DEZEMBRO FINDA.
NA TARDE LINDA DESPONTAM RISOS DE ALEGRIA, VOZES QUE CANTAM, FLORES QUE
ENCANTAM, FESTAS DE SONHO E DE POESIA.
Bons tempos aqueles em que a aproximação do Réveillon nos enchia o coração de
esperanças. Hoje, para muitos de nós o Natal
não passa de mera exploração comercial e passagem de ano, de uma simples virada
de página do calendário.
No apagar das luzes de 2016 ― um ano especialmente
conturbado ―, esperava-se que 2017 trouxesse a tão sonhada recuperação da
economia. A instabilidade produzida pelo impeachment da anta vermelha havia
sido superada, o país tinha tudo para voltar a crescer e a “Delação do Fim do Mundo” (lembram
dela?) colocaria na cadeia uma notável penca de corruptos.
O fato de Temer ter
sido citados nas delações da Odebrecht
(43 vezes somente na confissão do ex-diretor de relações institucionais Cláudio
Melo Filho) não melhorava em nada sua minguada popularidade. Rejeitado
pelos simpatizantes da petralhada ― que o viam como traidor e golpista ― e
pelos que comemoraram o final do governo petista ― por ter sido vice de Dilma durante seus dois mandatos e
presidido o maior partido da base aliada do governo petista por 15 anos ―, o
peemedebista acalentava o sonho de entrar para a história como “o cara que
recolocou o Brasil nos trilhos do crescimento. Aí vieram a público as gravações
de sua conversa nada republicana com o carniceiro de luxo Joesley Batista, a mala de dinheiro de Rocha Loures, as manobras escandalosas para sepultar as denúncias
apresentadas pelo MPF sob o comando
de Rodrigo Janot, e por aí segue a
malsinada procissão. E o resto é história recente.
Temer assumiu a presidência porque a Constituição não
nos dava outra opção para penabundar a imprestável gerentona de araque e pôr
fim aos desmandos lulopetistas. Sabe-se agora, porém, que melhor seria tê-lo expelido
junto com a mulher sapiens. Claro que não se esperavam milagres de um
presidente sem respaldo popular, que prometeu um ministério de notáveis e
entregou um notável bando de apaniguados políticos corruptos. Demais disso,
tirar o país do buraco envolvia dificuldades que foram potencializadas pela
oposição ferrenha dos defensores do “quanto pior, melhor”, pela a sombra
ameaçadora da Lava-Jato, pelas “sutilezas” do presidencialismo de coalização
(ou de cooptação, como bem definiu o
ex-presidente FHC) e pelas frequentes
rusgas entre os 3 poderes desta república de bananas. Mas até aí morreu o
Neves.
Um rápido retrospecto do ano que termina em menos de 1 mês
dá conta de que governo Temer foi
uma decepção. Houve ganhos, é verdade. A economia deu sinais de recuperação,
pífios, mas reais. Os índices de desemprego, se não caíram expressivamente, ao
menos deixaram de aumentar. A inflação baixou dos dois dígitos para algo em
torno de 4% a.a., embora não seja bem isso que a gente nota quando faz compras
no supermercado, abastece o carro e paga as contas de energia, água, gás e que
tais. Mas a Selic despencou e reformas
importantes ― como a do Teto dos Gastos
e da Legislação Trabalhista ― foram
aprovadas ou avançaram algumas casas no tabuleiro do Congresso. Demais disso, é
injusto culpar o vampiro do Planalto pelas mazelas geradas e paridas durante 13
anos, 5 meses e 12 dias de jugo lulopetista ― como fazem a incorrigível
militância vermelha e outros desinformados de plantão.
Olhando a coisa pelo melhor ângulo, em 2016 tínhamos uma
presidente encurralada no Palácio do Planalto, sem autoridade, sem nexo e sem
respeito; um presidente da Câmara descrito como homem de poderes sobrenaturais,
que ocupava uma posição essencial para os destinos da nação; um vice
decorativo, mas que, por suas celebradas habilidades no manuseio de
parlamentares e políticos em geral, era visto como uma ponte que poderia
conduzir Dilma à salvação. Isso sem mencionar um ex-presidente
da República que posava de gênio da política, sempre prestes a “virar o jogo”
mediante conchavos milagrosos ― e que tentaria nomear a si mesmo ministro da
Casa Civil para escapar da Lava-Jato ―, além de um cangaceiro presidindo o
Senado e atuando como marechal de campo na guerra para manter no comando a
presidanta, seu abjeto antecessor e seu espúrio partido.
Em questão de meses, Dilma se tornou uma
ex-presidente em processo de inscrição no arquivo morto da política brasileira;
o então poderosíssimo presidente da Câmara foi devidamente encarcerado, o Cangaceiro das Alagoas perdeu e
recuperou o cargo, virou inimigo figadal da militância vermelha e está a
caminho do cemitério político; o gênio da política que ia salvar a anta
vermelha, o PT e os aliados ― além de si mesmo, naturalmente ―
coleciona processos penais e já foi condenado a 9 anos e meio de prisão em um
deles, mas que recorre a uma manobra espúria travestida de candidatura à
presidência para não se tornar, também ele, hóspede do sistema prisional
tupiniquim.
Por essas e outras, tudo indicava que 2017 seria o ano da
redenção. Só que não foi. Mas vamos deixar para concluir esse raciocínio na
próxima postagem, que a de hoje já está de bom tamanho. Até lá.
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