guardião do povo em alguém especialmente dedicado a ser o seu pior inimigo.
Portanto, feitas todas
as ressalvas e noves fora o dever que a polícia e o judiciário têm de cumprir
as suas funções, não importando a relevância histórica ou política de quem
estiver em dívida com a comunidade, insisto, bom mesmo será ter a chance de ver
Lula sucumbir politicamente.
Particularmente, acho temerário dar asas a cobras sem antes lhes retirar o veneno. A meu ver, Lula deve ser apeado de seu voo de galinha e impedido de participar das próximas eleições. Afinal, se réus em ações penais são excluídos da linha sucessória presidencial, como permitir que o petralha dispute um cargo que, em tese, não poderia exercer nem mesmo interinamente, como substituto eventual?
Em abono a essa tese, relembro imbróglio envolvendo o senador Renan
Calheiros, que foi afastado da linha
sucessória presidencial pelo STF quando se tornou réu por peculato (pelas minhas contas, esse entulho do cangaço alagoano responde a 17 processos). É certo que os ministros tenham parido uma
jabuticaba jurídica que preservou o mandato do senador e o manteve esse projeto de sacripanta na presidência
do Senado e do Congresso Nacional ― tudo com a melhor das intenções, naturalmente,
que era de minimizar as rusgas entre o Legislativo e o Judiciário. Volto a dizer
que, com um Supremo desses, estamos
no mato sem cachorro.
Para construir o país que tanto queremos, precisamos
combater implacavelmente a cleptocracia que tomou conta de todas as instâncias
do Estado. Urge exigir a revogação ou reformulação de leis e preceitos
constitucionais que perpetuam a impunidade e a corrupção ― como a indicação
política dos ministros do STF e o
foro privilegiado para mais de 50 mil servidores públicos “mais iguais perante a lei do que os outros”.
Em que pese a indignação que poreja nas
redes sociais, a povo deixou de sair às ruas para exigir o
restabelecimento do império da moralidade. O que se vê ― e quando se vê ― são
grupelhos recrutados entre sem-terra, sem-teto, a mando de sindicalistas sem-vergonha, que, vestidos com
as indefectíveis camisetas vermelhas, promovem patéticos mise-en-scènes
em troca do indefectível sanduíche de mortadela e da merreca para a cachaça.
Haveria muito mais a dizer, mas o estômago é fraco. Volto
depois de vomitar. Até lá.
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