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terça-feira, 18 de junho de 2019

A GREVE GERAL — MAIS DO MESMO



A pretexto de protestar contra a reforma da Previdência, partidos políticos opositores ao governo e centrais sindicais ligadas ao PT e seus satélites convocaram uma greve geral para a última sexta-feira. Mais uma vez, a população foi usada como massa de manobra (ou “idiotais úteis”, como disse nosso insigne presidente em outra oportunidade) pelos vagabundos de sempre e com os motivos e os métodos de sempre: boicotar reformas necessárias e atacar gente séria para defender bandidos, valendo-se de terrorismo, violência, obstrução de vias em dia útil, quebra-quebras, e por aí afora.

Segundo o MBL: Brasil: onde sindicato faz greve pra pobre continuar se aposentando aos 65 anos e ganhando salário mínimo enquanto o patrão se aposenta 10 anos mais cedo ganhando 5 vezes mais. Fora que sindicato apoia o político picareta lá em Brasília que vai se aposentar ganhando R$ 30 mil. É muita palhaçada. Milhões de desempregados e a esquerda tem a incrível ideia de uma greve para ninguém trabalhar. Que picaretagem.

A tal greve geral só não foi um fiasco total porque seus fomentadores são bons de articulação e ótimos para criar confusão e atrapalhar o país. Fora do nicho vermelho, porém, quase ninguém mais leva a sério essas pautas esquerdistas. Segundo Rodrigo Constantino: “O PT é o partido que mais tem aposentadorias especiais, enquanto finge atuar pelos mais pobres; uma quadrilha de privilegiados e marginais que querem viver à custa do povo trabalhador.

Como é de praxe, os inconformados com a democracia preferem apelar para a bagunça em vez de encaminhar suas reivindicações pelos meios próprios da política institucional. Como sempre, a estratégia é paralisar parte do transporte público, de modo a impedir os cidadãos de chegar ao trabalho e, assim, contabilizar os que não querem fazer greve como “grevistas”. Isso sem mencionar que, com a greve para uma sexta-feira, a adesão aumenta com a participação dos “grevistas” que, valendo-se dessa oportuna “happy hour” proporcionada pelos sindicatos, discutem alegremente a reforma da Previdência nas mesas dos botecos, valendo-se dessa oportuna.

Sem força parlamentar suficiente para obstruir a reforma da Previdência no voto, os irresponsáveis, invariavelmente liderados pelo PT, tentam ganhar no grito — e na base da mistificação. Em sua conclamação à greve, o partido do presidiário diz que é preciso empreender “todos os esforços para dizer não ao fim da aposentadoria” e que “não aceita a destruição do sistema de proteção social e da Previdência pública no Brasil”. Já o PSOL diz que a reforma da Previdência é “enganação” e “tende a excluir milhões de trabalhadoras e trabalhadores da possibilidade de ter uma proteção no futuro porque estabelece tempos de contribuição impossíveis de serem cumpridos”.

Nada disso é verdadeiro, como salienta o jornalista Augusto Nunes. Mas é perda de tempo argumentar com partidos e militantes conhecidos por falsear a realidade para proteger os interesses das corporações que representam, em especial a dos funcionários públicos. Sempre que se fala em reforma da Previdência, essas corporações movem seus exércitos para sabotá-la, já que qualquer reforma digna do nome deve, em primeiro lugar, atacar os privilégios do funcionalismo em relação aos aposentados do setor privado. 

Os pobres, que o PT e seus satélites dizem defender ao hostilizar a reforma da Previdência, são justamente os mais prejudicados pelas atuais regras. Ademais, é essa parcela da população que mais padece em razão da enorme dificuldade do Estado de prestar serviços básicos, como saúde, educação, transporte e segurança pública, porque os recursos para esses fins são consumidos na cobertura do rombo previdenciário e em benesses para o funcionalismo. Os pobres padecem também porque esses mesmos recursos drenados por aposentadorias precoces e por uma máquina pública inchada poderiam ser usados em investimentos para impulsionar o crescimento econômico e, como consequência, gerar as vagas tão necessárias para reduzir a chaga do desemprego e do subemprego, que hoje atinge mais de 40 milhões de brasileiros. Mas é evidente que os “grevistas” de hoje não estão nem remotamente preocupados com essa gente, que lhes serve somente como cínico pretexto para seus propósitos corporativos e políticos.

Felizmente os truques e engodos desses oportunistas há tempos enganam só os tolos. Quando muito, causam alguns transtornos no trânsito de algumas capitais e na vida de quem quer apenas trabalhar. E é bom que fique claro: para que a crise seja afastada de vez e que o País retome o caminho do desenvolvimento, em benefício de todos os brasileiros, essa reforma é apenas o começo.

Com Augusto Nunes

sábado, 15 de junho de 2019

GREVE GERAL - EM CASA ONDE FALTA PÃO, TODOS GRITAM E NINGUÉM TEM RAZÃO


A pretexto de protestar contra a reforma da Previdência, partidos políticos opositores ao governo Bolsonaro e centrais sindicais ligadas ao PT e seus satélites convocaram uma greve geral. Mais uma vez, a população foi usada como massa de manobra (ou como “idiotais úteis”, parafraseando nosso insigne presidente) pelos vagabundos de sempre e com os motivos e os métodos de sempre: boicotar reformas necessárias e atacar gente séria para defender bandidos, usando de terrorismo, violência, obstrução de vias em dia útil e por aí afora.

Seguindo o MBL:  Brasil: onde sindicato faz greve pra pobre continuar se aposentando aos 65 anos e ganhando salário mínimo enquanto o patrão se aposenta 10 anos mais cedo ganhando 5 vezes mais. Fora que sindicato apoia o político picareta lá em Brasília que vai se aposentar ganhando R$ 30 mil. É muita palhaçada. Milhões de desempregados e a esquerda tem a incrível ideia de uma greve para ninguém trabalhar. Que picaretagem.

A “greve geral” só não foi um fiasco total porque seus fomentadores são bons de articulação e ótimos para criar confusão e atrapalhar o país. Ninguém fora do nicho vermelho ainda leva a sério essas pautas esquerdistas. Como bem lembrou Rodrigo Constantino, “o PT é o partido que mais tem aposentadorias especiais, enquanto finge atuar pelos mais pobres, uma quadrilha de privilegiados e marginais que querem viver à custa do povo trabalhador”.

Como sempre, os inconformados com a democracia fazem o melhor que sabem: em lugar de encaminhar suas reivindicações pelos meios próprios da política institucional, preferem apelar para a bagunça. Como sempre, a estratégia é paralisar parte do transporte público, impedindo os brasileiros de chegar a seus locais de trabalho. Assim, os profissionais do caradurismo contabilizam os que não querem fazer greve como “grevistas”, sem mencionar que, programando a greve para uma sexta-feira, muitos “grevistas” aproveitam para discutir alegremente a reforma da Previdência na mesa no boteco, valendo-se dessa oportuna “happy hour” proporcionada pelos sindicatos.

Sem força parlamentar suficiente para inviabilizar a reforma da Previdência no voto, os irresponsáveis, como sempre liderados pelo PT, pretendem ganhar no grito — e na base da mistificação. Em sua conclamação à greve, o partido do presidiário diz que é preciso empreender “todos os esforços para dizer não ao fim da aposentadoria” e que “não aceita a destruição do sistema de proteção social e da Previdência pública no Brasil”. Já o PSOL diz que a reforma da Previdência é “enganação” e “tende a excluir milhões de trabalhadoras e trabalhadores da possibilidade de ter uma proteção no futuro porque estabelece tempos de contribuição impossíveis de serem cumpridos”.

Nada disso é verdadeiro, lembra Augusto Nunes. Mas é perda de tempo argumentar com partidos e militantes conhecidos por falsear a realidade para proteger os interesses das corporações que representam, em especial a dos funcionários públicos. Sempre que se fala em reforma da Previdência, essas corporações movem seus exércitos para sabotá-la, já que qualquer reforma digna do nome deve, em primeiro lugar, atacar os privilégios do funcionalismo em relação aos aposentados do setor privado.

Os pobres, que o PT e seus satélites dizem defender ao hostilizar a reforma da Previdência, são justamente os mais prejudicados pelas atuais regras. Ademais, é essa parcela da população que mais padece em razão da enorme dificuldade do Estado de prestar serviços básicos, como saúde, educação, transporte e segurança pública, porque os recursos para esses fins são consumidos na cobertura do rombo previdenciário e em benesses para o funcionalismo.

Os pobres padecem também porque esses mesmos recursos drenados por aposentadorias precoces e por uma máquina pública inchada poderiam ser usados em investimentos para impulsionar o crescimento econômico e, como consequência, gerar as vagas tão necessárias para reduzir a chaga do desemprego e do subemprego, que hoje atinge mais de 40 milhões de brasileiros. Mas é evidente que os “grevistas” de hoje não estão nem remotamente preocupados com essa gente, que lhes serve somente como cínico pretexto para seus propósitos corporativos e políticos.

Felizmente os truques e engodos desses oportunistas há tempos enganam só os tolos — e hoje, quando muito, vão causar alguns transtornos no trânsito de algumas capitais e na vida de quem quer apenas trabalhar, mas não deverão atrapalhar a evolução da reforma da Previdência. E é bom que fique claro: para que a crise seja afastada de vez e que o País retome o caminho do desenvolvimento, em benefício de todos os brasileiros, essa reforma é apenas o começo.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

BATATAS, FRETES E AUXÍLIO MORADIA



Como dizia Mario Henrique Simonsen, “é uma regra latino-americana achar que uma política errada deve ser tentada indefinidamente até dar certo”.

Imaginem o seguinte: um ministro do Supremo Tribunal Federal convoca produtores, atacadistas, comerciantes e consumidores — todos devidamente representados por suas associações —, mais funcionários do governo federal, para fixar o preço das batatas em todo o Brasil. Não um preço qualquer, mas um que seja “bom” para todas as partes.

Ridículo, não é mesmo? Como é que fariam uma tentativa a sério — patrocinada pelo STF! — de buscar um objetivo impossível? Seria o Supremo organizando um cartel, uma grave violação à lei da livre concorrência. Um produtor que quisesse vender sua batata com desconto estaria cometendo uma ilegalidade.

Pois substituam batata por frete rodoviário — e teremos exatamente o que está acontecendo. O ministro Luiz Fux consulta associações de caminhoneiros e do agronegócio, mais membros do governo e da Procuradoria-Geral da República — a primeira reunião foi no dia 21 — para tabelar o preço do frete rodoviário.

Ou seja, está-se organizando um cartel — o que já é ilegal e um baita equívoco econômico e político. Mas é também um cartel duplamente injusto, pois deixa de fora muita gente interessada, a começar pelos consumidores brasileiros, que pagarão os preços dos produtos transportados.

Dirão, assim pelo óbvio: fretes não são batatas; um serviço não pode ser misturado com um tubérculo. Mas a questão do preço é a mesma. Ou é livre mercado ou é tabelado. Nos dois casos, o tabelamento, ilegal, causaria graves desequilíbrios econômicos.

Considerem o frete. Como um grupo organizado pelo STF pode saber qual o preço do quilômetro rodado em todas as estradas deste país? E mais: para os variados tipos de caminhão e diferentes cargas e viagens? Assim, qualquer preço tabelado estará errado, caro para uns, barato para outros, fonte de lucro aqui, prejuízo ali.

Claro que as partes tentarão passar os custos adiante. Se o frete da batata da fazenda até o supermercado ficar muito caro, para lucro dos transportadores, os produtores e comerciantes tentarão repassar para o varejo, que não terá alternativa senão tentar repassar para o consumidor ou simplesmente não comprar, se desconfiar que o consumidor não irá pagar. Isso dá ou inflação, ou desabastecimento, ou as duas coisas ao mesmo tempo.

Pior, vai acabar faltando batata para o consumidor e frete para o caminhoneiro — como já está ocorrendo com diversos produtos agrícolas, pois está em vigor uma tabela de frete, baixada pelo governo, que todo mundo sabe que é impraticável. A bobagem repetida é achar que se pode encontrar uma outra que seja justa para todos.
Não existe isso. É simples assim, não há preço justo para todos — há apenas o preço definido pelo mercado. O que acaba prevalecendo, pois ninguém cumpre uma tabela tão equivocada.

Chama-se a polícia se um caminhoneiro quiser cobrar mais barato que o preço oficial? Ou tentar cobrar mais caro porque a estrada está um barro só? Que tal, então, tabelar tudo?
Parece absurdo, é absurdo, mas muita gente ainda acha que pode funcionar, mesmo que todas as experiências mundiais de congelamento e tabelamento tenham dado errado. Como dizia o sábio Mario Henrique Simonsen: é uma regra latino-americana, essa de achar que uma política errada deve ser tentada indefinidamente… até dar certo.

E tem também a história do auxílio-moradia dos juízes. Eles estão recebendo o benefício faz tempo, com seus vencimentos superando o teto salarial, mas uma ação de inconstitucionalidade chegou ao Supremo. O ministro Luiz Fux, relator do processo (e autor da liminar que permite o pagamento até o momento), mandou o caso para uma arbitragem patrocinada pela AGU. O órgão convocou associações de magistrados e de outros interessados, mais funcionários do governo, para arbitrar uma solução. Começou errado. Faltou chamar o contribuinte brasileiro, que é quem vai pagar a conta.

De todo modo, a comissão não conseguiu arbitrar nada, e o caso voltou ao STF. Mas a comissão fez sugestões de como encaminhar uma saída. Com qual propósito? Adivinharam: para legalizar de vez o pagamento do auxílio. Não ocorreu a ninguém dizer que o benefício é simplesmente ilegal — quer dizer, foi legalizado por gambiarras feitas pelos beneficiados —, duplamente ilegal quando extrapola o teto salarial e triplamente errado quando é pago a casais de magistrados que têm casa própria.

É difícil arrumar uma lei para legalizar isso tudo. Mas continuam tentando. E tentando repassar a conta.

Por Carlos Alberto Sardenberg, publicado em O GLOBO

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terça-feira, 5 de junho de 2018

GREVE DOS CAMINHONEIROS ― O RESCALDO



Além de causar muita aporrinhação à população e um prejuízo bilionário à frágil economia tupiniquim, a paralisação dos caminhoneiros expôs a pusilanimidade de um presidente que assumiu o cargo como reformista, mas, sem apoio popular, cercado por assessores do quilate de Padilha, Moreira Franco e Marun e com as vísceras expostas pelas denúncias da JBS, ora claudica melancolicamente em direção a um futuro incerto, sem foro privilegiado nem a aura de poder que atrai os puxa-sacos de plantão.

Temer e seus asseclas não deram a devida importância à bomba de efeito retardado construída nos governos lulopetistas e armada quando Pedro Parente assumiu a presidência da Petrobras e alterou a política de preços dos combustíveis ― só nos últimos 3 meses, o diesel aumentou 11,8%. Assim, nem bem reconquistou o primeiro lugar no ranking das empresas de maior valor de mercado, a estatal ― que durante o governo Dilma amargou prejuízos de US$ 70 bilhões (50 bilhões por vender combustíveis abaixo do preço de custo e outros 20 bilhões devido à rapinagem do Petrolão) ―, a estatal perdeu quase 1/3 de seu valor de mercado e caiu da primeira para a quarta posição no ranking das empresas brasileiras mais valorizadas (ficando atrás da Ambev, Vale e Itaú/Unibanco).

Em meio aos esforços para se alcançar a composição com os caminhoneiros, Marcio França, atual governador de São Paulo e candidato à reeleição, propôs o tabelamento do preço do diesel (reduzido) e dos fretes (aumentado) ― nunca é demais lembrar que vários governos tabelaram muita coisa no Brasil, e o resultado foram escassez de produtos, preços em alta e fortalecimento do mercado paralelo. Para o governador, não é possível uma empresa brasileira, que também pertence aos brasileiros, “querer pensar em dólar”. Só que não se trata de “querer pensar”: a Petrobras compra em dólar, vende em dólar, toma empréstimos e recebe investimentos em dólar ― não porque quer, mas porque não tem como fazer isso apenas em reais.

Seja como for, o movimento paredista só foi debelado depois que o governo federal cedeu mais do que deveria ou poderia. E com a Petrobras vendendo diesel subsidiado, o futuro é incerto ― certo mesmo é que reduzir impostos sobre o diesel significa subsidiar o combustível, o que gera uma receita a menos e uma despesa a mais, deixando ao governo duas opções: aumentar impostos de outros setores ou reduzir gastos. 

Os ministros afirmam que não haverá aumento de impostos, mas sim uma “redução de incentivos” ― o que, em última análise, significa retirar um incentivo para subsidiar outro. Mas não importa o nome que se dê: no final das contas, é o contribuinte quem vai bancar o prejuízo, embora já trabalhe 5 meses por ano para pagar impostos.

Enquanto a Petrobras for “nossa”, estaremos condenados a comprar gasolina de qualidade inferior a preços exorbitantes. No dia em que a empresa deixar de ser “nossa”, o cenário certamente mudará. Basta lembrar o que aconteceu com o telefone, que era artigo de luxo quando controlado pelas “Teles” do grupo Telebras. Bastou que elas fossem privatizadas ― ou entregues ao “capitalismo malvado”, como gostam de dizer os apedeutas vermelhos ― para que o serviço ficasse ao alcance de todos, inclusive dos mais humildes.

Observação: Até a virada do século, era preciso aderir a um famigerado “plano de expansão”, vinculado à compra de ações do execrável Sistema Telebras, para se candidatar a uma linha telefônica (que era considerada um “bem” e, portanto, tinha de contar da declaração de imposto de renda). Além de caro, o serviço era de péssima qualidade. O prazo para a instalação (24 meses) raramente era cumprido, o que fazia a felicidade dos cambistas que atuavam no mercado negro de telefones. Na cidade marajoara de Cachoeira do Arari, no Pará, dez munícipes que aderiram ao plano de expansão esperaram 15 anos pela instalação das linhas. Alguns nem tiveram o gostinho de fazer uma chamada, pois morreram anos antes de a Telepará cumprir sua parte no contrato. Mesmo assim, há quem se declare contra as privatizações.

Além de expor a fragilidade do governo, a irresponsabilidade da oposição e a aridez de ideias dos presidenciáveis, a crise resultante da greve dos caminhoneiros levou a compras exageradas nos supermercados, estoques domésticos, filas nervosas nos postos de combustível ― teve muito comportamento na base de cada um por si. Cabem nessa categoria as greves e manifestações oportunistas. Governo fraco, cedendo, também vou buscar o meu ― tal foi o comportamento de muita gente. E isso sem mencionar a demissão de Pedro Parente e a ação de “intervencionistas”, que, por questão de espaço, ficam para a próxima postagem.

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segunda-feira, 28 de maio de 2018

AINDA SOBRE A GREVE, A PUSILANIMIDADE DO GOVERNO E AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES



 Com o saco cheio dessa greve estúpida ― não por ela não fazer sentido, mas por colocar em risco o abastecimento de combustíveis, mercadorias, remédios etc. ―, junto minhas preces às de milhões de brasileiros, na esperança de que as medidas mais duras anunciadas pelo governo não sejam apenas bravatas, que os agentes ocultos do locaute sejam punidos exemplarmente e os piquetes, removidos o quanto antes ― se possível, sem violência ―, de modo que os brasileiros que precisam trabalhar consigam fazê-lo.

Dizer, agora, que o governo subestimou a capacidade de mobilização da categoria e que a paralisação poderia ter sido evitada ou minimizada é chorar sobre o leite derramado. Apurar responsabilidades e atribuir culpas, somente após o “incêndio” ser controlado ― por “incêndio”, entenda-se a maior paralisação de caminhoneiros desde 1999, quando a categoria cruzou os braços por quatro dias para pressionar o então presidente FHC a rever os reajustes do diesel e dos pedágios federais. 

Fato é que a paralisação atual representa um sério baque para uma economia cuja recuperação é frágil, além de desmoralizar ainda mais um governo mambembe, cuja pusilanimidade pode estimular outros a repetirem o feito em defesa de suas reivindicações. Afinal, hienas, abutres e tubarões farejam sangue a quilômetros. Com o governo nas cordas, há quem possa querer levar vantagem, e seria uma catástrofe se uma sucessão de movimentos paredistas anulasse os pífios avanços da Economia sob a gestão do presidente mais impopular da nossa história.      

Falando em Michel Temer, parece que ele desistiu de disputar a reeleição com outros vinte e tantos postulantes ao cargo ― que, com exceção do troglodita Jair Bolsonaro e da sonhática Marina Silva, não têm a menor chance de se eleger. Lula, o criminoso que, mesmo encarcerado, continua líder em intenções de votos (não me pergunte por que seu nome continua sendo incluído nas pesquisas), parece não se dar conta de sua situação, e o apoio da patuleia incorrigível só respalda a tese de que nasce um idiota a cada minuto neste mundo, e os que nascem no Brasil já vêm com título de eleitor.

Enquanto boçais de quatro costados apoiam a volta de corruptos ao poder (pesquisas dão conta de que, em Minas Gerais, os candidatos mais cotados para o Senado são Dilma e Aécio), debiloides almejam o retorno dos militares, alegando que a economia cresceu nos anos 70 e 80, e que não havia corrupção nas gestões dos generais. O fato é que, à exemplo de Lula, que surfou nas ondas de um cenário internacional benfazejo (mas que mudou da água para o vinho em 2008), os milicos fizeram o Brasil crescer mais de 10% ao ano entre 1968 e 1973, mas somente porque havia liquidez abundante, capitais externos para investimentos e empréstimos a juros baixos. Em 1985, quando eles finalmente largaram o osso, deixaram uma inflação na casa dos 200% ao ano, uma dívida pública equivalente a 30% do PIB e uma dívida externa 20 vezes maior que a de 1970, sem falar nas obras faraônicas inacabadas e nas estatais endividadas. 

E também houve corrupção nos anos de chumbo, tanto que ficou famosa a frase de Mario Henrique Simonsen, que foi ministro tanto no governo de Geisel quanto no de Figueiredo: “Às vezes é melhor pagar a comissão e não fazer a obra; sai mais barato”. Em tempos nos quais a censura campeava solta, não havia era jornalismo investigativo, e daí a crença de que o regime botava ordem no galinheiro. Na verdade, o que havia era um Judiciário acorrentado, eleições controladas e aniquilação sumária dos opositores (como revelado recentemente por um documento da CIA).

A tese de que uma ditadura militar é melhor do que uma ditadura comunista é inconsistente. A rigor, nenhuma das duas presta. A direita justificava sua ditadura como meio de evitar a instalação de um regime à cubana por aqui, e a esquerda revolucionária, que de fato treinava em Cuba, combatia o regime na esperança de que sua derrubada levasse não à democracia que chamavam de burguesa, mas ao socialismo da ilha, que também aniquilava seus opositores. 

E quando se achava que a lição fora aprendida, vêm os defensores do militarismo alardear que nossa democracia é fraca para conter as esquerdas e os corruptos, e as esquerdas a contestar a legitimidade desta democracia, que, segundo essa patuleia atávia, pune Lula e seus asseclas não por eles serem corruptos, mas por “serem do povo”.

A cinco meses das eleições, entre dezenas de partidos registrados no TSE ― e outros tantos aguardando registro, de olho no fundo partidário bilionário ―, não se encontra um que apresente sequer um arremedo de projeto de governo. São todos verdadeiras oligarquias dominadas por seus dirigentes, que controlam tudo, do cofre às eleições internas, e delas, às campanhas eleitorais, sujeitando os novos candidatos às suas ordens ditatoriais. E isso vem acontecendo há trinta anos, ou seja, desde a celebrada “democratização” do país.

Enquanto não houver regras que proíbam a reeleição na direção das siglas, que impeçam membros das mesmas famílias de se revezar no comando partidário, não haverá renovação de quadros, nem, consequentemente, formação de estadistas. Todos, aí incluídos os militares, foram levados ― ou levaram a si mesmos ― a determinados pactos políticos para se garantir no poder. O caso de Lula surpreendeu ainda mais porque o PT dizia defender a ética e combater a corrupção, mas isso não muda o fato de que todos que se sentam na cadeira presidencial continuam comprando apoio. Assim, a corrupção continuará em curso enquanto não houver autonomia dos poderes, aí incluído o Judiciário, que depende dos demais para manter privilégios, como auxílio-moradia e ganhos acima do teto constitucional.

Infelizmente, as próximas eleições não resolverão o problema, mesmo que, a duras penas, se eleja por margem mínima um candidato de centro. Se nada mudar, o próximo presidente ficará refém do Congresso, das maiores bancadas, do toma-lá-dá-cá e de todas as mazelas do nosso presidencialismo de cooptação. Em suma: eleições representam ou mudanças efetivas ou arranjos precários; no caso do Brasil, as de outubro certamente pertencerão ao segundo grupo.

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sexta-feira, 25 de maio de 2018

SOBRE A PARALISAÇÃO DOS CAMINHONEIROS.



A paralisação dos caminhoneiros entra hoje em seu quinto dia. Como sói acontecer sempre que determinadas categorias realizam protestos, quem toma na tarraqueta é o povo, embora a “pressão” devesse ser dirigida ao governo federal, aos responsáveis pelas estatais, aos sindicatos patronais e aos donos de escolas particulares ― refiro-me à paralisação dos professores, na última quarta-feira, que deixou os alunos sem aulas, a despeito das caras mensalidades pagas pelos pais ou responsáveis, enquanto os donos dos estabelecimentos de ensino, ao que parece, não estavam nem aí.

Como sempre, quem “arde” é a população, pois as consequências imediatas desse lockout são congestionamentos monstruosos nas rodovias e marginais, filas quilométricas em postos de combustível, ágio no preço do litro cobrado nas bombas, caos no transporte coletivo urbano, atrasos e cancelamentos de voos nos principais aeroportos do país, desabastecimento nos entrepostos de alimentos (notadamente hortifrutigranjeiros), elevação de até 600% no preço de produtos como como cebola, batata, cenoura etc. nas feiras, sacolões e supermercados, e por aí vai.

Para tentar acabar com as manifestações, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, anunciou na noite da última quarta-feira uma redução de 10% no preço do diesel nas refinarias, que seria mantida por 15 dias. Ele avalia que a medida resultará numa queda de 23 centavos no preço do litro nas refinarias e de 25 centavos para os consumidores, mas deixa claro que não produzirá efeitos sobre o preço da gasolina. Ainda segundo Parente, a petroleira não cedeu a pressões de movimentos sociais ou mesmo do governo federal, apenas reduziu temporariamente o preço do óleo como gesto de boa vontade, “para que o governo se entenda com os caminhoneiros”. Tá, me engana que eu gosto.

Os Correios ― que já foram considerados um “ponto fora da curva” na ineficiência das estatais tupiniquins, mas vêm prestando um serviço de merda de uns tempos a esta parte ― já suspenderam os serviços de postagem com dia e hora marcados (Sedex 10, 12 e Hoje) e avisaram que, enquanto perdurarem os efeitos dessa greve, haverá atraso nas entregas do Sedex do PAC e das correspondências em geral. Vai ser um festival de contas de consumo e boletos chegando após a data de vencimento, e o ônus (multas, juros de mora, etc.), como de costume, ficará a cargo do consumidor, que é “o último a falar e o primeiro a apanhar”.

A Câmara já aprovou a redução do PIS/COFINS sobre o diesel, mas falta o Senado votar a medida. Só que os senhores senadores debandaram para "suas bases" já na quinta-feira, insensíveis à situação caótica do país. Parece que Eunício Oliveira, que já havia embarcado para o Ceará, achou por bem voltar e marcar uma reunião de lideranças na noite de quinta-feira, mas até agora isso é tudo que eu sei (até porque estou escrevendo este texto no final da tarde da quinta-feira).

O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros afirmou nesta quinta-feira que os protestos continuarão até que a isenção da alíquota PIS/COFINS seja publicada no Diário Oficial da União. Segundo ele disse entrevista à rádio BandNews, a redução de 10% na cotação do diesel, anunciada na noite de quarta-feira pela Petrobras, não resolve a situação.

Cabe a Michel-Pato-Manco-Temer, seus assessores e conspícuos congressistas tomarem uma atitude, e com máxima urgência, pois não é admissível deixar o país paralisado por conta de um lockout como esse. No Planalto, há quem acredite que o desabastecimento de alimentos e combustíveis levará o povo às ruas, como em 2013. O temor é que, com a pressão popular, o Congresso vire uma panela de pressão e a reeleição de aliados fique comprometida. Até o início da Copa, governistas querem passar ao largo da crise. Então, por que não fazem alguma coisa?

Triste Brasil.

Atualização:

Governo e representantes de caminhoneiros anunciaram na noite de ontem um acordo para suspender greve. Mesmo assim, protestos seguem em ao menos 7 dos 26 estados e no DF. O acesso ao porto de Santos continua bloqueado, e a cidade de São Paulo não tem rodízio nem coleta de lixo. Ainda que o movimento termine hoje, levará dias até que o abastecimento e as rotinas voltem ao normal, sem mencionar os danos irreparáveis, como alimentos jogados fora, animais mortos de inanição nas estradas e pacientes que ficaram sem remédios. A conta de quanto o país perdeu nos últimos dias ainda será feita. A única já computada é a da Petrobras, que, depois que cedeu à pressão e reduziu o preço do diesel, perdeu 45 bilhões de reais na bolsa, na última quinta-feira.

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domingo, 2 de julho de 2017

A GREVE GERAL E A ESCOLHA DE TEMER

Como era de se esperar, a tal “greve geral” do último dia 30 repetiu o fiasco da anterior, ocorrida em 28 de maio passado.

Aqui em Sampa o transporte público funcionou normalmente, ou quase isso; não havendo “adesão obrigatória”, o resultado foi o que se viu: com a possível exceção da Avenida Paulista, onde alguns milhares de pessoas protestaram contra as reformas e pediram a saída de Michel Temer, apenas atos isolados com bloqueios parciais de algumas vias públicas e pontos de rodovias próximos à entrada da cidade foram registrados ― vale salientar que esse tipo de tumulto é promovido agitadores mercenários, não por populares. Somente umas poucas agências bancárias funcionaram de forma precária; no geral, o atendimento ao público foi normal.

Houve também protestos dos metalúrgicos na Rodovia Anchieta, mas a adesão foi pequena e a via não demorou a ser liberada ao tráfego. Em resumo: os pelegos da esquerda agonizante, maior braço do PT no Brasil, perdeu a força e a razão de ser. Se continuam “protestando”, é porque o fim do imposto sindical deixará 300 mil vagabundos de 12 mil sindicatos sem a teta onde eles têm mamando desde sempre.

Mudando de pato para ganso, o primeiro presidente denunciado por corrupção no exercício do cargo em toda a nossa história escolheu Raquel Dodge para substituir Rodrigo Janot no comando da PGR. A subprocuradora, segundo lugar na lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República, com 587 votos (o primeiro foi Nicolao Dino, que conseguiu 621 dos 1.108 votos) (Dodge teve 587 votos), é tida como “anti Janot” e conta com a simpatia de José Sarney, Renan Calheiros, Moreira Franco e Gilmar Mendes, o que é preocupante, ainda mais porque diversos procuradores da Lava-Jato ameaçaram deixar os cargos se Dodge for confirmada na chefia.

Para entender melhor: Quem substituir Janot chefiará pelos próximos dois anos o Ministério Público da União, que abrange os ministérios públicos Federal, do Trabalho, Militar, do Distrito Federal e dos estados, cabendo-lhe representar o MP junto ao STF e STJ, propor ações diretas de inconstitucionalidade e ações penais públicas, criar forças-tarefa para investigações especiais e conduzir as investigações da Lava Jato que envolvem políticos com foro privilegiado, além de desempenhar a função de procurador-geral Eleitoral. Raquel Dodge não é alinhada a Rodrigo Janot, que trava um embate histórico com Temer e cujo mandato vai até setembro, mas, como dito linhas atrás, mantém boas relações com Gilmar Mendes, amigo do presidente e crítico recorrente dos métodos da Lava-Jato. Paixões e convicções à parte, a subprocuradora, que ingressou no MPF em 1987, é Mestre em Direito pela Universidade de Harvard (EUA), membro do Conselho Superior do Ministério Público pelo terceiro biênio consecutivo, foi Coordenadora da Câmara Criminal do MPF, atuou na equipe que redigiu o I Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, na Operação Caixa de Pandora e, em primeira instância, na equipe que processou criminalmente Hildebrando Paschoal e o Esquadrão da Morte.

O próprio Janot tem se esforçado para evitar essa deserção. Para ele, isso seria fazer o jogo de Gilmar Mendes, que quer provocar a cizânia e rachar a Lava-Jato ― o ministro tem conhecimento de rusgas antigas, decorrentes do comportamento da subprocuradora à frente da Operação Caixa de Pandora, que, apesar do bom começo e das provas robustas, não resultou nas condenações desejadas. Se debandarem, os procuradores livrarão a nova chefe do desgaste político de afastá-los mediante um processo de “fritura”, sem mencionar que investigações sigilosas em andamento serão interrompidas, o que interessa somente aos que desejam esse desmonte repentino.

Embora a escolha de Raquel seja vista como uma maneira de conter os “possíveis excessos da Lava-Jato”, a força-tarefa conta com o apoio da maioria dos brasileiros (segundo o Ipsos, 96% da população deseja que a investigação se estenda a todos os partidos). Demais disso, a própria candidata já disse que “a atuação do Ministério Público Federal não pode retroceder nem um milímetro sequer”. Não que isso garanta muita coisa, até porque nenhum dos postulantes à vaga se arriscaria a se posicionar abertamente de maneira diferente. Mesmo assim, Randolfe Rodrigues, um dos mais atuantes senadores da oposição, ponderou que o fato de ser a segunda mais votada não desabona Raquel, e que Temer ter indicado alguém da lista tríplice, mesmo quebrando a tradição de escolher o mais votado, não significa que o que foi conquistado pelo Ministério Público terá algum tipo de reversão.

Observação: Segundo o ESTADÃO, a força-tarefa da Lava-Jato no Paraná declarou publicamente seu apoio à Dodge e reiterou seu compromisso de “dar fiel cumprimento a suas responsabilidades institucionais, especialmente lutando contra a corrupção, o desvio de recursos públicos, a criminalidade organizada e a lavagem de dinheiro”.

Raquel Dodge será sabatinada no Senado no próximo dia 12 ― e não teve ter dificuldade para ter sua indicação aprovada, considerando que 1/3 dos senadores é alvo de investigações na Lava-Jato. Chama a atenção, no entanto, o açodamento do governo em confirmar a indicação o quanto antes, pois Janot só deixará o cargo em Setembro. Por que, então, não deixar a sabatina para agosto, depois do recesso parlamentar de meio de ano?

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