Numa tradução livre, o neologismo Selfie significa “auto-retrato”, e já figura no Dicionário Oxford da língua inglesa
como “fotografia que alguém tira de si
mesmo, em geral com smartphone ou webcam, e carrega numa rede social".
Caso você mesmo não feito, certamente já viu alguém esticando o
braço para bater uma foto de si mesmo com o celular (ou batê-la diante do
espelho) e em seguida compartilhá-la via Facebook
ou outra rede social similar.
Se o termo “selfie” é um neologismo, a ideia nem tanto: consta
que, em 1914, a
filha adolescente do Czar Nicolau II,
da Rússia, tirou uma foto de si mesma diante do espelho e, como ainda não
haviam inventado o Instagram (comprado
recentemente pelo Facebook por US$ 1 bilhão), compartilhou-a com amigas e
amigos através de cartas (é, aquelas mesmo que antigamente a gente enviava pelo
serviço postal convencional).
Mas é inegável que os telefones móveis inteligentes,
equipados com câmeras e capazes de conectar a Internet, facilitaram sobremaneira
a vida dos exibicionistas e daqueles que, por qualquer razão incerta e não
sabida, têm uma necessidade patológica de registrar seu estado de espírito e/ou
atividades a cada momento do dia.
Imagine que, depois de horas torrando sob um sol senegalês,
a ninfeta resolve eternizar aquele tão sonhado bronzeado – que o retorno das férias
logo se encarregará de esvanecer. Então, com ou sem a ajuda do espelho ou do
timer (temporizador), ela registra seus dotes, enfatizando o contraste da pele
queimada com a marquinha minúscula deixada pelo biquíni nos seios, nos glúteos,
e para completar seu atentado contra a própria intimidade, segundos depois ela
compartilha as fotos pelo Twitter. Depois
que o almoço e um cochilo reparador minimizam os efeitos das muitas caipirinhas
sob o sol, bate o arrependimento, e ela se apressa em acessar sua conta e
remover as imagens, mas se nesse entretempo alguém as viu e copiou, o estrago
pode ser irreversível.
Como diz a frase lapidar com que eu iniciei esta postagem (não
foi intencional, mas uma feliz coincidência), “a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”. Se utilizada
com moderação, a prática em questão é uma maneira válida de compartilhar
sentimentos e experiências, permitindo que os jovens e adolescentes sintam-se parte
integrante de um mundo que é cada vez mais digital, mas é tênue a linha que a separa do exibicionismo ou, pior, do
narcisismo.
Enfim, cada um tece como lhe apetece.
Amanhã a gente volta ao assunto com dicas para você
aprimorar suas selfies – use-as com moderação (risos).
Abraços e até lá.