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terça-feira, 26 de novembro de 2019

LULA-LIVRE, O PARTIDO DOS BOLSONAROS E OUTRAS VERGONHAS NACIONAIS


Jair Bolsonaro é a personificação da beligerância, mas não vem respondendo à altura aos ataques de Lula-Solto nem permitindo que seu pitbull o faça. Depois de levar uma carraspana do pai por criticar o STF, o duble de vereador carioca, assessor de comunicações palaciano e guardião das senhas das contas presidenciais nas redes sociais desativou as suas próprias. O motivo? O papai-presidente não quer aborrecer os togados supremos que blindaram seu primogênito das investigações no caso "caso Queiroz".

Entrementes, Lula aposta na dicotomia para chegar vivo à próxima eleição. Durante os 580 dias que passou hospedado na PF em Curitiba, o picareta usou a sala VIP que lhe foi reservada como diretório político-partidário, comitê de campanha e palco para entrevistas, e continuou no comando absoluto do PT. Foi ele quem decidiu que Gleisi Hoffmann seria a presidente do partido e que o candidato à presidência da República seria Fernando Haddad. Agora, solto graças a uma manobra da facção pró-crime do STF, o salafrário vai baixar ordens com muito mais desenvoltura. Prova disso é que já resolveu que a disputa da prefeitura de São Paulo, se não tiver outro poste, sobrará para o mesmo Haddad.

Observação: Lula é mais que um chefe de partido, ele é o Deus de uma seita monoteísta.

Mesmo impedido de disputar eleições, o verme vermelho, solto, tem melhores condições de influenciar o cenário político e galvanizar a fatia do eleitorado que se identifica com a corrente de pensamento do PT e seus satélites. Daí serem preocupantes seus discursos, que fedem a ódio e revanchismo como fede a podre o bafo de um chacal.

Bolsonaro atribui à ditadura o erro de torturar demais e matar de menos. Em 2016, depois de ser conduzido coercitivamente à PF do Aeroporto de Congonhas para prestar depoimento, o mequetrefe pernambucano ensinou o caminho das pedras: “Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça. Bateram no rabo, e a jararaca está viva como sempre esteve”. Infelizmente, ninguém aprendeu a lição, embora seja público e notório que não se controla a hidrofobia acorrentando o cão raivoso, mas, sim, sacrificando o animal. Divorciado do “Lulinha Paz e Amor” e das diretrizes de seu primeiro mandato, o carcinoma maligno volta a dar sinais de metástase (prova disso é o périplo da caravana de Lula pelo Brasil). Da feita que nem rádio nem quimioterapia se provaram eficazes no tratamento, é imperativo extirpar o tumor para não perder o paciente.

Bolsonaro, que foi eleito graças ao discurso anti-Lula e anti-PT, tende a se beneficiar desse cenário inflamado, pois sua capacidade de produzir crises sem motivo e turbulências desnecessárias já vinha decepcionando a parcela da população que acreditou que o capitão caverna adquirisse maturidade no cargo (ou que seus auxiliares conseguiriam domá-lo). Só que o país nada tem a ganhar com essa nova declaração de guerra entre os extremistas extremados — nem, muito menos, com a antecipação da campanha presidencial de 2022, que pode atrapalhar a tramitação de propostas importantes, como as reformas fiscal e eleitoral.

A perspectiva de um retorno da esquerda ao poder ainda leva o eleitorado que transformou um obscuro deputado do baixo-clero no mais novo inquilino do Palácio do Planalto a tapar o nariz e seguir a seu lado, sobretudo porque tem vívida na memória a pior recessão econômica da história e os monumentais casos de corrupção gestados e paridos pelas administrações petistas. Talvez o cenário fosse menos desastroso se o centro político-ideológico não carecesse de um líder que representasse uma opção viável a essa estapafúrdia polarização. Embora houvesse diversos postulantes que poderíamos ter experimentado — como João Doria, Luciano Huck, João Amoedo, Ciro Gomes, Wilson Witzel, entre outros —, nenhum deles tinha envergadura eleitoral suficiente para canalizar e seduzir os brasileiros desgostosos com a limitação política da dobradinha Lula x Bolsonaro.

Em vez de governar o país, nosso brioso capitão vem se mostrando mais preocupado com questiúnculas familiares e pessoais, em fritar aliados, terminar amizades de longa data e, paradoxalmente, manter no ministério figurinhas carimbadas com a pecha do laranjal pesselista. Dias atrás, para dar mais uma "esnobada" na ONU, sua excelência resolveu não dar as caras na COP-25 (a cúpula do clima), marcada para dezembro em Madri. Ao que tudo indica, o Brasil será representado nessa efeméride pelos luminares Ernesto Araújo e Ricardo Salles (só faltava enviar também certo candidato a diplomata fritador de hambúrgueres).

Numa clara disputa por poder dinheiro do fundo partidário, Bolsonaro se desligou do oitavo partido a que foi filiado em 3 décadas na política e vem tentando criar uma sigla para chama de sua. O nome é "Aliança pelo Brasil" — porque, segundo O Sensacionalista, batizar a nascitura agremiação de PB (Partido dos Bolsonaros) pegaria mal. A prioridade do capitão, agora, é colher as 500 mil assinaturas necessárias ao registro do partido. As buscas têm sido feitas em perfis antipetistas nas redes sociais e até em hospícios (onde, dizem as más línguas, Bolsonaro recrutou Damares Alves, Abraham Weintraub e outros próceres que integram seu ministério.

José Simão sugere outros nomes para a agremiação do presidente: 1) PPL — Partido dos porras-loucas; 2) PSJ — Partido do Seu Jair; 3) PIROCAPartido das Ideias Reacionárias do Olavo de Carvalho; 4) PBPP — Partido Brasileiro da Piada Pronta; 5) PAL — Partido dos Amigos dos Laranjas; 6) PUM — Partido da União Miliciana. Escolha um deles ou sugira o seu, por que não?

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

LULA LÁ



Coerência é artigo em falta nas prateleiras do presidente Bolsonaro, que, entre outras falas paradoxais, negou o golpe militar de 64, mas reconheceu que a ditadura errou por torturar demais e matar de menos. Hipocrisia à parte, assiste alguma razão ao nosso indômito capitão, sobretudo porque a "abertura" deu azo à volta de personae non gratae e a criação de partidos "de esquerda", como o Partido dos Trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não pensam e seus execráveis satélites.

Em 1988, sob efeito da formidável ressaca resultante de duas décadas de repressão, nossa nova Carta Magna foi recheada benefícios sem que a fonte dos recursos que os sustentariam fosse apontada, e trouxe a reboque uma política pública de produção de leis, regras e regulamentos divorciadas do mundo real e escritas para fomentar o crime e favorecer os criminosos. E como nada nunca é tão ruim que não passa piorar, o STF guindou esta banânia à condição de única democracia no mundo com 13 Poderes: O Executivo, o Legislativo e 11 ministros supremos que muito falam, pouco fazem e raramente se entendem.

Saliento que tenho o maior respeito pelo Supremo como instituição, mas não por seus membros, sobretudo na composição atual, que é a pior de todos os tempos, como comprovam a distribuição de habeas corpus em massa, a anulação de sentenças em processos onde réus delatados não apresentaram suas razões finais depois dos delatores (não existe absolutamente nada na legislação brasileira que dê suporte a esse entendimento absurdo), a reversão da jurisprudência sobre a prisão em segunda instância e, mais recentemente, a proibição liminar e monocrática do compartilhamento de informações pela UIF e Receita Federal com o MP e a PF sem prévia autorização judicial. Pelo menos esse jabuti deve cair da árvore, mas o julgamento vem se arrastando e só será concluído antes do recesso do Judiciário se os ministros que ainda não votaram deixarem de lado a poesia e se pronunciem de maneira clara e concisa — restam 8 sessões até o encerramento do ano judiciário ainda há 9 magistrados a votar.

Contribuiu para o Supremo se tornar um ninho de cobras a cizânia fomentada pelo maior câncer que já presidiu esta banânia e, ao deixar o posto, fez eleger a mãe de todas as calamidades, visando manter sua poltrona aquecida até que ele próprio pudesse voltar a ocupá-la, e foi graças à facção pró-crime dos togados que esse abjeto carcinoma retornou à atividade depois de passar 580 dias preso na sala VIP da Superintendência da PF em Curitiba, embora sua breve reclusão jamais o impediu de explorar politicamente sua situação, nem de transformar a cela em escritório político, sede de comitê de campanha, sala de entrevistas e por aí afora. Com a cara de pau que Deus lhe deu e demônio lustrou, a autodeclarada alma viva mais honesta do Brasil afirmou candidamente que a cadeia o transformou "numa pessoa melhor".

Horas depois do voto de minerva do eminente ministro Dias Toffoli, o sevandija vermelho subiu num palanque improvisado por apoiadores e, no melhor estilho "encantador de burros", destilou seu ódio contra Jair Bolsonaro, Sérgio Moro, a Lava-Jato; no dia seguinte, já em São Bernardo do Campo — para onde voou num luxuoso jatinho da empresa da empresa Brisair Serviços Técnicos Aeronáutica, pertencente ao casal de apresentadores globais Luciano Huck e Angélica —, repetiu a dose defronte ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e, na sequência, saiu em caravana Brasil afora para espalhar seu veneno.

Na capital de Pernambuco, seu estado de origem (num hotel de luxo da praia da Boa Viagem, o bairro mais chique da cidade, é claro), o cancro sifilítico petista levou ao delírio seus miquinhos amestrados com seguinte troçulho: “Eu não queria falar de política num festival cultural e eu queria assistir ao povo exaltar toda a sua ternura por esse país maravilhoso. Eu hoje sou um homem melhor do que aquele que entrou na cadeia, sou mais maduro, sou um homem que aprendi que nada derrota as pessoas que se amam nesse país. Nós não vendemos ódio, vendemos amor, paixão. É muito coração nessa história”.

Enfiado no fundo de um desses ônibus de luxo com vidro escuro para ninguém ver nada dentro, aprontava-se o morfético para partir rumo ao que, aparentemente, seria um compromisso de sua nova peregrinação pelo Brasil, com a qual imagina atrair as massas e voltar a ser o que foi um dia. Porém, em vez de ouvir o aplauso da multidão, ouviu o que tem ouvido sempre que sai à rua: “Lula, ladrão, teu lugar é na prisão”. Na verdade, não havia multidão nenhuma — só um grupo de gente vestida de verde e amarelo, mandando o ex-presidente para o raio que o parta. Sabe lá Deus — ou o Diabo? — onde estavam os milhares e milhões de “brasileiros do povo”, os “pobres”, os “desesperados” com o governo”, que deveriam ter aparecido para dar força ao ex-presidente. E isso no coração do Nordeste, onde Lula, com o apoio dos “institutos de pesquisa de opinião”, sempre diz que tem 120% de popularidade. Talvez seja melhor no interiorzão. Talvez não seja tão ruim da próxima vez. Quiçá o sofrido e inculto povo nordestino acorde e se dê conta de que precisa carregar Lula em triunfo. Mas ainda não rolou.

Pouco antes de ser preso, Lula teve uma das suas piores ideias — fazer uma “caravana” pelos estados do Sul. Acabou escorraçado de lá na base da pedrada. Precisa tomar cuidado para a história não começar de novo nas “caravanas” que tenciona fazer daqui por diante. Isso sem mencionar que, a caminho de novos e desconhecidos horizontes na política brasileira e mundial, pelo que se lê ou se ouve no noticiário, o safardana tem uma porção de obstáculos práticos pela frente. Há problemas com o Código Penal, com a lei eleitoral e com a não-capacidade do seu partido et caterva de aprovar leis no Congresso ou decidir votações na Câmara e no Senado. Será necessária uma assistência praticamente integral do STF para resolver encrencas que vão de seus próximos processos criminais à condição de político ficha suja — e, portanto, inelegível, pelo menos segundo o que está escrito hoje.

Como bem salientou J.R. GuzzoLula sabe que vai bombar nas próximas sondagens de “intenção de voto”, “popularidade”, “imagem”, etc. encomendadas aos Ibopes e Datafolhas por uma dessas confederações nacionais de alguma coisa que você encontra em qualquer esquina. Já deve saber, também, que os especialistas em algoritmos têm números imensos sobre a sua presença nas redes sociais. Nos últimos doze meses, apesar de todos os pesares a “tração” do presidente Jair Bolsonaro foi mais de 40 vezes maior que a dele. Nas 72 horas seguintes ao seu alvará de soltura, o chefe do quadrilhão vermelho teria passado à frente do inimigo, mas os números dos institutos são sempre uma revelação sobrenatural, e o próprio Lula já se acostumou há muito tempo a não colocar a mão no fogo, nem perto, em relação a eles. Quanto ao algoritmo que mede a capacidade de um agente digital propagar em ondas sua circulação na internet, o problema é o seguinte: estão falando muito de mim, mas estão falando bem ou mal? Essa vida é mesmo complicada.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

POR QUE NÃO TE CALAS?


A penúltima estultice de Zero Três (porque a última ainda está por vir) foi atear fogo num tanque de gasolina ao prever que o Brasil pode precisar de um novo AI-5. Mas será mesmo uma estultice, considerando o papelão que o STF fez na última quinta-feira, quando, por 6 votos a 5, resolveu tratar dos interesses de seus bandidos de estimação em detrimento dos anseios da sociedade? Talvez fosse o caso de estudar isso melhor, sem paixões nem hipocrisias. Fica aqui o convite.

O texto a seguir foi publicado por J.R. Guzzo no jornal Metrópoles e selecionado por mim para abrilhantar esta postagem. Ele perdeu relevância depois do julgamento da prisão em segunda instância, mas vou publicá-lo mesmo assim  primeiro, porque a matéria estava pronta; segundo, porque uma rizoartrose resolveu me infernizar a vida. Aliás, não estranhem se eu suspender as publicações até que digitar no teclado e operar o mouse deixem de ser tarefas tão dolorosas quanto assistir impassível a um bando de canalhas articular a restauração do império da criminalidade, revertendo o Brasil ao que ele foi nos últimos 500 anos e, ao que parece, está fadado a continuar sendo por outros tantos: uma republiqueta de bananas comandada por criminosos da pior espécie.

Se o rei da Espanha ainda fosse o o rei da Espanha, se encontrasse o deputado Eduardo Bolsonaro numa esquina de Brasília e se lembrasse da pergunta mais interessante que fez em sua vida – alguns anos atrás, para o ditador da Venezuela na época – bem que poderia dizer ao filho do presidente: “Por que não te calas?”
 

O deputado, mais uma vez, jogou fósforo num tanque de gasolina ao prever que o Brasil pode vir a precisar de um novo AI-5 para conter o extremismo de esquerda  um despropósito que só serviu para armar mais uma onda de indignação contra o “DNA ditatorial desse governo que está aí”, sincera em uns casos, hipócrita em outros, mas com certeza 100% desnecessária.

Eduardo Bolsonaro, como 512 outros deputados brasileiros, tem o direito de falar o que bem entende – e, mais ainda, não pode ser punido pelo que diz, pois tem a imunidade parlamentar que protege o direito de expressão no Congresso. É certo, também, que muitos dos seus inimigos à esquerda passam a vida dizendo barbaridades até piores.

Mas toda vez que ele fica quieto ajuda um colosso – ao sossego público, ao governo e ao próprio pai. Muita gente, em agradecimento às graças recebidas, faz promessas de ficar um ano inteiro sem comer doce, ou coisas assim. Eduardo bem que poderia prometer a si e a nós todos que vai passar os próximos 365 dias sem abrir a boca.

Em outro texto, Guzzo diz que "deve haver um sapo com a boca amarrada ou algum outro despacho feio enterrado num lugar qualquer da sala onde reinam os procuradores-gerais da República neste país". Até algum tempo atrás, ninguém sabia quem era a figura; hoje, o cargo de “PGR”, como se diz, é uma fábrica que parece trabalhar três turnos diários na produção de coisas desenhadas para prejudicar o Brasil, os brasileiros e a decência comum". Impossível negar razão ao colunista. Basta lembrar que um dos mais esquisitos deles todos confessou que, em pleno exercício do cargo, entrou armado no STF com o propósito de dar “um tiro na cara” de Gilmar Mendes e se suicidar em seguida. Mas não fez nem uma coisa, nem outra (se tivesse feito, duvido que alguém estivesse chorando de saudades de um ou do outro).

O PGR da vez, indicado por Bolsonaro por alguma razão incerta e não sabida — dada sua simpatia pelo PT e ressalvas feitas à lava Lava-Jato —, parece afetado pela mesma mandinga, mas, nesse caso, trata-se de uma compulsão para insultar quem lhe paga o salário. Para resumir a ópera, Augusto Aras classificou de crime hediondo a mera ideia de que os procuradores da República deixem de ter 60 dias de férias por ano e passem a ter 30, como os demais brasileiros. Segundo ele, o trabalho dos procuradores é “exaustivo” e, por isso, exige pelo menos o dobro das férias devidas aos seres humanos comuns. Como se não bastasse, ameaçou o Congresso de “represálias” se for levado adiante algum projeto de lei que acabe com essa aberração.

Mudando de um ponto a outro, o clã Bolsonaro ainda não perdeu uma única oportunidade de criar um clima propício a tentativas golpistas. Nos recentes episódios do leão e as hienas e da alusão infeliz de Zero Três ao AI-5, a Teoria da Separação dos Poderes, de Montesquieu — segundo a qual pesos e contrapesos impedem que um deles tente avançar sobre os demais — tem funcionado. Até quando, porém, só Deus sabe. Como disse Merval Pereira, isso lembra a anedota do sujeito que cai do 15º andar de um edifício e, ao passar pelo 10º, diz a um morador que o observava da janela: "até aqui, tudo bem".

Ao escolher seu ministério, o capitão demonstrou apreço por colegas de farda que conhecia de longa data. Passados dez meses, devolveu para a caserna ou para o pijama pelo menos meia dúzia deles. O penúltimo foi o quatro estrelas Maynard Marques de Santa Rosa, que deixou a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência. Antes dele, foram defenestrados Franklimberg de Freitas (Funai), Juarez Cunha (Correios), João Carlos Jesus Corrêa (Incra) e Marco Aurélio Vieira (Secretaria Especial de Esporte). Segundo Josias de Souza, o general Santos Cruz, precursor de Santa Rosa, foi substituído pelo também estrelado Luiz Eduardo Ramos, que já recebeu da deputada Joyce Hasselmann um alerta: "Você será o próximo".

A conversão de oficiais da reserva em funcionários civis despertou muita expectativa. Os pessimistas apostavam na militarização camuflada de um governo supostamente civil. Os otimistas contavam com o talento dos ex-companheiros de caserna para civilizar um presidente que se considera militar a despeito de ter sido excluído da tropa por indisciplina. Frustraram-se todas as apostas. Nem o governo se militarizou, nem o presidente foi civilizado. Abriu-se uma terceira via, que conduz os generais gradativamente à porta de saída sob dois pretextos, ambos humilhantes: hipotética incompetência ou manifesta incompatibilidade com o alto-comando ideológico do governo, chefiado por Olavo de Carvalho desde o estado americano da Virgínia. 

Este governo tornou-se um martírio para os generais, que, ou saem com a fama de incompetentes, ou com a pecha de melancia (verde por fora, vermelho por dentro). Para ficar, precisam se infiltrar no meio dos insensatos — sensível ao efeito Orloff produzido pela exoneração dos colegas de farda, o general Augusto Heleno se segura na chefia do Gabinete de Segurança Institucional contemporizando com ideias amalucadas como as de Eduardo Bolsonaro. Aliás, se o presidente fosse fã de banho de assento, Heleno já teria se afogado há muito tempo.

O problema é que quem assiste à essa tragicomédia da platéia já não consegue distinguir quem é quem no palco. Num governo assim, convertido em zona de guerra, bater em retirada tornou-se a melhor estratégia para os estrelados.  

Volto a este assunto numa próxima postagem — só não sei dizer se amanhã ou na semana que vem, já que dia sim, outro também, surge um novo escândalo com potencial para causar repercussões que devem ser discutidas de plano, sob pena de serem atropeladas pelo próximo escândalo de muitos outros que virão enquanto esta banânia existir e seu povo não aprender a votar.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

OS RATOS PONDO A CULPA NO QUEIJO — DURANTE QUASE NOVE HORAS UM GRUPO DE PARLAMENTARES COMPOSTO EM GRANDE PARTE POR VERDADEIROS ESPECIALISTAS NA ARTE DA CORRUPÇÃO EXIGEM QUE O EX-JUIZ SÉRGIO MORO DEFENDA SUA LISURA



A inquisição a que o Sérgio Moro foi submetido na última quarta-feira, na CCJ do Senado, deve se repetir na Câmara na próxima semana. Como era esperado, desafetos do ministro vêm se aproveitando da situação — no STF, no Congresso e até mesmo no interior do governo — para instigá-lo politicamente e, ao mesmo tempo, pugnar por providências no âmbito dessas instituições. Criminalistas que defendem os denunciados pelo MPF de Curitiba e apenados pelo então juiz da 13ª Vara Federal do Paraná exploram os diálogos para tentar anular condenações e processos pendentes, parecendo não se lembrar, muito convenientemente, de que o material divulgado pelo site esquerdista The Intercept foi obtido de forma criminosa e vem sendo divulgado a conta-gotas de maneira tendenciosa.

Imagina-se — porque ainda não há provas concretas — que o PT, a esquerda e até parlamentares investigados, denunciados e réus na Lava-Jato estejam por traz desse “escândalo” sensacionalista. Por uma série de motivos que já detalhei em outras postagens, esse material, pela forma como foi obtido e publicado, deveria ter como destino a lata do lixo, mas continua repercutindo, dando ânimo à oposição e robustecendo a narrativa que trata Lula como preso político e usa os “inocentes úteis” como massa de manobra para promover manifestações de rua convocadas, supostamente, em defesa da Educação, contra a reforma da Previdência ou por uma greve geral.

A comprovação pelas investigações da PF de que a captação ilegal dos diálogos é apenas parte de uma ação coordenada contra a Lava-Jato, atingindo membros do Judiciário em diversos graus, deu nova conotação política ao episódio. Silvio Meira, um dos maiores especialistas em tecnologia da informação e professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco, diz que “ninguém fez isso sozinho, não aconteceu por acaso, tem um desenho por trás. Havia gente que estava explicitamente dedicada, gastando imaginação, competência técnica, tempo e dinheiro para chegar a essa informação”. Ensina o especialista que o Telegram, que passou a ser muito usado no Brasil depois que o WhatsApp ficou fora do ar por questões judiciais, pode ser seguro quando as mensagens são criptografadas, mas para isso é preciso que o usuário habilite a encriptação no seu terminal, ou elas seguem abertas e podem ser lidas por pessoas não autorizadas. 

Abel Gomes, desembargador do TRF-2 que julga os processos da Lava-Jato no Rio, colocou o dedo na ferida: “Por que os hackers têm mirado apenas autoridades que deram decisões desfavoráveis aos investigados da Lava-Jato?” Também a juíza substituta Gabriela Hardt, que respondeu pela 13ª Vara Federal do Paraná no período entre a exoneração de Moro e a nomeação do juiz federal Luiz Antonio Bonat, foi hackeada e denunciou que essa manobra ilegal contra membros do Judiciário é um atentado à segurança do Estado brasileiro.

A origem do aplicativo também é um mistério. Telegram é o nome da empresa russa criada pelos irmãos Durov — que também criaram o Facebook russo VKontakte. Numa operação um tanto misteriosa, essa empresa foi vendida a outro grupo digital russo, após o que os irmãos deixaram o país e foram para Berlim, de onde também saíram reclamando que as autoridades alemãs não deram visto de trabalho para o seu time — time que hoje ninguém sabe exatamente onde está (a empresa é tocada a partir de Dubai, os demais funcionários estariam espalhados pelo mundo e o paradeiro da infraestrutura da companhia é incerto e não sabido).

Ainda na avaliação de Meira, essa crise chama a atenção para um problema brasileiro, qual seja o fato de que as autoridades não disporem de um sistema de troca de mensagens ou telefone protegido contra ataques de cibercriminosos. O uso do Twitter é um hábito que Bolsonaro copiou de seu ídolo, Donald Trump, mas o presidente norte-americano só usa o Twitter oficial quando trata de assuntos do governo — até porque o uso de meios particulares já deu muita dor de cabeça a Hillary Clinton, que, quando secretária de Estado na gestão de Obama, usava seu endereço eletrônico privado mesmo para assuntos governamentais, quando deveria usar o email oficial (@state.gov). Mas os EUA são os EUA e o Brasil é o Brasil. Nesta republiqueta de bananas, o ataque em massa a diversos membros do MPF e do Judiciário, notadamente no Paraná e no Rio, sugere uma monumental conspiração com o objetivo de acabar com a Lava-Jato — operação que, nas palavras do ministro Edson Fachiné uma realidade que mudou a estrutura do combate à corrupção no Brasil.

No Jovem Pan Morning Show desta quinta-feira, Caio Coppola ponderou que um Congresso com 3% de aprovação popular, infestado de ratos, vermes e parasitas, não tem moral para atacar a conduta de Sérgio Moro. O que se tem, segundo ele, é um homem honesto se explicando por crimes que não cometeu perante um conjunto de especialistas na arte da corrupção. Caio sugere que Moro se dirija aos parlamentares — que, gostemos ou não, foram eleitos e, portanto, representam os idiotas que votaram neles — pelos nomes de código que os identificavam nas planilhas de propina do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, e lembra que, nos cinco minutos que teve para questionar o ministro durante a sessão na CCJ, o senador Oriovisto Guimarães, do Podemos, estabeleceu uma comparação entre ética e legalidade.

O pensamento ético, segundo o parlamentar, avalia as ações humanas na perspectiva de “bem” e “mal”; no pensamento legal, a clivagem é entre dentro e fora da lei. Para ele, o pensamento ético é permeado por questionamentos e não é composto por certezas absolutas, que são mais filhas da fé do que da razão. Em sua análise, a ética está “um degrau acima da lei” e, para ilustrar essa tese, cita a possibilidade de existirem “canalhas legalistas” e o exemplo da escravidão, que era imoral, embora fosse legal. Disse ainda o senador que o país claramente se divide em dois momentos — antes e depois da Lava-Jato —, e que, além da atuação de juízes, policiais e procuradores, a operação também é fruto da incapacidade do brasileiro em continuar vivendo sob um regime patrimonialista, onde há cumplicidade entre empresários e políticos corruptos. Por fim, ele citou o jurista Luis Alberto Warat, que separa neutralidade de imparcialidade e diz ser impossível haver neutralidade por parte dos julgadores, e pediu a Moro que respondesse se seus atos seguiram a imparcialidade exigida constitucionalmente.

O ministro ponderou que as partes envolvidas no processo legal são seres humanos que carregam em si valores e princípios “que vão sempre de alguma maneira influenciar na tomada de atos e decisões no curso do processo”. Sobre a imparcialidade — ou seja, a capacidade do magistrado de proferir decisões segundo as leis e provas, independente de que sejam as partes —, Moro reafirmou que isso foi mantido na operação Lava-Jato desde o início. Em sua réplica, o senador disse estar “plenamente convencido da imparcialidade de Sergio Moro”. Para não prolongar demais esta postagem, veja detalhes no vídeo a seguir:


Até semanas atrás, o Telegram era pouco conhecido no Brasil, mas ganhou notoriedade devido a esse furdunço todo. O Intercept, que divulgou as supostas trocas de mensagens envolvendo o ministro, afirma que obteve os diálogos de uma fonte anônima antes de possíveis invasões ilegais. De novo, para não encompridar ainda mais este texto, vou deixar para abordar as diferenças entre o Telegram e o Facebook numa próxima oportunidade.

sábado, 15 de junho de 2019

GREVE GERAL - EM CASA ONDE FALTA PÃO, TODOS GRITAM E NINGUÉM TEM RAZÃO


A pretexto de protestar contra a reforma da Previdência, partidos políticos opositores ao governo Bolsonaro e centrais sindicais ligadas ao PT e seus satélites convocaram uma greve geral. Mais uma vez, a população foi usada como massa de manobra (ou como “idiotais úteis”, parafraseando nosso insigne presidente) pelos vagabundos de sempre e com os motivos e os métodos de sempre: boicotar reformas necessárias e atacar gente séria para defender bandidos, usando de terrorismo, violência, obstrução de vias em dia útil e por aí afora.

Seguindo o MBL:  Brasil: onde sindicato faz greve pra pobre continuar se aposentando aos 65 anos e ganhando salário mínimo enquanto o patrão se aposenta 10 anos mais cedo ganhando 5 vezes mais. Fora que sindicato apoia o político picareta lá em Brasília que vai se aposentar ganhando R$ 30 mil. É muita palhaçada. Milhões de desempregados e a esquerda tem a incrível ideia de uma greve para ninguém trabalhar. Que picaretagem.

A “greve geral” só não foi um fiasco total porque seus fomentadores são bons de articulação e ótimos para criar confusão e atrapalhar o país. Ninguém fora do nicho vermelho ainda leva a sério essas pautas esquerdistas. Como bem lembrou Rodrigo Constantino, “o PT é o partido que mais tem aposentadorias especiais, enquanto finge atuar pelos mais pobres, uma quadrilha de privilegiados e marginais que querem viver à custa do povo trabalhador”.

Como sempre, os inconformados com a democracia fazem o melhor que sabem: em lugar de encaminhar suas reivindicações pelos meios próprios da política institucional, preferem apelar para a bagunça. Como sempre, a estratégia é paralisar parte do transporte público, impedindo os brasileiros de chegar a seus locais de trabalho. Assim, os profissionais do caradurismo contabilizam os que não querem fazer greve como “grevistas”, sem mencionar que, programando a greve para uma sexta-feira, muitos “grevistas” aproveitam para discutir alegremente a reforma da Previdência na mesa no boteco, valendo-se dessa oportuna “happy hour” proporcionada pelos sindicatos.

Sem força parlamentar suficiente para inviabilizar a reforma da Previdência no voto, os irresponsáveis, como sempre liderados pelo PT, pretendem ganhar no grito — e na base da mistificação. Em sua conclamação à greve, o partido do presidiário diz que é preciso empreender “todos os esforços para dizer não ao fim da aposentadoria” e que “não aceita a destruição do sistema de proteção social e da Previdência pública no Brasil”. Já o PSOL diz que a reforma da Previdência é “enganação” e “tende a excluir milhões de trabalhadoras e trabalhadores da possibilidade de ter uma proteção no futuro porque estabelece tempos de contribuição impossíveis de serem cumpridos”.

Nada disso é verdadeiro, lembra Augusto Nunes. Mas é perda de tempo argumentar com partidos e militantes conhecidos por falsear a realidade para proteger os interesses das corporações que representam, em especial a dos funcionários públicos. Sempre que se fala em reforma da Previdência, essas corporações movem seus exércitos para sabotá-la, já que qualquer reforma digna do nome deve, em primeiro lugar, atacar os privilégios do funcionalismo em relação aos aposentados do setor privado.

Os pobres, que o PT e seus satélites dizem defender ao hostilizar a reforma da Previdência, são justamente os mais prejudicados pelas atuais regras. Ademais, é essa parcela da população que mais padece em razão da enorme dificuldade do Estado de prestar serviços básicos, como saúde, educação, transporte e segurança pública, porque os recursos para esses fins são consumidos na cobertura do rombo previdenciário e em benesses para o funcionalismo.

Os pobres padecem também porque esses mesmos recursos drenados por aposentadorias precoces e por uma máquina pública inchada poderiam ser usados em investimentos para impulsionar o crescimento econômico e, como consequência, gerar as vagas tão necessárias para reduzir a chaga do desemprego e do subemprego, que hoje atinge mais de 40 milhões de brasileiros. Mas é evidente que os “grevistas” de hoje não estão nem remotamente preocupados com essa gente, que lhes serve somente como cínico pretexto para seus propósitos corporativos e políticos.

Felizmente os truques e engodos desses oportunistas há tempos enganam só os tolos — e hoje, quando muito, vão causar alguns transtornos no trânsito de algumas capitais e na vida de quem quer apenas trabalhar, mas não deverão atrapalhar a evolução da reforma da Previdência. E é bom que fique claro: para que a crise seja afastada de vez e que o País retome o caminho do desenvolvimento, em benefício de todos os brasileiros, essa reforma é apenas o começo.