Encerrado o incomodativo horário eleitoral obrigatório edição 2018, também eu farei um intervalo nas postagens de política. Amanhã não haverá publicação, de modo que o texto a seguir encerra os trabalhos até a próxima segunda-feira. Vamos a ele.
Nunca antes na história deste país se viu uma disputa presidencial
tão pródiga em desinformação quanto a que ora chega ao fim, marcada como a mais
atípica desde a redemocratização. Ao longo das sete semanas e meia desde seu
início oficial, houve uma sucessão de episódios surpreendentes, como a
tentativa de assassinato do líder das pesquisas e a insistência do PT em viabilizar a candidatura de um
criminoso condenado e preso. Agora, faltando cerca de 48 horas do final, o candidato do PSD mantém uma vantagem
considerável — os percentuais variam conforme a fonte, mas o último levantamento do Instituto Paraná
Pesquisas o aponta com 60,6% e Haddad
com 39,4%.
A pesquisa mostra ainda que a rejeição do capitão também ficou estável em relação ao levantamento anterior (era de 38 % e agora é de 39,4%, menor que a do adversário, que
ficou em 54,5%, ante 55,2% no dia 17). O Nordeste continua sendo a única região
em que o poste de Lula se sai melhor
(lá, ele tem 51,9% e Bolsonaro, 35,6%).
O resultado geral mostra que o desejo de mudança e o
antipetismo são os principais definidores desta eleição — 32,2% dos que dizem
que votarão em Bolsonaro dizem que o
farão por ele “representar a mudança”. Em segundo lugar aparece o fato de ele “ser contra Lula e o PT”
(resposta de 19% dos entrevistados). Já as declarações de voto em Haddad são fundamentadas na rejeição à
figura do adversário e na simpatia
por Lula. Dos entrevistados que
disseram que votarão no petista, 20,3% dizem que o farão “por não gostarem de Bolsonaro”. Os outros motivos apontados
pelos eleitores de Haddad são a
“defesa da democracia” (12,5%), “ele ser candidato do ex-presidente Lula” (12,3%), “identificação com o
discurso do candidato” (7%) e “pela defesa dos direitos humanos” (4,9%).
Observação: A profusão de fake news, embora não seja exatamente
novidade — nas duas últimas eleições presidenciais o PT montou amplas
equipes de comunicação digital e disseminou acusações
verdadeiras e falsas contra os adversários — foi levada ao paroxismo. E tudo
indica que não faltarão desdobramentos, já que, fiel à sua tradição vitimista, o
partido da estrela cadente entrou na Justiça com um pedido de investigação
por abuso de poder econômico contra Bolsonaro (em função da
denúncia veiculada pela Folha), na
qual postula a anulação
da eleição.
Em entrevista
a José Nêumanne, a jornalista Joice Hasselmann — deputada federal mais votada de todos os tempos
— disse o seguinte sobre o PT:
“Eles
mentiam durante a campanha, mentiam na imprensa, mentiam para o mercado,
mentiam para o povo e faziam negócios usando o governo como um inesgotável
balcão. Defendi ininterruptamente a extinção do PT, que se mostrou uma quadrilha, e não um partido. A Lava-Jato tirou as escaras dos olhos do
povo e provou que ninguém, nem mesmo o presidente de um país, está acima da lei”.
O projeto de poder do PT, adubado pelo mensalão e regado pelo petrolão, acabou sobrestado com o
providencial impeachment de Dilma e repudiado
nas eleições de 2016. No entanto, esse egun
mal despachado nos assombrará enquanto Lula
continuar a comandar o PT da carceragem
da Polícia Federal em Curitiba, a despeito dos erros crassos de estratégia que
ele vem cometendo, a começar pela insistência ilógica em manter sua candidatura.
Não sei se Lula achava mesmo que disputaria o pleito ou se tudo não passou de estratégia para impulsionar a transferência de votos para o poste, mas o fato é que Bolsonaro venceu em 16 estados, em 23 das 26 capitais, e no Distrito Federal — Haddad ganhou somente em 9 estados e 3 capitais (todos na região Nordeste). E ainda que o PT venha fazendo o diabo para demonizar Bolsonaro, a considerável dianteira mantida pelo capitão e o pouco tempo que falta para o segundo turno sugerem que a derrota dos vermelhos será acachapante.
Depois de passar boa parte da campanha posando de vítima de fake news, Haddad fez exatamente aquilo de que vinha acusando seu adversário.
Com a cara mais deslavada do mundo, culpou Bolsonaro pela “campanha mais baixa de todos os tempos porque ele quis criar esse clima,
que favorece a campanha dele”. Só não explicou se a “avalanche” inclui o PT espalhando que Bolsonaro cortaria o 13º salário e o Bolsa
Família, que seu vice foi um torturador (com base numa declaração do
cantor Geraldo Azevedo, mesmo
alertado de que o general Mourão
tinha 16 anos quando a suposta tortura teria ocorrido, e de Azevedo reconhecer que a
acusação era falsa — Mourão já
avisou que irá processar
o cantor e o
candidato do PT), que o PT
chamou um adversário de fascista (embora tenha sido exatamente esse o termo usado
numa nota
contra FHC em 2001) e que não tem conhecimento do vídeo em que o
deputado petista Wadih Damous fala
em fechar o Supremo Tribunal Federal.
Lula, em carta
divulgada no último dia 24 por sua equipe de comunicação (é
espantoso que um presidiário tenha “equipe de comunicação”), exortou os
partidos de centro-esquerda a se unirem numa “frente democrática” contra a “aventura
fascista”. Só que não funcionou, pois quase ninguém mais acredita na narrativa
em que o PT imputa os próprios
pecados a seus adversários — com a possível exceção dos esquerdopatas delirantes
e de parte da imprensa internacional, que continua classificando a deposição da
anta vermelha como “golpe”. Sobre os resultados do primeiro turno, é curioso
que veículos normalmente divergentes entre si — como The Guardian e
The
Economist — tenham sido unânimes em ressaltar “perigos severos à
democracia”. A palavra “fascista” apareceu em publicações como Der
Spiegel, e mesmo o Financial Times, que
provavelmente tem a melhor cobertura do Brasil na grande imprensa
internacional, disse ver na figura de Bolsonaro
um “prenúncio de tempos duros”.
Outro erro de Lula,
sabe-se agora, foi ter ignorado Jaques Wagner, que o aconselhou a retirar sua candidatura e apoiar Ciro Gomes. O demiurgo foi irredutível, Ciro ganhou somente no
Ceará e na capital, Fortaleza, e agora Haddad está mendigando seu apoio no segundo turno.
Observação: Em 2014, Dilma
foi reeleita mediante o maior estelionato eleitoral da história brasileira, apresentando
ao eleitor um país das maravilhas que só existia em sua campanha milionária,
financiada com dinheiro roubado da Petrobras. No contexto atual, porém, qualificar
os adversários de fascistas, nazistas, racistas, misóginos e
outros adjetivos que encontram morada no medo e na ignorância não surte o mesmo
efeito, servindo, no máximo, para estumar a claque amestrada.
Da bolha existencial na qual se nutre de arrogância e
prepotência, o PT é incapaz de fazer
a autocrítica reclamada por Cid Gomes.
Pelo contrário: “Não dá para o PT
pedir desculpas porque [o PT] venceu”,
tripudiou a presidente do partido, Gleisi
Hoffmann, senadora recém rebaixada a deputada federal. Mas a verdade é que
partido não consegue se desvencilhar da imagem desgastada, impressa em cores
vivas no imaginário dos eleitores por escândalos de corrupção e a mais severa
recessão da história recente do país. Os valores do cidadão comum foram
completamente ignorados por seus “governos progressistas”, gestados e apoiados
pela classe “bem-pensante” de intelectuais e artistas.
O PT é como o escorpião da fábula.
Em condições normais, ninguém acredita num partido que sempre agiu de forma
antidemocrática e vocacionada ao crime. O cinismo da campanha de Haddad apenas exibe as vísceras de um
partido que sempre agiu de forma antidemocrática e vocacionada ao crime, que
ora sangra praça pública, mas que, mesmo desmascarado, insiste no erro e expõe ao
constrangimento sua militância e os seus eleitores (os que ainda guardam um
mínimo de dignidade).
Tão melancolicamente quanto o governo Temer, o lulopetismo
desaparecerá da política brasileira Palocci, entrará para a história como uma das maiores organizações
criminosas do continente. Para o demiurgo criminoso que um dia se comparou a
Jesus Cristo (detalhes mais adiante), ficam as palavras de Guimarães Rosa: “Uma coisa é pôr ideias
arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, de carne e sangue, de
mil-e-tantas misérias… Tanta gente — dá susto de saber — nenhum se sossega:
todos nascendo, crescendo, se casando, querendo colocação de emprego, comida,
saúde, riqueza…”
com a vitória do seu mais perfeito antípoda — e a depender do que vier a ser revelado pela delação de
com a vitória do seu mais perfeito antípoda — e a depender do que vier a ser revelado pela delação de
Em algum momento da trilha para o fracasso nas urnas, o
demiurgo de Garanhuns tentou promover uma espécie de evangelização de seus
aliados e correligionários comparando-se a Cristo:
“Jesus foi condenado à morte sem
dizer uma palavra, recém-nascido. E, se o José não corre, ele tinha sido morto.
E olhe que não tinha empreiteira naquele tempo, não tinha Lava-Jato”.
Às
vésperas de ser preso, a autoproclamada “alma viva mais honesta do Brasil” se autopromoveu
à condição de “ideia”: “Eu não sou mais um ser humano, eu sou uma ideia
misturada com as ideias de vocês. Minhas ideias já estão no ar e ninguém poderá
encerrar. Vocês são milhões de Lulas”. Mas o ególatra que achou ter ascendido à dimensão divina ora encontra no extremo oposto o antagonista
gestado por si próprio — embora nem Bolsonaro
seja capaz de encarnar o “mito” alardeado pelo seu séquito, nem Lula de se arvorar em ente divino, como
parecem crer os seguidores da seita do inferno.
Nas palavras do presidente do Ibope, somente um “tsunami” poderia impedir que Bolsonaro seja eleito
presidente, . Em entrevista ao Broadcast Político/Estadão, Carlos Augusto Montenegro afirma que o
cenário aponta claramente para a vitória do candidato do PSL. “A grande dúvida é qual vai ser a diferença de votos”. Mas isso saberemos amanhã à noite, depois que os eleitores escolherem se desejam “mudar tudo
isso que está aí” ou se querem a volta dos “anos de ouro” do lulopetismo.
Vote com sabedoria — ou, no mínimo, com consciência — e dando tempo e jeito, assista a este vídeo (são apenas 3 minutos):
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