QUEM CONHECE A
SUA IGNORÂNCIA REVELA A MAIS PROFUNDA SAPIÊNCIA. QUEM IGNORA A SUA
IGNORÂNCIA VIVE NA MAIS PROFUNDA ILUSÃO.
Achei por
bem interromper a sequência que vinha publicando sobre as sutilezas do PC
devido a um novo mega-ataque baseado em ransomware.
Como todos
devem estar lembrados, há pouco mais de um mês o WannaCrypt fez um rebosteio danado, sequestrando computadores e
pedindo resgates em bitcoins (moeda
virtual não rastreável) para liberação dos ditos-cujos. No Brasil, o quinto país
mais atingido, postos do INSS foram forçados a fechar mais cedo e o Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo,
a desligar seus computadores.
Inicialmente,
imaginou-se que a edição XP do Windows fosse a mais susceptível ao WannaCrypt, tanto que, a despeito de
tê-lo aposentado em 2009, a Microsoft
disponibilizou uma correção para a falha de segurança que servia de porta de
entrada para os crackers ― mais adiante, constatou-se que o Seven seria a edição mais afetada, mas
isso, agora, não vem ao caso.
No início
desta semana, outro mega-ataque digital desfechado pela ciberbandidagem comprometeu
infraestruturas essenciais da Europa, como instituições financeiras, sistemas
de transporte, empresas de telecomunicações e energia. Em questão de horas, o
ransomware Petya Golden-Eye ― ou Petwrap ―, que também explora
vulnerabilidades no sistema operacional Windows,
ganhou o mundo e atingiu, inclusive, o Brasil.
Volto com mais detalhes oportunamente.
A última terça-feira foi dia de festa na petelândia: por 2 votos
a 1, a 8ª Turma do TRF-4 absolveu o mochileiro
petralha João Vaccari Netto da pena
de 15 anos e 4 meses de prisão que havia sido imposta pelo juiz Sérgio Moro. Como a decisão não foi
unânime, os procuradores do MPF já
anunciaram que vão recorrer.
Observação: Nunca é demais lembrar, porém, que Vaccari já foi condenado em outras 4
ações ― cujas penas, somadas, chegam a 31 anos de reclusão ―, além de ser réu
em outros 4 processos que estão em fase de instrução ou aguardando julgamento.
Paralelamente, a mesma Turma julgou o mérito de mais quatro
ações oriundas da Operação Lava-Jato e, por unanimidade, rejeitou três
exceções de suspeição movidas contra o juiz federal Sergio Moro pelas defesas de Antônio
Palocci Filho, Eduardo Cosentino da
Cunha e Branislav Kontic. A
quarta ação, que se referia a um habeas
corpus de Kontic requerendo o
trancamento da ação penal, também teve o mérito negado. Assim, a decisão da
Corte assegurou a competência do magistrado para julgar os réus e manteve a
ação penal contra Kontic na 13ª Vara
Federal de Curitiba.
A
8ª Turma do TRF-4, que revisa as decisões de Moro, é formada pelos desembargadores Leandro Paulsen, Gebran Neto
e Victor Luiz dos Santos Laus. As
prisões decretadas pelo magistrado curitibano foram, em sua maioria, mantidas
pelo colegiado, e mais da metade das penas, aumentadas (algumas delas em mais
de dez anos; na quarta-feira (21), o processo contra o ex-sócio da Engevix, Gerson de Mello Almada, chegou à sala de julgamentos da Turma com
uma condenação a 19 anos de reclusão e saiu com uma pena de 34 anos e vinte
dias).
Enquanto isso, Michel
Temer se apequena dia após dia. Sem ter como defender o indefensável, o
peemedebista recorre ao ataque: na terça-feira, 27, fez um pronunciamento de
cerca de 20 minutos para enfatizar que as denúncias da PGR são “vazias” e baseadas em meras “ilações”, quando vazias, na
verdade, são seus ataques contra quem, por dever de ofício, o denunciou por
corrupção passiva. “Não há provas”,
disse o presidente, como se o diálogo
gravado com Joesley e ora
autenticado pela PF jamais tivesse
existido, como se Loures, seu
assessor direto, não tivesse sido flagrado carregando a emblemática mala com R$
500 mil, e por aí vai.
Frágil, excelência, não é a denúncia da PGR, mas a retórica vazia a que vossa excelência recorre, sem o
menor constrangimento. Frágil é a tentativa estapafúrdia
de levantar suspeitas contra Janot
no estranho caso dos “milhões e milhões” supostamente embolsados pelo tal
procurador que trocou de emprego. Frágil ― e patética ― é a afirmação de que,
além de sua honra pessoal, a própria Presidência da República foi conspurcada
pela denúncia, como se esta Banânia fosse uma monarquia
absolutista e vossa excelência, a reencarnação de Luiz XIV, o Rei Sol, e
não um vice-presidente promovido de cargo porque sua imprestável antecessora e
colega de chapa foi despejada do Palácio do Planalto.
Observação: Um truque barato, embora
largamente utilizado por autoridades que, ao se verem alcançadas por acusações
e não terem como negar o que salta aos olhos, argumentam que a instituição que
representam foi atacada ― Lula, o
falastrão dos falastrões, aplicou esse mesmo truque quando o escândalo do
Mensalão quase o derrubou. E o mesmo fez Dilma
por ocasião do impeachment, e Collor
antes dela.
Como bem salientou Ricardo
Noblat em sua postagem da última terça-feira, Temer acusou Janot de
promover um atentado contra o país, de querer paralisar o governo e o
Congresso, e se disse disposto a ir para a guerra, logo agora que “o país havia
entrado nos trilhos”. Esqueceu, porém, de examinar as acusações que pesam
contra ele e de refutá-las. Ou simplesmente fugiu de respondê-las.
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