Computadores são formados
por dois subsistemas distintos, mas interdependentes: o hardware e o software. O primeiro é tudo aquilo que a gente chuta, e o segundo, o que a gente só pode xingar. Ou, numa
definição mais elaborada: o hardware compreende os componentes
físicos do aparelho — gabinete, processador, placas de sistema e de expansão,
monitor etc. —, e o software, o sistema operacional, aplicativos, utilitários,
enfim, àquilo que, no léxico da informática, se convencionou chamar de
"programas" (conjuntos de
instruções em linguagem de máquina que descrevem uma tarefa a ser realizada
pelo computador, e podem referenciar tanto o código fonte, escrito em alguma
linguagem de programação, quanto o arquivo executável que contém esse código).
Combinada com a
evolução tecnológica, a interdependência entre o hardware e o software origina
um círculo vicioso (ou virtuoso). Componentes cada vez mais poderosos estimulam o
desenvolvimento de programas ainda mais exigentes, e estes, cada vez mais capacidade de processamento, espaço em disco e na memória RAM, levando a indústria do
hardware a robustecer ainda mais seus produtos — eis a razão pela qual PCs de última geração se tornam ultrapassados
em questão de meses e obsoletos em dois ou três anos.
Devido à
arquitetura modular, os "micros"
das primeiras safras eram vendidos em
kit, cabendo aos usuários montá-los ou recorrer a integradores
especializados (Computer Guy).
Operá-los também não era tarefa fácil, sobretudo quando não havia disco rígido nem
sistema operacional (cada tarefa exigia que os comandos fossem introduzidos
manualmente via teclado). Mais adiante, os programas seriam gravados em fita
magnética (como as populares cassete que a gente usava antigamente para
gravar e ouvir música) e depois em disquinhos magnéticos finos e
flexíveis, conhecidos como disquete ou Floppy Disk.
Observação: A
título de curiosidade, meu primeiro 286,
além de uma winchester com capacidade para armazenar umas poucas centenas de
megabytes, contava com um drive para disquetes de 5 ¼” e dois para modelos de 3
½”, o que facilitava sobremaneira a cópia de arquivos e de programas — como os
inevitáveis joguinhos, que se tornariam o principal meio de disseminação dos ainda incipientes vírus eletrônicos, e estes, o mote dos meus primeiros escritos
sobre informática e segurança digital. Mas isso já é outra conversa.
Foi também graças à evolução tecnológica que o custo do megabyte baixou de assustadores US$ 200
para alguns centavos, permitindo que os HDDs,
que levaram décadas para quebrar a barreira do gigabyte, se tornassem verdadeiros latifúndios. Hoje em dia, qualquer
desktop ou notebook de configuração chinfrim conta com algo entre 500 GB e 1 TB de espaço em disco.
É importante não
confundir espaço em disco com memória RAM. No jargão da informática, "memória"
remete a qualquer meio destinado ao armazenamento de dados, mas, por convenção,
sempre que falamos "genericamente" em memória estamos nos referindo à
RAM,
que é a memória física do computador
e principal ferramenta de trabalho do processador. É nela que o sistema,
aplicativos e demais arquivos são carregados — a partir do HDD, SSD ou
outro dispositivo de armazenamento persistente — para serem
processados/editados. Claro que eles não são carregados integralmente (ou não
haveria RAM que bastasse), mas
divididos em páginas (pedaços do
mesmo tamanho) ou em segmentos
(pedaços de tamanhos diferentes). Além das memórias física (RAM) e de massa (discos rígidos e
drives de memória sólida), o computador utiliza outras tecnologias com
finalidades específicas, como as memórias
ROM, de vídeo, cache, flash etc., mas isso já é outra
conversa.
Criado pela Sony
no final dos anos 1960 e lançado comercialmente em 1971, o disquete embarcou na
crescente popularização dos PCs e se tornou a solução primária para
armazenamento externo e transporte de arquivos digitais. Mas nem tudo eram flores: além de
oferecerem espaço miserável, os disquinhos eram frágeis e emboloravam e
desmagnetizavam com facilidade. Os primeiros modelos, de 8 polegadas (cerca de
20 cm), comportavam míseros 8 KB. Nos
de 5 ¼ polegadas, a capacidade
inicial de 160 KB chegou a 1,2 MB em 1984, quando eles deixaram de
ser produzidos. As versões de 3 ½
polegadas foram extremamente populares, a despeito de sua capacidade
medíocre (1,44 MB). Versões de 2,88 MB e 5,76 MB chegaram a ser lançadas, mas por alguma razão não se
popularizaram.
Observação: Considerando que seriam necessários cerca de
700 disquetes de 1.44 MB para armazenar 1 GB
de dados, para gravar nesse tipo de mídia os arquivos de instalação do Win7 seriam necessários 11.000 disquinhos
(que formariam uma pilha da altura de um edifício de 9 andares).
Com o advento das
mídias ópticas (CD, DVD e Blu-ray), os disquetes se tornaram "coisa do passado". Mesmo
assim, a Sony a fabricá-los até 2011,
quando finalmente jogou a toalha. Deveria tê-lo feito bem antes: a virada do
século trouxe o pendrive e, mais adiante,
o HD externo — dispositivos de memória flash com interface USB que oferecem latifúndios de espaço.
Somados aos drives virtuais (armazenamento em nuvem), essas tecnologias
levaram os fabricantes de PC, que já tinham excluídos o drive de disquete de suas planilhas de custo, a eliminar também o drive de mídia óptica.
O resto fica para o próximo capítulo.
O resto fica para o próximo capítulo.