Diante da ameaça de nova paralisação dos caminhoneiros, o
ministro supremo Luiz Fux revogou a decisão de suspender
a cobrança de multas às transportadoras que não cumprem a tabela de
preços mínimos de frete dos caminhoneiros.
A tabela de frete foi implantada por Medida Provisória pelo pato-manco
Michel Temer, que se curvou à exigência
da categoria para pôr fim à paralisação-monstro ocorrida em maio passado. No
último dia dez, depois da decisão de Fux,
um grupo de caminhoneiros (pequeno, é verdade) paralisou rodovias em São Paulo
e no Rio de Janeiro, e a AGU pediu ao
magistrado que reconsiderasse, pelo menos até que o presidente eleito tome
posse e sua equipe reavalie a situação. “Por
esses motivos, as informações acostadas aos autos pela Advocacia-Geral da União
sugerem a existência de periculum in mora inverso, qual seja a interrupção dos canais consensuais
administrativos de resolução da controvérsia, na iminência de posse do novo
governo.”, afirmou Fux, ao
voltar atrás em sua decisão.
De se louvar o bom senso do ministro, naturalmente. Por outro lado, até quando conviveremos com o risco de virar reféns, da noite para o dia, de uma categoria de trabalhadores? Algo me parece muito errado nessa história.
Corta para Lula: enquanto a mais petista das colunistas da Folha não consegue a tão sonhada entrevista com o presidiário mais famoso do Brasil — e não é por falta de empenho do cumpanhêro-supremo Ricardo Lewandowski — a emissora britânica BBC divulga trechos do documentário “What Happened to Brazil…“, produzido a partir de entrevistas que Lula vem concedendo por cartas ao jornalista brasileiro Kennedy Alencar (comenta-se à boca pequena que, depois de ser preso e passar a cultivar o hábito da leitura, o molusco larápio aprendeu até a escrever). Nos trechos publicados, o grão-petista insiste no velho e batido ramerrão vitimista e acusa Sérgio Moro de prendê-lo para inviabilizar sua candidatura à presidência, pavimentar a vitória de Bolsonaro e assumir um cargo no seu futuro ministério.
Ao lado do fantoche derrotado Fernando Haddad, o ex-presidente do Uruguai Pepe
Mujica, num vídeo gravado para agraciar a patuleia ignara, classificou o cumpanhêro Lula como “uma
causa, não um homem” (vale lembrar que Lula
já se autodeclarou “a alma viva mais honesta do Brasil” e, logo antes de ser
preso, em abril, promoveu-se a “uma ideia”). Segue Mujica
em sua loa ao petralha: “Lula está
no coração dos necessitados, dos carentes, onde residem as desigualdades. Isso
é o melhor de Lula. O tempo passará.
Estão construindo um mito. E contra os mitos não se pode lutar. Força, Lula. Sempre livre”. O tempo está
passando, Pepito. E o criminoso Lula
continua no xadrez.
Ao entoar seu coro de embustes, os sectários da seita do inferno
— que até hoje classificam como “golpe” o impeachment de Dilma — parecem pular o refrão em que Moro condenou Lula em meados de
2017, quando ninguém apostava dois tostões de mel coado na candidatura de Bolsonaro, e nem o mais delirante
visionário profetizaria que, além de vencer o pleito, o deputado-capitão
convidaria o então juiz da Lava-Jato
para integrar seu ministério. Com a visão embotada pelo
fanatismo, essa caterva parece não ver que o TRF-4 não só
ratificou a condenação do molusco, como também aumentou sua pena de 9 anos
e meio para 12 anos e 1 mês; que o STJ
rejeitou seu recurso especial e que foram igualmente
desprovidos outros 80 e tantos apelos, embargos e chicanas, aí incluídos os
recorrentes pedidos de habeas corpus impetrados
perante o Supremo.
Corta para Dilma: A Rainha Má do Castelo do Inferno, que desgovernou o Brasil por 5 anos, 4 meses e
12 dias, receia ter o mesmo destino de seu predecessor e mentor,
qual seja, tornar-se
hóspede VIP da Carceragem da PF em Curitiba. Também segundo a mais petista das colunistas da Folha, depois que informações de bastidores estimularam o temor de a estocadora de vento ser alvo de medidas cautelares mais drásticas em decorrência da delação de Palocci, seus advogados apresentaram petição à Justiça dizendo que a ex-presidanta está à inteira disposição
para prestar qualquer esclarecimento ou ser ouvida sobre qualquer processo ou
investigação criminal. Ventos frios sopram de Curitiba, Majestade!
Falando na bruxa, vejam a que ponto chega a incoerência da nossa Justiça: Em
juízo político, Dilma foi penabundada da presidência por "ordenar
ou autorizar, em desacordo com a lei, a realização de operação de crédito com
qualquer um dos demais entes da Federação, inclusive suas entidades da
administração indireta, ainda que na forma de novação, refinanciamento ou
postergação de dívida contraída anteriormente" (art.10, da Lei
1.079/1950). Esta mesma conduta é prevista como crime comum no art. 359-A, do CP, mas a pena máxima
é de 2 anos. No caso da petista, que tem mais de 70 anos, a pretensão punitiva
prescreveu em 2016. Difícil é explicar à sociedade que a conduta que redundou na
perda do cargo e gerou tanta celeuma no país devido ao embate de
correntes ideológicas divergentes não acarrete, agora, qualquer consequência na
esfera penal. No final das contas, quem pagará a pena será a sociedade, refém
de um sistema falho; e as instituições incumbidas da repressão penal,
desmoralizadas diante da impotência para agirem como seria de se esperar.
A memória do brasileiro é curta, e por isso muitos já
nem se lembram que a nefelibata da mandioca se expressa em dilmês
— um estranhíssimo subdialeto que não faz sentido por ser
uma procissão de
falatórios sem pé nem cabeça. Algumas frases começam mas não terminam. Outras
terminam sem ter começado.
Muitas são
interrompidas por pausas bêbadas que precedem mudanças de assunto, de tom, de
direção. Nenhuma frase diz coisa com coisa. Só Dilma, ou nem ela, sabe o que quis dizer, mas não foi dito, porque
alguma coisa acontece entre a ordem dada pelo cérebro deserto de neurônios e o
que lhe sai pela boca. Como esse assombro linguístico é falado apenas por quem
o inventou, o dilmês não tem tradutores nem intérpretes — algo que ninguém entende
não pode ser traduzido.
Feita a constatação, vem a pergunta inevitável: agora
que Dilma virou ré, como fará a
Justiça para decifrar depoimentos em dilmês? Se o juiz quiser, por exemplo,
pedir-lhe explicações sobre contratos da Petrobras superfaturados em 30%,
poderá ouvir uma preciosidade que há muito tempo faz sucesso na internet: “A
Petrobras tem o direito a 30% de uma parcela de 25% a 30%. É isso que é o
pré-sal. Tirar a Petrobras de 30% não é tirar de 30%, é tirar de 7,5% ou 12,5%.
E, com isso, é um desconhecimento porque poucas empresas do mundo a Petrobras é
uma”. Parece mentira, mas é isso o que Dilma
aparece dizendo no vídeo antológico.
Com declarações desse teor, ela pode até livrar-se da
cadeia. Mas não vai escapar de uma longa temporada em algum hospício.