O cenário eleitoral que se descortina lembra o de
1989, quando 22 candidatos
disputaram a presidência desta Banânia. Desta vez, porém, além de políticos
tradicionais, teremos banqueiros, apresentadores de TV, um líder dos sem-teto,
um bombeiro e até um recauchutador de celebridades ― que anunciou sua intenção
de concorrer caso consiga refundar o Prona,
partido que lançou o folclórico Dr. Enéas à presidência nos anos 1990.
Diante dos escândalos de corrupção suprapartidária, é natural que surjam nomes de fora da
política tradicional ― e que os políticos de carreira “manifestam preocupação”
com os oportunistas, aventureiros e salvadores da pátria, pois receiam
perder a teta que os alimenta. Mas o fato é que, a menos de oito meses das
eleições, ainda não surgiu ninguém capaz de desbancar, pela esquerda, Lula, o criminoso condenado, e pela
direita, Bolsonaro, o militar
aposentado e extremista abilolado, que disputam a preferência dos pouco
instruídos e nada esclarecidos eleitores tupiniquins. Ou, pelo menos, é isso que
apontam as pesquisas de intenção de voto.
Pouco lembrados pelo povão, mas cheios de gás (segundo eles
próprios), estão Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, Marina Silva, Levy Fidelix,
Christovam Buarque, Eymael e, pasmem, Fernando Collor ― os notórios integrantes do bloco “Tente Outra Vez”.
Entre os “Eternamente Indecisos”, destacam-se Joaquim Barbosa,
Luciano Huck, Rodrigo Maia e Henrique
Meirelles. Na ala dos “novatos”, figuram João Amoedo, Paulo Rabello e,
pasmem de novo, Guilherme Boulos, e
no “Bloco do Eu Sozinho”, além de Bolsonaro,
sambam Manuela D’Ávila, Álvaro Dias e outras figuras prosaicas,
como o Dr. Hollywood, o cabo Daciolo e a apresentadora Valéria Monteiro.
Para aumentar ainda mais a confusão, FHC vem dando corda a Luciano
Huck, ainda que o candidato oficial do seu partido à sucessão presidencial
seja Geraldo Alckmin, o “picolé de
chuchu”.
Do alto dos seus quase 90 anos (mas com invejável lucidez),
o ex-presidente tucano ignora solenemente as constantes negativas de Huck (que já comunicou oficialmente à Globo, no final do ano passado, que não
será candidato) e diz que o apresentador está considerando a ideia, que seu estilo é peessedebista e
que sua candidatura “seria positiva, porque é preciso arejar, botar em
perigo a política tradicional, mesmo que seja do PSDB”.
Publicamente, Geraldo Alckmin ― que já
se viu ameaçado pela súbita (e efêmera) popularidade de João Dória, mas acabou sagrando-se presidente nacional do PSDB e candidato oficial à presidência ―
mantém as aparências, mas, nos bastidores, seu descontentamento com a fala do
tucano-mor é notório.
É bom lembrar que, nas pesquisas de intenção de voto, Alckmin fica entre 5% e 6%, de modo que Fernando Henrique, que jamais caiu de amores pelo governador de São Paulo, apenas verbalizou o que pensa boa parte do partido, ou seja, que "é melhor vencer com Huck do que perder com Alckmin".
É bom lembrar que, nas pesquisas de intenção de voto, Alckmin fica entre 5% e 6%, de modo que Fernando Henrique, que jamais caiu de amores pelo governador de São Paulo, apenas verbalizou o que pensa boa parte do partido, ou seja, que "é melhor vencer com Huck do que perder com Alckmin".
Luciano Huck nega ser
candidato, mas não consegue esconder sua vontade de concorrer, como dá conta o
avanço das tratativas com os partidos que lhe abriram as portas. Além do namoro
com o DEM, ele agendou para depois do Carnaval uma nova rodada de
negociações com o PPS e vem estreitado relações com o movimento Agora ― do qual já faz parte ―, talvez
visando pavimentar sua eventual sustentação no Congresso. Parece que lhe falta
apenas o empurrão definitivo ― que, se ainda não veio, não deve demorar.
Quanto a Lula, em
que pese o pedido de habeas corpus
preventivo no STF ― que o relator Fachin jogou no colo do plenário ―, a Justiça Eleitoral não deve autorizar sua
candidatura. Em conversas de bastidor, vários ministros sinalizaram que
eventuais recursos apresentados por candidatos “ficha-suja” serão analisados em
menos de uma semana, e Luiz Fux, atual
presidente do TSE, deixou claro que
candidatos enquadrados na Lei da Ficha-Limpa
até podem pedir o registro, mas ele lhes será negado.
Mas a verdade é uma só: para que o horizonte se desanuvie, é imperativo definir
de vez a situação jurídica e eleitoral do molusco abjeto. Enquanto isso não
acontecer, todas as previsões e exercícios de futurologia serão tão confiáveis quanto horóscopo de revista de fofoca.
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