O que dizer de um país que entra em colapso quando uma categoria de trabalhadores resolve cruzar os braços em protesto
contra os reajustes dos combustíveis? Um país onde o candidato mais lembrado
nas pesquisas de intenção de voto é um criminoso condenado? Onde o presidente amarga a maior rejeição da história, mas sonha com uma
quimérica reeleição, quando deveria se fingir de paisagem e ficar calado até o final do seu mandato? Onde o eleitorado é majoritariamente apedeuta e insiste em perpetuar
no poder políticos fisiologistas e desonestos? Nada. Pelo menos, se quisermos nos manter no limiar do politicamente correto, do aceitável, do publicável. Vamos adiante.
Temer não só
abriu as pernas, mas ficou literalmente de quatro para os caminhoneiros ― que ainda relutam em pôr um fim à paralisação, desbloquear as rodovias e voltar ao trabalho. Uma paralisação que hoje entre no nono dia, que vem causando prejuízos incalculáveis para a já combalida economia, e que deve custar 10 bilhões de reais aos cofres
públicos (dinheiro dos contribuintes) para ser debelada.
Observação: O presidente se diz propenso a desistir da reeleição e promete apoiar o candidato que se comprometer em manter seu “legado” e lhe garantir “proteção” no final do mandato. O ex-ministro Meirelles parece ser o nome mais indicado, até porque tem cacife para financiar sua campanha com dinheiro do próprio bolso e vem se mostrando disposto defender o governo em suas andanças Brasil afora, desde que sem citações ao nome do presidente nem eventos ao lado dele.
Observação: O presidente se diz propenso a desistir da reeleição e promete apoiar o candidato que se comprometer em manter seu “legado” e lhe garantir “proteção” no final do mandato. O ex-ministro Meirelles parece ser o nome mais indicado, até porque tem cacife para financiar sua campanha com dinheiro do próprio bolso e vem se mostrando disposto defender o governo em suas andanças Brasil afora, desde que sem citações ao nome do presidente nem eventos ao lado dele.
A candidatura de Geraldo Alckmin continua patinando, com vergonhosos 8% de intenções de voto. Mas não é para menos. Se já não bastasse a absoluta falta de carisma do "picolé de chuchu" e a recente prisão de seu colega de partido Eduardo Azeredo, agora surge mais uma
investigação envolvendo seu nome: de acordo com o doleiro Adir Assad, Alckmin teria recebido, através de seu cunhado, 5 milhões de reais em "caixa 2" para sua campanha. Os tucanos
já falam até em substituí-lo por outro pré-candidato, mas o ex-governador paulista e atual presidente da sigla reluta, não só porque quer ser
presidente da República, mas também porque não lhe agrada a perspectiva de João Dória disputar o cargo em seu lugar.
Em última análise, o que esperar de bom de uma eleição em que todos os candidatos, com a exceção de um só, vão fazer suas campanhas com dinheiro que roubaram diretamente dos cidadãos? O Tesouro Nacional vai doar aos
políticos, para suas “despesas de campanha” deste ano, um presente extra de 1,7
bilhão de reais, já separados no orçamento de 2018. Como bem lembrou J.R Guzzo
em sua coluna, trata-se de uma aberração que tem a coragem de chamar-se “Fundo de Defesa da Democracia”, ou algo
assim. Vem se somar ao “Fundo Partidário”,
vigarice antiga criada para dar aos partidos políticos, a cada ano, quantias
desviadas dos impostos e destinadas a ajudar na sua “manutenção”.
No ano passado, com um projeto de lei relatado na Câmara pelo deputado Vicente Cândido, do PT, e gerido no Senado por ninguém menos que o senador Romero Jucá, fizeram uma mágica que multiplicou dramaticamente, numa tacada só, os valores que a população deste país será obrigada a entregar aos políticos no decorrer de 2018. É uma conquista notável para os anais da arte de roubar. Quatro anos atrás a mesada anual das gangues que fazem o papel de “partidos” no Congresso Nacional era de 300 milhões de reais. Foi aumentando, aumentando, e agora, diante da necessidade de “defender a democracia”, está reforçada por estes novos 1,7 bi. A desculpa é que há eleições este ano e as doações de “caixa 2”, imaginem só, foram proibidas pelos nossos tribunais superiores. É mais ou menos assim: como está teoricamente mais difícil praticar crime eleitoral, chama-se o público para fornecer o dinheiro que os criminosos desembolsavam até agora.
No ano passado, com um projeto de lei relatado na Câmara pelo deputado Vicente Cândido, do PT, e gerido no Senado por ninguém menos que o senador Romero Jucá, fizeram uma mágica que multiplicou dramaticamente, numa tacada só, os valores que a população deste país será obrigada a entregar aos políticos no decorrer de 2018. É uma conquista notável para os anais da arte de roubar. Quatro anos atrás a mesada anual das gangues que fazem o papel de “partidos” no Congresso Nacional era de 300 milhões de reais. Foi aumentando, aumentando, e agora, diante da necessidade de “defender a democracia”, está reforçada por estes novos 1,7 bi. A desculpa é que há eleições este ano e as doações de “caixa 2”, imaginem só, foram proibidas pelos nossos tribunais superiores. É mais ou menos assim: como está teoricamente mais difícil praticar crime eleitoral, chama-se o público para fornecer o dinheiro que os criminosos desembolsavam até agora.
Note o leitor que os partidos queriam 3,5 bilhões de reais, e o PT
exigia até 6 bi, ao fixar o valor do
“Fundo” numa porcentagem do orçamento da União. De um jeito ou de outro, é bom
para as “ORCRIMs”, bom para os
políticos e ruim para todos nós. Este dinheiro tem de sair de algum lugar, e
este lugar é o nosso
bolso. Também não pode ser duplicado. Se foi para os partidos é porque não foi
para ninguém mais; no caso de 2018, quase 500
milhões de reais foram desviados das áreas de saúde e educação para o cofre
dessas figuras que estão se propondo a salvar o Brasil. O fabuloso “Estado”
brasileiro, essa entidade sagrada para o pensamento da esquerda nacional, não
tem dinheiro para comprar um rolo de esparadrapo. Mas tem, de sobra, para dar a
qualquer escroque que consegue o registro de uma candidatura.
A isso o PT e a
esquerda em geral dão nome de conquista democrática popular ― é o prodigioso “financiamento
público das campanhas eleitorais”, que segundo o seu
evangelho elimina a influência “das grandes empresas” nas eleições, etc. e tal.
É um espanto, pois o PT foi o mais
voraz de todos os tomadores de dinheiro de empreiteiras de obras e outros
magnatas que jamais passou pela política brasileira. Agora, está avançando
também em cima dos impostos pagos pela população ―
e faz isso com o apoio apaixonado dos seus piores inimigos na cena política, os famosos “eles” amaldiçoados por Lula há mais de 30 anos e acusados de criar todas as
desgraças do
Brasil. É uma atração e tanto. Derruba até figuras com os teores de pureza
revolucionária da candidata Manuela
D’Ávila, que faz cara de horror diante da hipótese de sujar as mãos com
essas sórdidas questões financeiras. Prefere enfiar as mesmas mãos diretamente
no nosso bolso ― como se assim o dinheiro roubado ficasse limpo. Da direita
velha nem adianta falar; roubar é
o seu destino. Mas quando a jovem de esquerda age igual, e nem se dá o trabalho
de disfarçar, é que a coisa está realmente preta.
Para concluir, relembro a pergunta que deixei no ar na
postagem anterior, sobre o motivo pelo qual Lula continua figurando nas pesquisas de intenção de voto, e cito a
explicação com que a jornalista Dora
Kramer nos brindou, em sua coluna, na revista Veja desta semana:
O político, muito mais
que o poeta aludido por Fernando Pessoa, é um fingidor. Exagero? Não é o que nos
dizem os candidatos e partidos de maior visibilidade no cenário político-eleitoral
de um Brasil em fase de completa (e, dependendo do ponto de vista, benfazeja)
desordem eleitoral. Todos simulam tão completamente que fingem padecer de um mal
que realmente sentem. Há dor maior para o PT
que ter seu único ativo transformado em passivo prisioneiro? Pois ele prefere
fazer de conta que anda tudo muito bem, que a candidatura prossegue em busca de
um vice e de um programa de governo, adiando o confronto com a realidade para
um momento de “maior impacto”, mais próximo das eleições. (O grifo é meu).
Longe ou perto, que “impacto”
objetivo provocaria tal gesto? De maneira concreta, nenhum. Pelo seguinte:
hoje, Lula não pode concorrer. Mas
vamos que possa disputar por obra de recursos judiciais e, assim, vença. Se
ganhar, não governará, dada a sua condição de presidiário. De onde a resultante
eleitoral seria nula, a menos que se aventasse a hipótese inconstitucional de a
Justiça aceitar revogarem-se os votos. Diante de tal impossibilidade, por que,
então, Lula segue candidato? Simples:
para que o nome dele se mantenha nas pesquisas e, com isso, se prolongue o mito
de “líder popular”, ainda que na realidade não lidere sequer o próprio destino.
Transita-se, nesse quadro, em pura fantasia. (O grifo é meu).
Vendem-se tantos
terrenos na Lua quantos crédulos estiverem dispostos a comprá-los,
independentemente do campo político-ideológico a que pertencem. Há os que
acreditam na verborragia supostamente inteligente e consistente de um Ciro Gomes que promete luta inclemente
contra o fisiologismo do Congresso, a revogação de “medidas golpistas” e a
queda dos juros bancários mediante “poderes imperiais” conferidos ao
presidente, segundo ele, em seus primeiros seis meses de governo. Há os que acreditam
na pregação violenta de Jair Bolsonaro
e os que creem piamente na proposta de uma “união de centro” sem candidato nem
amálgama de unidade à vista. Bem-intencionados, cujas intenções não se mostram
explícitas ou factíveis num Brasil radicalizado pela natureza dos fatos e dos
constantes maus-tratos por parte do poder público.
Muito poucos, porém, acreditam no governo Temer. Mais especificamente, 5% das
pessoas consultadas nas pesquisas de opinião. Pouco? Muito menos ― 1% ― se
dispõe a votar em seu ex-ministro da Fazenda, cujo principal ativo é não ter
nada a perder a não ser um bocado de dinheiro, pois foi aceito candidato do MDB
por financiar a própria candidatura e liberar o dinheiro do fundo partidário
para os correligionários. Michel Temer afirmou que
os emedebistas ficam obrigados a se engajar na campanha de Meirelles, sob o
risco de punição. De quem? De Temer,
que não dispõe de nenhuma munição.