A despeito da indiscutível supremacia do Windows no mercado de sistemas operacionais (no 1º trimestre deste ano, ele marcou presença em 70% dos computadores vendidos no Brasil, contra módicos 22% do Linux e insignificantes 1.5% do Mac OS), existe vida inteligente fora do “Planeta Microsoft”. E considerando que estou em falta com o Pingüim – que mal foi citado nas quase 1.100 postagens já publicadas aqui no Blog –, resolvi aproveitar o feriadão (frio e úmido aqui em Sampa, depois de quase duas semanas de um calor senegalês atípico) para dedicar algumas linhas à criação de Linus Torvalds.
A propósito, por ocasião da abertura da feira LinuxCon, no início do mês passado, Torvalds disse que não fez fortuna com o Linux devido a uma “escolha pessoal”, e que, quando começou a desenvolver o sistema, “nem imaginava a importância que ele ganharia”. Mas deixemos de lado a sutil contradição que se infere dessa resposta e passemos ao que interessa.
O Linux tem fama de ser difícil, complicado, incompatível e, portanto, um sistema mais adequado a NERDS, GEEKS e Cia. No entanto, boa parte dessa conotação negativa advém de uma questão cultural estimulada pela concorrência. Ainda que os neófitos possam achá-lo “estranho” num primeiro momento, essa impressão tende a desaparecer diante das vantagens da interface gráfica opcional, do ambiente completamente personalizável e dos gerenciadores de pacotes que permitem ampliar o leque de funções com poucos cliques, sem exigir recursos enormes, software caro e vigilância constante contra malwares.
Os aplicativos nativos das distribuições Linux permitem fazer praticamente tudo o que se faz no Windows, mas de forma mais barata – e até mais simples: para tarefas comuns de produtividade, por exemplo, o BrOffice oferece programas similares aos do MS Office; para navegação na Web, o Firefox não é motivo de preocupações, até porque ele já é familiar a muita gente (uma possível exceção fica por conta do Shell Unix/Linux, conquanto o aprendizado dos comandos seja meramente optativo).
No âmbito corporativo, a adoção do Linux é particularmente atraente, já que a ausência de taxas de licença de software e a redução dos investimentos em hardware proporcionam uma economia considerável (aliás, sua participação no mercado de sistemas operacionais vem crescendo significativamente, inclusive com o apoio de gigantes do quilate da IBM, Hewlett-Packard, Intel, Novel e Oracle). No que diz respeito às “famigeradas incompatibilidades”, é certo que elas ainda ocorram – até porque muitos desenvolvedores escolheram manter seus codecs, softwares ou drivers fechados e proprietários –, mas sempre é possível encontrar alternativas funcionais, sem mencionar que pacotes como o Wine permitem rodar no Pingüim uma vasta gama de programas desenvolvidos nativamente para o Windows.
Como amanhã é aniversário do Blog, a gente retoma este assunto no post de sexta-feira.
Abraços e um ótimo dia a todos.