Em clima de Fla Flu, com torcidas opostas, vaias e fogos
lançados do outro lado da margem por manifestantes contrários à sua presença na
Feira Literária
Pirata das Editoras Independentes, o jornalista americano Glenn Greenwald foi saudado como herói
pela patuleia e opositores do governo Bolsonaro,
ao som de uma versão hardcore de "Bella
Ciao" — canção popular italiana que se tornou um símbolo da Resistência
italiana contra o Fascismo durante a 2ª Guerra Mundial.
Mesmo diante da pressão, Greenwald avisou que não
pretende sair do Brasil: "Sou casado
com um brasileiro que eu amo mais do que tudo, nós temos dois filhos
brasileiros que adotamos; somos uma família completa, cheia de amor e
felicidade, como todos podem ser, inclusive os jovens LGBT neste país. Posso
sair do país a qualquer momento, só que eu não estou fazendo isso, nem vou
fazer. Porque 15 anos atrás eu me apaixonei pelo Brasil". E aproveitou
a ocasião para revelar em que pé estão os trabalhos de apuração do The Intercept Brasil: "Estamos muito mais perto do começo do que do
final. Temos muito mais para revelar. Quando perceberam a importância do
material, todos os jornalistas do Brasil nos procuraram querendo trabalhar com
a gente como parceiros. Todos, menos um: a Globo. Para os jornalistas da Globo,
é um crime fazer jornalismo. Só com
fascistas e racistas o Bolsonaro
conseguiu ter 15% dos votos. O país pelo qual me apaixonei não é isso. Ele é
feito de pessoas diferentes. Só a democracia pode unir esse país."
Algumas pessoas parecem ter nascido com o único propósito de atazanar a vida alheia. E Verdevaldo
se destaca entre os membros dessa seleta confraria. A propósito da Vaza-Jato, escreveu Diogo Mainardi na revista eletrônica Crusoé:
A imprensa resistiu ao AI-5,
mas não vai resistir a Glenn Greenwald.
Como é que a Veja, depois de
denunciar a gatunagem lulista por mais de dez anos, sendo retaliada por aquela
gente, pode compartilhar mensagens obtidas por criminosos, com o único
propósito de enterrar a Lava-Jato e
tirar da cadeia Lula e seus
comparsas? Como é que a Folha, que
sempre se vangloriou de sua autonomia, pode sucumbir às imposturas militantes
de um bando de piratas, que manipula e falseia o produto de um crime para
inocentar os membros de uma quadrilha? Os leitores vão castigá-los duramente. E
o descrédito vai se espalhar para todos os lados.
O complexo de vira-latas dos jornalistas brasileiros permite
que o aventureiro americano passe o dia inteiro no Twitter, arrotando platitudes sobre a liberdade de imprensa, como
um novo Thomas Jefferson. Mas ele
não é nada disso. Depois de quatro semanas de intenso agitprop, o plano de Verdevaldo para desmoralizar a Lava-Jato e libertar o chefe da ORCRIM está se revelando um fiasco. E o
motivo é um só: Sergio Moro e Deltan Dallagnol, ao contrário dos
bandidos que eles prenderam, fizeram tudo certinho, sem atropelar a lei.
O AI-5 de Verdevaldo não tem DOI-CODI nem pau-de-arara: a imprensa entregou-se espontaneamente a
seu algoz. Se os jornalistas quiserem, posso torturá-los ainda mais, contando o
que vai ocorrer a partir de agora. Em primeiro lugar, a PF vai prender o responsável pelos ataques aos telefones celulares
dos procuradores de Curitiba. Em seguida, sua rede de contatos também será
revelada. Quando esses nomes vierem à tona, a trama lulista vai explodir
espetacularmente. Eu sei disso porque é o que vem se repetindo há quatro anos e
meio. Já vimos essa história: criminosos muito poderosos se mobilizam para
destruir a Lava-Jato, advogados
bombardeiam a imprensa com falsos vazamentos e pareceres de juristas
coniventes, ministros do STF tentam
intimidar Sergio Moro e, no fim, os
bandidos terminam na cadeia. Desta vez, porém, há uma novidade: o golpe partiu
da imprensa. E ela, tristemente, vai se espatifar.
Um mês antes das eleições americanas de 2016, Greenwald publicou com um colega uma
matéria no site The Intercept,
criado por ele em 2013. Com o título “Exclusivo:
novo vazamento de e-mails revela relação próxima da campanha de Clinton com a
imprensa”, o texto expunha o conteúdo de mensagens trocadas entre a equipe
da candidata democrata Hillary Clinton
e jornalistas. Entre as táticas usadas para manipular a imprensa, citava-se o
oferecimento de bebidas e comida para jornalistas em reuniões para transmitir
informações e sugestões de entrevistados para os programas de televisão. A
fonte dos dados, segundo o site, identificava-se como Guccifer 2.0 — um nome já conhecido.
Dois dias antes, o Departamento de Segurança Interna e o
diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos soltaram um comunicado
dizendo-se convictos de que o governo russo estava por trás dos roubos de e-mails
de cidadãos e instituições americanas, incluindo de organizações políticas. “As revelações recentes de e-mails
supostamente hackeados em sites como DCLeaks.com
e Wikileaks, e pela identidade
online Guccifer 2.0, são
consistentes com os métodos e motivações russos”, dizia a nota. “Nós
acreditamos que somente oficiais de alto nível da Rússia poderiam ter
autorizado essas atividades.”
O alerta não deteve Greenwald,
mesmo em plena campanha eleitoral. Na matéria do Intercept, ele se explicava: “Na
sexta-feira, autoridades do governo de Barack
Obama alegaram que os funcionários
de alto nível da Rússia foram responsáveis por este e outros ataques, embora
não tenham fornecido nenhuma evidência para essa afirmação”. Nem a origem
criminosa dos documentos nem o interesse evidente de quem forneceu os dados —
agente russos — evitaram a publicação da matéria.
O padrão parece ter se repetido no Brasil. Na divulgação das
conversas entre Sergio Moro e os
procuradores da Lava-Jato, Greenwald também não se importou com a
forma como o material fora obtido (se é mesmo que ele não sabe) ou com o óbvio
direcionamento dos alvos: somente juízes e investigadores envolvidos em
decisões desfavoráveis aos acusados pela Lava-Jato
tiveram seus dados vazados. Ao ser perguntado por Crusoé sobre essa seletividade, respondeu: “Qualquer sugestão de que eu me oponho à Lava-Jato é totalmente ridícula”.
Os métodos de Greenwald
se encaixam naquilo que é conhecido como “jornalismo ativista”, “jornalismo de
oposição” ou “jornalismo de choque”. A prática usa as premissas que regem a
profissão — como a preservação da fonte e a busca do interesse público — para
atingir apenas rivais. Seu sobrenome até deu origem a um verbo em inglês: “greenwalding”. Em 2016, o termo entrou
no site Urban Dictionary, em que os
leitores elencam acepções para as palavras e votam nas melhores. Uma das mais
populares é: “pinçar um conteúdo e tirá-lo
do contexto com o objetivo de difamar alguém”.
Os alvos de Greenwald
são todos aqueles que, em sua visão de mundo, abusam de sua condição de poder.
Trata-se de um grupo eclético, que inclui o Partido Democrata, as elites, o
jornal The Washington Post, a Globo, os ricos (embora seja financiado por um
bilionário), o FBI, a CIA, Israel, o Reino Unido, o ex-procurador especial dos
Estados Unidos Robert Mueller, o
presidente brasileiro Jair Bolsonaro
e a operação Lava-Jato quando o alvo
é o PT. “Moro e os procuradores da Lava-Jato
são figuras altamente controversas aqui e no mundo — tidos por muitos como
heróis anticorrupção e acusados por tantos outros de ser ideólogos clandestinos
de direita, disfarçados como homens da lei apolíticos. Seus críticos têm
insistido que eles exploraram e abusaram de seus poderes na Justiça com o
objetivo político de evitar que Lula
retornasse à Presidência e destruir o PT”,
diz o Intercept no texto elaborado
para justificar a publicação das mensagens roubadas de Deltan Dallagnol.
O gosto pelo enfrentamento, que Greenwald destila quase diariamente em sua conta do Twitter com mais de 1 milhão de
seguidores, aflorou ainda em 2005, quando ele criou um blog e começou a
criticar a presença militar americana no Iraque. No ano seguinte, ainda na
condição de advogado constitucionalista e blogueiro, publicou o livro Como um patriota deveria atuar. O
título fazia referência ao Patriot Act,
criado pelo presidente George W. Bush
como resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. A obra
tornou-se um best-seller.
Nos anos seguintes, Greenwald
escreveu mais quatro livros. O sucesso editorial abriu as portas para a autoria
de colunas no site americano Salon
e, mais tarde, no jornal inglês The Guardian. No final de 2012, ele foi
procurado por Edward Snowden, um
hacker que havia trabalhado na NSA. Snowden entregou a ele documentos que
mostravam como as agências americanas vigiavam cidadãos nos Estados Unidos e no
resto do planeta, inclusive no Brasil. O material foi publicado por diversos
veículos do mundo. Um jornalista do The
Washington Post também recebeu material para produzir uma matéria. A
experiência, contudo, incomodou Snowden.
No livro Sem lugar
para se esconder, Greenwald
conta como Snowden reagiu ao ver o Washington
Post executando seu ofício. “Em vez
de reportar a história rapidamente e de forma agressiva, o Washington Post montou um grande time de advogados, que estava
fazendo todo tipo de pedido e dando todo tipo de advertências terríveis. Para a
fonte (Snowden), isso mostrou que o Post, em relação ao que ele acreditava
ser uma oportunidade jornalística sem precedentes, estava sendo dominado pelo
medo em vez de convicção e determinação”, escreve Greenwald. Snowden então
fez um pedido: “Agora eu realmente quero
que você seja a pessoa que vai reportar isso. Eu o tenho lido há muito tempo e
sei que você será agressivo e não terá medo em fazer isso”. Greenwald respondeu: “Eu estou pronto e ansioso. Vamos decidir
agora o que preciso fazer”.
Pela divulgação do material de Snowden, Greenwald
ganhou o Prêmio Pulitzer de
jornalismo em 2014, ao lado do Guardian
e do Post. Mas a má experiência em
negociar a publicação com veículos da imprensa o levou, ainda em 2013, a pensar
em fundar o site The Intercept, em
que ele teria mais liberdade para divulgar seu material (os contratos assinados
para as colunas no Salon e no Guardian estabeleciam que Greenwald publicaria sem ter de se
submeter a um editor).
A empreitada digital começou muito bem. Em 2013, o Intercept recebeu 500 mil dólares do
bilionário iraniano Pierre Omidyar,
fundador do site de leilões eBay e
do PayPal. Nos primeiros anos de
vida, os salários da equipe do Intercept
foram custeados por Omidyar e pelo
rendimento das ações de suas empresas. Entre 2014 e 2017, Greenwald recebeu 1,6 milhão de dólares da First Look Media, de Omidyar.
Seu salário em 2015, segundo matéria do jornalista Charles Davis, publicada na Columbia
Journalism Review, chegou a 518 mil dólares ao ano, ou 43 mil dólares por
mês.
Três anos depois da divulgação dos materiais de Snowden, o Intercept ganhou os holofotes com a divulgação dos e-mails da
campanha de Hillary Clinton,
juntamente com o Wikileaks, do
australiano Julian Assange — que
recentemente foi obrigado a sair da embaixada do Equador, em Londres, onde
estava refugiado desde 2012, para evitar ser extraditado ou para a Suécia, onde
é acusado de estupro, ou para os Estados Unidos, onde é acusado de espionagem.
A Justiça do Reino Unido deve enviá-lo para os Estados Unidos. Com Snowden e Assange, Greenwald forma um trio decidido e sempre disposto a
defender Vladimir Putin. Snowden hoje vive refugiado na Rússia e
mantém contato frequente com Greenwald.
“Eu acho que a razão para que Putin tenha aceitado Snowden na Rússia
é porque ele simplesmente gostou da ideia de aparecer como um protetor dos
direitos humanos contra os Estados Unidos”, disse Greenwald a Ian Parker,
jornalista da revista The New Yorker.
Dos três ativistas, Greenwald
é o que tem a língua mais afiada. Para cada abuso ou crime cometido a mando de Putin, o americano cria uma história
para relativizar o fato. Ou, então, afirma que as evidências não são
suficientes para culpar Moscou. Um ex-espião russo e sua filha foram
envenenados com Novichok, na Inglaterra, no ano passado? Para Greenwald, os cientistas britânicos
mentiram quando disseram que a substância havia sido produzida na Rússia. E
atacar rivais políticos é o que fazia também o ex-presidente americano Barack Obama com o uso de drones
militares no Oriente Médio. Russos derrubaram um avião de passageiros da
Malaysia Airlines que sobrevoava a Ucrânia, em 2014? Greenwald tuitou que a Marinha americana também abateu um avião
iraniano em 1988.
No afã de livrar os russos, Greenwald, que é de esquerda, chegou até mesmo a se aproximar de
veículos de imprensa favoráveis ao presidente americano Donald Trump. Tudo para argumentar que não houve conluio entre os
russos e a campanha do republicano, em 2016. Greenwald chamou as matérias sobre um possível conluio de “histeria
russofóbica”. Ao mesmo tempo, passou a atacar impiedosamente o
ex-procurador-geral Robert Mueller,
que foi responsável pela investigação do caso. “Mesmo que ele (Trump) tenha
feito acordos estranhos com a Rússia, eu ainda acho que é do interesse geral
não ensinar uma geração inteira, que está se interessando por política pela
primeira vez, que os russos são demônios”, disse ele à New Yorker.
Além de preservar Putin,
Greenwald é simpático a grupos
terroristas muçulmanos, como o Estado
Islâmico, a Al Qaeda, o Hamas e o Hezbollah. Em uma conferência de socialistas em Chicago, em 2012,
ele disse: “Nós temos organizações na
lista de terrorismo que não são nem remotamente uma ameaça para os Estados
Unidos, como o Hezbollah e o Hamas. Eles não estão de forma alguma
tentando ferir americanos. São devotados a proteger seus cidadãos contra o
estado de Israel. Apesar disso, é um crime nos Estados Unidos fazer qualquer
coisa que seja entendida como apoio material ao Hezbollah e ao Hamas”.
Em 1983, só para lembrar, membros do Hezbollah
explodiram dois caminhões-bomba no Líbano e mataram 307 militares que estavam
no país como força de paz. Desses, 241 eram americanos.
Para Greenwald,
terroristas são as democracias do Ocidente. “Os Estados Unidos, o Reino Unido e seus aliados mataram repetidamente
civis muçulmanos na última década (e antes disso), mas os defensores desses
governos insistem que isso não pode ser ‘terrorismo’ porque são os combatentes,
não civis, que são os alvos. Será que está certo pensar que, quando nações
ocidentais matam continuamente civis muçulmanos, isso não é terrorismo, mas
quando os muçulmanos matam soldados ocidentais, isso é terrorismo?”,
escreveu ele no Guardian, em maio de
2013.
O Brasil entrou na vida de Greenwald principalmente por questões pessoais. Em 2005, o
americano conheceu o jovem David Miranda,
então com 20 anos, na região da rua Farme de Amoedo, na praia de Ipanema.
Casaram-se pouco tempo depois. Miranda,
que deixou a escola aos 13 anos, fez supletivo e depois se formou em
comunicação, tornou-se mundialmente conhecido por ter sido interrogado por nove
horas no aeroporto de Heathrow, em Londres. Ele foi pego transportando
documentos de Snowden para Greenwald. Ao chegar ao Brasil, começou
uma campanha pedindo para a então presidente Dilma Rousseff conceder asilo a Snowden, sem sucesso.
Em 2016, Miranda
elegeu-se vereador no Rio de Janeiro pelo PSOL.
No ano passado, tentou a Câmara dos Deputados. Com 17 mil votos, tornou-se
primeiro suplente da bancada do PSOL.
Quando o deputado federal Jean Wyllys,
também do PSOL, decidiu deixar o
Brasil alegando ameaças de morte, Miranda
ocupou seu lugar.
Miranda e Greenwald compartilham uma casa perto
da favela da Rocinha e a mesma visão de mundo. “Eu e meu marido estivemos juntos no caso do Snowden e nós lutamos contra os governos mais poderosos do mundo e
a CIA, a NSA, o Reino Unido… Estávamos sendo ameaçados o tempo todo”, disse
Greenwald, em entrevista para o site
Agência Pública, dois dias depois da
divulgação das mensagens roubadas do celular de Deltan Dallagnol e que teriam sido entregues ao Intercept por “fonte anônima”. Na mesma
entrevista, Greenwald aproveitou
para atacar veículos de imprensa brasileiros. Ele afirmou que a “grande mídia”
estava trabalhando para a Lava-Jato. Não é um argumento muito diferente do que
ele usou contra a imprensa americana, mas com sinal trocado. Ele diz que os
veículos do seu país estavam a serviço dos democratas, em 2016. “Quando a grande mídia transforma Moro e a força-tarefa em deuses ou
super-heróis, torna-se inevitável o que aconteceu. Os jornalistas pararam de
investigar e questionar a Lava-Jato
e simplesmente ficaram aplaudindo, apoiando e ajudando”, disse ele. “A Globo
foi para a força-tarefa uma aliada, amiga, parceira, sócia. Assim como a
força-tarefa da Lava-Jato foi o
mesmo para a Globo.”
No dia seguinte, a Globo emitiu um comunicado revelando que,
apesar dos ataques, Greenwald
procurara a empresa no dia 29 de maio para propor uma nova parceria: divulgar
as mensagens de Dallagnol a Sergio Moro. O advogado e a TV já
tinham trabalhado juntos em 2013 na publicação dos documentos de Snowden. Mas, numa conversa na redação
do Fantástico, Greenwald se recusou
a dar informações sobre o conteúdo do material que dizia possuir e da sua
origem — “uma grande bomba a explodir”.
Sim, ele queria fechar a parceria sem que a Globo soubesse antes o que ele tinha em mãos. Por isso, a conversa
não foi adiante.
Uma vez publicadas as matérias no Intercept, prossegue o
comunicado, um representante do site ainda procurou a emissora para oferecer
uma entrevista. Também não deu certo. Na sequência, vieram os ataques de Greenwald à Globo. “O comportamento de Greenwald nos episódios aqui narrados permite ao público julgar o
caráter dele”, diz a nota.
A Folha de São Verdevaldo,
agora, espalha mensagens de Deltan
Dallagnol para sua mulher. O novo traque, que levanta suspeitas sobre um
projeto que nem foi realizado, invade a esfera privada do procurador da Lava-Jato, à procura de algo para
emporcalhá-lo. O resultado só emporcalha os autores do golpe: em sua reportagem
sobre as palestras de Dallagnol, a Folha logicamente tentou encontrar
algum fragmento de conversa capaz de constranger Sérgio Moro, mas acabou obtendo o efeito contrário.
Há uma única
mensagem enviada pelo coordenador da força-tarefa ao ex-juiz da Lava-Jato, em que o procurador diz: “Caro, o Edilson Mougenot [fundador da Escola de Altos Estudos em Ciências
Criminais] vai te convidar nesta semana pra um curso interessante em agosto.
Eles pagam para o palestrante 3 mil. Pedi 5 mil reais para dar aulas lá ou
palestra, porque assim compenso um pouco o tempo que a família perde (esses
valores menores recebo pra mim… é diferente das palestras pra grandes eventos
que pagam cachê alto, caso em que estava doando e agora estou reservando
contratualmente para custos decorrentes da Lava-Jato
ou destinação a entidades anticorrupção)…”.
Além de não ter nada contra Moro (o estoque de traques de Verdevaldo parece ter chegado ao fim),
a mensagem isenta também Dallagnol,
explicando claramente o destino dos recursos de suas palestras.
Alguma dúvida de quem é o vilão nessa história?