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sexta-feira, 28 de março de 2025

A SEGUIR, CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS

A MONARQUIA DEGENERA EM TIRANIA, A ARISTOCRACIA, EM OLIGARQUIA, E A DEMOCRACIA, EM ANARQUIA.

 

A péssima governança do Brasil no período pós-ditadura militar — não que as coisas fossem melhores antes do golpe de 64 — deve-se principalmente ao tipo de gente que o Criador, acusado de nepotismo e protecionismo, escalou para povoar o futuro país do futuro que nunca chega. 


Em Ensaio sobre a cegueira, o Nobel de Literatura José Saramago anotou que "a cegueira é um assunto particular entre as pessoas e os olhos com que nasceram; não há nada que se possa fazer a respeito". E com efeito: algumas pessoas não enxergam o óbvio nem que ele lhes morda a bunda, e outras parecem viver no mundo da Lua. 


No universo paralelo onde vivem Lula, Alckmin e Gleisi, o culpado pela inflação dos alimentos é um ladrão de ovos imaginário, e a solução é a população "não comprar produtos quando desconfiar que eles estão caros". Mais brilhante que essa ideia, só mesmo o Plano Cruzado, que Sarney pôs em marcha em fevereiro de 1986, acreditando que fosse possível zerar a hiperinflação por decreto.


Recém-promovida a ministra-chefe da Secretaria das Relações Institucionais, Gleisi acusou o "mercado especulativo" de conspirar contra o Brasil". Alckmin — que em passado recente comparou a reeleição de Lula à "recondução do criminoso à cena do crime” — assumiu a patética liderança do “cordão dos puxa-sacos" do chefe. Dias atrás, após dizer que luta sindical deu ao Brasil seu maior líder popular, o vice-presidente bradou: "Viva Lula, viva os trabalhadores do Brasil!"


Talvez uma troca de ideias com o Pequeno Príncipe de Saint-Exupéry tenha revelado ao ex-tucano que, para baixar a inflação, bastaria retirar da conta o que está caro. Assim, com um simples estalar de dedos, o dinheiro do trabalhador, que hoje não dá para nada, continuaria não dando para nada. Mas o mais espantoso é que nenhum economista desvairado tenha pensado nisso antes. 


Lula é uma caricatura de si mesmo, uma foto amarelada que permanece pendurada na parede do PT porque ele e o PT são uma coisa só. Tirado da cadeia e reabilitado politicamente para impedir que o verdugo do Planalto de continuasse no comando da Nau dos Insensatos, o "descondenado" conquistou seu terceiro mandato graças a um eleitorado que insiste em fazer a cada dois anos, por ignorância, o que Pandora fez uma única vez por curiosidade. 


Sem plano de governo, política de Estado ou metas para o país, Lula 3 se resume a um punhado de medidas paliativas, populistas e eleitoreiras que visam pavimentar a reeleição que, durante a campanha de 2022, ele prometeu que não iria disputar.

 

Bolsonaro iniciou sua trajetória militar em 1973. Treze anos depois, um artigo publicado pela revista Veja lhe rendeu 15 dias de prisão. No ano seguinte, depois que Veja revelou seu plano de explodir bombas em instalações militares como forma de pressionar o comando por melhores salários e condições, ele e seu comparsa foram condenados por unanimidade, mas o STM os absolveu por 9 votos a 4 (a quem interessar possa, a carreira militar do “mito” é detalhada no livro O Cadete e o Capitão: A Vida de Jair Bolsonaro no Quartel, do jornalista Luiz Maklouf Carvalho).

Depois de deixar a caserna pela porta lateral, Bolsonaro foi eleito vereador e sete vezes deputado federal. Ao longo de sua obscura trajetória política, passou por nove partidos (todos do Centrão) e acabou no PL do ex-mensaleiro e ex-presidiário Valdemar Costa Neto, onde disse “estar se sentindo em casa”. 


Cavalgando o antipetismo e prometendo sepultar a "velha política do toma lá, dá cá", o mix de mau militar e parlamentar medíocre conquistou a Presidência porque a alternativa era o bonifrate do então presidiário mais famoso desta banânia. Mas a emenda saiu pior que o soneto. Para se escudar de mais de 140 pedidos de impeachment — um recorde, considerando que Collor foi alvo de 29; Itamar, de 4, FHC, de 24; Lula, de 37; Dilma, de 68; e Temer, de 31 —, ele implementou o "orçamento secreto", que lhe assegurou a conivência de dois presidentes da Câmara (Rodrigo Maia e Arthur Lira); para se imunizar contra investigações por crimes comuns, entregou o comando da PGR ao antiprocurador Augusto Aras, que manteve sob rédea curta com a promessa (jamais cumprida) de indicá-lo para uma poltrona no STF.


Como a fruta não cai muito longo do pé, os filhos seguiram os passos do pai na política: 01, o devoto das rachadinhas, se elegeu deputado estadual pelo Rio de Janeiro em 2002 e foi reeleito três vezes antes de conquistar uma cadeira de senador; 02, o pitbull da Famiglia, se elegeu vereador pelo Rio de Janeiro em 2020 e continua abrilhantando a Câmara Municipal carioca; 03, o fritador de hambúrguer que quase virou embaixador e hoje conspira contra o STF homiziado na cueca de Donald Trump, se elegeu deputado estadual por São Paulo em 2014 e foi reeleito nos dois pleitos seguintes; 04, o caçula entre dos varões, foi o vereador mais votado em Balneário Camboriú (SC) em 2024.


Vários bolsonaristas de primeira hora que abandonaram o barco — como Alexandre Frota, Joice Hasselmann, Gustavo Bebianno, General Santos Cruz e Sergio Moro — foram prontamente rifados, atacados e tratados como comunistas, antipatriotas e traidores por milhões de convertidos que, acometidos de cegueira mental, rezam pela cartilha do Messias que não miracula e acreditam piamente que "Xandão" persegue injustamente um ex-presidente de vitrine, talvez o melhor mandatário desde Tomé de Souza.

 

Argumentar com esse tipo de gente é tão inútil quanto dar remédio a um defunto, mas o mundo é a melhor escola e a vida, a melhor professora. Que o diga Carla Zambelli, a deputada cassada e recém-promovida a ré pelo STF (por ter sacado uma pistola e perseguido um homem negro pelas ruas de São Paulo às vésperas das eleições de 2022). Mesmo acusada por seu "Bolsodeus" pela perda de mais de 2 milhões de votos em São Paulo, pela derrocada bolsonarista e pela persecução penal em curso contra os golpistas aloprados, ela disse em entrevista à CNN que "enfrentar o julgamento dos inimigos é até suportável, difícil é aguentar o julgamento das pessoas que sempre defendi e continuarei defendendo". 


Como a esperança é a última que morre e falta de amor-próprio é uma questão de foro íntimo, Zambelli aposta que o pedido de vista do ministro bolsonarista Nunes Marques mude os votos de Moraes, Cármen Lúcia, Dino, Zanin e Toffoli, que acompanharam o volto do relator. 


Na última terça-feira, Bolsonaro entrou empertigado no STF e assistiu da primeira fila o início da definição de seu destino. Impossível não traçar um paralelo com Fernando Collor, que, impichado em 1992, deixou o Planalto de nariz empinado rumo ao ostracismo. Por outro lado, para surpresa geral, o "mito" resolveu acompanhar do gabinete do filho senador o prosseguimento da sessão, quando então ele e sete comparsas foram promovidos a réus por 5 votos a 0.


Findo o julgamento, Bolsonaro convocou os repórteres e transformou a entrevista em monólogo, numa reedição dos piores momentos do cercadinho e das lives do Alvorada, com direito à ressurreição do fantasma das urnas fraudadas, defesa do voto impresso e o lero-lero segundo o qual a Justiça Eleitoral "jogou pesado contra ele e a favor do Lula". Disse ainda que se limitou a "discutir hipóteses de dispositivos constitucionais", como a decretação do estado de sítio — o que, em sua visão, não é crime. Mas o voto de Moraes conferiu importância capital a sua manifestação: "Não é normal um presidente que acabou de perder uma eleição se reunir com o comandante do Exército, o comandante da Marinha e ministro da Defesa para tratar de uma minuta de golpe". 


Quanto mais se firma a evidência de uma condenação que acrescente anos de inelegibilidade aos oito aplicados pelo TSE e sabe-se lá quantos de prisão em regime inicialmente fechado, maior é a desenvoltura dos ainda aliados no engajamento da substituição do capetão. No espaço de dois dias, Gilberto Kassab, Ricardo Nunes e André do Prado, três fidelíssimos integrantes do entorno de Tarcísio de Freitas, admitiram concorrer ao Palácio dos Bandeirantes em 2026, caso o governador decida disputar a Presidência.


Em via de desidratação desde o fim do mandato e na bica de ver seus malfeitos esmiuçados ao longo da instrução processual penal, Bolsonaro já não tem o mesmo valor como pontifex maximus da extrema-direita, e valerá ainda menos no final do ano se sua condenação, tida como líquida e certa, realmente se concretizar. E de nada adianta querer repetir a estratégia de Lula em 2018, até porque, solto ou preso, ele não tem o mesmo capital político do ex-presidiário, não domina sozinho o campo da direita emergente e tampouco conta com a contrapartida da lealdade, na medida em que jogava os seus ao mar sempre que pressentia a aproximação dos tubarões.


A denuncia aceita na última quarta-feira é um verdadeiro manual de traição à reconstrução de uma democracia que completa 40 anos. Se comprovadas as acusações que constam do libelo acusatório, não há falar em punições excessivas e muito menos em anistia. O cunho jurídico, o sentido político, a natureza simbólica, o caráter histórico, o contexto tenebroso, tudo é inédito: um ex-presidente e um magote de civis e militares da alta cúpula de seu governo passarão pelo escrutínio de um tribunal cuja casa eles e outros acusados pretenderam destruir, juntamente com as sedes dos outros Poderes. 


Enquanto começam a ser julgados os mentores e organizadores do golpe, seguem em exame as ações dos executores, cujas penas suscitam debates sobre excessos e desproporcionalidades como se ali houvesse inocentes e todos tivessem sido condenados a 17 anos de prisão. Houve modulações, sentenças muito menores, absolvições, fugas em descumprimento da lei e centenas de acordos de não persecução penal aos quais não aderiu quem não quis. 


Consumada a condenação e esgotados todos os recursos possíveis e imagináveis, não se pode correr o risco de que súplicas por abrandamento de penas estimulem a repetição de atos que tornem o Brasil vulnerável à volta de um autoritarismo que custou muitas vidas anos de atraso institucional.


Moído pela unanimidade da 1ª Turma, Bolsonaro prioriza a anistia. Atentos aos sinais de fumaça, os ministros se equipam para apagar o fogo do réu: quem admite ou não a anistia é a Constituição, e quem interpreta a Constituição é o Supremo. Nos bastidores, dá-se de barato que uma lei para perdoar condenados por crimes contra a democracia seria declarada inconstitucional por 9 votos a 2, vencidos os ministros bolsonaristas Nunes Marques e André Mendonça. 


Ciente de que a condenação pode sair em seis meses, o presidiário-to-be planeja corrigir o fiasco de Copacabana lotando a Paulista em 6 de abril, às vésperas do julgamento da denúncia contra o núcleo tático da trama golpista, que inclui 11 militares e um policial federal. Em sua prancheta, a hipotética pressão das ruas ganhará as redes sociais, dividirá o noticiário e forçará Hugo Motta a pautar a votação do projeto de anistia. Entrementes, aliados tentam fazê-lo considerar a hipótese de apoiar antes do Natal um presidenciável que se disponha a lhe conceder um indulto. Mas a estratégia subestima as dificuldades. 


Inseridos na comitiva de Lula ao Japão, os chefes e ex-chefes do Congresso parecem ter outras prioridades. Sem falar que, assim como a anistia, a recuperação dos direitos políticos e um eventual indulto também seriam submetidos ao filtro do STF, e ainda está fresca na memória das togas a decisão que derrubou, por inconstitucional, o indulto concedido por Bolsonaro ao condenado Daniel Silveira.

Enfim, quem viver verá. 

domingo, 25 de agosto de 2024

VINAGRETE OU MOLHO À CAMPANHA?

PODE ME CHAMAR DO QUE QUISER, MAS NÃO DEIXE DE ME CHAMAR PARA O CHURRASCO.


Afinal, o certo é "molho vinagrete" ou "molho à campanha"? Há quem diga que tanto faz, que o molho é igual, o nome é que muda conforme a região (na Bahia, por exemplo, ele atende por "molho lambão"). Mas os connoisseurs discordam. 

Molho vinagrete como manda o figurino é basicamente uma emulsão composta por 1 parte de ácido (vinagre e/ou limão) para 3 partes de óleo (azeite) e temperada com sal e mostarda de Dijon. Já o molho à campanha, que é conhecido em alguns países como "brazilian sauce", se assemelha mais ao pico-de-gallo mexicano e ao pebre chileno, já que leva tomate, cebola e pimentão picados e marinados em vinagre e azeite. 

Independentemente do nome, a mistureba não pode faltar na feijoada de sábado, no churrasco de domingo, no bife nosso de cada dia, no hambúrguer, no hot-dog, e até na salada de folhas. 

Observação: Para preparar o Pico de Gallo, pique 4 tomates médios sem semente, 1 cebola grande, 1 pimenta jalapeño ou serrano e ½ xícara de cheiro verde (salsa e coentro), tempere com sal e suco de limão e sirva com tacos, nachos, burritos ou como acompanhamento para qualquer prato mexicano.

Para preparar um vinagrete simples, corte em cubinhos 2 cebolas grandes, 2 tomates sem sementes, ½ pimentão verde, adicione ½ xícara (chá) de vinagre, 1 ½ xícara (chá) de azeite, sal e pimenta do reino moída na hora a gosto, misture tudo bem misturado, leva à geladeira e deixe descansar por pelo menos 30 minutos antes de servir.

Você pode incrementar a receita com cheiro verde, pimenta dedo de moça e alho bem picadinhos, uma colher de chá de mostarda e outra de ketchup. Para aumentar a acidez, misture suco de limão na emulsão de azeite e vinagre; caso o sabor intenso do pimentão não lhe agrade, substitua a fruta (pois é, biologicamente, pimentão é fruta) por tomate verde; se quiser deixar o molho ainda mais colorido, troque uma das cebolas brancas pela roxa. 

Para prevenir uma indesejável queimação no estômago, misture ½ xícara (chá) de vinagre com o mesmo tanto de água, adicione uma pitada generosa de açúcar e uma colher (sopa) de ketchup, afervente rapidamente, deixe amornar e despeje sobre os ingredientes picados. 

Observação: Se preferir um molho ainda mais suave, reduza a quantidade de vinagre e aumente proporcionalmente a de água. Substituir o vinagre por vinho branco também reduz a acidez, mas o açúcar e o ketchup dão conta do recado. Em último caso, recorra ao bom e velho sal de frutas.
 
O molho à campanha leva os mesmos ingredientes do "vinagrete tropicalizado", mas usa menos azeite (apenas 2 colheres de sopa), menos vinagre (apenas 4 colheres de sopa), menos salsinha picada (apenas 2 colheres de sopa) e inclui ¼ de xícara de água, 2 colheres (sopa) de mostarda amarela, 2 colheres (sopa) de ketchup e 2 colheres (sopa) de molho inglês (há quem acrescente 
azeitona, palmito e champignon picados). 

Prepará-lo é bem simples: junte o vinagre ao azeite, acrescente a água e o sal, leve ao fogo até ferver, deixe amornar, despeje sobre os ingredientes picados, misture bem misturado e deixe descansar na geladeira por pelo menos 30 minutos antes de servir.

Bom apetite. 

domingo, 7 de julho de 2024

O QUE É DE GOSTO REGALA A VIDA

AS FEIAS QUE ME PERDOEM, MAS BELEZA É FUNDAMENTAL.

Os veganos que me perdoem, mas carne vermelha é fundamental. Gosto dela crua no Steak Tartar, assada na brasa ou no forno, cozida na pressão, em bifes (fritos ou de panela), acompanhada de salada, fritas, farofa, arroz, purê, e por aí vai. Mas cozinhar é arte, e até fritar ovos requer expertise. 

O que deveria ser um bife suculento fica com textura de sola de sapato quando a gente tira os bifes da geladeira e coloca na frigideira sem esperar pelos menos 10 minutos. E o resultado será ainda pior se a frigideira não estiver quente, pois os bifes irão cozinhar em vez de fritar. 

A diferença entre cortes do dianteiro e do traseiro do boi, popularmente conhecidos como carnes de primeira e de segunda, está na quantidade de gordura e no trabalho muscular realizados por cada região. Carnes provenientes de partes menos utilizadas do animal, como filé-mignon, picanha, contrafilé e alcatra, têm menos fibras e colágeno, o que as torna mais macias e de sabor marcante que o acém, a paleta, a fraldinha e o músculo. Mas a técnica de preparo é crucial para aproveitar o melhor de cada corte. 

A picanha é a estrela dos churrascos, mas o filé é tido como uma das melhores carnes bovinas, sobretudo por sua maciez. Já o contrafilé e o miolo da alcatra são ótimas opção para bifes fritos — além de suculentos, ele contam com aquela gordurinha que deixa as receitas mais saborosas. O coxão-mole é versátil e tem ótimo custo-benefício, e o coxão-duro e o lagarto dão excelentes assados e ótimos bifes rolê e de panelaFilé, contrafilé e miolo de alcatra podem ser cortados em bifes grossos, mas coxão-molepatinho devem ser cortados finos (sempre no sentido contrário ao das fibras). Independentemente do corte e da espessura, os bifes devem ser fritos individualmente e virados uma única vez. 


O "ponto" vai do gosto do comensal e varia conforme a espessura do bife, o material da frigideira e a potência do fogão. Para bifes médios (2,5 cm de altura) malpassados como manda o figurino, aqueça bem a gordura e frite cada lado por 2 ou 3 minutos. Se quiser seus bifes "ao ponto" ou bem-passados, frite-os por 4 ou 5 minutos ou de 6 a 8 minutos de cada lado, respectivamente. Ao final, coloque os bifes numa travessa, cubra com papel laminado e deixe descansar por alguns minutos, para que os sucos que se concentraram na parte central da carne durante a cocção se redistribuam por igual, deixando-a mais macia e suculenta. 

 

Bifes à milanesa devem ser finos e fritos por imersão em gordura bem quente (180°C). Recomenda-se usar frigideiras ou panelas largas e borda alta e fritar um bife de cada vez (para o óleo não esfriar). A casca ficará mais crocante e não se desprenderá da carne durante a fritura se, ao empanar os bifes, você passá-los na farinha de trigo, no ovo batido e na farinha panko (nessa ordem). Ao final, coloque-os numa travessa forra com toalhas de papel, que absorverão o excesso de gordura, deixando os bifes mais sequinhos.

 

Carne moída (ou "picadinho", como ela é chamada no norte do país) é comumente usada como recheio de pastéis, esfihas, almôndegas e empadões, no molho à bolonhesa ou para acompanhar o popular arroz com feijão. Crua, ela é a base de hambúrgueres e do sofisticado Steak Tartar. Como é difícil saber se a carne pré-moída vendida nos supermercados é premium (de melhor qualidade), intermediária ou industrial (mais baratas), faça como nossas avós: escolha o pedaço desejado e peça ao açougueiro para passá-lo duas vezes no moedor. Melhor ainda é moer a carne em casa, pois assim você poderá misturar 20% de gordura de picanha à paleta ou ao patinho (hambúrguer sem gordura não dá liga nem tem sabor). 


Para preparar quibe cru e Steak Tartar, o filé é o corte mais indicado. Supermercados de grife e "butiques" de carne vendem escalope, medalhões, tornedor e chateaubriand de filé, mas sai mais barato comprar a peça e cortá-la em casa. Comece removendo a fáscia (aquela membrana prateada que deixa os bifes duros se não for retirada). Use uma faca de ponta fina, bem afiada, e mantenha-a quase em paralelo com a peça (para minimizar a quantidade de carne que fatalmente será retirada junto com o tecido conjuntivo). 

 

Separe o filé em cabeça, lateral, miolo e ponta (a cabeça é a extremidade maior, a lateral é a parte que fica ao lado, quase solta, o miolo é o corpo cilíndrico do filé, e a ponta é a parte final da peça, onde a carne "afina"). Corte o filé em chateaubriands (com cerca de 4cm de altura e de 300g a 400g), tornedor (3cm e 250g), medalhão (2cm e 180g) ou escalope (cubinhos de 1cm de lado), e o restante em bife (aproveite as sobras para fazer strogonoff ou escondidinho de filé, por exemplo).


Continua no próximo domingo.

domingo, 5 de maio de 2024

QUEIJO É TUDO DE BOM, MAS O PREÇO...

A IMAGINAÇÃO MUITAS VEZES NOS LEVA A MUNDOS INEXISTENTES, MAS SEM ELA NÃO VAMOS A LUGAR ALGUM.

 
Se tivesse sido escalado para organizar o ato estrelado por Lula na última quarta-feira, o alto-comando do bolsonarismo não teria se saído melhor. Isso sem mencionar que a popstar Madonna reuniu 1,6 milhão de pessoas na praia de Copacabana — R$ 1,7 milhão de cachê que se somará ao patrimônio estimado em US$ 650 milhões (ou R$ 3,3 bilhões). O xamã petista e o mito dos pacóvios roxos de inveja.
A pantomima meticulosamente planejada pelas centrais sindicais companheiras em parceria com o Planalto foi um fiasco retumbante de público. Antecipando-se à ironia dos rivais, Lula, rápido no gatilho quando se trata de terceirizar responsabilidades, passou uma carraspana no chefe da Secretaria-Geral da Presidência: "Ele é responsável pelo movimento social brasileiro. Não pense que vai ficar assim. Ontem eu conversei com ele e disse: 'Oh, Márcio [Macedo], o ato está mal convocado. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar'."
"Um boneco do Bolsonaro coloca mais gente na rua", anotou o deputado bolsonarista Nikolas Ferreira, numa alusão às multidões que prestigiaram o subproduto da escória da humanidade na Avenida Paulista, em fevereiro, e em Copacabana, semanas atrás.
Houve um tempo em que as centrais sindicais atraíam plateias vistosas com shows de artistas famosos e sorteios de carros e eletrodomésticos. Mas o fim do imposto sindical esvaziou as arcas do aparato sindical. Numa conjuntura castigada pela inflação dos alimentos e marcada pelo trabalho informal e pela uberização da mão de obra rendida à era dos aplicativos, o petismo e o sindicalismo enxergam o mundo pelo retrovisor.
Como na canção Carolina, de Chico Buarque, "o tempo passou na janela, só Lula e seus acólitos não viram".

Queijo vai bem com tudo, do lanche à pizza, da salada ao risoto e à macarronada. Mas tem de ser de leite (de vaca ou de cabra), que o tal de queijo vegano não convence (a exemplo do hambúrguer vegetariano, cujo sabor varia do isopor ao papelão, dos refrigerantes diet, das cervejas sem álcool e outras invencionices). 
 
No post de 8 de março, a reboque da receita de queijo-quente, discorri brevemente sobre as diferenças entre o Parmigiano Reggiano e o Grana Padano; hoje, veremos o que difere o Gorgonzola do Roquefort — que muita gente excluiu da lista de compras porque o preço está pela hora da morte (volto a esse assunto mais adiante).
 
Entre as diversas variedades, os queijos mais consumidos pela depauperada classe média tupiniquim são a muçarela e o prato. Ambos têm textura macia, embora o prato seja considerado "semiduro". A muçarela, mais "elástica", é mais usada em pizzas e lasanhas; o prato, mais firme e de sabor levemente adocicado (os de boa qualidade, porque alguns têm gosto de batata crua), combina melhor com lanches frios. 

ObservaçãoA Embrapa define a muçarela como "queijo de massa filada, macio, com umidade média entre 43% e 46%, teor de gordura entre 22% e 24% e de sal entre 1,6% e 1,8%." No final do ano passado, a convite do Estadão, quatro connoisseurs avaliaram 9 das marcas mais encontradas nas redes de supermercado, e as três primeiras colocadas foram Lac Lélo, Scala e Aviação.
 
Igualmente populares, os queijos frescos — como Minas Frescal, Feta e Burrata — são úmidos e macios. Devido à maturação prolongada, os "duros" (como Parmesão, Grana e Provolone) têm casca firme, sabor intenso, coloração amarelada e aroma inconfundível. Mais macios e cremosos — mas menos consumidos no Brasil —, os queijos de "mofo branco", como o Brie e o Camembert, têm sabores personalíssimos e preços estratosféricos. Entre os "semiduros" (ou queijos de "pasta dura"), destacam-se o Gouda, o Edam e o Cheddar jovem.
 
Voltando ao Gorgonzola e o Roquefort, ambos são queijos de "mofo azul" — assim classificados devido aos veios azul-esverdeados em sua massa, que se devem à inserção do mofo Penicillium Roqueforti no leite ou na coalhada durante sua produção. Por serem parecidos, esses dois queijos costumam ser considerados pelos menos iniciados como "pinga da mesma pipa", mas as diferenças começam na origem e seguem pelos ingredientes.
 
O Gorgonzola é italiano e produzido com leite de vaca, enquanto o Roquefort é francês e feito com leite de ovelha. Ambos têm alto teor de sal, mas o sabor do italiano é mais picante e metálico, e o do francês combina o dulçor do leite de ovelha com uma massa fundente, que derrete na boca. Tanto um como o outro são usados para rechear massas e fazer molhos, inclusive para carnes vermelhas, mas também não podem faltar em "tábuas de queijos", até porque harmonizam com os mesmos vinhos — Porto, Sauterne, Riesling Renano e alguns Chenin Blanc.
 
Observação: Em atenção aos menos iniciados, entende-se por "tábua de queijos" uma apresentação elegante de diversas qualidades de queijos (como Brie, Camembert, Gorgonzola, Gouda, Reino, Maasdam, etc.)  acompanhadas por frutas, nozes, geleias, e pães. Ao montar a dita-cuja, é importante considerar a variedade de sabores, texturas e aparências para criar uma apresentação visualmente atraente, bem como fornecer facas de queijo, garfos e outros utensílios que facilitem a degustação.
 
Ao comprar queijos frescos, escolha os de data fabricação mais recente. Nos "azuis", a massa deve estar mole, mas sem verter água ou soro ou apresenta manchas amarronzadas. No caso dos duros, confira se a casca está bem firme (pressionando-a com a unha) e a massa, seca. Sempre que possível, evite comprar aqueles "kits" prontos, que trazem quatro ou cinco tipos de queijo já cortados. 
 
No que tange ao preço do queijo (assim como o da manteiga), produtores e revendedores geralmente atribuem a culpa ao leite e ao dólar. É fato que o litro do leite beirou os R$ 10 em meados de 2022, mas hoje ele custa menos da metade, e o dólar continua orbitando os R$ 5. Mesmo assim, o preço dos laticínios continua nas alturas.
 
Também é fato que, em meio a importações recordes de leite em pó, a alta dos custos (sobretudo dos grãos usados para alimentar o gado) o preço médio do litro de leite pago ao produtor despencou de R$ 3,57 para R$ 1,97 entre agosto de 2022 e outubro de 2023, levando um sem-número de pequenos produtores a mudar de atividade (em relação a 2015, quando o Rio Grande do Sul, que é o maior produtor de leite do país, tinha 84.199 produtores, a queda foi 61% em oito anos).
 
Observação: Em 2023, o Brasil importou um recorde de US$ 853,6 milhões (cerca de R$ 4,3 bilhões) em leite, creme de leite e laticínios, exceto manteiga ou queijo, alta de 66% em relação ao ano anterior e maior valor da série da Secretaria de Comércio Exterior do governo federal.
 
Mas a pergunta que se coloca é: se o preço do leite despencou, por que o preço dos derivados segue nas alturas? Na avaliação dos especialistas, o vilão da história não são os produtores, mas os varejistas, que, por não considerarem o queijo um produto "de alto giro", mantêm suas margens de lucro mais elevadas do que em outros produtos. Aliás, o Brasil encabeça o ranking das maiores margens praticadas no mercado de queijos mundial. 

Laticínios como iogurte, queijo e manteiga são considerados "substituíveis" — donde o surgimento das "misturas lácteas condensadas" como alternativa mais barata ao leite condensado, das "bebidas lácteas" ao iogurte, das "misturas láctea sabor requeijão" ao produto original, das "margarinas vegetais sabor manteiga" à manteiga propriamente dita, e assim por diante.
 
Observação: Mutatis mutandis, o mesmo se aplica às misturas de azeite de oliva com óleo de soja comercializadas como "óleos compostos", que de azeitona não têm nem o cheiro. Alguns maus fabricantes acrescentam lampante — gordura obtida das azeitonas sãs, mas com graus de acidez acima de 2,% e com muitos defeitos sensoriais,— a suas misturebas, o que as torna impróprias para o consumo humano.
 
Ainda me lembro do sabor das manteigas Aviação e Viaducto dos anos 1960, da textura do requeijão Catupiry da caixinha de madeira e dos bifes deliciosos que degustava no sítio de minha avó materna, na divisa de São Paulo com Minas Gerais. Décadas depois, perguntei à velhota qual era o segredo daqueles bifes (cujo sabor eu jamais consegui reproduzir), e ela respondeu: "Vá até o matadouro e traga um quilo de patinho que eu faço os bifes pra você". 
 
Bons tempos. 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

O 8 DE JANEIRO E A POLARIZAÇÃO (QUINTA PARTE)

 

Jair Bolsonaro iniciou sua carreira militar em 1973 e encerrou-a em 1988, já com a patente de capitão  mas só foi diplomado às vésperas de vestir a faixa presidencial, e graças a uma portaria publicada dois dias depois da eleição. Em 1986, ele cumpriu 15 dias de prisão disciplinar por ter publicado um artigo de opinião em Veja; no ano seguinte, a mesma revista revelou que ele e o capitão Fábio Passos da Silva planejavam explodir bombas em quartéis se o reajuste do soldo fosse inferior a 60%. Uma comissão do Exército decidiu pela expulsão do insurretos, mas o STM os absolveu. Passos se aposentou com a patente de coronel, mas Bolsonaro trocou a carreia militar pela política. 

No mesmo ano em que deixou a caserna, o futuro mito dos descerebrados se filiou ao PDC (o primeiro dos 9 partidos que o abrigaram nos últimos 35 anos), amoldou o discurso às demandas da soldadesca e conquistou uma cadeira na Câmara Municipal carioca, onde se disse "espantado" com o tanto de funcionários fantasmas que havia na Casa. Dois anos depois, já deputado federal, pôs em movimento seu trem da alegria, começando por nomear o pai da primeira esposa, Rogéria Nantes Braga, mãe de 0102 e 03. Como o sogro continuou morando no interior do Rio, o muito que fez como assessor parlamentar do genro foi distribuir "santinhos" durante as campanhas eleitorais.

ObservaçãoO ex-capitão empregou familiares das ex-esposas em seu gabinete e nos gabinetes dos filhos Carlos  eleito vereador em 2000 e reeleito outras 5 vezes  e Flávio — eleito deputado estadual em 2002, 2006, 2010 e 2014 e promovido a Senador em 2018.
 
No baixo clero da Câmara Federal, Bolsonaro defendeu o fechamento do Congresso e a volta dos militares ao poder. Disse não acreditar em solução para o Brasil por meio do voto popular, e que mais gente deveria ter sido morta pela ditadura (incluindo o então presidente Fernando Henrique). Em abril de 2016, emendou seu voto pelo impeachment de Dilma com uma patética homenagem o coronel torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. Mas a punição mais severa que recebeu ao longo de
 sua improfícua trajetória política (abrilhantada pela aprovação de 2 míseros projetos e míseros quatro votos na disputa pela presidência da Câmara) foi uma réles advertência. 

O primeiro casamento de Bolsonaro terminou em 1997, quando sua mulher, então então vereadora carioca, deixou de consultá-lo na hora de votar questões polêmicas: "Eu a elegi. Ela tinha que seguir minhas ideias". Outra versão sustenta que ambos estavam insatisfeito com as infidelidades de cada um. Rogéria concorreu a um terceiro mandato em 2000, mas o ex-marido lançou a candidatura do filho Carlos, então com 17 anos, que sepultou a carreira política da mãe ao se tornar o vereador mais jovem da história política do Rio de Janeiro.  
 
Eduardo Bolsonaro — o fritador de hambúrguer que quase virou embaixador — conquistou uma cadeira na Alesp em 2014, renovou o mandato em 2018 e 2022 e é investigado pela CPMI das Fake News. À exceção da menina Laura — fruto da união com Michelle — todos os filhos do capitão estão na mira da Justiça, incluindo Jair Renando casamento com Ana Cristina Valle, que (ainda) não tem cargo eletivo. Afora a novela 01 e as rachadinhas, a PF e o MP apuram suspeitas que vão de tráfico de influência e contratação de funcionários fantasmas a envolvimento na organização de manifestações em prol do fechamento do Congresso e do STF.
 
No livro "O Negócio do Jair",
 Juliana Dal Piva esmiúça o esquema usado pelo clã Bolsonaro para comprar mais de 100 imóveis, acumular milhões de reais e construir um projeto político iniciado com o emprego de parentes e coordenado pela segunda esposa. A Jornalista trata ainda das relações da família com Adriano da Nóbrega, o ex-capitão do Bope que viou chefe da milícia de Rio das Pedras e do Escritório do Crime — grupo suspeito de assassinar a vereadora Marielle Franco e seu motorista em março de 2018 — e acabou executado em 2020 por policiais militares baianos e fluminenses. 

Observação: Quando foi avisado da denúncia protocolada no TJ-RJ contra Flávio Bolsonaro, o então presidente moveu montanhas retardar o andamento do caso (que ficou paralisado por 811 dias). Zero Um era acusado de desviar R$ 6,1 milhões dos cofres públicos fluminenses — dinheiro que Fabrício Queiroz usava para pagar despesas pessoais do então deputado, comprar imóveis e "lavar" o que sobrava através de uma franquia da KopenhagenDe 1990 até 2022 (ano da publicação do livro), Jair et caterva negociaram 107 imóveis e pagaram 51 deles em dinheiro vivo. As compras registradas nos cartórios como pagas "em moeda corrente nacional" totalizaram R$ 25,6 milhões; Piva não conseguiu descobrir como foram pagos 26 imóveis, mas as transações por meio de cheque ou transferência bancária somaram R$ 17,9 milhões (em valores corrigidos pelo IPCA para agosto de 2022). 
 
Em 2022, a jornalista Amanda Klein confrontou Bolsonaro com um levantamento patrimonial realizado pelo UOL, relembrou as rachadinhas nos gabinetes dele e dos filhos e os 20 imóveis que Flávio negociou nos últimos 16 anos (entre os quais uma mansão de R$ 6 milhões). Curto e grosso (mais grosso do que curto, na verdade), o então candidato à reeleição qualificou as acusações de "levianas", disse que não sabia da vida econômica de suas ex-mulheres e que os imóveis foram comprados na planta "por uma micharia por mês" e revendidos com lucro logo depois. 

Numa série de reportagens sobre a evolução patrimonial do capetão, a Folha anotou que, enquanto deputado, Bolsonaro recebeu "auxílio-moradia", embora tivesse um apartamento em Brasília, e que mantinha entre seus assessores-fantasmas uma certa Wal do Açaí́, que morava e trabalhava em Angra dos Reis (RJ). Como os frutos não caem longe do pé, Wal não era a única assessora em situação irregular, já que os filhos emularam o modus operandi do pai, empregando parentes da mãe e da ex-madrasta e outros agregados.
 
Investigar presidentes da República no exercício do cargo é prerrogativa exclusiva da PGRAugusta Aras, que foi um exemplo de antiprocurador, fechou os olhos e os ouvidos para as atrocidades cometidas pelo pior mandatário desta banânia desde Tomé de Souza. Ignorar as evidências que conectam um formidável esquema de corrupção aos três casamentos de Bolsonaro, a seus filhos, a dezenas de parentes, ao patrimônio da família e à proximidade do clã com Queiroz, Adriano e outros pulhas é a prova provada de que a Justiça tupiniquim, além de cega, abriga em suas fileiras gente burra, pusilânime e venal. Nada muito diferente do que se vê no Congresso Nacional. 
 
Triste Brasil.