No finalzinho da última quinta-feira, a Standard and Poor’s rebaixou de BB para
BB- a nota de crédito do Brasil, colocando o país três patamares abaixo do grau
de investimento (que havia sido perdido em 2015, na gestão da Rainha Bruxa do
Castelo do Inferno). A decisão pegou a equipe
econômica de surpresa, até porque o ministro da Fazenda e virtual candidato à sucessão
presidencial, Henrique Meirelles, fez
o diabo para ganhar tempo até fevereiro, quando a reforma da Previdência deverá ser (supostamente) aprovada na Câmara. Mas a agência não quis esperar, e agora não adianta chorar o leite derramado.
Talvez a história fosse outra se essa famigerada PEC já tivesse sido aprovada. Mas não foi, e se
somarmos a isso os avanços pífios do ajuste fiscal, o retrocesso representado
pela proposta de pôr fim da “regra de ouro” ― que proíbe o endividamento para
gastos de custeio ― e a inclusão de receitas incertas ― como a da privatização
da Eletrobras ― no orçamento de
2018, teremos a receita pronta e acabada que produziu o rebaixamento do país, muito embora a SELIC tenha despencado ao longo de 2016, e a inflação, encerrado o ano abaixo do piso da meta.
O Executivo culpa o Legislativo, que culpa Michel Temer: segundo os parlamentares, a PEC não foi
votada porque se gastou um tempo imenso na votação das denúncias de Janot contra o presidente. Mas a verdade
é que faltou vontade política, e que interesses pessoais se sobrepuseram aos
interesses da nação. Afinal, a reforma da Previdência
é polêmica, e os que a defenderam não conseguiram convencer a opinião pública de sua inevitabilidade. E considerando que os 513 deputados e 2/3 dos 81 senadores estão em fim de mandato, esperar que eles peitassem o eleitorado seria tão absurdo quanto acreditar na inocência de Lula.
Será um milagre se PEC da Previdência for aprovada ainda neste governo. Temer já
esgotou seu “capital político” comprando votos das marafonas do Congresso para
barrar as denúncias contra si, e nem mesmo uma raposa velha como ele consegue
tirar leite de pedra. Para piorar, sua insolência se tornou refém do Parlamento
com seu presidencialismo de cooptação
― haja vista o imbróglio envolvendo Cristiane
Brasil, filha de Roberto Jefferson
― o notório delator do Mensalão e atual presidente do PTB ―, nomeada para o ministério do Trabalho no lugar de Ronaldo Nogueira, que se demitiu no último dia 27, alegando que irá
se dedicar à sua campanha pela reeleição à Câmara dos Deputados.
Observação: Temer nomeou a filha de Jefferson com o nítido propósito de obter o apoio do cacique petebista e de seus apaniguados, de olho na votação da reforma da Previdência em fevereiro. Mas a razão que leva Cristiane a não abrir mão do cargo, a despeito de todo esse rebosteio jurídico, já não é tão clara assim (voltaremos a esse assunto na próxima postagem).
Observação: Temer nomeou a filha de Jefferson com o nítido propósito de obter o apoio do cacique petebista e de seus apaniguados, de olho na votação da reforma da Previdência em fevereiro. Mas a razão que leva Cristiane a não abrir mão do cargo, a despeito de todo esse rebosteio jurídico, já não é tão clara assim (voltaremos a esse assunto na próxima postagem).
Enquanto isso, o governo vê o Rodrigo
Maia e Henrique Meirelles, dois
de seus principais pilares, acelerarem uma agenda própria, visando suas candidaturas ao Planalto. Como se não bastasse, os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, voltaram
colaborar com as investigações, na tentativa de na tentativa de não terem
os benefícios de seus acordos de delação suspensos
definitivamente. Meirelles reafirmou
o compromisso do Brasil com as reformas e diz contar com o Congresso, mas, se
as 50 semanas que faltam para o fim do ano forem tão atribuladas como as duas
primeiras, ficará cada vez mais difícil manter esse discurso.
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