NUNCA ACENDA UMA FOGUEIRA SE VOCÊ NÃO TIVER CERTEZA DE QUE PODE APAGÁ-LA.
Até o surgimento dos aplicativos mensageiros e das redes sociais, o Correio Eletrônico era o serviço mais popular da Internet. Sua "paternidade" é atribuída a Ray Tomlinson, que criou para si o primeiro endereço eletrônico (tomlinson@bbn-tenexa) e enviou mensagens para os colegas da Universidade, ensinando-os a utilizar o "novo recurso".
Observação: "Novo" entre aspas, porque o conceito de correio eletrônico havia sido implementado num sistema rudimentar de comunicação de dados desenvolvido em meados dos anos 1960, mas a verdão que Tomlinson criou em 1972 já contava com as funções "send" e "read" e foi pioneira no envio de mensagens entre diferentes nós conectados à ARPANet.
Ainda que não tenha o mesmo protagonismo dos tempos e antanho, o email ainda é largamente utilizado no âmbito corporativo — não obstante a popularização do WhatsApp também nesse segmento — e em nosso dia a dia, já que precisamos de um endereço eletrônico para nos logamos em sistemas, sites e aplicativos, para preencher cadastros e formulários, para fazer compras online, para acessar conteúdos exclusivos, e por aí vai.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Ou os partidos e seus políticos dão um jeito de acabar com os abusos ao dinheiro da coletividade, ou o uso abusivo do financiamento público dessas agremiações acabará com o que resta da pouca credibilidade de que ainda dispõem junto aos brasileiros. Caso sigam indiferentes, cedo ou tarde caberá à sociedade ou à Justiça, esta provocada por aquela, dar um fim ao impasse retirando do Legislativo a vantagem da iniciativa. É uma encruzilhada, e cabe ao Senado decidir se inicia a construção de um caminho para sair dela ou se prefere afundar na lama do descrédito e da amoralidade, em prejuízo da saúde democrática.
A camarilha, digo, a Câmara dos Deputados vem de aprovar emenda que eterniza na Constituição um prêmio à ilicitude, perdoa dívidas com renegociações camaradas, reduz as cotas de candidaturas negras e pardas, institui vantagens tributárias, aumenta o poder discricionário dos dirigentes partidários e estabelece um liberou geral para infrações passadas e futuras. Pelo texto, partidos serão inimputáveis e poderão fazer o que bem entenderem ao arrepio da legalidade, pois estarão constitucionalmente cobertos para sempre.
Não há como a sociedade aceitar, mas há uma forma de os senadores frearem a derrocada, repudiando a ofensiva cheia de tenebrosas intenções — vantagens financeiras sem garantias específicas que seguem submetidas às decisões dos dirigentes, estabelecendo o império da servidão do Estado a interesses individuais perpetrados ao arrepio da legalidade e estimulando a disseminação de uma infecção que se alastra no organismo institucional já combalido e que na teoria é defendido por aqueles que na prática são seus piores algozes.
No final do século passado, quando o acesso à Internet via rede dial-up começou a se popularizar no Brasil, AOL, iG, iBest, Yahoo! e outros provedores ofereciam serviços de webmail para os assinantes. Como as mensagens ficavam armazenadas nos servidores dos provedores, os internautas acessavam suas caixas postais a partir do navegador, mas o espaço miserável (entre 1 e 5 MB) levou muita gente a optar por programas clientes — como Eudora, Outlook, IncrediMail e Thunderbird. Com eles era possível baixar os emails para o computador, gerenciar a correspondência offline e, ao final, restabelecer a conexão para enviar as respostas.
Observação: O acesso discado não só era lento e instável — baixar arquivos pesados levava horas (ou dias); um hipotético upgrade para o Win11 demoraria anos — como inviabilizava o uso concomitante do telefone. Da feita que um aplicativo discador discava literalmente para o número do provedor de acesso, a linha ficava ocupada até a conexão ser desfeita. Para piorar, o tempo de navegação era tarifado do mesmo jeito que as chamadas telefônicas convencionais — 1 pulso quando a ligação era completada e pulsos adicionais a cada 6 segundos.
Quando lançou o Gmail — em 1º de abril de 2004 — o Google oferecia caixas postais de 1GB. Como os populares Hotmail e Yahoo! Mail limitavam o espaço a 5MB, o número de internautas que migrou para o novo serviço cresceu em progressão geométrica — ultrapassando a casa do bilhão em 2016. A empresa chegou a prometer espaço gratuito "ilimitado", mas acabou limitando-o em 15GB (divididos entre o Gmail, o Google Drive e o Google Fotos). Mesmo assim, 15GB são suficientes para armazenar 7,5 milhões de mensagens ou 3 milhões de fotos, e quem precisar de mais espaço pode optar pelos planos pagos, que partem de 100GB e vão até 30TB.
Voltando ao que eu disse no início, o WhatsApp e as redes sociais não aposentaram o correio eletrônico, e assim os emails de spam e scam continuam chegado aos borbotões. Embora as caixas postais miseráveis sejam coisa do passado, o acúmulo de mensagens não solicitadas e indesejadas dificulta o gerenciamento da correspondência eletrônica e põe em risco nossa segurança.
Observação: "Spam" era a marca de um presunto enlatado fabricado pela HERMEL FOODS, que ficou famoso por ser pedido de modo jocoso na comédia inglesa MONTY PYTON. Em 2004, Bill Gates profetizou que a versão digital (também conhecida como "junkmail") seria varrida do mapa dali a 2 anos, mas já se passaram 20 e os spammers continuam fazendo a festa. Já o scam (ou "phishing scam") é uma variação do spam que busca induzir os destinatários a abrir anexos maliciosos ou clicar em links suspeitos, e continua sendo uma das principais "ferramentas de trabalho" dos fraudadores e cibercriminosos.
Não há, pelo menos até onde eu sei, como evitar esse aborrecimento sem abrir mão do correio eletrônico, até porque os softwares "antispam", que pareceram promissores num primeiro momento, se revelaram tão úteis quanto enxugar gelo. Mas é possível minimizar o problema criando duas ou mais contas de email, reservando uma delas para assuntos importantes e as demais para se cadastrar em sites, participar de fóruns online, testar serviços etc. Outra possibilidade é usar endereços de email que são criados de forma aleatórias e se "autodestroem" depois de utilizados, eliminando qualquer possibilidade de acesso futuro.
O email provisório permite gerenciar melhor a privacidade e manter a caixa de entrada principal livre de junkmail, já que o usuário deixa de receber mensagens indesejadas na conta principal, evita que os sites coletem dados pessoais para criar uma base de leads e vender para "empresas parceiras", o que aumenta significativamente as chances de vazamento e/ou de uso não autorizado.
Quando abordei este assunto pela primeira (em agosto de 2007), sugeri usar o 10 Minute Mail para criar endereços válidos por 10 minutos (e prorrogáveis por mais dez) e o BugMeNot para obter logins já prontos. Muita água rolou desde então, e a gama de possibilidades ficou bem maior, inclusive com opções compatíveis com o Android e o iOS. O 10 Minute Mail continua ativo e operante, mas não custa conhecer outros serviços similares e igualmente eficientes, começando pelo TempMail, que permite criar endereços temporários quantas vezes for preciso e fazer o download de todos os conteúdos recebidos (versões para smartphone estão disponíveis na Google Play Store e na Apple Store).
O Email On Deck fornece um token e aconselha o usuário a salvá-lo em algum lugar (são mais de 30 caracteres). Inserindo o código alfanumérico na página para recuperação do domínio do site, pode-se recuperar a caixa de entrada temporária, mas é preciso fazê-lo rapidamente, pois as contas são descartadas em até 24 horas.
No Spamgourmet oferece suporte em português e permite definir quantas mensagens o usuário deseja receber — o "
X" que aparece no endereço
(algumapalavra.x.nomedeusuário@spamgourmet.com) corresponde ao número de mensagens serão repassadas; as demais são jogadas no lixo. O
Maildrop usa filtros criados pelo serviço antispam
Heluna para entregar uma caixa postal mais limpa, mesmo que temporária, e o
Mohmal (que significa "lixo eletrônico em árabe) tem suporte em português e oferece endereços que duram 45 minutos (que são gerados aleatoriamente, mas podem ser personalizados pelos usuários).
O serviço "Tua mãe, aquela ursa" se destaca pela abordagem direta e bem-humorada. Ele permite acessar qualquer email recebido num endereço @tuamaeaquelaursa.com sem que seja preciso criar uma conta específica — o
usuário precisa apenas preencher o nome desejado no campo apropriado; passadas algumas horas, as mensagens recebidas são destruídas. Com o AdGuard Temp Mail, basta acessar a página principal para o email temporário ser exibido no topo da página (e clicar nele para copiá-lo). O serviço "memoriza" o endereço e armazena as mensagens usando cookies (que o provedor se encarrega de apagar ao cabo de 7 dias de inatividade;
Criar um email temporário é simples e intuitivo na maioria das plataforma; via de regra, basta acessar a página principal do serviço para um endereço descartável ser gerado automaticamente, copiar esse endereço e usá-lo no site em que o interessado deseja se cadastrar, por exemplo. Mas nem tudo são flores. Após um prazo que varia conforme o provedor — dez minutos prorrogáveis por mais dez no 10 Minute Mail e cerca de 24 horas no Email On Deck) — as mensagens são destruídas e não pode ser mais acessadas. Além disso, a maioria dos provedores só permite o recebimento de mensagens — em alguns casos elas podem ser reencaminhadas diretamente para a conta de email pessoal do usuário, mas essa não é uma característica universal, de modo que é preciso verificar as informações sobre a duração fornecidas por cada serviço.
Por último, mas não menos importante, tenha em mente que esses serviços podem ser instáveis e, portanto, não devem ser usados para o recebimento de dados sensíveis ou sigilosos.