A edição desta semana da revista
VEJA dá conta de que as revelações
de 75 executivos da ODEBRECHT,
distribuídas em mais de 300 anexos, prometem implodir o mundo político.
Do
pouco que já veio a público, sabe-se que, no panteão presidencial, vai sobrar
para os ex-presidentes Lula e Dilma, para o atual presidente, Michel Temer, para o senador tucano José Serra ― duas vezes candidato derrotado
à presidência ― e para os tucanos Aécio
Neves ― derrotado por Dilma no
segundo turno da eleição passada ― e Geraldo
Alckmin ― cogitado para concorrer à presidência em 2018.
Fora da galeria presidencial, o estrago é bem mais
abrangente, indo do senador peemedebista Romero
Jucá ao prefeito carioca Eduardo
Paes, do ministro Geddel Vieira Lima
ao ex-governador fluminense Sérgio Cabral.
Segundo um dos advogados que participaram das negociações ― que tem por
objetivo não só reduzir a pena dos executivos da ODEBRECHT, mas também salvar a empresa, que pagará uma multa
milionária para continuar operando ―, o conteúdo dos anexos “é avassalador”. A propósito, em
conversa com um interlocutor de Brasília, o sempre comedido Sergio Moro afirmou que, pela extensão
da colaboração, a turbulência será grande. “Espero que o Brasil sobreviva”, teria dito o magistrado.
Por tudo isso, o acordo que deverá ser assinado dentro dos
próximos dias é conhecido como “a delação do fim do mundo”, que atingirá
partidos, parlamentares e as maiores lideranças políticas do país.
A aproximação da empreiteira com o PT se deu por obra e graça do todo poderoso Emílio Odebrecht, que se tornou amigo de Lula quando este ainda era aspirante ao Planalto. Com a chegada do
partido ao poder, a empresa ampliou seus negócios com o setor público, foi
irrigada com bilhões de reais do BNDES
e se tornou sócia da Petrobras na
petroquímica Braskem (os
investigadores da Lava-Jato descobriram mais adiante que esse modelo de
corrupção se reproduziu praticamente em todas as estatais, e que somente a ODEBRECHT distribuiu algo em torno de 7 bilhões de reais em propinas (o
equivalente a 1% do seu faturamento em uma década).
Desde que assumiu o comando da empresa, em 2008, Marcelo Odebrecht ― engenheiro metódico
e organizado ― promoveu uma revolução. O faturamento, que era de 30 bilhões em 2007, pulou para 125 bilhões em 2015, quando a construtora
já tinha um Banco (Meinl Bank) em Antígua ― paraíso fiscal caribenho ―
apenas para administrar o pagamento de propinas no Brasil e no exterior, além
de um departamento secreto ― batizado com o pomposo nome de Setor de Operações Estruturadas ― para
gerenciar a lista dos “clientes famosos”. O dinheiro clandestino movimentado em
contas secretas ajudou a eleger presidentes da República, deputados, senadores,
governadores e prefeitos. Os políticos eram convertidos em servidores da
empresa, recompensando-a com novas obras, que resultavam em novas propinas, que
elegiam e reelegiam políticos. Em junho do ano passado, todavia, com a prisão
do “Príncipe das Empreiteiras” no âmbito
da Operação Lava-Jato, o “círculo
virtuoso” foi interrompido.
A matéria conclui ponderando que, sem bem explorada ― já
que, por regra, delatores precisam contar tudo que sabem para se beneficiar da
redução da pena ― a delação da ODEBRECHT
também deve ajudar a esclarecer esquemas de corrupção em países como a Venezuela, onde a empresa ajudou
clandestinamente o projeto político de Hugo
Chávez, e em Angola, onde o Clã Lula da Silva colheu milhões em
parceria com a empreiteira.
Quando a Lava-Jato
começou, Marcelo Odebrecht deu
ordens para que todos os registros das operações clandestinas fossem
destruídos, mas os dados foram recuperados pelos investigadores e serão
apresentados quando o acordo de delação for assinado. Céus e terras, tremei.
ATUALIZAÇÃO: Políticos já começam a pensar num cenário que antes parecia remoto: e se Temer não resistir à tormenta provocada pela mãe de todas as delações? Afinal, é quase impossível que essa novela rocambolesca chegue ao final antes do final do ano, quando ainda seria viável, por lei, a realização de novas eleições diretas. E se uma eventual queda de Temer ocorrer no ano que vem, o novo presidente da Banânia seria escolhido por votação indireta (no Congresso, com os votos dos 81 senadores e 513 deputados federais). Na semana passada, o jornal Folha de S. Paulo especulou que entre os nomes mais cogitados estão o do ex-presidente do STF Nelson Jobim e o do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Pesa a favor do primeiro o fato de ele ter sido ministro de FHC, de Lula e de Dilma, mas nem tudo são flores: Além de ter sido consultor da Odebrecht, Jobim tornou-se sócio do BTG (igualmente enrolado na Lava-Jato) e teria embolsado cerca de R$ 60 milhões! Já FHC, além da oposição ferrenha que viria do PT e associados, tem 85 anos de idade, e, ao que parece, pouca ou nenhuma vontade de voltar à ao Palácio do Planalto. Por enquanto, tudo isso não passa de mera especulação, mas é impressionante a velocidade com que possibilidades se tornam realidade no âmbito da política ― haja vista o impeachment da anta petralha, que patinou, patinou, mas depois deslanchou num estalar de dedos.
ATUALIZAÇÃO: Políticos já começam a pensar num cenário que antes parecia remoto: e se Temer não resistir à tormenta provocada pela mãe de todas as delações? Afinal, é quase impossível que essa novela rocambolesca chegue ao final antes do final do ano, quando ainda seria viável, por lei, a realização de novas eleições diretas. E se uma eventual queda de Temer ocorrer no ano que vem, o novo presidente da Banânia seria escolhido por votação indireta (no Congresso, com os votos dos 81 senadores e 513 deputados federais). Na semana passada, o jornal Folha de S. Paulo especulou que entre os nomes mais cogitados estão o do ex-presidente do STF Nelson Jobim e o do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Pesa a favor do primeiro o fato de ele ter sido ministro de FHC, de Lula e de Dilma, mas nem tudo são flores: Além de ter sido consultor da Odebrecht, Jobim tornou-se sócio do BTG (igualmente enrolado na Lava-Jato) e teria embolsado cerca de R$ 60 milhões! Já FHC, além da oposição ferrenha que viria do PT e associados, tem 85 anos de idade, e, ao que parece, pouca ou nenhuma vontade de voltar à ao Palácio do Planalto. Por enquanto, tudo isso não passa de mera especulação, mas é impressionante a velocidade com que possibilidades se tornam realidade no âmbito da política ― haja vista o impeachment da anta petralha, que patinou, patinou, mas depois deslanchou num estalar de dedos.
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