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terça-feira, 26 de novembro de 2019

LULA-LIVRE, O PARTIDO DOS BOLSONAROS E OUTRAS VERGONHAS NACIONAIS


Jair Bolsonaro é a personificação da beligerância, mas não vem respondendo à altura aos ataques de Lula-Solto nem permitindo que seu pitbull o faça. Depois de levar uma carraspana do pai por criticar o STF, o duble de vereador carioca, assessor de comunicações palaciano e guardião das senhas das contas presidenciais nas redes sociais desativou as suas próprias. O motivo? O papai-presidente não quer aborrecer os togados supremos que blindaram seu primogênito das investigações no caso "caso Queiroz".

Entrementes, Lula aposta na dicotomia para chegar vivo à próxima eleição. Durante os 580 dias que passou hospedado na PF em Curitiba, o picareta usou a sala VIP que lhe foi reservada como diretório político-partidário, comitê de campanha e palco para entrevistas, e continuou no comando absoluto do PT. Foi ele quem decidiu que Gleisi Hoffmann seria a presidente do partido e que o candidato à presidência da República seria Fernando Haddad. Agora, solto graças a uma manobra da facção pró-crime do STF, o salafrário vai baixar ordens com muito mais desenvoltura. Prova disso é que já resolveu que a disputa da prefeitura de São Paulo, se não tiver outro poste, sobrará para o mesmo Haddad.

Observação: Lula é mais que um chefe de partido, ele é o Deus de uma seita monoteísta.

Mesmo impedido de disputar eleições, o verme vermelho, solto, tem melhores condições de influenciar o cenário político e galvanizar a fatia do eleitorado que se identifica com a corrente de pensamento do PT e seus satélites. Daí serem preocupantes seus discursos, que fedem a ódio e revanchismo como fede a podre o bafo de um chacal.

Bolsonaro atribui à ditadura o erro de torturar demais e matar de menos. Em 2016, depois de ser conduzido coercitivamente à PF do Aeroporto de Congonhas para prestar depoimento, o mequetrefe pernambucano ensinou o caminho das pedras: “Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça. Bateram no rabo, e a jararaca está viva como sempre esteve”. Infelizmente, ninguém aprendeu a lição, embora seja público e notório que não se controla a hidrofobia acorrentando o cão raivoso, mas, sim, sacrificando o animal. Divorciado do “Lulinha Paz e Amor” e das diretrizes de seu primeiro mandato, o carcinoma maligno volta a dar sinais de metástase (prova disso é o périplo da caravana de Lula pelo Brasil). Da feita que nem rádio nem quimioterapia se provaram eficazes no tratamento, é imperativo extirpar o tumor para não perder o paciente.

Bolsonaro, que foi eleito graças ao discurso anti-Lula e anti-PT, tende a se beneficiar desse cenário inflamado, pois sua capacidade de produzir crises sem motivo e turbulências desnecessárias já vinha decepcionando a parcela da população que acreditou que o capitão caverna adquirisse maturidade no cargo (ou que seus auxiliares conseguiriam domá-lo). Só que o país nada tem a ganhar com essa nova declaração de guerra entre os extremistas extremados — nem, muito menos, com a antecipação da campanha presidencial de 2022, que pode atrapalhar a tramitação de propostas importantes, como as reformas fiscal e eleitoral.

A perspectiva de um retorno da esquerda ao poder ainda leva o eleitorado que transformou um obscuro deputado do baixo-clero no mais novo inquilino do Palácio do Planalto a tapar o nariz e seguir a seu lado, sobretudo porque tem vívida na memória a pior recessão econômica da história e os monumentais casos de corrupção gestados e paridos pelas administrações petistas. Talvez o cenário fosse menos desastroso se o centro político-ideológico não carecesse de um líder que representasse uma opção viável a essa estapafúrdia polarização. Embora houvesse diversos postulantes que poderíamos ter experimentado — como João Doria, Luciano Huck, João Amoedo, Ciro Gomes, Wilson Witzel, entre outros —, nenhum deles tinha envergadura eleitoral suficiente para canalizar e seduzir os brasileiros desgostosos com a limitação política da dobradinha Lula x Bolsonaro.

Em vez de governar o país, nosso brioso capitão vem se mostrando mais preocupado com questiúnculas familiares e pessoais, em fritar aliados, terminar amizades de longa data e, paradoxalmente, manter no ministério figurinhas carimbadas com a pecha do laranjal pesselista. Dias atrás, para dar mais uma "esnobada" na ONU, sua excelência resolveu não dar as caras na COP-25 (a cúpula do clima), marcada para dezembro em Madri. Ao que tudo indica, o Brasil será representado nessa efeméride pelos luminares Ernesto Araújo e Ricardo Salles (só faltava enviar também certo candidato a diplomata fritador de hambúrgueres).

Numa clara disputa por poder dinheiro do fundo partidário, Bolsonaro se desligou do oitavo partido a que foi filiado em 3 décadas na política e vem tentando criar uma sigla para chama de sua. O nome é "Aliança pelo Brasil" — porque, segundo O Sensacionalista, batizar a nascitura agremiação de PB (Partido dos Bolsonaros) pegaria mal. A prioridade do capitão, agora, é colher as 500 mil assinaturas necessárias ao registro do partido. As buscas têm sido feitas em perfis antipetistas nas redes sociais e até em hospícios (onde, dizem as más línguas, Bolsonaro recrutou Damares Alves, Abraham Weintraub e outros próceres que integram seu ministério.

José Simão sugere outros nomes para a agremiação do presidente: 1) PPL — Partido dos porras-loucas; 2) PSJ — Partido do Seu Jair; 3) PIROCAPartido das Ideias Reacionárias do Olavo de Carvalho; 4) PBPP — Partido Brasileiro da Piada Pronta; 5) PAL — Partido dos Amigos dos Laranjas; 6) PUM — Partido da União Miliciana. Escolha um deles ou sugira o seu, por que não?

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

HONESTIDADE PRA INGLÊS VER



Manifestações aconteceram ontem em São Paulo, Rio e Brasília, marcadas por declarações em defesa do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Sérgio Moro. Em Sampa, do alto dos carros de som, representantes de grupos como Movimento Direita Digital, Movimento República de Curitiba e Movimento Conservador puxavam coros como “Fora Gilmar!”, “Mito” (em referência a Bolsonaro) e “Moro presente”. Também defenderam a volta de Lula para a prisão. Ao lado do carro de som localizado na altura do Masp, foi inflado um boneco com os rostos de Gilmar, Lula e José Dirceu. Neste ponto da Paulista, manifestantes citaram o “guru” bolsonarista Olavo de Carvalho e também dirigiram ataques ao presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli. No outro ponto, uma enorme bandeira tinha inscrição de “Impeachment Gilmar”. Algumas pessoas jogaram tomates em cartazes que representavam ministros da Corte. Os atos foram encerrados por volta das 17h, sem registro de incidentes.

Em Brasília, segundo a PM, o ato reuniu entre 800 e 1 mil pessoas. Pela manhã, a chuva comprometeu a manifestação, mas à tarde, o grupo voltou a se concentrar em frente ao Congresso Nacional, por volta das 17 horas. Vestindo verde e amarelo, os manifestantes carregavam faixas com dizeres como “juiz que solta ladrão é inimigo da nação”, “Gilmar Mendes, impeachment já”, “fora corruPTos” e “prisão em segunda instância já”. Dois carros de som conduziram os manifestantes até o Palácio do Supremo. Boa parte vestia camisetas com foto do ministro Sérgio Moro e a frase “caçador de corruptos”. Os manifestantes rezaram o “Pai Nosso” e carregaram uma bandeira gigante com as cores verde e amarela. Por volta das 19h, encerraram o ato cantando o Hino à Bandeira Nacional.

No Rio, Gilmar foi chamado de "inimigo número um do Brasil". As manifestação pedindo o impeachment do semideus togado ocorreu pela manhã, na praia de Copacabana. Organizado pelo Movimento Nas Ruas, Movimento Conservador e Movimento Brasil Conservador, o evento contou com dois carros de som, mas o número de participantes foi pequeno (talvez em virtude do feriado prolongado, talvez devido ao desalento da população com essa situação de merda). Os gatos pingados que compareceram vestiam verde e amarelo e repetiam slogans coo “Gilmar Mendes vai cair” e “Fora Gilmar Mendes”. A maritaca de Diamantino também foi chamada de “inimigo número um do Brasil”, e o ato tinha um boneco inflável gigante do ex-presidente Lula, com os dizeres “cafetão de Gilmar”.


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Depois de passar 11 anos no exército — e 15 dias na cadeia em 1986, por ter escrito um artigo publicado na revista Veja sob o título “O salário está baixo” —, o então capitão Jair Messias Bolsonaro reformou-se e ingressou na vida pública como vereador. Ficou dois anos na Câmara Municipal antes de vencer a primeira das 7 eleições para deputado federal que disputou, passou por 8 partidos (PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e PSL) e, se conseguir criar a sua própria legenda, a "Aliança pelo Brasil" será sua nona sigla em 3 décadas de vida pública.

O partido ainda nem veio à luz e já está, por assim dizer, enlameado: o primeiro-filho Flávio encaminhou pedido de desfiliação ao PSL. Guiando-se pelos passos do pai, levará para dentro da nova legenda o rastro pegajoso do inquérito em que é acusado de peculato e dinheiro, juntamente com a assombração do PM Fabrício Queiroz e seus vínculos com a milícia carioca.

Para inglês ver, esse novo partido "é o sonho e a inspiração de pessoas leais ao presidente Jair Bolsonaro de unir o país com aliados em ideais e intenções patrióticas", e tem como objetivo "o resgate de um país massacrado pela corrupção e pela degradação moral contra as boas práticas e os bons costumes". Balela! Se a preocupação do capitão fosse com a corrupção — representada, no caso, pelo "laranjal do PSL" —, por que, então, Marcelo Álvaro Antônio continua ministro do Turismo?

Não se pode levar a sério essa lorota de "um país massacrado pela corrupção e pela degradação moral", e o tal "sonho e inspiração de pessoas leais ao presidente Jair Bolsonaro" cheira a uma iniciativa personalista. Portanto, o nome mais adequado para a legenda seria PC — não de Partido Comunista, mas de Partido do Capitão.

A aposta do presidente é lamentável e desnecessária. É lamentável porque já existem 32 partidos no Brasil, e todos têm em comum o fato de serem execrados pela sociedade. Se Bolsonaro for bem sucedido, haverá 33 legendas no caldeirão. A iniciativa é desnecessária porque o capitão aposta que terá o mesmo êxito que obteve em 2018. Isso só vai acontecer se houver no Brasil desemprego baixo e geladeira cheia. Nessa hipótese, Bolsonaro se reelegeria por qualquer partido. Mas não será perdendo tempo com a criação de uma legenda hipoteticamente nova que atingirá a prosperidade.

Há partidos demais no Brasil, e o que Bolsonaro quer criar está sendo usado para possibilitar sua saída e a de familiares e devotos do PSL de Bivar no meio de uma briga pelo controle dos bilhões dos fundões públicos. Para combater crime nas organizações partidárias não se deve fundar nova legenda, mas extinguir os fundões públicos que financiam sua organização e suas campanhas e pôr para funcionar cláusula de barreiras o mais breve possível.

As organizações partidárias não representam os eleitores, assim como os sindicatos não representam os trabalhadores. Trata-se, em ambos os casos, de empresas sustentadas com dinheiro público e que têm como finalidade precípua encher as burras de seus donos. Os partidos só deixarão de ser organizações criminosas quando a fonte de recursos em seus cofres secar e for adotada a medida profilática da cláusula de barreiras para deter a proliferação das legendas para uso privado. Ninguém espere que a futura sigla cumpra esse papel.

Com Josias de Souza e José Nêumanne.