NÃO SABENDO QUE ERA IMPOSSÍVEL, FOI LÁ E FEZ.
Os hipotéticos buracos de minhoca — também conhecidos como pontes Einstein-Rosen — são tidos como "atalhos cósmicos". Supostamente localizados nas proximidades ou no fundo dos buracos negros, eles interligam dois pontos distantes, neste ou em outro Universo, no presente ou em outro momento da linha do tempo.
Mais de um século antes de os buracos negros emergirem das soluções de Schwarzschild para as equações relativísticas de Einstein, o cientista inglês John Michell propôs a existência de "estrelas escuras" (em 1783). O astrônomo francês Pierre-Simon de Laplace publicou conclusão similar em seu livro Exposition du Système du Monde (1796), mas o primeiro exemplar somente foi fotografado pelo Horizon Telescope em 2019.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
A investigação sobre o assalto de R$6 bilhões contra os velhinhos aposentados ainda nem terminou e já surge no noticiário outra perversão: o endividamento de crianças. Adultos contraíram cerca de R$12 bilhões em empréstimos consignados em nome de menores que deveriam proteger.
Portadora da Síndrome de Down, a menina Clara, de sete anos, recebe auxílio de um salário mínimo e está pendurada no consignado com uma dívida de R$38 mil, contraída por uma tia materna que detinha sua guarda legal.
A contratação de empréstimos por pais, curadores, tutores ou procuradores das crianças foi autorizada pelo INSS em 2022, sob Bolsonaro. As instituições financeiras poderiam ter soado o alarme, mas não costumam mexer no time que está perdendo no INSS. Assim, a aberração sobreviveu à chegada de Lula e só foi interrompida há quatro meses — não por opção do governo, mas por ordem da Justiça.
A melhor maneira de prever o futuro de um país é observando o modo como trata seus velhos e suas crianças. Não é à toa que o Brasil se tornou o mais antigo país do futuro do mundo.
Os buracos de minhoca seguem envoltos nas brumas da especulação, mas, como já aconteceu várias vezes na astrofísica, o que vale hoje pode ser refutado amanhã. A fusão nuclear, por exemplo, foi considerada uma reação exclusiva do Sol até a detonação da primeira bomba de hidrogênio liberar energia equivalente a 10 megatons de TNT.
Einstein revolucionou a física ao demonstrar que o espaço e o tempo formam uma estrutura única e indissociável (espaço-tempo), que tudo é relativo no Universo (com exceção da velocidade da luz), e que o tempo desacelera conforme a velocidade do observador aumenta — como bem ilustra o paradoxo dos gêmeos.
Os fótons viajam no vácuo a cerca de 300.000 km/s por serem partículas de luz e não possuírem massa. Partículas com massa exigem quantidades crescentes de energia para acelerar, e sua massa tende ao infinito na velocidade da luz, exigindo energia igualmente infinita para continuar acelerando. Curiosamente, os táquions nascem superluminais, ganham velocidade à medida que perdem energia e se movem no sentido inverso ao da seta do tempo. Quando eles se movem — e eles sempre se movem mais rápido que a luz —, sua energia e seu momento são reais e positivos, mesmo que sua massa de repouso seja imaginária. Isso é matematicamente possível porque as transformações relativísticas envolvem fatores que "cancelam" a natureza imaginária da massa quando a velocidade supra a da luz.
Os táquions ainda não foram observadas experimentalmente, mas pesquisadores da Universidade de Varsóvia propuseram uma extensão da teoria relatividade especial para explorar sua possível existência. Se ela for confirmada, eles violariam o Princípio da Causalidade, dando azo a paradoxos tão complexos quanto o do Avô e exigindo a reformulação das Transformações de Lorentz. Mas isso é outra história e fica para uma outra vez.
A sonda espacial mais rápida lançada pela NASA atingiu 692 mil km/h em dezembro do ano passado. Essa velocidade equivale a 0,064% da velocidade da luz, e é suficiente para ir da Terra à Lua em menos de uma hora e ao Sol em cerca de 10 dias. No entanto, uma viagem até Gaia BH1 — o buraco negro mais próximo da Terra — levaria cerca de 2,5 milhões de anos. Talvez haja um buraco de minhoca por lá, mas não temos como enviar uma missão tripulada para conferir, até porque os efeitos da dilatação temporal só são significativos em velocidades próximas à da luz, e nossa hipotética espaçonave precisaria se mover a 99,9999999999% dessa velocidade para que a viagem de quase dois milhões e meio de anos (pelo tempo terrestre) durasse alguns minutos para os astronautas.
Supondo que essa viagem fosse possível e que existisse um buraco de minhoca em Gaia BH1, seria necessária uma quantidade imensa de matéria exótica (com densidade de energia negativa) para mantê-lo atravessável. E não se sabe se esses "túneis" atraem matéria por uma boca e a devolvem pela outra ou se ambas as bocas apenas "engolem", prendendo a matéria ficaria num loop insano até destruí-la no ponto central.
Observação: Matéria exótica é um termo usado na física teórica para descrever substâncias com propriedades incomuns, como densidade de energia negativa ou massa negativa — capazes de gerar efeitos gravitacionais repulsivos. Já a "matéria escura" é uma forma invisível de matéria que interage gravitacionalmente, mas não emite luz nem possui, até onde se sabe, propriedades exóticas. Um exemplo clássico de energia negativa é o Efeito Casimir, descoberto em 1948, segundo o qual a densidade de energia em certas regiões do espaço pode ser menor que a do vácuo.
Alguns cientistas acreditam que, em determinadas situações, os efeitos gravitacionais extremos e a geometria complexa do espaço-tempo no interior dos buracos de minhoca fariam com que a viagem demorasse mais do que se fosse feita diretamente pelo espaço. Ir da Terra a Marte, coisa que a sonda Mars Insight fez em menos de 6 meses, poderia levar mais de 50 anos através de um hipotético buraco de minhoca.
Não é de hoje se busca harmonizar os buracos de minhoca com a física quântica. Uma proposta intrigante sugere que esses túneis e o emaranhamento quântico estão ligados pela equação ER = EPR — em que ER se refere às pontes de Einstein-Rosen e EPR, ao paradoxo de Einstein-Podolsky-Rosen. Em outras palavras, o emaranhamento quântico e os supostos atalhos cósmicos seriam duas manifestações distintas de um mesmo fenômeno físico fundamental.
Tudo isso pode parecer roteiro de filme de ficção científica, mas não se pode perder de vista que inúmeras teorias revolucionárias — como a do heliocentrismo, da desinfecção, da imunoterapia e da deriva continental — foram vistas como delírios até que o tempo provasse que elas estavam certas.
Continua...


