COMO UM
CACHORRO QUE VOLTA AO PRÓPRIO VÔMITO, O TOLO TENDE A REPETIR SUAS TOLICES.
Navegador
que demora a abrir, leva uma eternidade para carregar páginas e empaca sem mais
aquela, ninguém merece. Felizmente, ao contrário do que ocorria até não muito
tempo atrás, já não nos faltam alternativas ao browser padrão do sistema
operacional. Aliás, depois de desbancar o Internet Explorer, em maio de 2012, o
Google Chrome se tornou o queridinho
dos internautas no mundo inteiro.
Observação: O festejado MS Internet Explorer,
que reinou quase absoluto durante anos e anos, acabou cedendo ao Chrome, em maio de 2012, o trono, a
coroa e o cetro. Ainda que continue a integrar a lista de componentes do Windows 10, ele perdeu o status de
navegador-padrão para o Microsoft Edge
(do qual falaremos mais adiante). Segundo o StatCounter Global Stats, o browser do Google é o preferido de 83,21%
dos internautas tupiniquins, enquanto o Firefox,
o IE e o Edge conquistam, respectivamente, 9,11%, 2,94% e 1,44% ― em nível
mundial, a fatia do Chrome é de “apenas”
62,09%, contra 14,85% do Firefox,
10,49% do IE, 5,28% do Safari e 3,58% do Edge.
O fato é que
não existe software perfeito, e o Chrome
não é exceção. E um de seus “defeitos” é o apetite pantagruélico por memória RAM, que acarreta lentidão e, em
situações extremas, chega a travar o aplicativo, sobretudo se o usuário abre
diversas tabs (abas) e se esquece de fechá-las à medida que ficam ociosas. O esquema de
abas propicia uma economia significativa no consumo de memória, se comparado ao
uso simultâneo de várias instâncias do navegador, mas impacta o desempenho do
browser. Demais disso, o alto consumo de memória não é o único responsável por
lentidão, instabilidade e travamento do navegador ― cache lotado e complementos
(extensões) malcomportados também têm sua parcela de culpa.
Se você usa
o Chrome, saiba que o Google
disponibiliza o plug-in Great Suspender
― que monitora em tempo real as abas abertas e coloca em animação suspensa
aquelas que estão inativas. Para adicioná-lo, clique no botão que exibe três
pontinhos alinhados verticalmente, na extremidade direita da barra de endereços
do browser, selecione Mais ferramentas,
clique em Extensões > Obter mais
extensões e pesquise por Great
Suspender. Quando localizar o programinha, clique sobre ele e em Usar no Chrome.
Concluída a instalação
(que demora poucos segundos), reinicie o navegador, clique no ícone que será
adicionado à esquerda da barra de endereços e, no menu suspenso, selecione
Configurações. Feito isso, ajuste o tempo
de inatividade da página (o intervalo padrão é de uma hora, mas você pode alterar
para qualquer outro entre 20 segundos e 3 dias ― sugiro 1
minuto).
Amanhã a gente continua. Abraços e até lá.
Em uma república em algum lugar na
América Latina, o vice-presidente mobiliza toda a casta política para derrubar
a titular e "estancar a sangria" produzida por denúncias de corrupção
a envolver toda a classe, além do próprio personagem em questão. Depois do
“golpe”, no entanto, a sangria não para totalmente, e a máquina colocada em
funcionamento no Poder Judiciário continua, mesmo que aos trancos e barrancos.
Mas eis que um "terrível
acidente" resulta na morte do juiz do Supremo responsável pelas
homologações das delações contra a casta política, exatamente no momento em que
elas pareciam envolver de vez os nomes-chave do governo do “vice-presidente
golpista” e do partido fundamental de sustentação do seu governo ― que
poderíamos chamar em nosso romance de, digamos, PSDB.
No lugar do juiz acidentado, o vice-presidente
nomeia seu próprio ministro da Justiça: homem organicamente vinculado a todos
os esquemas do dito, digamos, PSDB. Alguém cuja meteórica passagem pelo
referido ministério foi marcada por uma crise no sistema penitenciário que
resultou no assassinato de centenas de presos, levando a república em questão a
figurar no noticiário internacional devido ao seu sistema carcerário medieval.
No meio da crise, o ministro entrou
para a história não por ter tomado medidas sensatas e precisas para conter o
problema, mas por simplesmente ter mentido despudoradamente quando evidenciados
sua inação e descaso à ocasião de um pedido de auxílio de uma governadora de
Estado. Algo tão absurdo que até mesmo a imprensa, normalmente complacente com
o vice-presidente golpista, foi obrigada a reconhecer que o ministro era o
homem errado no lugar errado.
Como se não fosse suficiente, o
personagem já tinha provocado polêmicas ao defender a tortura "em alguns
casos", isto em um país no qual a polícia tortura mais hoje do que na
época de seu antigo regime militar, e por usar a força militar e brutalidade de
sua polícia para conter todo o tipo de manifestação e mobilização social.
Quando estava a sair do ministério,
eis que um dos Estados da federação passa por uma greve da polícia e se
transforma em pura e simples zona de anomia, com direito a saques em plena luz
do dia, assaltos e afins. O que demonstra a incrível competência do nosso
personagem, suas qualificações indiscutíveis para tão alto cargo.
Não, pensando bem, esse enredo não
daria um bom romance. Muito óbvio, muito primário. Ninguém iria acreditar ser
possível algo assim nos dias de hoje. Certamente, se isto ocorresse atualmente,
haveria grandes manifestações nas ruas contra a natureza despudorada de tal
esquema. Haveria uma mobilização da opinião pública contra a desagregação das instituições
da República. Não, como romance o enredo definitivamente não funcionaria. Bem,
talvez como comédia ele desse certo.
É, como comédia isso aí poderia
funcionar. Nós poderíamos começar com a descrição de grandes manifestações
populares a varrer as cidades da dita república exigindo combate feroz contra a
corrupção e mostrando indignação cidadã. Depois de a presidenta deposta,
poderíamos mostrar essas mesmas pessoas tentando defender o vice-presidente
envolvido em escândalos, indo para as ruas contra a corrupção, mas indignados
não com o chefe do esquema, mas com um tal "presidente do Senado",
isto em uma semana na qual o próprio vice-presidente fora pego em um escândalo
primário de tráfico de influência envolvendo dois de seus ministros. Poderíamos
mostrar ainda essas mesmas pessoas caladas quando da nomeação do ministro
"aos amigos tudo, aos inimigos a lei" convocado para empacotar os
processos contra seu partido do coração.
Sim, seria hilário, o mundo todo
morreria de rir. É verdade que seria um pouco difícil acreditar na
possibilidade de tudo isso, mas, em comédia, há sempre algo da ordem do
vale-tudo, algo da ordem da ampliação caricatural até o absurdo, o que libera a
imaginação para ganhar asas e pensar até mesmo o impensável. Ou seja, pensar o
Brasil atual.
(*) Vladimir Safatle é professor livre-docente do Departamento de
filosofia da USP. Deixo claro que não
concordo necessariamente com todas as colocações do articulista e que
reproduzo este texto (originalmente publicado na suspeita Folha
de São Paulo) por tê-lo achado criativo, interessante e, em grande
medida (mas não totalmente) sintonizado com a realidade desta republiqueta da
Bananas. E viva o povo brasileiro!
Confira minhas
atualizações diárias sobre política em www.cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/