A substituição da Rainha
Bruxa do Castelo do Inferno pelo Vampiro
Furta-cor Peemedebista (que curiosamente declinou de morar no Alvorada porque tem medo de
assombração) foi uma lufada de ar puro após 13 anos, 4 meses e 12 dias de
clausura lulopetista. No entanto, se no início os ventos benfazejos da esperança levavam a crer
que o governo estava no rumo certo, o prometido ministério de notáveis se
revelou uma notável confraria de corruptos antes mesmo de Dracutemer completar um mês no cargo ― aliás, ministro de Temer não tem currículo, tem folha-corrida. Mas o castelo de cartas ruiu um ano depois, quando Lauro Jardim revelou uma conversa fortuita entre o presidente e
certo moedor de carne criminoso com vocação para delator ― e burro a ponto de
delatar a si mesmo, mas isso já é outra história ―, abrindo a Caixa de Pandora de onde saltaram duas
denúncias criminais contra Temer.
Com isso, em vez de entrar para a história como “o cara que recolocou o Brasil nos trilhos do crescimento”, sua
insolência será lembrada como o primeiro presidente da Banânia denunciado no
exercício do cargo (por corrupção, organização criminosa e obstrução da
Justiça).
Observação: Nada mal para um país que, depois da
redemocratização, elegeu 4 presidentes pelo voto popular, dos quais 2 foram depostos
e um é hepta-réu na Justiça Penal ― e ainda se arroga o direito de concorrer à
presidência nas próximas eleições, mas isso também é outra história.
Temer despiu de
vez o manto da moralidade quando recorreu à compra e venda de votos para sepultar
as denúncias contra ele, numa versão fisiologista recentemente ampliada para a
chantagem explícita contra governadores para tentar aprovar a reforma da
Previdência ― prejudicada justamente por atos do presidente que resultaram nas
denúncias. Isso lhe salvou o mandato, mas não contribuiu em nada para sua já
combalida popularidade. A quase totalidade do país o rejeita, e suas chances de se candidatar à reeleição ― conforme ele próprio
andou insinuando ― ou de atuar como cabo eleitoral “substancioso” ― para usar a
palavra dele em momento de otimismo delirante ― são próximas de zero.
Moralmente, o governo Temer
está morto. E foi o próprio Michel Temer, com seu “presidencialismo de
cooptação”, que cavou sua sepultura ao se tornar refém do Congresso. Seu “capital
político” se esgotou com a compra de votos para barrar a investigação no
Supremo ― que, segundo ele, “seria o
terreno onde surgiriam as provas de sua inocência”. Mas nem mesmo uma
raposa velha como ele é capaz de tirar leite de pedra.
Na última semana, a substituição de Ronaldo Nogueira ― que se demitiu do Ministério do Trabalho no
último dia 27 ― por Cristiane Brasil
Francisco cravou mais um prego no caixão presidencial. A escolhida não só
e filha de Roberto Jefferson Monteiro
Francisco ― que foi condenado a sete anos e 14 dias de prisão por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro, mas teve a pena reduzida por delatar o esquema
de pagamento de propina envolvendo parlamentares da base aliada para dar
sustentação ao governo do ex-presidente Lula,
vulgarmente conhecido como “escândalo do mensalão” ―, como também já foi
condenada na Justiça trabalhista. Isso levou o juiz da 4ª Vara Federal de
Niterói a suspender sua nomeação e a cerimônia de posse, que classificou como “um desrespeito à moralidade administrativa”.
O governo e a própria deputada apelaram, mas, na noite da última quarta-feira, o TRF-2 rejeitou os pedidos. Na sexta, a AGU protocolou um novo recurso no TRF-2, desta feita para definir qual
vara da Justiça Federal deve analisar os apelos contrários à posse da pretensa
futura ministra ― como mais de uma ação foi ajuizada contra a nomeação da
deputada, o governo argumenta que, conforme a lei das ações populares, deve ser
levada em conta apenas a decisão tomada primeiro, caso em que, segundo a AGU, valeria o entendimento da 1ª Vara
Federal de Teresópolis, tomada às 16h36 do último dia 8 e favorável à posse de Cristiane Brasil, e não a decisão da 4ª
Vara Federal de Niterói, que a barrou, proferida às 20h11 do mesmo dia. Assim,
por uma dessas ironias do destino, a
filhota de Jefferson, que se
licenciou do cargo de deputada federal para assumir a pasta do Trabalho,
encontra-se momentaneamente sem trabalho.
Observação: Cristiane foi processada por
dois ex-motoristas, que alegaram ter trabalhado para ela sem registro em
carteira. O GLOBO revelou no último
sábado que o dinheiro usado para pagar as parcelas da dívida trabalhista que a
deputada tem com um dos reclamantes saiu
da conta bancária de uma funcionária lotada em seu gabinete na Câmara. Ela afirmou que reembolsava a funcionária,
mas não
apresentou os respectivos comprovantes.
Para Temer, a
nomeação de Cristiane garante o apoio da bancada petebista ― uma das mais fiéis ao Planalto ― na votação da PEC da Previdência, embora nada garanta que ela ocorrerá mesmo no próximo mês: se o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, insistir em pautá-la
somente quando houver 308 votos favoráveis, talvez ela só ocorra em 2019, quando Temer já terá
deixado o cargo ― ou sido reempossado, pois estamos no Brasil, onde o
passado é imprevisível e nada é impossível, por mais absurdo que pareça.
Jefferson disse
que a nomeação da filha resgata
sua imagem conspurcada pelo mensalão. Cristiane, que encerra neste ano seu
primeiro mandato, é autora de uma PEC que visa restringir a
reeleição de presidente, governadores e prefeitos a um único período
subsequente. Além disso, ela apresentou um projeto para banir minissaias e decotes
mais ousados dos corredores e salões da Câmara, votou favoravelmente ao
impeachment da anta vermelha (“em homenagem a seu pai”) e apoiou o governo em
questões importantes ― como a PEC dos gastos e a reforma trabalhista ―, bem como votou a favor do sepultamento das denúncias contra Temer (nem poderia ser diferente). Ao se licenciar do mandato parlamentar, ela cedeu sua
cadeira ao suplente Nelson Nahin, que
é irmão do ex-governador Anthony
Garotinho e acusado de participar de uma rede de exploração sexual de
crianças em adolescentes em Campos de
Goytacazes. Como se vê, tudo gente do mais alto gabarito.
As sucessivas derrotas na Justiça desgastam ainda mais a imagem do presidente, mas ele não quer desagradar o PTB
de Roberto Jefferson por razões fáceis
de entender. Difícil de compreender por que Cristiane não abre mão do cargo de ministra, a despeito de toda
essa celeuma. Aliás, presume-se que novos podres virão à tona, e no fim das contas os
benefícios podem não compensar toda essa exposição.
O que move Cristiane não é o foro
privilegiado, que, como deputada, ela já tem. Tampouco me parece que seja o salário, visto que, atualmente, um deputado
federal ganha R$ 33.763,00) por mês ― mais que um Ministro de Estado, cujo salário é de R$ 30.934,70. Será apenas uma
questão de ego, ou será que tem dente de coelho nesse angu? Responda quem souber.
Visite minhas comunidades na Rede
.Link: