Referindo-se à
Operação Lava-Jato, Lula disse que “está na hora de parar de
palhaçada” (mais detalhes nesta postagem). Que alguém lembre o flibusteiro parlapatão de ter
cuidado com o que deseja: o juiz Sérgio
Moro deve julgar ainda este mês ― e junho é mês de festa junina, de “quadrilha”
― a ação sobre a posse do famoso tríplex no Guarujá. E até a cúpula petista
acredita na condenação do imprestável.
Mas não é só: Lula e seu pimpolho Luiz Cláudio deverão depor (como réus) ao juiz Vallisney de Souza
Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, no próximo dia 22 (na ação que trata de crimes praticados entre 2013 e
2015). E, se não me
falha a memória, os autos do processo em que o molusco indigesto é acusado de
obstrução da Justiça (por tentar comprar o silêncio de Nestor Cerveró) já estão conclusos para sentença.
A demora na
prisão de Lula tem sido motivo de chacota internacional.
Num país civilizado, bem antes de se tornar réu em cinco ações penais e
investigado em mais uma cachoeira de inquéritos ― que deverão ser convertidos
em denúncias nos próximos meses ― o ex-presidente já estaria mofando na cadeia.
Mas isto aqui é uma republiqueta
de bananas, onde o povo vê com naturalidade um penta-réu alardear aos
quatro ventos sua candidatura à presidência e aceita bovinamente o fato de uma
ex-presidente recém-penabundada ― por afundar o país na maior crise de sua
história e investigada por uma série de atos bem pouco republicanos ― pleitear
a anulação de seu impeachment e sua recondução ao cargo, “agora que o golpista traidor não tem mais condições de governar a
Banânia”. É o roto falando do esfarrapado!
Jamais acreditei
na “santidade” de Temer,
mas nunca o imaginei capaz de tamanha sem-vergonhice. Daí a dificuldade de seus
assessores em defende-lo. Na contramão das evidências e à ausência de
argumentos críveis para apresentar em favor do presidente, Eliseu
Padilha, seu amigo dileto, ministro-chefe da Casa Civil e investigado na
Lava-Jato, chegou a afirmar ― pasmem! ― que Rodrigo
Rocha Loures, o homem da
mala de Temer, “caiu em
um engodo ao ser filmado transportando uma mala com R$ 500 mil”. É ou não
fazer pouco caso da inteligência alheia?
Parece que estamos
assistindo a uma competição infantil, onde vence quem cria a fábula mais
inverossímil. Temer diz que foi “ingênuo” ao receber Joesley Batista no Palácio do Jaburu e tenta desqualificar o áudio gravado à sorrelfa
pelo moedor de carne. Mas não nega (e nem poderia) que ouviu a fieira de crimes
com a tranquilidade de quem ouve um amigo confidenciar suas escapadelas
extraconjugais. A justificativa? Ora, o dono
da JBS seria um notório falastrão, e
como está sendo alvo de inquérito, estaria apenas contando vantagens ― afinal,
como Temer poderia crer que membros
do Ministério Público e do Judiciário estivessem sendo cooptados?
Pelo visto, nosso
presidente não lê jornais e nem assiste ao noticiário. Ingênuo? Nem por sombra.
O cara é matreiro e têm décadas de janela e outras tantas de vão de porta.
Alegar ingenuidade para tentar se justificar por ter sido pego com as calças na
mão e batom na cueca é puro desespero, e achar que sua retórica capenga e
infundada será capaz de desautorizar fatos que saltam aos olhos até do observador
menos atento beira o desvario.
Ninguém além da
seleta confraria de apoiadores que vela seu governo agonizante engoliria sua
versão estapafúrdia do ocorrido e, de sobremesa, os devaneios do ministro Padilha, que, em entrevista à
Rádio Gaúcha, disse: “A versão que nos chegou é que ele [Loures] caiu
em um engodo, que havia a necessidade de gravar ele com essa mala, com esse
dinheiro. Foi preparado todo um processo em que ele [Temer] e o Rodrigo caíram. Não se deu conta de que estava
sendo utilizado. Ali, o objetivo era só ter a filmagem”.
Padilha argumentou também que o dinheiro foi devolvido, e que não poderia opinar sobre o motivo pelo qual Rocha Loures pegou a quantia: “Ele [Loures] é um aliado do Palácio do Planalto. Mas agora o Palácio não pode sair atrás e dar busca dos atos de cada uma das pessoas que trabalham para o governo, e atos que não dizem respeito à sua atuação como representante do governo”. Quanta cara-de-pau, ministro! Nem a finada Velhinha de Taubaté acreditaria em tamanha impostura!
Padilha argumentou também que o dinheiro foi devolvido, e que não poderia opinar sobre o motivo pelo qual Rocha Loures pegou a quantia: “Ele [Loures] é um aliado do Palácio do Planalto. Mas agora o Palácio não pode sair atrás e dar busca dos atos de cada uma das pessoas que trabalham para o governo, e atos que não dizem respeito à sua atuação como representante do governo”. Quanta cara-de-pau, ministro! Nem a finada Velhinha de Taubaté acreditaria em tamanha impostura!
Observação: A Velhinha de Taubaté é uma personagem criada por Luis Fernando Veríssimo durante a gestão do ex-presidente Figueiredo (1979-1985), que se tronou famosa por ser a última pessoa no Brasil que acreditava no governo. A crédula senhora “faleceu” em novembro de 2005, aos 90 anos, decepcionada com o quadro político brasileiro, em especial com o seu ídolo, Antonio Palocci.
Temer e Loures são investigados no STF por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça. Na última quinta-feira, a PGR pediu novamente a prisão do ex-deputado. Na noite desta sexta, o ministro Fachin a concedeu, e o homem da mala foi preso pela PF na manhã do sábado.
Loures perdeu o direito ao foro privilegiado quando Serraglio deixou o ministério da Justiça e reassumiu sua cadeira na Câmara dos Deputados do Paraná. E se ele já se mostrava inclinado a negociar uma delação, agora, mesmo que seu inquérito esteja atrelado ao Temer e, portanto, não baixe imediatamente para a primeira instância, a perspectiva de se tornar hóspede do sistema penal tupiniquim servirá como um estímulo adicional.
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