Se Bolsonaro recrutou boa parte de seu ministério em algum manicômio, como sugeriu recentemente o site Sensacionalista, não sou em quem vai dizer. Mas é impossível negar que, noves fora Paulo Guedes, Sérgio Moro e mais algumas honrosas exceções, o nível na Esplanada dos Ministérios deixa muito a desejar. Que o digam Damares Alves, , Ernesto Araújo, Ricardo Salles, Marcelo Álvaro Antonio e distintíssima companhia.
Felizmente, fomos poupados do vexame de ver zero três ser agraciado com o posto mais importante da diplomacia mundial simplesmente por ser filho do pai e por ter fritado hambúrgueres no estado norte-americano do Maine, 14 anos atrás, numa unidade da rede de fast food Popeyes, que é especializada em frango frito e não tem hambúrguer de carne bovina no menu.
Observação: Sabotado no Congresso, que ainda não aprovou seu pacote anticrime (e tudo indica que não aprovará), o ministro da Justiça tem provado competência no serviço em dados que mostram a redução de 22% dos assassinatos violentos nos primeiros meses de 2019 comparados com igual período no ano anterior. Enquanto é atacado por políticos assustados com a possibilidade de serem acusados na Lava-Jato, o ex-juiz paranaense deixa claro nos números da violência, com 8.663 vidas poupadas de brasileiros, que essa falácia de Lula e de Gleisi Hoffmann de que deve ser inocentado e ter sua condenação suspensa deveria ir direto para o lixo da História.
Abraham Weintraub
assumiu a pasta da Educação depois que o Capitão Caverna finalmente defenestrou
Ricardo Vélez Rodriguez, o teólogo,
filósofo, ensaísta e professor colombiano naturalizado brasileiro que foi
indicado para o posto por ninguém menos que o ex-astrólogo Olavo de Carvalho, tido e havido como guru do clã presidencial. Mas
tem de ser demitido imediatamente. Sua errática gestão — se assim pode ser
chamada — à frente de um dos mais importantes Ministérios já seria razão
suficiente para sua substituição por quadros mais qualificados, e estes não
faltam no País. Mas há outra razão, muito mais séria, que torna a sua
permanência no cargo uma indignidade.
Não é de hoje que Weintraub
se porta em desacordo com a decência que deve pautar a conduta de um servidor
do primeiro escalão da República. O ministro já veio a público exibir
cicatrizes para justificar seu baixo rendimento acadêmico e já dançou segurando
um guarda-chuva para fazer troça de cidadãos críticos às suas políticas para a
área de educação. Também já são bastante conhecidas suas discussões infantis no
Twitter. Mas até para os padrões do
bolsonarismo — que estabeleceu novo patamar de insalubridade nas redes sociais —
o ministro cruzou a linha vermelha.
No feriado da República, Weintraub se pôs a defender a monarquia na rede social. A
Constituição não o proíbe de ter a opinião que for sobre as formas de governo,
mas, em se tratando de um ministro de Estado, manifestar predileção pela
monarquia é, no mínimo, uma conduta inapropriada.
Weintraub foi
além. Acometido por algo próximo de um “surto antirrepublicano”, classificou
como “infâmia” a proclamação de 15 de Novembro de 1889 e passou a desfiar uma
série de aleivosias contra personagens da história brasileira ligadas ao
movimento republicano. Uma pessoa que acompanha suas postagens no Twitter comentou: “se voltarmos à monarquia, certamente você será nomeado o bobo da corte”.
A resposta do ministro da Educação mal educado não se fez esperar: “Uma pena. Eu prefiro cuidar dos estábulos.
Ficaria mais perto da égua sarnenta e desdentada da sua mãe”. Diante da
agressividade da resposta de Weintraub,
outro cidadão, em tom jocoso, disse “ter
encontrado o seu bom senso na rua, que lhe mandou lembranças”. Mais uma
vez, o ministro desceu ao rés do chão: “Quem
(sic) bom. Agora continue procurando o seu pai”.
Não são palavras que se supõe proferidas por um ministro de
Estado, mas por um grosseirão. É admissível que o ministro da Educação pudesse
ter usado um canal público de comunicação, como hoje é o Twitter, em especial para este governo, para estabelecer um debate
com a sociedade sobre os desafios que o regime republicano certamente tem de
enfrentar passados 130 anos de sua vigência no País. Mas, para tanto, ele teria
de ser outra pessoa.
Em outro momento de rara inspiração, Weintraub achou por bem classificar o marechal Deodoro da Fonseca como um “traidor” da Pátria e compará-lo ao
ex-presidente Lula. Diante de uma
estultice dessa natureza, na melhor hipótese, o ministro está absolutamente
desinformado. Na pior, trata-se de alguém que se move por ressentimento,
revanchismo e má-fé. Mas convém não atribuir a más intenções o que é devidamente
explicado pela burrice. Enfim, seja como for, sua permanência à frente do
Ministério da Educação é um enorme desserviço ao País.
Especula-se que
Weintraub tenha sido escolhido para substituir Ricardo Vélez Rodríguez justamente para adotar esse comportamento,
digamos, mais “combativo” à frente do Ministério da Educação. A ser verdade,
esse modo de proceder pode muito bem ser mais uma fagulha a manter acesa a
chama da militância bolsonarista nas redes sociais, mas chegará o momento em
que o presidente da República precisará de uma rede de apoio muito mais ampla
do que as chamadas “milícias virtuais”. Não será mantendo no cargo um ministro
que avilta as tradições do Exército brasileiro e as mais comezinhas regras de
conduta social que Bolsonaro
atingirá o objetivo. Os brasileiros de bom senso, independentemente de suas
predileções políticas, hão de estar estarrecidos com a mais recente explosão do
ministro da Educação. Se ainda assim Abraham
Weintraub não for substituído, o que mais pode vir?