segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

A NOVELA COAF/BOLSONARO



Como não houve notícia mais comentada e replicada nos últimos dias do que a novela das movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz, duble de assessor de gabinete e motorista do deputado federal e ora senador eleito Eduardo Bolsonaro, podemos ir direto aos finalmentes: quem foi eleito tendo o combate à corrupção como principal mote de campanha não pode agir como os corruptos que prometeu enquadrar.

É claro como água que por trás dos ataques contra o clã do presidente eleito está o dedinho do PT (*), e que a prática de contratar apaniguados para não trabalhar e funcionários de gabinete que devolvem parte do salário aos políticos é mais velha que a serra e tão comum quanto cachorro mijar em poste. Aliás, não é possível aceitar que políticos possam ter tantos funcionários sem controle de atividades, com salários altíssimos, sem nenhuma razão. Mas, de novo: quem baseou sua campanha num discurso antilulopetismo e anticorrupção (o que dá no mesmo) não pode alegar que fez o que todo mundo fazia. Bolsonaro e seus filhos estão em evidência e na desconfortável posição de vidraça; para eles, o buraco é ainda mais embaixo.

(*) Talvez seja o dedo mindinho que Lula perdeu num acidente de trabalho pra lá de suspeito, já que o petralha nunca foi chegado no batente — clique aqui para conferir o que diz o ex-engenheiro sênior da CSN Lewton Verri, que conheceu o molusco eneadáctilo na década de 70 e o considera um sindicalista predador e malandro, que traía os “cumpanhêros” começando e encerrando greves para ganhar dinheiro em acordos espúrios, e aqui para acessar uma postagem que revolve mais a fundo as vísceras desse caso espúrio.

Até onde a vista alcança, ainda não se pode acusar Bolsonaro pai e Bolsonaro filho de qualquer malfeito. Mas o fato do tal assessor não apresentar uma explicação plausível mina a confiança do eleitorado que acreditou nas promessas de campanha do deputado capitão. A mídia está de olho, o que é bom, pois elucidar esse “mistério” é de fundamental importância, mas a imprensa cumpanhêra, que apoia a oposição ferrenha do PT e seus satélites — tipo “se hay gobierno soy contra” — quer mais é ver o circo pegar fogo.    

Não tenho procuração para defender Bolsonaro ou quem quer que seja, mas faço parte dos 75% de brasileiros que acreditam que o país vá melhorar com o próximo governo. Afinal, a última coisa de que precisaríamos é ser governados por um criminoso condenado e preso — curiosamente, mesmo sendo público e notório que Haddad no Planalto seria Lula no poder, 47.038.963 de eleitores votaram boneco do ventríloquo, alegando que a vitória de Bolsonaro ressuscitaria a ditadura ou, no mínimo, seria uma séria ameaça à democracia, como cantam em prosa e verso jornalistas, cientistas políticos, sociólogos, filósofos e outros cérebros que habitam o bioma superior de Nova York ou Paris e dão a si próprios a incumbência de explicar o mundo às mentes menos desenvolvidas.

Segundo Flávio Bolsonaro, "há suspeitas nas movimentações financeiras de assessores de vários partidos, incluindo o PSOL, mas a mídia só ataca a mim" — o que não deixa de ser verdade, mas até aí morreu o Neves. Na quarta, 12, Bolsonaro pai afirmou que, "se algo estiver errado, que paguemos a conta". Ambos afirmaram em algum momento que os esclarecimentos do assessor se dariam ao Ministério Público, mas seria melhor para todos se o imbróglio fosse esclarecido o quanto antes, pois a suspeita que paira sobre o clã arranha a reputação do presidente eleito antes mesmo de sua posse (no famoso episódio envolvendo Francenildo dos Santos Costa, acusado doze anos atrás de ter sido subornado para delatar o Palocci, a origem do dinheiro foi esclarecida em questão de horas e Lula não teve alternativa que não exonerar o superministro).

Quando há justificativa, os fatos falam. Quando não há, as versões sussurram e as suspeitas prosperam. Nos bastidores do Congresso, comenta-se que nem Bolsonaro pai nem Bolsonaro filho conseguiram até o momento dar uma explicação que estanque o prejuízo político gerado pelo caso, enquanto a oposição já sonha com a primeira CPI da nova administração. Para além disso, o episódio tira a força de Flávio Bolsonaro na sua estreia no Senado e traz implicações diretas nas articulações para a eleição do novo presidente da Casa — sua fragilização fortalece Renan Calheiros, que diz não ser candidato e que a definição sobre quem postulará o posto só se dará na véspera do pleito, mas vem atuando nos bastidores para viabilizar seu nome. O governo de transição repudia o retorno do cangaceiro das Alagoas ao comando do Congresso Nacional, e já articula uma candidatura alternativa, na qual o nome mais forte é o do tucano Tasso Jereissati.

Há mais elementos que aumentam as suspeitas do caso Fabrício: sete outros assessores que estão ou foram vinculados ao gabinete do senador eleito, na ALERJ, realizaram depósitos na conta do dito-cujo, e a maior parte desses depósitos ocorreu em datas próximas ao dia de pagamento dos funcionários da Assembleia. O relatório do COAF identificou ainda transações consideradas "atípicas" de assessores de outros 20 deputados da ALERJ de diferentes partidos, entre eles PT, PSC e PSOL.

Nas redes sociais, Flávio Bolsonaro se diz angustiado, e que é o maior interessado em que tudo se esclareça “para ontem”. Com efeito. O estrago que as acusações podem gerar na base de apoio ao futuro governo é reconhecido até mesmo por deputados que apoiam o presidente eleito. "Se não ficar bem esclarecido no recesso, a oposição já inaugura 1º de fevereiro com um pedido de CPI", alerta o deputado Sóstenes Cavalcante. Em entrevista ao ESTADO, a também deputada eleita Janaína Paschoal, coautora do pedido de impeachment da rainha bruxa do Castelo do Inferno, defendeu a investigação do caso. "Vamos apurar e o que tiver de ser será. Não é isso que o presidente [Bolsonaro] sempre fala? Que não temos que ter medo da verdade? Seja ela qual for. Nosso País tem que amadurecer".

Comenta-se à boca pequena que Fabrício reaparecerá nos próximos dias e, ao que tudo indica, sua versão da história deverá eximir Flávio Bolsonaro e o restante do clã de qualquer responsabilidade. Os elementos colhidos até aqui pelos investigadores apontam, porém, para uma prática conhecida nas sombras das casas legislativas, na qual funcionários de gabinetes são instados a devolver uma parte do salário como contrapartida à própria contratação. O dinheiro, na maioria dos casos, é usado para bancar despesas dos titulares dos mandatos. 

Para não estender ainda mais este texto, volto ao assunto na próxima postagem.

NOVIDADES DO UPDATE DE OUTUBRO DO WINDOWS 10


E AQUELES QUE FORAM VISTOS DANÇANDO FORAM JULGADOS INSANOS POR AQUELES QUE NÃO ERAM CAPAZES DE OUVIR A MÚSICA.

Um ano depois de lançar o Windows 10, a Microsoft liberou uma atualização abrangente (Anniversary Update, build 1607), e desde de então vem lançando novas versões duas vezes ao ano — na primavera e no outono, pelo calendário norte-americano. A mais recente, conhecida como Update de Outubro (build 1809), começou a ser disponibilizada na semana passada, depois que a empresa corrigiu diversos bugs que infernizaram a vida dos participantes do Windows Insider e de outros pioneiros que, como tal, costumam ser reconhecidos pela flecha espetada no peito.

Como eu publiquei dias atrás, o download dos arquivos e a instalação desse update levaram quase duas horas (no meu computador), mas tudo transcorreu sem problemas. O build passou de 1803 para 1809 e a compilação, para 17763.168

Observação: Para checar essas informações no seu PC, acesse o Menu Iniciar, clique no ícone da engrenagem (configurações), depois em Sistema, em Sobre, e então role a tela até o final. Caso queira conferir o histórico de atualizações do Ten, siga este link.

O ciclo de vida de cada versão do Windows 10 é de 18 meses. Findo esse período, o suporte a novas atualizações de segurança e correções de falhas é interrompido, razão pela qual é fundamental manter o sistema sempre atualizado. Até o Windows ser promovida a “serviço” , novas versões eram lançadas em intervalos de 3 a 5 anos, e adotá-las exigia a aquisição de uma cópia selada, em mídia óptica (ou, alternativamente, comprar o produto nos melhores camelódromos do ramo). A partir do lançamento do Windows 10, porém, as atualizações passaram a ser disponibilizadas via Windows Update, e o usuário não paga nada por elas.

Além da correção de bugs, novas versões do sistema costumam incorporar recursos inovadores. Desta vez, no entanto, poucas alterações podem ser identificar de bate-pronto, razão pela qual eu resolvi abordar em rápidas pinceladas as principais novidades, começando por um atalho de teclado que é sopa no mel para quem utiliza regularmente os atalhos Ctrl+ X, Ctrl+C e Ctrl+V (recortar, copiar e colar, respectivamente).

Esses atalhos continuam funcionais, naturalmente. A novidade é que os recursos da área de transferência do sistema — onde são armazenados os itens que recortamos ou copiamos — foram ampliados. E já era tempo, porque até então uma cópia ou recorte que a gente fazia só ficava disponível até que copiássemos ou recortássemos outro item qualquer. Em outras palavras, se não utilizássemos o elemento recortado ou copiado, não teríamos como fazê-lo depois de recortar ou copiar outro conteúdo. A propósito, que acompanha este Blog deve estar lembrado que eu sugeri o CopyQ como alternativa para contornar esse inconveniente (detalhes nesta postagem).

Depois que atualizar seu Windows 10 para o build 1809, você poderá aposentar o CopyQ, pois o atalho de teclado Win+V lhe permitirá gerenciar o conteúdo da sua área de transferência. Como seguro morreu de velho, sugiro manter o CopyQ instalado enquanto você não tiver certeza de que o novo recurso nativo corresponde a suas expectativas.

Observação: Até o momento eu descobri que os itens armazenados na área de transferência não são preservados depois que o sistema é reiniciado, a não ser que a gente clique sobre o ícone do alfinete naqueles que desejamos manter. Mas ainda não consegui saber quantos itens o recurso armazena por padrão e nem se existe uma modo de alterar essa configuração.

Enfim, para ativar o histórico e a sincronização da área de transferência, abra o Menu Iniciar, clique em Configurações > Sistema > Área de transferência > Histórico da Área de Transferência e então ative as opções desejadas.

O resto fica para o próximo post. Até lá.

domingo, 16 de dezembro de 2018

A POLÍTICA NO BRASIL E O CEMITÉRIO DA MÍDIA TENDENCIOSA



O que aconteceria se uma empresa de ônibus passasse a vender bilhetes para Florianópolis (SC) e despejasse os passageiros em Curitiba (PR), por exemplo? Pois é. Guardadas as devidas proporções, foi mais ou menos isso que se deu com alguns órgãos de comunicação ao longo deste ano. Desde o momento em que os pré-candidatos fizeram seus primeiros movimentos no tabuleiro da sucessão presidencial, alguns jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão, em vez de se aterem aos fatos, preferiram publicar versões alternativas, porque o jornalista “a” ou o editor “b” é militante do partido “x” ou simpatizando do candidato “y”.

O que aconteceu nas últimas eleições foi o maior fiasco que os meios de comunicação brasileiros já viveram em sua história recente. Durante meses a fio, tentaram provar no noticiário que coisas trágicas aconteceriam se a campanha de Bolsonaro prosperasse (mas nunca pensaram na possibilidade de que milhões de brasileiros estivessem achando que essas coisas trágicas, justamente essas, eram as que consideravam as mais certas para o país). Convenceram a si mesmos de que não estavam numa cobertura jornalística, e sim numa luta do bem contra o mal. Em vez de reportar, passaram a torcer, a distorcer e a trabalhar por um lado na campanha, convencidos de ter a “superioridade moral”. Resultado: disputaram uma eleição contra Jair Bolsonaro e perderam por mais de 10 milhões de votos de diferença.

Não é função da imprensa disputar eleições (nem muito menos perdê-las), mas alguns órgãos de comunicação se arriscaram a fazê-lo e acabaram surrados pelo candidato que declararam “inimigo” e por seus quase 58 milhões de eleitores. Passaram meses fazendo uma operação contínua contra o candidato menos equipado materialmente e constataram, no dia da apuração, que todo esse esforço foi em vão, pois o público está pouco se lixando para o que a mídia lhe diz quando fica como arquibancada em jogo de futebol, xingando o juiz de ladrão e o técnico de burro, mas não alterando em nada o resultado do placar.

Inventou-se como estratégia, desde o começo, que o presidiário Lula era não só candidato, mas o candidato favorito para ganhar a eleição, embora nem sequer pudesse disputá-la, pois estava — e está — cumprindo a pena de prisão a que foi condenado em duas instâncias da Justiça. Mas os “institutos de pesquisa” garantiam que ele tinha “40% dos votos”, que havia “avançado mais X pontos”, que ganhava de todos os outros candidatos... E a imprensa, em peso, reproduzia essa fábula em suas manchetes, alimentando a ficção de que “a ONU” iria obrigar o Brasil a aceitar a candidatura. Chegaram mesmo a convocar o STF para julgar essa aberração.

Sai Lula, entra Haddad. Sete dias antes do pleito, uma das “pesquisas”” deu o fantoche do criminoso de Garanhuns com “22%”, numa “ascensão” que o levaria inexoravelmente à vitória. Para não deixar dúvidas, todos os meios de comunicação repetiram até o dia da eleição que Bolsonaro perderia de “todos os outros candidatos” no segundo turno, em “todas as pesquisas”. Pois deu-­se exatamente o contrário.

Às vésperas da eleição, a Folha denunciou uma suposta campanha de notícias falsas bancada por empresários apoiadores de Bolsonaro e, em cima disso, pediu-se a “anulação do primeiro turno”, inclusive com atrizes da Globo exigindo, num vídeo eleitoral especialmente irado, “uma atitude” do Supremo. Falsa, mesmo, só a reportagem — reproduzida maciçamente através da imprensa até morrer de inanição, por ausência de fatos, de pé e de cabeça. Em contra partida, o brutal atentado contra a vida de Bolsonaro foi tratado como uma notícia menor, fruto natural do “ódio” trazido à campanha em grande parte pelo próprio candidato. Até hoje, a maioria dos jornalistas se refere ao episódio como “a facada”; é jornalisticamente incorreto escrever que um criminoso quis assassinar Bolsonaro.

Desde o início da campanha, os mais potentes cérebros da análise política do Brasil deram como fato científico que a candidatura de Bolsonaro iria “desaparecer” assim que começasse o horário eleitoral obrigatório na TV, no qual ele contava com poucos segundos. Bolsonaro ganhou a eleição — e o candidato que tinha o maior tempo de TV não conseguiu nem 5% dos votos.

Mais do que tudo, talvez, a mídia não chegou nem perto de entender uma realidade evidente: a maioria do público brasileiro pensa basicamente o contrário do que pensam os jornalistas e os donos dos veículos de comunicação. Tem valores opostos aos dos comunicadores. Aprova o que a mídia condena. Condena o que a mídia aprova. É a favor da polícia, que a imprensa considera inimiga dos pobres, e contra os bandidos, que os jornalistas consideram vítimas da injustiça social. Os heróis da imprensa, como a vereadora Marielle, não são os heróis da população. E nem o que a imprensa divulga maciçamente como sendo problemas essenciais para o Brasil é percebido da mesma maneira pela massa — homofobia, racismo, fascismo, machismo, “agrotóxicos”, terras indígenas, torturas cometidas quarenta anos atrás são vistos mais com indiferença do que com indignação. Em questões como a conveniência de eliminar as diferenças entre os gêneros masculino e feminino, deixando em segundo plano as leis da biologia, mídia e maioria estão simplesmente em posições opostas.

Ninguém tem ouvido histórias de veículos que triplicaram seus leitores ou sua audiência nos últimos anos; pelo contrário: salta aos olhos que o método que vem sendo utilizado está dando errado. E como poderia dar certo se os resultados são um desastre? O aviso das eleições está aí.

Até quatro anos atrás, era no programa eleitoral obrigatório que tudo se decidia numa campanha; hoje, a televisão, em seu conjunto, deixou de existir como um fator de importância numa eleição brasileira. Os “institutos de pesquisa” tampouco são capazes de mudar coisa alguma, como se viu da derrota de Dilma Rousseff — vendida como aquela que seria “a senadora mais votada do Brasil”, mas que acabou em quarto lugar.

Os meios de comunicação travaram uma guerra sem descanso contra Bolsonaro, mas sua influência foi absolutamente nula no resultado da eleição. A internet, o Facebook, o Twitter e o restante do arsenal nuclear que a tecnologia eletrônica despeja a cada momento sobre o universo das comunicações mudaram a política no Brasil em 2018. Há muitos anos vêm transformando a imprensa num animal cada vez mais diferente de tudo o que possa ter sido — e não há sinais de que essa história venha a tomar um novo rumo.

Em momentos como este, é uma tragédia que a imprensa brasileira venha demonstrando, no conjunto daquilo que publica em seus veículos, uma inteligência inferior à inteligência média dos seus leitores, ouvintes e espectadores. Desse jeito, torna-se cada vez mais inútil para eles. Ninguém vai chegar a lugar nenhum por aí.

Inspirado em um artigo do jornalista J.R. Guzzo, publicado na edição impressa de VEJA desta semana.

sábado, 15 de dezembro de 2018

GLEISI DIZ QUE LULA VAI PASSAR O NATAL EM CASA E, DEPOIS, ANDAR SOBRE AS ÁGUAS


Muitos ainda se lembram — e como esquecer? — das ameaças petistas às vésperas do julgamento de Lula pelo TRF-4. O próprio grão-petralha chegou a dizer que convocaria o “exército de Stédile”, mas acabou condenado e preso — não sem antes se encastelar no Sindicado dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e tripudiar da PF e da Justiça por 36 horas, como se tudo se resumisse a mostrar à patuleia ignorante quem estava no controle. Mas nem as hostes de demônios apareceram, nem o país entrou em convulsão. A caterva de militontos, acampada diante da sede da Superintendência da PF em Curitiba — de onde, diziam os organizadores do "movimento", não arredariam pé enquanto o ai-jesus da esquerda brasileira não fosse libertado — resistiu durante algum tempo, mas finalmente debandou e voltou para o buraco imundo de onde jamais deveria ter saído.

Muita gente ainda acredita que o demiurgo de Garanhuns é um perseguido político, vítima da elite dirigente que manda e desmanda nas repartições policiais, nos vários departamentos do Ministério Público e nas varas da Justiça. São os 40 e poucos milhões que votaram no corrupto e lavador de dinheiro condenado e preso, quando este disputou a presidência travestido em Fernando Haddad.

ATUALIZAÇÃO: Ainda sobre o nauseabundo de Garanhuns, a Justiça aceitou uma nova denúncia do MP por crime de lavagem de dinheiro em negociatas com a África. Infelizmente, a prescrição fulminou a pretensão punitiva pelo crime tráfico de influência, mas o fato é que o até então hepta virou octarréu — ainda não é um Cabral, cujas penas já somam 200 anos, mas está bem encaminhado. Só relembrando: segundo o artigo 115 do Código Penal, são reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos , ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.


Como bem definiu José Nêumanne, é a velha distribuição de óculos de quaisquer graus e dentaduras de quaisquer calibres em troca de votos por uma massa que nunca foi de esquerda, mas guarda boas recordações dos governos petistas e vota no sevandija vermelho — ou em que ele indica — como votaram outras marionetes que tentavam dar alguma legitimidade ao autoritarismo vigente antanho, mesmo sendo definidos de forma muito pouco elegante pelo marechal Castelo Branco como vivandeiras de bivaques.

Enquanto perdurou a ilusão de que o eleitorado carente superaria em volume as classes médias revoltadas com a roubalheira comandada pelo presidiário mais célebre do Brasil, este recebia visitas frequentes e inúteis em sua “sala de estado-maior” — cortesia do então juiz federal Sérgio Moro a quem o molusco insolente faz questão de execrar. Muitos iam beijar a mão do padim Lula na cadeia, esperando conseguir uma cadeira no Congresso ou, quem sabe, uma posse de governador estadual. Muitos obtiveram essa mercê: sob as bênçãos do tendeiro do ABC, estão nos palácios governamentais de Piauí, Ceará, Bahia e Rio Grande do Norte. Com sua luxuosa ajuda, fizeram-se também os de Pernambuco e Alagoas, valiosos vassalos no tempo de glória e aliados de oportunidade nesta hora de aperto. O PT elegeu a maior bancada da Câmara dos Deputados, 59 deputados, sete a mais do que os 52 que concorreram pela legenda do PSL, que elegeu o capitão reformado e deputado do baixíssimo clero que o derrotou no pleito presidencial.

Mas a gratidão mobiliza menos do que a necessidade. São poucos os que ainda visitam o faraó pernambucano depois que o TSE o obrigou a adotar o nome do boneco no lugar do posto reservado ao ventríloquo, e que um singelo e inesperado voto no julgamento de seu recurso evitou o massacre por unanimidade que poderia ter reduzido sua empáfia a zero. Nem a fidelidade dos cinco morcegões do STF que mantêm a adesão à profecia negada pela realidade serviu-lhe de conforto.

Em troca da antes desprezada prisão domiciliar, por cuja defesa o ex-ministro supremo Sepúlveda Pertence perdeu a hegemonia na equipe de defensores, o rufião de botequim que ameaçava os adversários com o fogo de seu ódio virou esmoler do próprio direito de ir e vir. Sem visitantes com quem trocar um dedo de prosa nem serviçais a lhe gritar as horas do lado de fora do prédio em troca de um sanduíche de mortadela e um copo de tubaína, tenta lubrificar com as próprias lágrimas a gazua retórica que acredita que poderá libertá-lo da porta sem grades da repartição pública que o abriga.

Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad, dois inimigos mortais na luta pela carniça do PT, viraram agora pregadores do trololó do chefão humilhado pelo prolongamento da pena a cumprir. Não há mais por que temer a encarnação do João Ferrador, o metalúrgico enfezado que ameaçava os patrões da indústria metalúrgica com seu mau humor inegociável, que já não assusta nem adolescentes em bailes de debutantes. Sem meter medo, tenta encurtar a pena causando dó.

Essa lorota de depressão não é inócua. Deve haver até ministros do STF, mesmo entre os que não foram por Lula agraciados com a indicação ao trono, que se disponham à prática da grata comiseração. Nem é preciso ter o animus liberandi de Gilmar Mendes ou a gratidão de ex-vassalo do atual presidente da Corte. Sabe lá Deus quantas almas misericordiosas se escondem debaixo daquela fantasia macabra de Batman de luto, sempre dispostas a perdoar e interromper uma pena — quando por mais não seja, para mostrar o devido lugar de um juiz de primeira instância que desafie seu reino de “capinhas”, pagos para evitar o esforço muscular dos braços de seus patrões empertigados, empurrando os assentos confortáveis para acomodar os supremos traseiros.

A coluna Radar da revista Veja excitou a curiosidade dos portais fiéis ao lulismo noticiando que Jair Bolsonaro teria manifestado a intenção de evitar o excesso de visitas, providenciando para Lula aposentos mais tranquilos numa unidade do Exército. Mas não consta que, entre os poderes que o presidente eleito irá adquirir com a posse, haja uma espécie de extensão do juizado de penas especiais para ex-presidentes. Não há lei que preveja isso, nem as regalias de que o presidiário mais notório do País goza no lugar que hoje ocupa. O justo e legal seria encontrar cela adequada para ele num presídio comum, sem que haja a necessidade de a maior autoridade da República cuidar disso. Afinal, já lhe bastam a corrupção criminosa endêmica a combater e uma crise econômica, financeira, ética e social gigantesca a enfrentar. A moradia do condenado de Curitiba deve ser assunto exclusivo de varas de execução penal e carcereiros.

Quanto aos sinais de depressão, Lula é um depressivo crônico, que costuma enfrentar suas crises com um líquido engarrafado que não é vendido em farmácias, nem para cujo consumo se exige prescrição médica. Não seria o caso de ministrar esse tratamento habitual, pois não consta que seu consumo seja permitido em estabelecimentos penais. De qualquer maneira, quem conhece as predileções do preso, seus carcereiros e os hábitos corriqueiros do Brasil não achará estranho se ele estiver recorrendo à água que passarinho não bebe.

Agora, a cereja do bolo: Gleisi Hoffmann, a senadora petista rebaixada pelas urnas a deputada, diz alimentar esperanças de que Lula seja libertado antes do Natal. "Estamos apostando em um habeas corpus que está no Supremo, que pede a liberdade do presidente Lula. Entendemos que Lula é inocente, não oferece nenhum risco à sociedade para estar em uma prisão em segundo grau. E achamos que o Supremo tem se mostrado recentemente com posições mais garantistas", diz a abilolada, mas, ad cautelam, acrescenta: "Se isso não acontecer, estamos organizando um Natal com Lula".

Seria providencial, mas desde que Gleisi, Dilma, Lindbergh, Pimenta, Haddad e outros sectários notórios da seita do demônio fossem todos trancafiados em celas contíguas à sala de estado maior ocupada por seu amado líder, e com ele ser transferidos para um presídio comum, civil ou militar, até o Cão vir reclamar suas almas imprestáveis. 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

CAMINHONEIROS, LULA, DILMA E AS SUTILEZAS DO DILMÊS



Diante da ameaça de nova paralisação dos caminhoneiros, o ministro supremo Luiz Fux revogou a decisão de suspender a cobrança de multas às transportadoras que não cumprem a tabela de preços mínimos de frete dos caminhoneiros. 

tabela de frete foi implantada por Medida Provisória pelo pato-manco Michel Temer, que se curvou à exigência da categoria para pôr fim à paralisação-monstro ocorrida em maio passado. No último dia dez, depois da decisão de Fux, um grupo de caminhoneiros (pequeno, é verdade) paralisou rodovias em São Paulo e no Rio de Janeiro, e a AGU pediu ao magistrado que reconsiderasse, pelo menos até que o presidente eleito tome posse e sua equipe reavalie a situação. “Por esses motivos, as informações acostadas aos autos pela Advocacia-Geral da União sugerem a existência de periculum in mora inverso, qual seja a interrupção dos canais consensuais administrativos de resolução da controvérsia, na iminência de posse do novo governo.”, afirmou Fux, ao voltar atrás em sua decisão. 

De se louvar o bom senso do ministro, naturalmente. Por outro lado, até quando conviveremos com o risco de virar reféns, da noite para o dia, de uma categoria de trabalhadores? Algo me parece muito errado nessa história.

Corta para Lula: enquanto a mais petista das colunistas da Folha não consegue a tão sonhada entrevista com o presidiário mais famoso do Brasil — e não é por falta de empenho do cumpanhêro-supremo Ricardo Lewandowski — a emissora britânica BBC divulga trechos do documentário “What Happened to Brazil…“, produzido a partir de entrevistas que Lula vem concedendo por cartas ao jornalista brasileiro Kennedy Alencar (comenta-se à boca pequena que, depois de ser preso e passar a cultivar o hábito da leitura, o molusco larápio aprendeu até a escrever). Nos trechos publicados, o grão-petista insiste no velho e batido ramerrão vitimista e acusa Sérgio Moro de prendê-lo para inviabilizar sua candidatura à presidência, pavimentar a vitória de Bolsonaro e assumir um cargo no seu futuro ministério.

Ao lado do fantoche derrotado Fernando Haddad, o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, num vídeo gravado para agraciar a patuleia ignara, classificou o cumpanhêro Lula como “uma causa, não um homem” (vale lembrar que Lula já se autodeclarou “a alma viva mais honesta do Brasil” e, logo antes de ser preso, em abril, promoveu-se a “uma ideia”). Segue Mujica em sua loa ao petralha: “Lula está no coração dos necessitados, dos carentes, onde residem as desigualdades. Isso é o melhor de Lula. O tempo passará. Estão construindo um mito. E contra os mitos não se pode lutar. Força, Lula. Sempre livre”. O tempo está passando, Pepito. E o criminoso Lula continua no xadrez.  

Ao entoar seu coro de embustes, os sectários da seita do inferno — que até hoje classificam como “golpe” o impeachment de Dilma — parecem pular o refrão em que Moro condenou Lula em meados de 2017, quando ninguém apostava dois tostões de mel coado na candidatura de Bolsonaro, e nem o mais delirante visionário profetizaria que, além de vencer o pleito, o deputado-capitão convidaria o então juiz da Lava-Jato para integrar seu ministério. Com a visão embotada pelo fanatismo, essa caterva parece não ver que o TRF-4 não só ratificou a condenação do molusco, como também aumentou sua pena de 9 anos e meio para 12 anos e 1 mês; que o STJ rejeitou seu recurso especial e que foram igualmente desprovidos outros 80 e tantos apelos, embargos e chicanas, aí incluídos os recorrentes pedidos de habeas corpus impetrados perante o Supremo.

Corta para Dilma: A Rainha Má do Castelo do Inferno, que desgovernou o Brasil por 5 anos, 4 meses e 12 dias, receia ter o mesmo destino de seu predecessor e mentor, qual seja, tornar-se hóspede VIP da Carceragem da PF em Curitiba. Também segundo a mais petista das colunistas da Folha, depois que informações de bastidores estimularam o temor de a estocadora de vento ser alvo de medidas cautelares mais drásticas em decorrência da delação de Palocci, seus advogados apresentaram petição à Justiça dizendo que a ex-presidanta está à inteira disposição para prestar qualquer esclarecimento ou ser ouvida sobre qualquer processo ou investigação criminal. Ventos frios sopram de Curitiba, Majestade!
   
Falando na bruxa, vejam a que ponto chega a incoerência da nossa Justiça: Em juízo político, Dilma foi penabundada da presidência por "ordenar ou autorizar, em desacordo com a lei, a realização de operação de crédito com qualquer um dos demais entes da Federação, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que na forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente" (art.10, da Lei 1.079/1950). Esta mesma conduta é prevista como crime comum no art. 359-A, do CP, mas a pena máxima é de 2 anos. No caso da petista, que tem mais de 70 anos, a pretensão punitiva prescreveu em 2016. Difícil é explicar à sociedade que a conduta que redundou na perda do cargo e gerou tanta celeuma no país devido ao embate de correntes ideológicas divergentes não acarrete, agora, qualquer consequência na esfera penal. No final das contas, quem pagará a pena será a sociedade, refém de um sistema falho; e as instituições incumbidas da repressão penal, desmoralizadas diante da impotência para agirem como seria de se esperar.

A memória do brasileiro é curta, e por isso muitos já nem se lembram que a nefelibata da mandioca se expressa em dilmês um estranhíssimo subdialeto que não faz sentido por ser uma procissão de falatórios sem pé nem cabeça. Algumas frases começam mas não terminam. Outras terminam sem ter começado. Muitas são interrompidas por pausas bêbadas que precedem mudanças de assunto, de tom, de direção. Nenhuma frase diz coisa com coisa. Só Dilma, ou nem ela, sabe o que quis dizer, mas não foi dito, porque alguma coisa acontece entre a ordem dada pelo cérebro deserto de neurônios e o que lhe sai pela boca. Como esse assombro linguístico é falado apenas por quem o inventou, o dilmês não tem tradutores nem intérpretes — algo que ninguém entende não pode ser traduzido.

Feita a constatação, vem a pergunta inevitável: agora que Dilma virou ré, como fará a Justiça para decifrar depoimentos em dilmês? Se o juiz quiser, por exemplo, pedir-lhe explicações sobre contratos da Petrobras superfaturados em 30%, poderá ouvir uma preciosidade que há muito tempo faz sucesso na internet: “A Petrobras tem o direito a 30% de uma parcela de 25% a 30%. É isso que é o pré-sal. Tirar a Petrobras de 30% não é tirar de 30%, é tirar de 7,5% ou 12,5%. E, com isso, é um desconhecimento porque poucas empresas do mundo a Petrobras é uma”. Parece mentira, mas é isso o que Dilma aparece dizendo no vídeo antológico.

Com declarações desse teor, ela pode até livrar-se da cadeia. Mas não vai escapar de uma longa temporada em algum hospício.

WINDOWS 7 — SUPORTE ESTENDIDO TERMINA EM JANEIRO DE 2020


HOJE EU, AMANHÃ VOCÊ.

Embora eu tenha gostado muito do Windows XP, um dia a fila andou. Pulei o Vista — um verdadeiro mico —, mas adotei o Seven sem remissão e o mantive até migrar para o Windows 10 — o Eight foi outro mico, mesmo após a atualização para a versão 8.1.

Se por algum motivo você ainda usa o Windows 7, saiba que o suporte estendido para essa edição será encerrado daqui a pouco mais de um ano — quando ela foi lançada, em 2009, a Microsoft se comprometeu a disponibilizar 10 anos de suporte, e o prazo vai até 14 de janeiro de 2020, após o que a assistência técnica e as atualizações/correções que ajudam a proteger o computador deixarão de ser disponibilizadas.

É provável que até lá você receba mensagens recorrentes, alertando para o fim do suporte e recomendando a adoção do Windows 10 em algum momento antes de janeiro de 2020. Fica a seu critério fazê-lo ou não — afinal, muita gente ainda usa o jurássico XP —, mas é bom saber que, se não o fizer, você estará por sua conta e risco em relação a bugs e falhas de segurança.

Caso resolva migrar, tenha em mente que o prazo para fazer o upgrade gratuito terminou em meados de 2016. Portanto, ainda que seja possível adquirir uma cópia licenciada do sistema nas lojas parceiras da Microsoft, considere fazer a migração mediante uma “operação casada” de hardware e software. Em outras palavras, se seu PC tem muitos anos de estrada, é melhor comprar um novo, já com Windows 10 pré-instalado pelo fabricante.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

DALLAGNOL E A LIBERDADE DE CRITICAR



Em agosto de 2018, a 2ª Turma do STF, com os votos do trio calafrio (Mendes, Toffoli e Lewandowski), retirou do ex-juiz Sérgio Moro, então responsável pelos processos da Lava-Jato em Curitiba, trechos de depoimentos de executivos da Odebrecht que se referiam ao ex-presidente Lula, a pretexto de não terem ligação com a Petrobrás. 

Em entrevista à CBN, o procurador Deltan Dallagnol afirmou que os três de sempre do Supremo Tribunal Federal retiram o que podem das mãos de Moro, dão sempre os habeas corpus e estão sempre se tornando uma panelinha. Dallagnol fez uma ressalva importante: “não estou dizendo que estão mal-intencionados, estou dizendo que objetivamente mandam uma mensagem de leniência”. Mesmo assim, o ministro Dias Toffoli acionou o Conselho Nacional do Ministério Público, que iniciou uma apuração que se transformou em Processo Administrativo Disciplinar contra o coordenador da Lava-Jato em Curitiba.

A liberdade de expressão geral do membro do MPé garantida. E quando ele se pronuncia sobre os processos em que é parte — o que é o caso da entrevista em tela —, acrescenta-se ainda a inviolabilidade, significando que mesmo certas manifestações, que em outras circunstâncias poderiam ser consideradas um ilícito, não o são neste caso. Trata-se de uma ampliação da liberdade; é algo semelhante ao que ocorre, por exemplo, com deputados federais e senadores, a quem o artigo 53 da Constituição torna “invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

A inviolabilidade dos membros do MP, ainda que sem a mesma amplitude da que gozam os parlamentares (cuja imunidade, lembramos, é de natureza constitucional), é necessária, pois é natural que o integrante doMinistério Público, como parte nos processos, tenha todo o direito de se manifestar publicamente sobre tais processos e as decisões judiciais neles tomadas. Claro que a crítica não pode ser feita de qualquer forma, pois essa liberdade sofre uma modulação no artigo 43, que lista os deveres dos membros do MP, entre os quais o de “zelar pelo prestígio da Justiça, por suas prerrogativas e pela dignidade de suas funções”. Este trecho foi, inclusive, mencionado pelo corregedor Orlando Moreira como tendo sido desrespeitado por Dallagnol em sua entrevista, mas seu entendimento implica uma visão muito restritiva da liberdade de expressão garantida aos membros do MP, pois dá a entender que as críticas a uma decisão judicial, ou mesmo a um conjunto delas, seriam um ataque pessoal aos ministros ou uma desmoralização da instituição judicial.

Decisões judiciais são, sim, passíveis de questionamentos da parte de qualquer cidadão, incluindo autoridades como procuradores da República. A crítica, quando formulada de maneira objetiva, serve como ferramenta de fortalecimento da instituição responsável pela decisão criticada. Se não fosse assim, aos membros do MPsó seriam permitidos elogios, o que, convenhamos, nem exige liberdade de expressão. Aliás, é bom registrar que, não raro, os próprios ministros do STFdirigem-se uns aos outros em termos que, estes sim, extrapolam totalmente qualquer regra de boa convivência — basta lembrar os famosos bate-bocas entre Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, num dos quais o primeiro acusa o colega de ser “uma pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia”. Todavia, mesmo essas manifestações são protegidas pelos mesmíssimos mecanismos que garantem o direito à expressão por parte de Dallagnol.

Na entrevista, o procurador contestou a decisão propriamente dita, bem como outras da lavra dos mesmos três ministros, sem fazer qualquer julgamento de caráter, deixar de reconhecer a legitimidade do STF para decidir o que decidiu ou manifestar a intenção de desobedecer a decisão. Não há como ver nisso desprestígio ao Poder Judiciário ou comprometimento da imagem institucional do MP.

Dallagnol tem seu direito garantido pela inviolabilidade de que trata a Lei Orgânica do MP — e assim seria ainda que sua crítica fosse infundada, o que não é o caso. Afinal, Mendes e Toffoli, em especial, não têm sido pródigos em conceder habeas corpus, dentro e fora da Lava-Jato? Em junho deste ano, Toffoli não sacou da cartola um habeas corpus “de ofício” (por iniciativa própria) a José Dirceu?

O que os votos de Mendes, Toffoli e Lewandowski têm em comum é sempre a tendência favorável aos réus, sob uma compreensão chamada “garantista” do processo penal, mesmo quando há suficientes evidências de crimes de corrupção. Daí a referência à “mensagem de leniência em favor da corrupção” feita por Dallagnol ser plenamente justificada, especialmente no caso de remessas de delações à Justiça Eleitoral, que só pode julgar os crimes de caixa dois, ignorando totalmente o contexto de corrupção que deu origem ao dinheiro usado ilegalmente nas campanhas, um crime que ficaria impune.

O que temos aqui é uma crítica objetiva a uma decisão do STFem um caso no qual a Lava-Jato atua como parte, crítica essa protegida pela Constituição e pela Lei Orgânica doMinistério Público. Considerar Dallagnol culpado de infração disciplinar, aplicando-lhe uma pena que tem sérias consequências em sua carreira, é um desserviço ao próprio Ministério Público e ao bem comum. Uma punição, neste caso, prejudica o MP porque, com este perigoso precedente aberto, os demais procuradoresacabarão se autopoliciando para evitar processos semelhantes; e prejudica a sociedade, porque a voz do Ministério Público tem sido a sua defesa contra a corrupção. Precisamos que ela continue a ressoar, forte e independente.

Observação: O julgamento do processo administrativo contra Dallagnol, que estava pautado para a sessão da última terça, 11, foi adiado para o próximo dia 18.

Com informações da Gazeta do Povo.

COMPUTADOR BLINDADO CONTRA MALWARE E DESCONFIGURAÇÕES


NÃO GASTE O QUE VOCÊ NÃO TEM PARA COMPRAR O QUE NÃO PRECISA PARA IMPRESSIONAR QUEM NÃO MERECE.

A virtualização me faz lembrar de um filme chamado "Feitiço do Tempo", no qual um repórter meteorológico ranzinza (Bill Murray) é encarregado pela quarta vez consecutiva de cobrir uma festividade interiorana chamada de "Dia da Marmota". Após pernoitar na cidadezinha devido a uma nevasca, ele passa a reviver a cada manhã o dia da festa, como se o tempo tivesse deixado de passar (clique aqui para assistir).

Guardadas as devidas proporções, é isso que acontece com seu PC quando você dispõe de um programa de virtualização. Em outras palavras, qualquer alteração que você, outro usuário ou algum código malicioso fizerem durante uma sessão será desfeita no próximo boot. Mas nem tudo são flores.

Com o PC “congelado”, atualizações e correções do Windows, de seus componentes e dos demais aplicativos, instalações e remoções de software, apagamento de arquivos e pastas, enfim, quaisquer alterações realizadas durante uma sessão serão desfeitas na próxima, depois que o computador for reiniciado. Claro que é possível criar exceções, ou mesmo desativar a ferramenta antes de proceder às modificações desejadas, mas isso dá um pouco de trabalho.

Uma proteção “radical” como essa é útil em lanhouses, cibercafés e assemelhados. Para usuários domésticos comuns... bem, aí vai de cada um. Quando eu publiquei esta dica pela primeira vez, há pouco mais de 3 anos, achei esses programinhas muito restritivos. Mas não há nada como o tempo para passar, e agora eu vi que a coisa ficou bem mais maleável. Mesmo assim, recomendo instalar esse recurso no PC somente depois de particionar o HDD (veja como fazer isso na sequência de 5 postagens iniciada por esta aqui) e mover para a partição não contemplada pela proteção tudo aquilo que você altera constantemente — como seus arquivos de texto, planilhas e afins.

A título de sugestão, experimente o Faraonics Deep Freeze (mais informações e download para testar por 30 dias, siga este link). Outras opções dignas de nota são o Shadow Defender e o gratuito Reboot Restore.  

Era isso, pessoal. Espero que tenham gostado.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

AINDA SOBRE MORO E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA



Conforme eu adiantei no post anterior, o corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, decidiu arquivar o procedimento aberto contra o ex-juiz Sérgio Moro e os três desembargadores do TRF-4Rogério Favreto, João Pedro Gebran Neto e Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz — envolvidos na guerra de liminares de julho passado, por entender que nenhum deles cometeu infração.

"Não há indícios de que a atuação do investigado Sérgio Moro tenha sido motivada por má-fé e/ou vontade de afrontar a decisão proferida pelo desembargador federal Rogério Favreto, estando evidenciado que o seu atuar buscava a melhor condução do feito, segundo o seu entendimento jurídico e percepção de responsabilidade social, enquanto magistrado responsável pela instrução e julgamento da ação penal condenatória e juiz posteriormente apontado como autoridade coatora", disse o corregedor.

A previsão inicial era que os 15 conselheiros do CNJ decidiriam se seria possível abrir um processo administrativo disciplinar contra Moro, mesmo depois de ele ter se exonerado do cargo de juiz em novembro. Uma condenação num processo desse tipo poderia, em tese, impedir o ex-magistrado de ocupar cargos públicos e se candidatar em eleições por oito anos — embora fosse remota a possibilidade de a punição máxima ser aplicada.

Em relação ao desembargador-cumpanhêro, Martins ponderou que Favreto atuou nos limites do seu livre convencimento, motivado e amparado pelos princípios da independência e da imunidade funcionais, não existindo indícios de desvio funcional em sua atuação jurisdicional.

Quanto a Moro, o ministro considerou estar evidenciado que, ao tomar conhecimento da decisão liminar, concedido em HC e juntada nos autos do processo que instruiu e julgou na 1ª instância, o então magistrado elaborou “despacho-consulta” para o relator dos recursos em segunda instância, buscando orientação de tal autoridade acerca da legalidade da decisão de soltura do ex-presidente Lula. No entendimento do corregedor, o ex-magistrado atuou em decorrência da sua indicação como autoridade coatora e nos limites do seu livre convencimento motivado, amparado pelos princípios da independência e da imunidade funcionais.

Sobre Gebran, o corregedor ressaltou que a decisão do desembargador foi baseada em razoáveis fundamentos jurídicos e lastreada, inclusive, em fundamentos que integram o requerimento formulado pelo MPF, além de não discrepar do âmbito da atuação jurisdicional, a qual não se sujeita ao crivo do Conselho Nacional de Justiça e, por consequência, também não está sujeita à apreciação disciplinar do órgão.

"Está evidenciado que o investigado desembargador federal João Pedro Gebran Neto, ao ser provocado por ‘despacho em forma de consulta’ proferido nos autos do processo original pelo então juiz federal Sérgio Moro, acerca da comunicação da decisão determinando a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e também pelo MPF, atuou em decorrência de provocação e nos limites do seu livre convencimento motivado, amparado pelos princípios da independência e da imunidade funcionais, não havendo indícios de desvio funcional em sua atuação no caso em apreço", escreveu o desembargador em se despacho.

No tocante à atuação do presidente do TRF-4, o corregedor destacou que a atuação de Thompson Flores foi baseada pela necessidade de decidir a questão apresentada pelo MPF, e que a decisão por ele proferida encontra-se pautada em razoáveis fundamentos jurídicos, não discrepando do âmbito da atuação jurisdicional, a qual não se sujeita ao crivo do CNJ e, por consequência, também não está sujeita à apreciação disciplinar, pois o exame de matéria eminentemente jurisdicional não enseja o controle administrativo.

COMPUTADOR LIVRE DE MALWARE E DE DESCONFIGURAÇÕES ACIDENTAIS? SAIBA COMO ISSO É POSSÍVEL


O PODER É A ESCOLA DO CRIME.

Em algum momento da história da informática, a bandidagem digital se deu conta de que o malware poderia ser um aliado valioso se, em vez de simplesmente danificar o sistema alvo e obrigar a vítima a reinstalá-lo, monitorasse os hábitos de navegação das vítimas, bisbilhotasse seus arquivos sigilosos e capturasse senhas, números de cartões de crédito etc.

Manter o Windows e os aplicativos atualizados, dispor de um arsenal de segurança responsável, criar senhas fortes, desconfiar sempre de anexos e links recebidos por email ou compartilhados via programas mensageiros e redes sociais, enfim, todas essas dicas que todos nós conhecemos bem — mas que muitos de nós desdenhamos solenemente — é meio caminho andado para prevenir aborrecimentos. Mas só meio caminho.

Acredite você ou não, ainda tem gente que escreve as senhas num post-it e cola no monitor; que instala antivírus e firewall que não "falam" o mesmo idioma do usuário (daí a clicar em qualquer botão que feche a caixa de diálogo para poder seguir adiante é um passo); que deixa o cunhado mala usar o computador com prerrogativas de administrador (mesmo sabendo que ele curte sites de pornografia) e o irmãozinho da namorada à vontade para instalar games piratas ou coisa pior, e aí se surpreende com o sistema infestado por pragas de todo tipo ou com o sumiço “misterioso” de um arquivo ou pasta importante. E por aí vai. 

Mesmo não sendo irresponsável a ponto de cometer asneiras como essas, ninguém está livre da ação nefasta de spywares, trojans, ransomwares e outros programinhas maliciosos — a não ser que não acesse a internet ou que deixe o computador desligado, naturalmente, mas isso está fora de questão. Existe uma maneira de manter a integridade do sistema, mesmo permitindo que o cunhado mala e o irmãozinho pentelho da namorada pintem e bordem; mesmo não tendo antivírus e um firewall; mesmo sendo relapso a ponto de apagar arquivos ou aplicativos que pareçam desnecessários sem sequer procurar saber a que pertence o arquivo ou para que serve o app. Mas note que não estamos falando da restauração do sistema — recurso valioso quando funciona, mas que não tem o condão de reverter desinstalações de aplicativos, exclusões de arquivos pessoais etc. —, mas da "virtualização do sistema".

Observação: Para quem não sabe ou não se lembra, as versões 9x do Windows contavam com o scanreg/restore para reverter ações mal sucedidas, mas a maioria dos usuários não se valia dessa solução porque não a conhecia ou porque não sabia executá-la via prompt de comando. Quando desenvolveu o Win ME, a Microsoft introduziu a restauração do sistema (presente também em todas as edições subsequentes do Windows), que é bem mais fácil de usar porque pode ser acessada através da interface gráfica do sistema. Essa ferramenta cria backups das configurações do Registro e de outros arquivos essenciais ao funcionamento do computador em intervalos regulares e sempre que alguma modificação abrangente é procedida (note que esses "pontos de restauração" também podem ser criados manualmente); caso o PC se torne instável ou seja incapaz de reiniciar, o usuário pode tentar reverter o sistema a um ponto anterior e, com um pouco de sorte, resolver o problema com relativa facilidade.

Na virtualização do sistema, um app dedicado cria uma "imagem" das definições e configurações do computador e as recarrega a cada inicialização, fazendo com que tudo volte a ser como antes no quartel de Abrantes, inobstante o que um software enxerido ou o próprio usuário tenha feito na sessão anterior. Veremos isso em detalhes na próxima postagem. Até lá.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

MAIS ACHINCALHE NO PAÍS DA ESCULHAMBAÇÃO

De acordo com O Antagonista, o ministro Dias Toffoli, atual presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça — um soviete criado durante o governo de Lula para emparedar os magistrados —, deve operar nesta terça-feira, 11, para evitar uma decisão desfavorável ao futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro.

O Conselho irá analisar a atuação do ex-juiz da Lava-Jato no dia 10 de julho, quando impediu o cumprimento da ordem de soltura de Lula proferida pelo desembargador-companheiro e então plantonista do TRF-4 Rogério Favreto. Segundo a revista digital Crusoé, o relator do caso, Humberto Martins, é favorável à absolvição, mas não conseguiu convencer todos os 15 conselheiros. Parte deles entendem que não é hora de tirar Moro do alcance do colegiado, arquivando de pronto seus processos, mas não há clima para condená-lo, de modo que o melhor seria deixar os casos em banho-maria. Moro já não é mais juiz, e a punição, a esta altura, teria um efeito mais político do que prático. Mas parece ser justamente isso que parte do CNJ deseja.

Atualização: O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, decidiu arquivar o procedimento contra Sérgio Moro e os desembargadores do TRF-4 Rogério Favreto, João Pedro Gebran Neto e Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, envolvidos na guerra de liminares travada em julho deste ano, por entender que nenhum deles cometeu infração. Mais detalhes na próxima postagem.

Também segundo O Antagonista, o ministro Gilmar Mendes, que interrompeu o julgamento do HC de Lula com um pedido de vista, só deve devolver o processo no ano que vem. Assim, Moro toma posse no Ministério da Justiça sem o STF julgar se sua decisão de prender Lula foi ou não parcial. 

Joice Hasselmann e Eduardo Bolsonaro protagonizaram um bate-boca acalorado no grupo de WhatsApp que reúne a bancada do PSL. Sobre ela, que disputa a liderança do partido na Câmara e participa das articulações da formação do novo governo, disse ele: "Salta aos olhos a intenção da Joice de ser líder [do partido] e, assim como já demonstrou na época da campanha, ela atropela qualquer um que esteja à frente de seus objetivos (...) Vamos começar o ano já rachados com olhar de desconfiança e cheios de dúvidas", escreveu ele no grupo. E numa segunda mensagem: "Joice, sua fama já não é das melhores. A continuar assim vai chegar com fama ainda maior de louca no Congresso. Favor não confundir humildade com subordinação. Liderança é algo automático, não imposto".

A deputada federal mais votada da história desta República rebateu, afirmando que o fato de o atual líder da bancada ser filho do presidente é uma "vidraça" e pode prejudicar o partido. "Qual é o problema em eu ou qualquer outro deputado querer disputar a liderança??? O fato de termos um deputado que também é filho do nosso presidente (por quem trabalharei todos os dias) não nos exclui. Isso é democracia. Você é dentro do partido um parlamentar que fez votação estrondosa com o sobrenome que tem. Eu também fiz, sem sobrenome. Se quisermos ter 52 candidaturas podemos ter e decidimos no voto e no debate, não por recadinhos infantis via Twitter. Cresça".

Joice chegou mesmo a dizer que Eduardo deveria se colocar em seu lugar e insinuou que, em matéria de fama, a dele pode ser pior: "Não admito nem te dou liberdade para falar assim comigo, ou escrever algo nesse tom. Não te dei liberdade pessoal nenhuma, portanto, ponha-se no seu lugar. Minhas discussões aqui são políticas e não pessoais. Se formos discutir a questão 'fama', a coisa vai longe. Então não envergonhe o que seu pai criou." E mais: que Eduardo falha na liderança do partido na Câmara e que a articulação do PSL — sigla que elegeu 52 dos 513 deputados— no Congresso está "abaixo da linha de miséria". Antes de bater boca com o filho do chefe, Joice já havia protagonizado discussões com o senador eleito Major Olímpio e a deputada eleita Carla Zambelli.

Mudando de pato para ganso, o MPF ingressou com uma ação civil pública por improbidade administrativa contra Dilma RousseffGuido MantegaArno Hugo Augustin FilhoMarcus Pereira AucélioLuciano Galvão Coutinho e Aldemir Bendine, que são acusados de se valerem dos cargos que ocupavam para maquiar as estatísticas fiscais com o objetivo de melhorar a percepção da performance governamental e ocultar uma crise fiscal e econômica iminente, comprometendo ainda mais a saúde financeira do Estado.

Segundo o procurador Ivan Marx, o caso talvez represente o passo final na infeliz transformação do denominado “jeitinho brasileiro” em “criatividade maquiavélica”. Para ele, as pedaladas minaram a credibilidade das estatísticas brasileiras, contribuindo para o rebaixamento da nota de crédito do país, e assim requer a perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos, além de indenização por danos morais coletivos pela prática de improbidade administrativa.

Os advogados Modesto de Souza Barros Carvalhosa, Adriana Nunes Martorelli, Marco Aurélio Chagas Martorelli, Maura Fernandes Garcia da Costa, Leonardo Tavares Siqueira e Leopoldo Penteado Butkiewicz protocolaram, na última sexta-feira 7, um pedido de impeachment contra o ministro Ricardo Lewandowski. A Mesa Diretora do Senado confirmou que recebeu o documento, mas informou que ele ainda não foi numerado.

O pedido tem como base o episódio ocorrido durante o voo de São Paulo para Brasília — que eu venho abordando nas últimas postagens e, portanto, dispensa maiores detalhes. Para os autores, “ao reagir como reagiu contra o direito constitucional de um cidadão que nada mais fez do que o livre e civilizadamente se manifestar o sentimento de vergonha, aliás não exclusivo dele mas de grande parte do povo, que reiteradas vezes tem tomado as ruas do país inteiro para protestar contra um garantismo penal que só a delinquentes poderosos teima em servir, o ministro, abusando de seu poder e autoridade, quebrou o decoro do cargo que ocupa e deve responder às penas por crime de responsabilidade”.

Os advogados sustentam que o ministro Lewandowski cometeu crimes de responsabilidade consistentes em quebra de decoro e abuso de poder, e pedem que ele seja “condenado à definitiva perda do cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal e inabilitado para o exercício de toda e qualquer função pública durante o período de oito anos”. O Senado informou que, após numerado, o documento será autuado e publicado no Diário Oficial do órgão. Feito isso, o presidente despacha para a Advocacia Geral do Senado, que emite um parecer com base no qual o presidente do Senado pode rejeitar de ofício a petição ou encaminhá-la à Mesa Diretora para distribuição e prosseguimento da denúncia.

Observação: Somente no ano passado, Gilmar Mendes foi alvo de seis pedidos de impeachment ― dois foram arquivados pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira, antes mesmo que tivessem qualquer tramitação. O último, apresentado no dia 22 de dezembro, foi embasado num abaixo-assinado virtual com 1,7 milhão de apoios e fundamentado na conduta incompatível do jurista com a honra, a dignidade e o decoro de suas funções; o exercício de atividade político-partidária; a prática de atitude patentemente desidiosa no cumprimento dos deveres do cargo; o proferimento de julgamento quando deveria se declarar legalmente suspeito na causa, e o estabelecimento de relações com investigados. Em abril deste ano, mais um pedido foi protocolado, desta vez pelo renomado jurista Modesto Carvalhosa. Além Mendes, os ministros Toffoli e Lewandowski também já foram alvo de pedidos de impeachment.

COMO BARRAR PROGRAMINHAS MALICIOSOS AO INSTALAR APLICATIVOS LEGÍTIMOS (FINAL)


QUEM QUER FAZER ENCONTRA UM MEIO; QUEM NÃO QUER, UMA DESCULPA.

O UNCHECKY e o EULALYZER (detalhes na postagem da última sexta-feira) ajudam a barrar o crapware, mas não fazem milagres. E o mesmo se aplica à instalação de programas a partir do site dos fabricantes, já que essa precaução minimiza, mas não afasta totalmente o risco de levar gato por lebre. Para evitar surpresas, o melhor a fazer é desconectar o computador da Internet durante a instalação de aplicativos, ainda que isso complique um pouco o processo.

Quando instalamos um programa qualquer, geralmente baixamos os arquivos de instalação, salvamos na área de trabalho, checamos com o antivírus e rodamos o executável. Se a conexão com a Internet for interrompida, uma mensagem dará conta de que não foi possível seguir com a instalação. Então, para que o “truque” funcione, é preciso dispor da versão “standalone” dos arquivos de instalação.

No Google — ou outro buscador de sua preferência —, digite o nome do aplicativo desejado, acrescente o termo standalone, esquadrinhe as sugestões e escolha aquela que remeter ao site do fabricante ou a outra página que seja confiável. Baixe os arquivos de instalação na versão “completa” — em havendo mais de uma opção, escolha o arquivo maior; se não encontrar nada, tente novamente, substituindo desta vez o termo standalone por instalador offline.

Com os arquivos de instalação salvos na área de trabalho, faça a checagem com o antivírus e, se tudo estiver OK, suspenda a conexão com a Internet e clique no executável para dar sequência à instalação do aplicativo (veja instruções detalhadas neste vídeo). 

Observação: Para desconectar o computador, você pode simplesmente desplugar o cabo de rede que o conecta ao modem (ou ao roteador, conforme o caso). Se você usa um notebook, assegure-se que o Wi-Fi não esteja ativo — ou não tenha sido ativado automaticamente depois que a conexão cabeada foi interrompida. Se for preciso desativar o Wi-Fi, basta dê um clique direito sobre o ícone respectivo, na área de notificação do Windows, e selecione “desativar”, “encerrar”, “sair” etc.

Concluída a instalação, reconecte o cabo de rede e/ou reative o Wi-Fi, conforme o caso. Vale lembrar que, embora seja possível interromper a conexão cabeada via software — isto é, sem desplugar o cabo da interface de rede —, o procedimento é mais complicado, sobretudo na hora restabelecer a conexão.

Como eu sempre digo, segurança total no âmbito da Internet é conto da Carochinha, mas o conhecimento, aliado à prevenção, é a nossa melhor defesa. Na próxima postagem, veremos como manter o PC literalmente inexpugnável com o auxílio de um aplicativo de virtualização de sistema.