quarta-feira, 5 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? ― Parte V

O ANALFABETISMO POLÍTICO SE VENCE COM A INFORMAÇÃO.

Explicar como um PC funciona transcende o escopo e as possibilidades desta sequência de postagens, mas sempre se pode trocar em miúdos as funções dos principais componentes que integram essas máquinas maravilhosas. Acompanhe.

Todo computador depende de energia elétrica para funcionar, daí haver uma “fonte de alimentação”, que é o dispositivo responsável por converter a corrente alternada em contínua e fornecer as tensões necessárias aos demais elementos do sistema computacional (não confundir com sistema operacional). Além de potência adequada, a fonte deve disponibilizar os conectores apropriados e integrar uma ventoinha poderosa, mas silenciosa e durável.

Máquinas de grife costumam oferecer fontes de boa qualidade, de modo que só é preciso se preocupar com esse componente se e quando ele deixar de funcionar. Ainda assim, substituí-lo é bem simples: nos desktops, basta abrir o gabinete, desaparafusar a fonte defeituosa, colocar outra em seu lugar, fixá-la e reconectar os cabos. 

Nos portáteis (laptops ou notebooks), a fonte é o próprio “carregador”, que é um componente externo e, portanto, facílimo de substituir ― isso não significa que custe barato, mas aí já é outra história. Aliás, a própria bateria dos portáteis também pode ser trocada pelo próprio usuário, já que a maioria dos aparelhos apresenta uma portinhola de encaixe ― ou uma tampinha aparafusada, conforme o caso ― que dá acesso à bateria. A exceção fica por conta dos portáteis da Apple, nos quais esse serviço deve ser feito numa assistência técnica autorizada ou por um Computer Gay de confiança.

A CPU (ou processador) é o “cérebro” do computador, e daí a razão de muitos usuários tomarem sua velocidade (ou frequência de operação) como parâmetro de desempenho do aparelho. Isso até fazia sentido nos primórdios da era PC ― quando Gordon Moore, então presidente da Intel, previu que a capacidade de processamento dos microchips dobraria a cada 18 meses, e coisa e tal. Só que muita água rolou por debaixo da ponte desde então, e a performance das máquinas passou a depender de outras variáveis ― algumas até mais importantes do que o clock, que, em última análise, indica apenas o número de operações que a CPU executa a cada segundo; o que ela é capaz de fazer em cada ciclo já é outra história (mais detalhes nesta postagem).

Para resumir essa novela, quando a frequência de operação dos processadores bateu na casa dos 3 GHz, os fabricantes se deram conta de que seria  impraticável aumentar ainda mais o número de transistores e a velocidade de operação sem que o custo de produção se elevasse a ponto de inviabilizar a comercialização dos microchips. Para contornar o problema, eles recorreram, inicialmente, ao multiprocessamento lógico ― tecnologia mediante a qual uma única CPU física funciona como duas ou mais CPUs virtuais ― e, mais adiante, às CPUs multicore ― com dois ou mais núcleos.

Depois de desbancar os demais fabricantes de processadores para PCs, a Intel e a AMD passaram a disputar focinho a focinho (ou ciclo de clock a ciclo de clock) a preferência dos usuários. A gigante dos microchips levou a melhor, embora a AMD ofereça excelentes produtos a preços mais palatáveis que os da concorrente. Assim, a maioria dos PCs atuais integra chips da família Intel Core X-series (i3, i5, i7). 

Core i9 deve ser lançado em breve, com modelos de até 18 núcleos físicos e 36 threads e 3,3 GHz (expansível a 4,5 GHz com a tecnologia Turbo Boost Max 3.0) ao preço de US$ 2 000 ― e isso lá nos EUA ―, para concorrer com o AMD Ryzen Threaddripper, de 16 núcleos e 32 threads. Mas isso já é conversa para uma outra vez.

Continuamos no próximo capítulo. Até lá.

TEMER E A PRISÃO DO AMIGO GEDDEL 

Postagens atrás, eu escrevi que o presidente se apequenava mais a cada dia. Pensando melhor, na verdade ele só está mostrando seu real tamanho.

Se esperava calmaria nesta semana, Temer deu com os burros n’água, agora por conta da prisão de Geddel Vieira Lima ― mais um integrante de seu folclórico “time de notáveis. 

Geddel era ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República até novembro do ano passado, quando se demitiu, devido a desentendimentos com o então ministro da CulturaMarcelo Calero (que também se demitiu). Era amigo de Temer de longa data, talvez não tão íntimo quanto Eliseu Padilha ou Moreira Franco, mas próximo o bastante para sua prisão e a perspectiva de um acordo de delação deixarem em pé os sempre bem penteados cabelos grisalhos do amigo Michel

Foi a delação de Lucio Funaro, doleiro e operador de Eduardo Cunha, que levou à prisão de Geddel, e a caca vai respingar por toda a cúpula do PMDB. Ainda que seja um político tarimbado, com vários processos na justiça, e que, assim como Cunha, tenha estrutura para resistir durante algum tempo na prisão, mais hora, menos ora ele vai acabar falando.

Seja como for, isso era “tudo o que Temer mais precisava” neste momento tão delicado. Vamos acompanhar as consequências e os fatos novos que certamente irão surgir. Para mal dos pecados de sua excelência, a possibilidade de esses fatos favorecerem o governo é bastante remota.

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terça-feira, 4 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? ― Parte IV

THERE ARE THREE METHODS TO GAIN WISDOM: FIRST, BY REFLECTION, WHICH IS NOBLEST; SECOND, BY IMITATION, WHICH IS EASIER; AND THIRD, BY EXPERIENCE, WHICH IS THE BITTEREST. (CONFUCIUS)

A disseminação dos desktops entre usuários domésticos se deveu em grande medida à arquitetura aberta da plataforma PC, que estimulou o mercado cinza numa época em que as máquinas “de grife” custavam os olhos da cara. Hoje em dia, porém, poucos usuários montam pessoalmente seus PCs ou encarregam dessa tarefa um Computer Guy de sua confiança para mais detalhes, leia esta postagem). Não só porque é mais prático adquirir o aparelho pronto num hipermercado ou grande magazine e contar com a garantia de fábrica, além de pagar o produto em suaves prestações mensais. Claro que quem é “do ramo” não abre mão de escolher a dedo os componentes e ajustar a configuração da máquina às suas preferências, necessidades e possibilidades, mas isso já é outra história (se esse assunto lhe interessa, não deixe de ler a trinca de postagens iniciada por esta aqui).

Mesmo que você não pretenda montar sua próxima máquina, convém ter uma noção ― elementar que seja ― de como a coisa funciona, pois isso é fundamental na hora de escolher do modelo mais adequado ao seu perfil. Então vamos lá.

Embora seja indevidamente chamado de CPU por muita gente, aquela caixa metálica que abriga os componentes internos do computador ― placa-mãe, processador, placas de expansão, drives de HD e de mídia óptica, módulos de memória, ventoinhas, etc. ― e agrupa as interfaces necessárias à conexão dos periféricos (teclado, mouse, monitor, impressora, caixas acústicas, joystick, e por aí afora) atende pelo nome de “case”, “gabinete” ou “torre”. CPU é a sigla, em inglês, de Unidade Centra de Processamento, e remete ao processador principal do sistema (principal porque pode haver mais do que um, como na placa gráfica, por exemplo, que pode contar com uma GPU ― sigla de Graphics Processing Unit).

Os gabinetes costumam ser comercializados com ou sem fonte de alimentação integrada, em tamanhos, cores e formatos para todos os gostos e bolsos. O jurássico padrão AT caiu em desuso no final do século passado, e como o BTX (lançado pela Intel em 2003) não prosperou, o ATX ainda é a bola da vez. No entanto, quem compra uma máquina pronta não tem muito espaço de manobra: é aceitar ou não o modelo definido pelo fabricante e ponto final.

É certo que, de uns tempos para cá, os notebooks (ou laptops) se tornaram a opção preferida dos usuários de PCs. A despeito de custarem ou pouco mais do que os desktops de configuração semelhante, eles combinam desempenho aceitável com a praticidade do transporte e do uso em trânsito. Todavia, seu reinado vem sendo seriamente ameaçado pelos tablets ― menores, mais leves, enfim, verdadeiramente portáteis, embora eu os veja mais como complemento do que como substituto do PC convencional, notadamente pelo pouco espaço para armazenamento de dados e, por que não dizer, pelo desconforto dos teclados virtuais, que são um porre quando se precisa redigir documentos de texto e até mensagens de email mais extensas. Por outro lado, tem gente que se vira bem até mesmo com as telinhas dos smartphones, de modo que isso é uma questão de preferência pessoal.

Oportuno salientar também que os PCs tipo “ALL-IN-ONE” são excelentes opções para quem não abre mão de teclado, mouse e tela de grandes dimensões. Todavia, como os notebooks e os tablets, esses modelos devem ser comprados prontos, já que sua montagem (e, por que não dizer, sua manutenção) exige ferramental apropriado e expertise de que a maioria dos usuários domésticos não dispõe.

O resto fica para as próximas postagens. Até lá.

ESTUFE O PEITO: O BRASIL ESTÁ BEM NA FITA

Não é qualquer republiqueta de bananas que pode se orgulhar de ter o presidente denunciado por corrupção, a ex-presidente impichada e investigada por suspeitas de corrupção, e seu antecessor e mentor ― que é penta-réu na Justiça penal e a qualquer momento deve ser sentenciado pela primeira vez ― posando de candidato à presidência e empunhando a bandeira da moralidade, malgrado seja ele o grande responsável pela institucionalização da corrupção no país. Não é uma beleza?

Seguem essa procissão de orgulhos nacionais o Congresso afundado em denúncias, com ambas as Casas presididas por investigados na Lava-Jato e compostas por uma caterva de réus e indiciados, mais preocupada em salvar rabo do que em defender os interesses legítimos da população. Logo atrás vem o Judiciário, onde magistrados das nossas mais altas Cortes, a pretexto de travar uma “cruzada” contra as prisões preventivas da Lava-Jato, soltam criminosos condenados, como José Dirceu, mentor intelectual do mensalão, o ex-goleiro Bruno, homicida e sequestrador de menor, o médico Roger Abdelmassih, estuprador serial condenado a 278 anos de prisão.

Isso sem mencionar a palhaçada protagonizada pelo TSE de Gilmar Mendes, que manteve o amigo Michel na presidência da Banânia a despeito da enxurrada de provas do uso de dinheiro roubado no financiamento da campanha de sua chapa em 2014.  Ou o senador Aécio Neves, que foi afastado do cargo por determinação judicial ― já que seu imprestável partido não teve colhões para lhe cassar o mandato ―, e agora é reempossado por obra e graça do ministro Marco Aurélio, e às vésperas do recesso do Judiciário, para que eventual recurso do MPF seja apreciado somente no mês que vem. É ou não para a gente estufar o peito?

Voltando a Lula, especulava-se que sua primeira condenação saísse nesta segunda-feira, até porque o Moro julgou o processo de Antonio Palocci na semana passada (e condenou o ex-ministro petralha a 12 anos e 2 meses de prisão), mas de duas uma: ou ele ainda não concluiu o rascunho do mapa do inferno do molusco (a sentença de Palocci resultou num calhamaço de 311 páginas, nas quais o “chefe” foi citado 75 vezes), ou está sendo mais cuidadoso.

Segundo o Estadão, investigadores e advogados que acompanham de perto o andamento dos processos na 13ª Vara Penal de Curitiba avaliam que a sentença deve demorar mais alguns dias, até porque as alegações finais da defesa têm 363 páginas. Além disso, há que se levar em conta a recente decisão da 8ª Turma do TRF-4, que, por 2 votos a um, absolveu João Vaccari por “insuficiência de provas” (em linhas gerais, os desembargadores Leandro Paulsen e Victor Laus entenderam que a condenação foi imposta com base apenas no depoimento de delatores). Essa decisão pode influenciar no julgamento de Lula, que procurou jogar sobre a ex-primeira-dama a responsabilidade pela compra de uma cota da Bancoop no Edifício Solaris e por visitar mais vezes o tríplex cuja propriedade ele nega.

A iminência da publicação da sentença vem gerando especulações no âmbito político e no mercado financeiro. Se condenado em primeira e segunda instâncias, Lula ficará impedido de disputar as eleições de 2018 (com base na Lei da Ficha-Limpa). Vale lembrar que Moro tem sob seus cuidados mais dois processos contra o petralha; um que trata de repasses de empreiteiras à LILS e outro sobre o emblemático Sítio Santa Bárbara.

Enquanto isso, Michel Temer também tem muito com que se preocupar. Nesta terça-feira, a CCJ da Câmara deve escolher o relator da denúncia apresentada por Janot. A comissão tem 66 parlamentares, 40 dos quais da base aliada, mas isso não garante muita coisa: o próprio presidente da comissão, Rodrigo Pacheco, que é do PMDB, já deu sinais de independência ao afirmar que, se Janot realmente apresentar 3 denúncias, elas deverão tramitar de forma separada. O Planalto já tentou reverter a situação trocando o atual presidente de Furnas por outro que agrade a Pacheco e ao PMDB mineiro, mas o deputado voltou a dizer que isso não mudará sua postura e que a troca apenas corrige uma “falta grave” com Minas, já que o PMDB local sempre indicou o dirigente máximo da estatal ― veja leitor como são tomadas as decisões importantes no governo e, mais uma vez, estufe orgulhosamente o peito, não só por ser brasileiro, mas também por ter ajudado a eleger essa cáfila de fisiologistas.

Na quarta-feira, Temer tem outra provação: aprovar a reforma trabalhista no plenário do Senado ― o que, de certa forma, é seu principal trunfo para permanecer no cargo. O Planalto conta com 48 dos 81 votos, e precisa apenas de 41 (maioria simples), ou seja, 41 votos, mas prevê cinco “traições”, o que deixaria o projeto no limite de não ser aprovado ― volto a chamar a atenção do leitor para a sobreposição do “jogo político” ante os interesses da nação, pois é nítido que os parlamentares definem seus votos ao sabor de suas conveniências pessoais.

A rigor nenhuma bancada dos 10 principais partidos da base aliada, que reúnem 327 dos 513 deputados, fechou apoio ao presidente contra a denúncia da PGR. Reuniões devem acontecer ao longo desta semana para definir o posicionamento a ser adotado, e o clima é de incerteza. Nem mesmo o PMDB fechou questão, de modo que cada um dos 63 deputados federais do partido poderá votar “de acordo com sua consciência” (e lá político tem consciência?). Mais crítica ainda é a situação do PSDB, que conta com 46 parlamentares: 6 dos sete deputados que integram a CCJ devem votar pela aceitação da denúncia. Até mesmo o líder do DEM ― partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que se mostra cada vez “menos aliado” ao presidente ― evitou fazer uma defesa enfática de Temer. Segundo ele, o partido vai reunir a bancada para tirar uma posição somente após ouvir a versão da defesa, pois até agora “só se conhece a versão da acusação por meio da denúncia enviada apresentar pela PGR”.

A denúncia chegou à Câmara na quinta-feira passada. Após a defesa se manifestar, haverá cinco sessões para o deputado que for designado relator apresentar seu parecer. Em seguida, o processo vai ao plenário. Para que o STF dê seguimento ao caso, são necessários os votos de 342 deputados.

Resta-nos estufar o peito e acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

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segunda-feira, 3 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? ― Parte III

NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES, VOTEM EM ALI-BABÁ. PELO MENOS, SÃO SÓ 40 LADRÕES.

A história do Microsoft se confunde com a da computação pessoal, ainda que a Empresa de Redmond não tenha sido a pioneira na criação de sistemas operacionais nem tampouco inventado o microcomputador, o mouse, a interface gráfica e o navegador de Internet. 

Tudo começou no início dos anos 80 (por tudo, entenda-se o sucesso da Microsoft e a fortuna pessoal do seu fundador), quando o estrondoso sucesso dos microcomputadores da Apple levou a IBM ― que dominava o mercado de mainframes desde meados do século ― a lançar seu Personal Computer, cuja arquitetura aberta e a adoção do MS-DOS se tornariam padrão de mercado. Como não dispunha de um sistema operacional para gerenciar a geringonça, a IBM procurou Bill Gates, supondo (erroneamente) que ele fosse o detentor dos direitos autorais do Control Program for Microcomputer. Contrariando sua fama de oportunista, Gates desfez o equívoco, mas aceitou o desafio.

Como jamais tivesse desenvolvido um SO até então, a Microsoft não se arriscou a desenvolver o programa a partir do zero. Em vez disso, comprou o QDOS de Tim Paterson por US$50 mil, adaptou-o ao hardware do IBM-PC, mudou o nome para MS-DOS e com ele ele dominou o mercado de microcomputadores compatíveis.

Observação: Todos os sistemas operacionais modernos baseiam-se em dois programas pioneiros: o UNIX e o XEROX PARK. O primeiro ─ que pode ser considerado o “pai” das distribuições Linux ─ foi o precursor dos sistemas multitarefa e multiusuário, e continua sendo largamente utilizado em servidores e máquinas de alto desempenho. O segundo, desenvolvido por Linus Torvalds, trouxe para o mundo da computação pessoal a primeira interface gráfica, que incluía todas as ideias utilizadas nas versões modernas, desde a área de trabalho exibida na tela do monitor até os ícones, janelas, botões, menus e caixas de diálogo.

O estrondoso sucesso do Windows 3.1 liquidou a parceria entre a IBM e a Microsoft, mas ambas as empresas continuaram buscando maneiras de romper as limitações do DOS. Depois de uma disputa tumultuada entre o OS/2 WARP e o Windows 95 (já um sistema operacional autônomo), Bill Gates viu sua estrela brilhar, e o resto é história recente: a arquitetura aberta se tornou padrão de mercado e o Windows se firmou como o SO mais utilizado em todo o mundo.

Continuamos na próxima postagem.

A QUE PONTO CHEGAMOS!

Anda difícil acompanhar o noticiário: como se não bastassem a exploração desmedida de desgraças de toda sorte, os escândalos que brotam aos borbotões no cenário político expõem as entranhas da podridão que se alastrou no Congresso e se espalhou como metástase pelos mais altos escalões da República.

Michel Temer, o irrenunciável, delatado pelo moedor de carne bilionário e ora denunciado formalmente pela PGR, agarra-se ao cargo com unhas e dentes, como Dilma antes dele e Collor antes dela (por ocasião de seus respectivos processos de impeachment). Também como a anta vermelha ― que em algum momento do primeiro mandato deixou de governar para “fazer o diabo” em tempo integral, visando obter mais quatro anos para demolir o país ―, o presidente da vez manda às favas os interesses da nação para se dedicar full time a salvar próprio rabo.

Em pronunciamentos mais que estapafúrdios, Temer usa e abusa do ataque como estratégia para defender o indefensável, classifica de “ilações” as acusações que lhe são feitas e acusa seus acusadores de práticas espúrias. Sem bases concretas, todavia, suas acusações levam nada a lugar nenhum, servindo apenas para converter sua patética figura num fator de constrangimento nacional e internacional.

Aí você liga o rádio e ouve que um ministro STF mandou soltar um assassino condenado ― caso de certo ex-goleiro do Flamengo ― ou um estuprador em série ― caso de certo médico condenado a mais de 100 anos de prisão ―, ou ainda o maquiavélico mentor do Mensalão, libertado a pretexto de uma “cruzada contra as prisões preventivas excessivamente longas da Lava-Jato”. Parabéns, meritíssimos!

Outro exemplo igualmente estarrecedor foi o “julgamento jurídico e judicial” da chapa Dilma-Temer, em que o TSE do presidente Gilmar Mendes reconheceu a caudalosa enxurrada de provas colacionadas aos autos pelo ministro-relator Herman Benjamin, mas decidiu, por 4 votos a três, que elas não valiam, e assim preservou o cargo (e o direito ao foro privilegiado) de seu amigão do peito. Parabéns, excelência!

Daí se infere que, na visão desses luminares do saber jurídico, o que ontem era uma banana pode amanhã ser uma laranja. Entendeu? Nem eu, mas o Brasil não é mesmo para principiantes; então, às favas com a opinião pública e viva o compadrio!

Quer mais? Então vamos lá. Aécio Neves foi gravado em conversas altamente comprometedoras, mas sua prisão preventiva foi negada, pois um senador da República só pode ser preso em flagrante delito e por crime inafiançável. Chegou a ser afastado do cargo pelo ministro Fachin, mas acabou reconduzido a ele, na última sexta-feira, por decisão monocrática do ministro Marco Aurélio, o sublime ― e isso às vésperas do recesso do Judiciário, de modo que eventual recurso do MPF só será apreciado em agosto.

Aí você liga a televisão e vê o senador tucano ― que um dia foi nossa esperança de penabundar do Planalto a caterva vermelha ― comemorando o que, segundo ele, “reafirma a confiança de todos os brasileiros no poder Judiciário”. Em que mundo vive essa gente? Não no nosso; talvez em algum exoplaneta onde ética na política seja um detalhe desejável, não um pressuposto obrigatório.

Talvez não sirva de consolo, mas a PROTESTE ― associação não governamental ligada aos órgãos de defesa do consumidor ― conseguiu restabelecer a exibição dos canais abertos SBT, Record e Rede TV nas grades de programação das operadoras de TV por assinatura (que haviam sido suprimidos no final de março, aqui em Sampa, quando o sinal analógico foi desligado). Palhaçada por palhaçada, melhor assistir ao Sílvio Santos

De quebra, segue um clipe com o senador Justo Veríssimo, protagonizado pelo impagável Chico Anysio. Um quadro antigo, mas mais atual do que nunca.


Se o vídeo não abrir, o link é https://youtu.be/0XFpBLE22-k.

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domingo, 2 de julho de 2017

A GREVE GERAL E A ESCOLHA DE TEMER

Como era de se esperar, a tal “greve geral” do último dia 30 repetiu o fiasco da anterior, ocorrida em 28 de maio passado.

Aqui em Sampa o transporte público funcionou normalmente, ou quase isso; não havendo “adesão obrigatória”, o resultado foi o que se viu: com a possível exceção da Avenida Paulista, onde alguns milhares de pessoas protestaram contra as reformas e pediram a saída de Michel Temer, apenas atos isolados com bloqueios parciais de algumas vias públicas e pontos de rodovias próximos à entrada da cidade foram registrados ― vale salientar que esse tipo de tumulto é promovido agitadores mercenários, não por populares. Somente umas poucas agências bancárias funcionaram de forma precária; no geral, o atendimento ao público foi normal.

Houve também protestos dos metalúrgicos na Rodovia Anchieta, mas a adesão foi pequena e a via não demorou a ser liberada ao tráfego. Em resumo: os pelegos da esquerda agonizante, maior braço do PT no Brasil, perdeu a força e a razão de ser. Se continuam “protestando”, é porque o fim do imposto sindical deixará 300 mil vagabundos de 12 mil sindicatos sem a teta onde eles têm mamando desde sempre.

Mudando de pato para ganso, o primeiro presidente denunciado por corrupção no exercício do cargo em toda a nossa história escolheu Raquel Dodge para substituir Rodrigo Janot no comando da PGR. A subprocuradora, segundo lugar na lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República, com 587 votos (o primeiro foi Nicolao Dino, que conseguiu 621 dos 1.108 votos) (Dodge teve 587 votos), é tida como “anti Janot” e conta com a simpatia de José Sarney, Renan Calheiros, Moreira Franco e Gilmar Mendes, o que é preocupante, ainda mais porque diversos procuradores da Lava-Jato ameaçaram deixar os cargos se Dodge for confirmada na chefia.

Para entender melhor: Quem substituir Janot chefiará pelos próximos dois anos o Ministério Público da União, que abrange os ministérios públicos Federal, do Trabalho, Militar, do Distrito Federal e dos estados, cabendo-lhe representar o MP junto ao STF e STJ, propor ações diretas de inconstitucionalidade e ações penais públicas, criar forças-tarefa para investigações especiais e conduzir as investigações da Lava Jato que envolvem políticos com foro privilegiado, além de desempenhar a função de procurador-geral Eleitoral. Raquel Dodge não é alinhada a Rodrigo Janot, que trava um embate histórico com Temer e cujo mandato vai até setembro, mas, como dito linhas atrás, mantém boas relações com Gilmar Mendes, amigo do presidente e crítico recorrente dos métodos da Lava-Jato. Paixões e convicções à parte, a subprocuradora, que ingressou no MPF em 1987, é Mestre em Direito pela Universidade de Harvard (EUA), membro do Conselho Superior do Ministério Público pelo terceiro biênio consecutivo, foi Coordenadora da Câmara Criminal do MPF, atuou na equipe que redigiu o I Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, na Operação Caixa de Pandora e, em primeira instância, na equipe que processou criminalmente Hildebrando Paschoal e o Esquadrão da Morte.

O próprio Janot tem se esforçado para evitar essa deserção. Para ele, isso seria fazer o jogo de Gilmar Mendes, que quer provocar a cizânia e rachar a Lava-Jato ― o ministro tem conhecimento de rusgas antigas, decorrentes do comportamento da subprocuradora à frente da Operação Caixa de Pandora, que, apesar do bom começo e das provas robustas, não resultou nas condenações desejadas. Se debandarem, os procuradores livrarão a nova chefe do desgaste político de afastá-los mediante um processo de “fritura”, sem mencionar que investigações sigilosas em andamento serão interrompidas, o que interessa somente aos que desejam esse desmonte repentino.

Embora a escolha de Raquel seja vista como uma maneira de conter os “possíveis excessos da Lava-Jato”, a força-tarefa conta com o apoio da maioria dos brasileiros (segundo o Ipsos, 96% da população deseja que a investigação se estenda a todos os partidos). Demais disso, a própria candidata já disse que “a atuação do Ministério Público Federal não pode retroceder nem um milímetro sequer”. Não que isso garanta muita coisa, até porque nenhum dos postulantes à vaga se arriscaria a se posicionar abertamente de maneira diferente. Mesmo assim, Randolfe Rodrigues, um dos mais atuantes senadores da oposição, ponderou que o fato de ser a segunda mais votada não desabona Raquel, e que Temer ter indicado alguém da lista tríplice, mesmo quebrando a tradição de escolher o mais votado, não significa que o que foi conquistado pelo Ministério Público terá algum tipo de reversão.

Observação: Segundo o ESTADÃO, a força-tarefa da Lava-Jato no Paraná declarou publicamente seu apoio à Dodge e reiterou seu compromisso de “dar fiel cumprimento a suas responsabilidades institucionais, especialmente lutando contra a corrupção, o desvio de recursos públicos, a criminalidade organizada e a lavagem de dinheiro”.

Raquel Dodge será sabatinada no Senado no próximo dia 12 ― e não teve ter dificuldade para ter sua indicação aprovada, considerando que 1/3 dos senadores é alvo de investigações na Lava-Jato. Chama a atenção, no entanto, o açodamento do governo em confirmar a indicação o quanto antes, pois Janot só deixará o cargo em Setembro. Por que, então, não deixar a sabatina para agosto, depois do recesso parlamentar de meio de ano?

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sábado, 1 de julho de 2017

JUNHO TERMINA COM AÉCIO DE VOLTA AO SENADO E OTRAS COSITAS MÁS

Terminou ontem o primeiro semestre de um ano que, no réveillon passado, prometia ser um oásis no deserto. Afinal, não haveria uma nova Dilma depois de 2016, nem outro governo como o dela, que já se foi tarde. Além disso, esperava-se que a deposição da anta vermelha e a derrocada de seu nefando partido resolvesse boa parte dos problemas da nação.

Observação: Apesar da guinada da Lava-Jato em direção a partidos como PMDB e PSDB, o PT ainda é, de longe, o partido mais associado à corrupção, segundo levantamento da Ipsos neste mês. De acordo com o instituto, 64% dos entrevistados afirmaram que o partido da estrela é mais associado à corrupção na Lava-Jato; 12% citaram o PMDB e 3% o PSDB.

Mas não se imaginava que Joesley Batista viria a abalar (ainda mais) os pilares da nossa (já combalida) republiqueta de bananas, ou que Temer ― e Aécio, a grande esperança dos antipetistas ― fosse tão corrupto quanto o próprio Lula (ou quase, porque o molusco eneadáctilo é um páreo duro). Ou que a ação do PSDB contra a chapa Dilma-Temer fosse julgada antes das eleições de 2018, e que a cachoeira de provas elencadas pelo ministro Herman Benjamin seria enterrada pelo presidente do TSE e seus cupinchas, para quem o que hoje é uma banana, amanhã ser uma laranja.

Seis meses se passaram, e o que temos hoje? Temos um presidente que entrará para a história não como o cara que reconduziu o Brasil à trilha do crescimento, mas como o primeiro presidente denunciado por corrupção no exercício do cargo. Temos um ex-governador que foi feito réu depois de Lula, e enquanto o petralha permanece empacado no quinto processo e aguarda a primeira sentença, o político carioca se tornou réu em outros 11 processos e foi condenado numa delas a mais de 14 anos de prisão.

Temos políticos do mais alto escalão confabulando em plena luz do dia para salvar seus abjetos rabos, para se candidatarem nas próximas eleições e não perderem a boquinha e o foro privilegiado. Temos um penta-réu, pré-hóspede do sistema penitenciário tupiniquim e campeão absoluto em rejeição popular, que quer voltar à presidência para “livrar o Brasil da corrupção”. Temos um Congresso afundado até os beiços na lama e no descrédito, onde os presidentes das duas Casas Legislativas ― e potenciais substitutos de Michel Temer na presidência da República ― são investigados pela Lava-Jato por práticas nada republicanas.

Lamentavelmente, não temos uma oposição efetiva (e não me venham falar no PSDB) nem lideranças emergentes capazes de desbancar macróbios como Sarney, FHC e outros “caciques” com décadas de janela e anos de vão de porta na putaria da política. Não temos magistrados a quem possamos confiar cegamente a guarda da Constituição Federal ― haja vista o papelão do presidente do TSE, que também integra o STF, no julgamento da chapa Dilma-Temer, ou a concessão de habeas corpus a assassinos condenados, como no caso do ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes, solto por decisão monocrática do ministro Marco Aurélio ― o mesmo ministro que, na manhã de ontem, rejeitou monocraticamente o pedido de prisão preventiva feito pela PGR contra o senador Aécio Neves e, consequentemente, restituiu-lhe o mandato parlamentar ― isso às vésperas do recesso do Judiciário, que começa hoje e se estende por todo o mês de julho. 

Isso sem falar na soltura do mentor intelectual do Mensalão, o guerrilheiro de araque José Dirceu, tido pela patuleia como o “guerreiro do povo brasileiro”, concedida pelo voto de 3 dos cinco membros da 2ª Turma do STF a pretexto de uma suposta “cruzada” contra as prisões preventivas excessivamente prolongadas da Lava-Jato. Ou na decisão estapafúrdia do ministro Fachin, que tirou da alçada do juiz Moro 4 ações derivadas das delações da Odebrecht (3 contra Lula e 1 contra Eduardo Cunha) porque “elas não tinham relação como o Petrolão”.

Que o segundo semestre descortine um cenário mais alvissareiro para os cidadãos de bem, que sustentam essa farra à custa de impostos escorchantes e já não aguentam mais tanta corrupção.

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sexta-feira, 30 de junho de 2017

MAIS DETALHES SOBRE O MEGA-ATAQUE RANSOMWARE

A TELEVISÃO É A MAIOR MARAVILHA DA CIÊNCIA A SERVIÇO DA IMBECILIDADE HUMANA.

Conforme eu adiantei na postagem anterior, um novo mega-ataque que afeta o Windows vem se espalhando pelo mundo há alguns dias. O agente é o ransomware Petya Golden-Eye ― ou Petwrap ―, que, como o WannaCrypt no mês passado, também encripta os dados nas máquinas afetadas e pede resgate em troca da chave criptográfica. Vale salientar, por oportuno, que o pagamento do resgate não garante que o cibercriminoso cumpra sua parte no acordo. Portanto, crie backups de seus arquivos importantes e de difícil recuperação em mídias removíveis (pendrives, DVDs, CDs, HDs externos USB, etc.).

Uma particularidade dessa praga é a capacidade de encriptar todo o HD ou partições inteiras do drive, impedindo até mesmo o acesso ao sistema operacional. Descer a detalhes sobre como ela explora uma vulnerabilidade existente num protocolo de transporte utilizado pelo Windows para diversos propósitos ― dentre os quais o compartilhamento de arquivos e impressoras e o acesso a serviços remotos ― foge ao escopo desta postagem, de modo que vamos direto às medidas preventivas:

― Mantenha seu sistema atualizado. A Microsoft desenvolve e disponibiliza regularmente correções e atualizações para o Windows e seus componentes, mas cabe ao usuário aplica-las. O ideal é configurar as atualizações automáticas (mais detalhes nesta postagem) e, adicionalmente, rodar o Windows Update a cada dois ou três dias ― no Windows 10, clique em Iniciar > Configurações > Atualização e segurança > Windows Update.

Observação: Nesta página, você encontra o link para download dos pacotes da atualização que fecha a brecha explorada pelos mega-ataques. A instalação deve ser feita de acordo com a edição do Windows e a versão instalada no seu computador (se de 32 ou 64 bits; para descobrir o que você tem na sua máquina, clique no botão Iniciar e, em seguida, em Configurações > Sistema > Sobre).

― Edições antigas do Windows, como o festejado XP, ainda são largamente utilizadas, mas não contam mais com o suporte da Microsoft e, portanto, não recebem atualizações e correções, nem mesmo as críticas e de segurança (a não ser em situações extraordinárias, como no caso do ataque do mês passado). Portanto, evite o anacronismo.

― Aplicativos também podem ter bugs e brechas em seus códigos. Fabricantes responsáveis atualizam seus produtos regularmente, mediante updates com correções ou a liberação de novas versões. Procure manter seu software sempre up-to-date. Suítes de segurança responsáveis ― como o Advanced System Care e o Glary Utilities ― identificam os aplicativos desatualizados e apontam os atalhos para a correção dos problemas.  

― Caso você não disponha de um pacote de segurança de terceiros, mantenha o Windows Defender e o Firewall nativo do sistema ativos e operantes. E faça uma varredura completa semanalmente (seja com as ferramentas nativas, seja com seu antivírus de varejo).

― Nem sempre os antivírus são capazes de identificar e neutralizar spywares, ransomwares e outras pragas que tais. Considere a possibilidade de adicionar ao seu arsenal ferramentas adicionais como os excelentes Spybot S&D, SuperAntispyware, IOBit Malware Fighter, Bitdefender Anti-Ransomware. Afinal, o que abunda não excede.

― Ainda que sejam velhas e batidas, as regrinhas elementares de segurança ― como tomar cuidado com anexos de email, links que chegam via correio eletrônico ou programas mensageiros, sites suspeitos (como os de pornografia, páginas de hackers, etc.) ― continuam aplicáveis. Siga-as religiosamente. É sempre melhor prevenir do que remediar.

Boa sorte.

DEPOIS DA NOITE DE QUADRILHA, A NOTIFICAÇÃO

Na tarde de ontem, dia em que São Pedro encerra a trilogia de santos homenageados nas festas juninas, Michel Temer foi oficialmente notificado sobre a denúncia apresentada contra ele pela PGR, por crime de corrupção passiva.

Um dia antes de Janot apresentar a denúncia, o ministro Gilmar Mendes ofereceu um jantar para o presidente e seus ilustres comparas Eliseu Padilha e Wellington Moreira Franco.

Como o fatídico encontro com Joesley “nos porões do Jaburu”, o rega-bofe se deu na moita, ou seja, não constou da agenda oficial do presidente e nem de seu divino anfitrião. 

Depois que a imprensa descobriu a festança (quiçá regada a quentão, pinhão e quadrilha), o Planalto divulgou nota dizendo que os eminentes donos da nossa vida pública e guardiães da Constituição se reuniram para tratar da reforma política. Então tá.

Antes de encerrar, mais uma notícia importante: depois de quatro sessões e de muitas idas e vindas, o plenário do STF decidiu, por oito votos a três, que a Corte não pode revisar as cláusulas dos acordos de colaboração premiada depois de homologados pelo ministro-relator, a não ser que novos levem à conclusão de que a assinatura do acordo teria sido feita de forma irregular ― como, por exemplo, no caso de os delatores serem coagidos a firmar a colaboração.

Votaram nesse sentido os ministros Edson Fachin, relator, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Celso de Mello, Dias Toffoli e Cármen Lúcia. Gilmar Mendes (sempre ele) e Marco Aurélio Mello (quase sempre ele) foram voto vencido, por defenderem a autonomia do Supremo para, na fase de julgamento, analisar todos os elementos do processo, aí incluídas as cláusulas do acordo de delação premiada.

Mais detalhes na postagem de amanhã. Por ora, fiquem com este clipe de vídeo (muito lega, são pouco mais de 3 minutos, mas que valem cada segundo):



Se o vídeo não abrir, clique em https://youtu.be/Kp5SQA1GYGY (ou copie e cole o link na barra de endereços do seu navegador). 

E como hoje é sexta-feira:

Dizem que, num badalado evento de informática, Bill Gates, comparando a indústria de computadores à de automóveis, teria dito o seguinte: "Se a GM tivesse desenvolvido sua tecnologia como a Microsoft fez com a dela, todos estaríamos dirigindo carros de 25 dólares que fariam 1.000 milhas com um galão de gasolina".
Em resposta ao comentário de Mr. Gates, a GM teria enviado um informativo dizendo que, se ela tivesse desenvolvido sua tecnologia como a Microsoft, todos teríamos carros com as seguintes características:

1 - Sem nenhuma razão aparente, o motor do carro morreria, e o motorista aceitaria o fato, daria nova partida e continuaria dirigindo.

2 - Toda vez que as faixas da estrada fossem repintadas, seria preciso comprar um novo carro.

3 - Ao executar uma conversão a esquerda, o carro eventualmente deixaria de funcionar, e você teria de mandar reinstalar o motor.

4 - Luzes indicadoras de óleo, água, temperatura e alternador seriam substituídas por um simples alerta de "falha geral do veículo".

5 - Os bancos exigiriam que todos tivessem as mesmas medidas corporais.

6 - O airbag perguntaria "Você tem Certeza?" antes de disparar.

7 - Eventualmente e sem razão aparente, o carro trancaria o dono fora e não o deixaria entrar, a menos que ele puxasse a maçaneta, girasse a chave e segurasse na antena do rádio simultaneamente.

8 - Toda vez que a GM lançasse um novo modelo, os motoristas teriam de reaprender a dirigir, porque nenhum dos seus comandos seria operado da mesma maneira que no modelo anterior.

9 -A concorrência produziria veículos movidos a energia solar, mais confortáveis, cinco vezes mais rápidos e duas vezes mais fáceis de dirigir, mas que só funcionariam em 5% das rodovias.


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quinta-feira, 29 de junho de 2017

NOVO ATAQUE RANSOMWARE CHEGA AO BRASIL

QUEM CONHECE A SUA IGNORÂNCIA REVELA A MAIS PROFUNDA SAPIÊNCIA. QUEM IGNORA A SUA IGNORÂNCIA VIVE NA MAIS PROFUNDA ILUSÃO.

Achei por bem interromper a sequência que vinha publicando sobre as sutilezas do PC devido a um novo mega-ataque baseado em ransomware.

Como todos devem estar lembrados, há pouco mais de um mês o WannaCrypt fez um rebosteio danado, sequestrando computadores e pedindo resgates em bitcoins (moeda virtual não rastreável) para liberação dos ditos-cujos. No Brasil, o quinto país mais atingido, postos do INSS foram forçados a fechar mais cedo e o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a desligar seus computadores.
Inicialmente, imaginou-se que a edição XP do Windows fosse a mais susceptível ao WannaCrypt, tanto que, a despeito de tê-lo aposentado em 2009, a Microsoft disponibilizou uma correção para a falha de segurança que servia de porta de entrada para os crackers ― mais adiante, constatou-se que o Seven seria a edição mais afetada, mas isso, agora, não vem ao caso.

No início desta semana, outro mega-ataque digital desfechado pela ciberbandidagem comprometeu infraestruturas essenciais da Europa, como instituições financeiras, sistemas de transporte, empresas de telecomunicações e energia. Em questão de horas, o ransomware Petya Golden-Eye ― ou Petwrap ―, que também explora vulnerabilidades no sistema operacional Windows, ganhou o mundo e atingiu, inclusive, o Brasil.

Na terça, 27, o Hospital do Câncer de Barretos informou que seu sistema havia sido comprometido, e que as unidades de Jales (SP) e Porto Velho (RO), além dos Institutos de Prevenção, também tiveram seus arquivos criptografados e foram alvo de pedidos de resgate de US$ 300 dólares por máquina (a ser pago em bitcoins). Para piorar, ainda são poucos os antivírus capazes de proteger os usuários contra essa peste. Então, barbas de molho, pessoal.

Volto com mais detalhes oportunamente.

O MOCHILEIRO PETISTA É ABSOLVIDO PELO TRF-4 ENQUANTO TEMER SE APEQUENA

A última terça-feira foi dia de festa na petelândia: por 2 votos a 1, a 8ª Turma do TRF-4 absolveu o mochileiro petralha João Vaccari Netto da pena de 15 anos e 4 meses de prisão que havia sido imposta pelo juiz Sérgio Moro. Como a decisão não foi unânime, os procuradores do MPF já anunciaram que vão recorrer.

Observação: Nunca é demais lembrar, porém, que Vaccari já foi condenado em outras 4 ações ― cujas penas, somadas, chegam a 31 anos de reclusão ―, além de ser réu em outros 4 processos que estão em fase de instrução ou aguardando julgamento.

Paralelamente, a mesma Turma julgou o mérito de mais quatro ações oriundas da Operação Lava-Jato e, por unanimidade, rejeitou três exceções de suspeição movidas contra o juiz federal Sergio Moro pelas defesas de Antônio Palocci Filho, Eduardo Cosentino da Cunha e Branislav Kontic. A quarta ação, que se referia a um habeas corpus de Kontic requerendo o trancamento da ação penal, também teve o mérito negado. Assim, a decisão da Corte assegurou a competência do magistrado para julgar os réus e manteve a ação penal contra Kontic na 13ª Vara Federal de Curitiba.

A 8ª Turma do TRF-4, que revisa as decisões de Moro, é formada pelos desembargadores Leandro Paulsen, Gebran Neto e Victor Luiz dos Santos Laus. As prisões decretadas pelo magistrado curitibano foram, em sua maioria, mantidas pelo colegiado, e mais da metade das penas, aumentadas (algumas delas em mais de dez anos; na quarta-feira (21), o processo contra o ex-sócio da Engevix, Gerson de Mello Almada, chegou à sala de julgamentos da Turma com uma condenação a 19 anos de reclusão e saiu com uma pena de 34 anos e vinte dias).

Enquanto isso, Michel Temer se apequena dia após dia. Sem ter como defender o indefensável, o peemedebista recorre ao ataque: na terça-feira, 27, fez um pronunciamento de cerca de 20 minutos para enfatizar que as denúncias da PGR são “vazias” e baseadas em meras “ilações”, quando vazias, na verdade, são seus ataques contra quem, por dever de ofício, o denunciou por corrupção passiva.  “Não há provas”, disse o presidente, como se o diálogo gravado com Joesley e ora autenticado pela PF jamais tivesse existido, como se Loures, seu assessor direto, não tivesse sido flagrado carregando a emblemática mala com R$ 500 mil, e por aí vai.

Frágil, excelência, não é a denúncia da PGR, mas a retórica vazia a que vossa excelência recorre, sem o menor constrangimento. Frágil é a tentativa estapafúrdia de levantar suspeitas contra Janot no estranho caso dos “milhões e milhões” supostamente embolsados pelo tal procurador que trocou de emprego. Frágil ― e patética ― é a afirmação de que, além de sua honra pessoal, a própria Presidência da República foi conspurcada pela denúncia, como se esta Banânia fosse uma monarquia absolutista e vossa excelência, a reencarnação de Luiz XIV, o Rei Sol, e não um vice-presidente promovido de cargo porque sua imprestável antecessora e colega de chapa foi despejada do Palácio do Planalto.

Observação: Um truque barato, embora largamente utilizado por autoridades que, ao se verem alcançadas por acusações e não terem como negar o que salta aos olhos, argumentam que a instituição que representam foi atacada ― Lula, o falastrão dos falastrões, aplicou esse mesmo truque quando o escândalo do Mensalão quase o derrubou. E o mesmo fez Dilma por ocasião do impeachment, e Collor antes dela.

Como bem salientou Ricardo Noblat em sua postagem da última terça-feira, Temer acusou Janot de promover um atentado contra o país, de querer paralisar o governo e o Congresso, e se disse disposto a ir para a guerra, logo agora que “o país havia entrado nos trilhos”. Esqueceu, porém, de examinar as acusações que pesam contra ele e de refutá-las. Ou simplesmente fugiu de respondê-las.

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quarta-feira, 28 de junho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? ― Parte II

POBRE, QUANDO METE A MÃO NO BOLSO, SÓ TIRA OS CINCO DEDOS.

Foram milhares de anos até o computador evoluir do ÁBACO ― criado há mais de 3.000 anos no antigo Egito ― para a PASCALINA ― geringonça desenvolvida no século XVII pelo matemático francês Blaise Pascal e aprimorada mais adiante pelo alemão Gottfried Leibniz, que lhe adicionou a capacidade de somar e dividir. Mas o “processamento de dados” só viria com o Tear de Jacquard ― primeira máquina programável ―, que serviu de base para Charles Babbage projetar um dispositivo mecânico capaz de computar e imprimir tabelas científicas, precursor do tabulador estatístico de Herman Hollerith, cuja empresa viria se tornar a gigante IBM.

Nos anos 1930, Claude Shannon aperfeiçoou o Analisador Diferencial (dispositivo de computação movido a manivelas) mediante a instalação de circuitos elétricos baseados na lógica binária, e alemão Konrad Zuze criou o Z1 (primeiro computador binário digital). Com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, a necessidade de decifrar mensagens codificadas e calcular trajetórias de mísseis levou os EUA, a Alemanha e a Inglaterra a investir no desenvolvimento do Mark 1, do Z3 e do Colossus, e, mais adiante, com o apoio do exército norte-americano, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia construírem o ENIAC ― um monstrengo de 18 mil válvulas e 30 toneladas que produziu um enorme blecaute ao ser ligado, em 1946, e era capaz somente de realizar 5 mil somas, 357 multiplicações ou 38 divisões simultâneas por segundo ― uma performance incrível para a época, mas que qualquer videogame dos anos 90 já superava “com um pé nas costas”. Para piorar, de dois em dois minutos uma válvula queimava, e como a máquina só possuía memória interna suficiente para manipular dados envolvidos na tarefa em execução, qualquer modificação exigia que os programadores corressem de um lado para outro da sala, desligando e religando centenas de fios.

EDVAC, criado no final dos anos 1940, já dispunha de memória, processador e dispositivos de entrada e saída de dados, e seu sucessor, o UNIVAC, usava fita magnética em vez de cartões perfurados, mas foi o transistor que revolucionou a indústria dos computadores, quando seu custo de produção foi barateado pelo uso do silício como matéria prima. No final dos anos 1950, a IBM lançou os primeiros computadores totalmente transistorizados (IBM 1401 e 7094) e mais adiante a TEXAS INSTRUMENTS revolucionou o mundo da tecnologia com os circuitos integrados (compostos por conjuntos de transistores, resistores e capacitores), usados com total sucesso no IBM 360, lançado em 1964). No início dos anos 70, a INTEL desenvolveu uma tecnologia capaz de agrupar vários CIs numa única peça, dando origem aos microchips, e daí à criação de equipamentos de pequeno porte foi um passo. Vieram então o ALTAIR 8800, vendido sob a forma de kit, o PET 2001, lançado em 1976 e tido como o primeiro microcomputador pessoal, e os Apple I e II (este último já com unidade de disco flexível).

O sucesso estrondoso da Apple despertou o interesse da IBM no filão dos microcomputadores, levando-a a lançar seu PC (sigla de “personal computer”), cuja arquitetura aberta e a adoção do MS-DOS, da Microsoft, se tornaram um padrão de mercado. De olho no desenvolvimento de uma interface gráfica com sistema de janelas, caixas de seleção, fontes e suporte ao uso do mouse ― tecnologia de que a XEROX dispunha desde a década de 70, conquanto só tivesse interesse em computadores de grande porte ―, a empresa de Steve Jobs fez a lição de casa e incorporou esses conceitos inovadores num microcomputador revolucionário. Aliás, quando Microsoft lançou o Windows ― que inicialmente era uma interface gráfica que rodava no DOS ― a Apple já estava anos-luz à frente.

Para encurtar a história, a IBM preferiu lançar seu PS/2, de arquitetura fechada e proprietária, a utilizar então revolucionário processador 80386 da INTEL, mas Compaq convenceu os fabricantes a continuar utilizando a arquitetura aberta. Paralelamente, o estrondoso sucesso do Windows 3.1 contribuiu para liquidar de vez a parceria Microsoft/IBM, conquanto ambas as empresas buscassem desenvolver, cada qual à sua maneira, um sistema que rompesse as limitações do DOS. Depois de uma disputa tumultuada entre o OS/2 WARP e o Windows 95 (já não mais uma simples interface gráfica, mas um sistema operacional autônomo, ou quase isso), a estrela de Bill Gates brilhou, e o festejado Win98 sacramentou a Microsoft como a “Gigante do Software”.

O resto é história recente: a arquitetura aberta se tornou padrão de mercado, o Windows se firmou como sistema operacional em todo o mundo (a despeito da evolução das distribuições LINUX e da preferência de uma seleta confraria de nerds pelos produtos da Apple) e a evolução tecnológica favoreceu o surgimento de dispositivos de hardware cada vez mais poderosos, propiciando a criação de softwares cada vez mais exigentes.

Enfim, foram necessários milênios para passarmos do ábaco aos primeiros mainframes, mas poucas décadas, a partir de então, para que "pessoas comuns" tivessem acesso aos assim chamados computadores pessoais ― ou microcomputadores ―, que até não muito tempo atrás custavam caríssimo e não passavam de meros substitutos da máquina de escrever, calcular, e, por que não dizer, do baralho de cartas e dos então incipientes consoles de videogame. Em pouco mais de três décadas, a evolução tecnológica permitiu que os desktops e laptops das primeiras safras diminuíssem de tamanho e de preço, crescessem astronomicamente em poder de processamento, recursos e funções, e se transformassem nos smartphones e tablets atuais, sem os quais, perguntamo-nos, como conseguimos viver durante tanto tempo.

Continuamos no próximo capítulo. Até lá.

SOBRE MICHEL TEMER, O PRIMEIRO PRESIDENTE DENUNCIADO NO EXERCÍCIO DO CARGO EM TODA A HISTÓRIA DO BRASIL.

Michel Temer já foi de tudo um pouco nos últimos tempos. De deputado federal a vice na chapa da anta vermelha; de presidente do PMDB (por quinze anos) a presidente da Banânia; de depositário da nossa esperança de tornar a ver o país crescer a “chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”; e de tudo isso a primeiro presidente do Brasil a ser denunciado no exercício do cargo.

Joesley Batista, o megamoedor de carne que multiplicou seu patrimônio com o beneplácito da parelha de ex-presidentes petistas ― que sempre valorizaram meliantes como Eike Batista e o próprio Joesley (é curiosa a coincidência no sobrenome, mas acho que não passa disso) ―, promoveu Temer ao lugar que, por direito, pertence a Lula, e a este atribuiu “somente” a institucionalização da corrupção na política tupiniquim.

Há quem afirme que a promoção de Temer foi inoportuna e despropositada. Afinal, não foi ele quem sequestrou e depenou o Brasil durante 13 anos, ou roubou o BNDES e passou uma década enfiando bilhões de dólares na Friboi ― que acabou se tornando a gigante J&F, controladora da maior processadora de proteína animal do planeta. Tampouco foi ele quem torturou São José Dirceu para forçá-lo a reger na Petrobras o maior assalto da história do ocidente, recebeu uma cobertura tríplex no Guarujá da OAS de Leo Pinheiro e, ao ser pego com as calças na mão e manchas de batom na cueca, atribuiu a culpa à esposa Marisa, digo, Marcela).

Gozações à parte, as opiniões divergem quanto à delação de Joesley e companhia. Há quem ache que a contrapartida dada pelo MPF e avalizada por Fachin foi exagerada (a despeito da multa bilionária que os delatores terão de pagar, que representa a punição mais “dolorosa” para gente dessa catadura). Outros, como certo ministro do Supremo e presidente do TSE, reprovam o acordo por serem sistematicamente contrários à Lava-Jato e às delações premiadas, às prisões preventivas prolongadas (sem as quais a Lava-Jato nem existiria, ou, se existisse, ainda estaria engatinhando). Felizmente, 7 dos 11 ministros do STF já se votaram pela manutenção de Fachin na relatoria dos processos oriundos da delação da JBS e pela validade da delação propriamente dita (assunto que eu detalhei na semana passada).

O fato é que o peemedebista se apequena mais a cada dia, o que não ajuda em nada o país, como bem sabem os que acompanharam os estertores dos governos Sarney e Collor e de Dilma. Com novas denúncias e acusações surgindo regularmente, o presidente está acossado, fragilizado politicamente e, por que não dizer, mais preocupado com articulações políticas visando à sua defesa do que com a aprovação das tão necessárias reformas que se predispôs a capitanear.

Na última segunda-feira, Temer juntou ao seu invejável currículo a experiência inédita de ser denunciado por corrupção ainda no exercício do cargo (até hoje, nenhum presidente brasileiro havia sido agraciado com tal honraria, embora quase todos tenham feito por merecê-la). E novas denúncias virão em breve, até porque Janot resolveu não pôr todos os ovos na mesma cesta. Como a denúncia passa pela CCJ da Câmara e pelo plenário da casa antes de ser julgada no STF, o Planalto moverá mundos e fundos para barrar o processo, de modo que o fatiamento serve para a PGR ganhar tempo, visando à possibilidade de novos fatos mudarem os ventos no Congresso. A meu ver, bastaria que a voz das ruas voltasse a roncar como roncou no ano passado, durante o impeachment de Dilma, para que a sorte do presidente fosse selada, mas quem sou eu, primo?

Talvez seja mesmo melhor a gente ficar com diabo que já conhece. Nenhuma liderança expressiva surgiu no cenário até agora, e a perspectiva de Rodrigo Maia assumir o comando do País não é das mais alvissareiras. Demais disso, eleições diretas, neste momento, contrariam flagrantemente a legislação vigente, e interessariam apenas a Lula e ao PT, que se balizam na tese do "quanto pior melhor".  

O molusco indigesto continua encabeçando as pesquisas de intenção de voto, mesmo atolado em processos e prestes a receber sua primeira (de muitas) condenações (veja detalhes na postagem anterior). Mas não se pode perder de vista que isso se deve em grande parte ao fato de ele ser o mais conhecido entre os pesquisados, e que isso lhe assegura também o maior índice de rejeição. Enfim, muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte até outubro do ano que vem. Se as previsões se confirmarem, Moro deve condenar o sacripanta dentro de mais alguns dias, e uma possível confirmação da sentença pelo TRF-4 jogará a esperada pá de cal nessa versão petista de conto do vigário.

Infelizmente, deixamos escapar a chance de abraçar o parlamentarismo no plebiscito de 1993 (graças à absoluta falta de esclarecimento do eleitorado tupiniquim), e agora só nos resta lidar com a quase impossibilidade de defenestrar um presidente da República, mesmo que ele já não tenha a menor serventia ou que esteja envolvido em práticas pouco republicanas (haja vista os traumatizantes impeachments de Collor e de Dilma). 

Estão em andamento algumas tentativas de tapar o sol com peneira, como a PEC do Senador Antonio Carlos Valadares (PSB/SE), aprovada no último dia 21 pela CCJ do Senado, que inclui na Constituição a possibilidade revogação do mandato do presidente, vinculada à assinatura de não menos que 10% dos eleitores que votaram no último pleito (colhidas em pelo menos 14 estados e não menos de 5% em cada um deles).

De acordo com o texto aprovado, a proposta será apreciada pela Câmara e pelo Senado, sucessiva e separadamente, e precisará do voto favorável da maioria absoluta dos membros de cada uma das Casas. Garantida a aprovação, será então convocado referendo popular para ratificar ou rejeitar a medida. O projeto prevê ainda que será vedada a proposta de revogação durante o primeiro e o último ano de governo e a apreciação de mais de uma proposta de revogação por mandato.

Por hoje é só, pessoal. Até a próxima.

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terça-feira, 27 de junho de 2017

EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA ― PRONUNCIAMENTO DE MICHEL TEMER (ou “O LOBO PERDE O PELO, MAS NÃO PERDE O VÍCIO”)

Agora há pouco, menos de 24 depois de ter sido denunciado por corrupção passiva pelo procurador-geral da República, Temer fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão. Enfático, ele afirmou que a denúncia é uma “ficção”, que Janot “reinventou o Código Penal” ao incluir a “denúncia por ilação”, e que sua preocupação é “mínima” do ponto de vista jurídico, mas achou por bem se explicar no campo político.

“Essa infâmia de natureza política, os senhores sabem que fui denunciado por corrupção passiva, a esta altura da vida, sem jamais ter recebido valores, nunca vi o dinheiro e não participei de acertos para cometer ilícitos. Afinal, onde estão as provas concretas de recebimento desses valores? Inexistem. Aliás, examinando a denúncia, percebo, e falo com conhecimento de causa, percebo que reinventaram o Código Penal e incluíram nova categoria: a denúncia por ilação”, disse sua excelência.

Apesar de afirmar que ele, Temer, não seria irresponsável e não faria ilações, colocou sob suspeita o ex-procurador Marcelo Miller, próximo a Janot, que atuou no acordo de delação da JBS. Segundo o presidente, Miller, já na iniciativa privada, ganhou milhões e insinuou que o dinheiro pode não ter ido unicamente para o ex-procurador, mas também a Rodrigo Janot.

Qualquer semelhança com a estratégia de Lula ― que, sem elementos para contestar as acusações nos 5 processos a que responde como réu em Curitiba, São Paulo e Distrito Federal, joga a culpa em terceiros, mente descaradamente, nega tudo que é possível negar, distorce o que se vê obrigado a admitir, e por aí vai ― é mera coincidência, naturalmente. Só faltou Temer dizer que é “a alma viva mais honesta do Brasil”. Afinal, a pecha de “chefe da quadrilha mais perigosa do país” já que foi conferida por Joesley Batista, e disputa em importância a do “comandante máximo da ORCRIM”, conferida ao molusco abjeto pelo procurador Deltan Dallagnol.

Temer é o primeiro presidente, na história do Brasil, a ser denunciado no exercício do mandato por crime cometido durante o governo (e esse título ninguém tira dele, pelo menos por enquanto). Segundo Janot, ele “ludibriou os cidadãos brasileiros”, e por isso deve pagar indenização de R$10 milhões (oba, mais dinheiro para o PT, PMDB, PP, PSDB e companhia roubarem) Para o assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures, que está preso desde o último dia 3, a indenização é de R$2 milhões. Para quem não se lembra, Loures é o “homem da mala”, que foi flagrado recebendo de um diretor da JBS uma mala com R$ 500 mil.

Vamos ver o quanto mais essa história ainda vai feder.

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VOCÊ CONHECE SEU PC?

SOBRE DILMA: A PIOR COISA DO MUNDO É UMA INCOMPETENTE COM INICIATIVA.

Ninguém precisa ser chef de cuisine para preparar uma macarronada, nem engenheiro mecânico para dirigir um automóvel. Aos PCs, aplica-se o mesmo raciocínio, embora houve tempos em que operar um microcomputador não era para qualquer um, notadamente quando não havia interface gráfica e tudo era feito a partir do prompt de comando. Aliás, se você chegou a usar o velho o velho MS-DOS, clique aqui para matar as saudades ― se não for dessa época, clique assim mesmo e leia também as postagens subsequentes, pois o link em questão remete ao capítulo de abertura de uma sequência sobre o Windows e sua evolução através dos tempos.

Voltando à premissa inicial, mesmo um motorista amador precisa saber que é fundamental checar os níveis do fluído de arrefecimento e do óleo do motor regulamente, bem como calibrar os pneus semanalmente, e que, se adquiriu um veículo popular, não deve esperar a performance de uma Ferrari. Mutatis mutandis, dá-se o mesmo com o computador, daí a importância de você escolher uma máquina adequada a seu perfil de usuário, porque levar em conta apenas no preço (no menor preço, para ser mais exato) é insatisfação garantida sem dinheiro de volta. Mas vamos por partes.

Chamamos computador a um dispositivo eletrônico capaz de manipular informações sob a forma de dados digitais. E apesar de realizar cálculos monstruosos em frações de segundo, esse prodígio da tecnologia moderna só é capaz de “entender” linguagem de máquina ― enormes sequências de zeros e uns ―, já que tudo o que ele processa, lê e grava (de letras, símbolos e algarismos a músicas, imagens, vídeos e instruções operacionais) é representado através da notação binária, onde o bit (forma reduzida binary digit) é a menor unidade de informação que o computador consegue manipular, e pode representar apenas dois estados opostos ― fechado/aberto, desligado/ligado, falso/verdadeiro, etc. ―, que, por convenção, são expressos pelos algarismos 0 e 1. Para economizar tempo e espaço, não vou descer a detalhes sobre esse assunto; quem quiser saber mais a respeito pode clicar aqui para acessar uma abordagem detalhada, mas em linguagem simples, de fácil compreensão.

Deixando de lado o informatiquês que tanto atazana a vida dos leigos e iniciantes, podemos definir o computador como um aparelho baseado em dois segmentos distintos, mas interdependentes: o hardware e o software. Numa definição jocosa que remonta aos primórdios da informática, o hardware é aquilo que o usuário chuta, e o software, aquilo que ele xinga. Colocando de outra forma, o primeiro remete à parte física do sistema computacional (o gabinete e seus componentes internos, periféricos como o monitor, o mouse, o teclado, etc.), e o segundo corresponde ao sistema operacional e demais programas (navegador de internet, processador de textos, cliente de correio eletrônico, etc.).

No léxico da informática, o termo programa designa um conjunto de instruções em linguagem de máquina que descreve uma tarefa a ser realizada pelo computador, e pode referenciar tanto o código fonte, escrito em alguma linguagem de programação, quanto o arquivo executável que contém esse código. O sistema operacional também é um programa, conquanto seja tido e havido como uma espécie de software-mãe, pois cabe a ele gerenciar o hardware e o software, prover a interface entre o usuário e a máquina (e vice-versa) e servir como base para a execução dos demais programas (aplicativos, utilitários, etc.).

Para evitar que este texto se prolongue demais, a continuação fica para a próxima postagem.

LULA PRESTES A SER CONDENADO E TEMER DENUNCIADO

O grande chefe da ORCRIM, na definição do procurador Deltan Dallagnol, ficou meio que esquecido depois que o presidente Michel Temer foi acusado de ser o chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil. Aliás, tanto ele quanto sua nefasta pupila foram lembrados na apocalíptica delação da JBS, notadamente pelos US$150 milhões que teriam bancado suas campanhas. Só que as denúncias contra Temer e as benesses concedidas a Joesley e companhia pela PGR roubaram a cena e relegaram o deus pai da petralhada a uma posição secundária. Agora, porém, a coisa deve mudar de figura.

Nesta segunda-feira, o juiz Moro sentenciou Antonio Palocci a 12 anos e 2 meses de prisão, e deve julgar a qualquer momento a ação em que Lula é acusado de receber benefícios espúrios da OAS de Leo Pinheiro (representados pela emblemática cobertura tríplex no Guarujá e pelo pagamento do transporte e armazenamento da pilhagem que o ex-presidente trouxe de Brasília quando deixou o Palácio do Planalto). Na sentença em que condenou o ex-ministro petista, Moro citou Lula 68 vezes, na maioria delas em transcrições de depoimentos usados como prova para estipular as penas impostas aos réus. Num desses trechos, o magistrado escreveu: 

Percebe-se ainda que ‘Italiano’ é a pessoa com acesso ao então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que é também o caso de Antônio Palocci Filho (...) Chama ainda a atenção a referência de que, apesar do veto, seriam cogitadas alternativas junto ao então Presidente, ‘tributárias e ou com a Petrobrás’, para compensar o Grupo Odebrecht, prova da intenção de solicitação de contrapartida ilegal em favor dele por parte do Governo Federal”.

Palocci, vale lembrar, mostrou-se propenso a municiar a Lava-Jato com informações e documentos que, segundo ele, garantiriam mais um ano de trabalho aos procuradores, mas ainda não formalizou seu acordo de colaboração premiada. Na sentença, Moro mencionou que essa oferta se destinava mais a constranger outros réus e investigados na Lava-Jato do que propriamente a contribuir com a Justiça. Agora, porém, a condenação pode servir de estímulo para a delação, e aí a situação dos ex-presidentes petralhas tende a se complicar.

Vale lembrar também que a defesa de Lula, sem argumentos fáticos para contestar as acusações, tem sido useira e vezeira em tentar desqualificar o trabalho do MPF e em criar embaraços e protelações, chegando mesmo a pedir ― sem sucesso ― que os processos contra seu cliente fossem retirados do juiz Sérgio Moro. Mas talvez o magistrado seja o menor dos problemas do petralha. Segundo O Antagonista, uma reportagem da Folha sobre os juízes “linha-dura” da 8ª Turma do TRF-4, que revisa as decisões da 13ª Vara Federal de Curitiba, é de fazer o molusco arrancar os cabelos. Quase metade das penas dadas por Moro foram aumentadas na segunda instância, algumas delas em mais de dez anos. Na quarta-feira (21), por exemplo, o processo contra Gerson de Mello Almada, ex-sócio da Engevix, chegou à Turma com uma condenação a 19 anos de reclusão e saiu com uma pena de 34 anos e vinte dias. Lula é feliz com Moro e não sabe.

Complicada, também, é a situação de Michel Temer, a quem só resta a retórica vazia para tentar convencer as Velhinhas de Taubaté de que seu governo está firme e forte. “Nada nos destruirá”, disse ele, enfático, às vésperas da denúncia de Janot.

Observação: Na noite de ontem, Janot denunciou o presidente da República e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures por corrupção passiva. O ministro Fachin, relator da Lava-Jato no STF, deverá enviar a acusação para a Câmara, onde será votada em plenário. Caso 342 dos 513 deputados votem contra o presidente, a denúncia voltará para o Supremo, que decidirá se afasta o presidente ― já na condição de réu ― por até 180 dias ou até decisão final do processo, o que ocorrer primeiro. Estrategicamente, Janot preferiu fatiar a denúncia em três partes e apresentar as outras duas (por obstrução de justiça e organização criminosa) nos próximos dias. Para ler na íntegra a primeira delas, clique aqui.

Quase 24 horas depois que as primeiras informações sobre a delação de Joesley Batista vieram a público, Temer afirmou, em pronunciamento à nação, que o inquérito no supremo seria o território onde surgiriam as provas de sua inocência, e que exigiria pronta e rápida apuração dos fatos. Palavras ao vento, como se viu mais adiante, pois o que o presidente vem fazendo desde então é usar todos os meios disponíveis para barrar o processo, distribuindo, inclusive, cargos e verbas em troca de apoio dos parlamentares (vale reforçar que, para se livrar desse imbróglio, Temer não precisa de 171 votos a seu favor. O que ele precisa  impedir que 342 deputados votem contra ele, o que, convenhamos, é bem mais fácil).

Resumo da ópera: Ao que tudo indica, pela primeira vez na nossa história teremos ― e na mesma semana ― um presidente da República formalmente denunciado pelo MPF durante o exercício do mandato e um ex-presidente da República condenado na Justiça Penal.

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