EU VOU CONTAR PRA TODOS/A HISTÓRIA DE UM
RAPAZ/QUE TINHA HÁ MUITO TEMPO A
FAMA DE SER MAU/SEU NOME ERA TEMIDO,
SABIA ATIRAR BEM/SEU GÊNIO VIOLENTO,
JAMAIS GOSTOU DE ALGUÉM.
Os versos acima foram pinçados da canção "A HISTÓRIA DE UM HOMEM MAU" (querendo, dê play no vídeo abaixo e ouça a música).
A razão de esse velho sucesso dos anos 1960 me ter vindo à mente e o porquê de eu usá-lo na abertura deste texto ficarão claros ao longo desta postagem.
A razão de esse velho sucesso dos anos 1960 me ter vindo à mente e o porquê de eu usá-lo na abertura deste texto ficarão claros ao longo desta postagem.
Há quem acredite na existência de dimensões paralelas, onde clones de nós vivem as vidas que
viveríamos se tivéssemos escolhido virar à direita em vez de à esquerda, ou
vice-versa, nas diversas encruzilhadas que se nos apresentam ao longo de nossa
existência (a quem interessar possa, sugiro a leitura deste artigo).
A ideia de múltiplos universos existindo simultaneamente em
dimensões paralelas deu azo a inúmeros livros e filmes — dentre os quais eu recomendo o
fantástico (sem trocadilho) seriado Fringe,
de J.J. Abrans (de Armageddon e Missão Impossível 3), cujo piloto, tão caro quanto o de Lost,
que já era um dos mais caros da história, àquela época, começa com um
misterioso caso que, para resolver, a agente Olivia Dunham (Anna Torv)
busca a ajuda do cientista excêntrico Walter Bishop (John Noble), que não à toa foi internado em um manicômio.
Basicamente, a ideia é de que há tanto regiões do universo que
foram inflacionadas no passado e criaram matéria e radiação quanto outras que
ainda estão inflacionando e devem gerar em algum momento mais matéria e
radiação, dando origem a novos universos.
Nesse multiverso, a Terra é apenas um dos planetas que compartilham nosso sistema solar, que é um dos incontáveis sistemas estelares que compõem a Via Láctea, que é uma das inúmeras galáxias que existem no Universo — algumas tão distantes que a luz de suas estrelas ainda não foram captadas por nossos mais poderosos telescópios.
Nesse multiverso, a Terra é apenas um dos planetas que compartilham nosso sistema solar, que é um dos incontáveis sistemas estelares que compõem a Via Láctea, que é uma das inúmeras galáxias que existem no Universo — algumas tão distantes que a luz de suas estrelas ainda não foram captadas por nossos mais poderosos telescópios.
Para além disso tudo, especula-se que haja outros universos, mas em dimensões diferentes — alguns tão
minúsculos que seus sistemas estelares estariam dentro dos átomos que formam a
matéria. Num deles, ou em alguns deles, ou em milhões, bilhões ou trilhões
deles, talvez exista um "outro você" vivendo num mundo que pode ser igual a este, mas onde a história seguiu um curso diferente.
Detalhar tudo isso foge ao escopo desta postagem (para saber mais sobre multiverso clique aqui) e à esfera
de conhecimentos deste humilde blogueiro, sem mencionar que fazê-lo tornaria esta introdução
maior que a historinha de ficção que vou narrar a seguir — por "ficção" entenda-se "fantasia", algo que é fruto da criatividade e/ou imaginação do autor; assim, quaisquer semelhanças com fatos, eventos ou pessoas, vivas ou mortas, neste ou em outro país, serão meras coincidências.
Era uma vez um desses universos paralelos que supomos
existir. Num de seus zilhões de galáxias, brilha uma estrela de quinta grandeza
orbitada por uma porção de planetas, dentre os quais o Lodo, que abriga um paisinho sem-vergonha chamado Bostil.
Reza a lenda que o Criador
foi magnânimo com Bostil ao
distribuir benesses e desgraças entre os 7 continentes de Lodo. Assim, ao verem o país ser favorecido por um clima
predominantemente subtropical, fauna e flora diversificadas e abundantes, mais
de 8 mil quilômetros de costa e 5 mil quilômetros quadrados de florestas numa área
chamada de Bananônia Legal — onde
todo ano ocorrem queimadas, e todo ano ONGs e comunidades internacionais (pois
é, isso existe também por lá) reagem como se a fumaça estivesse prestes sufocar
toda a população do planeta —, a oposição chiou. Mas o Senhor das Esferas sentenciou:
Esperem para ver o povinho de merda que
eu vou colocar aí". Dito e feito.
Os primeiros habitantes de Bostil eram silvícolas preguiçosos, que não cultivavam nada, nem tampouco replantavam o que consumiam. Quando exauriam os recursos naturais da área ocupada por suas aldeias, simplesmente mudavam-nas para outro lugar. Quando suas mulheres pariam, refestelavam-se em suas
redes; quando eram forçados pelos "colonizadores" a trabalhar, preferiam morrer (literalmente) a pegar no batente — qualquer semelhança com certo ex-presidente
de origem popular, que séculos depois espoliaria o Erário de Bostil para se perpetuar no poder (pois
é, coisas assim também acontecem por lá), pode ou não ser mera coincidência.
Mas vamos por partes.
Bostil proclamou
sua independência, trocou a monarquia pela república, foi presidido por uma sucessão
de populistas e amargou por 21 anos uma ditadura militar que o atual presidente afirma jamais ter existido. O último ditador, que apreciava mais o cheiro
dos cavalos que o do povo, pressionado por movimentos pró-diretas comandados
por líderes políticos como Tronqueto Merdes e Ulyxo Cagalhões, deu
início a um tortuoso processo de abertura. Mas não só deixou claro Bostil ainda teria saudades dele como se recusou a passar a faixa presidencial a José
Sarnento, vice de Tronqueto —
o primeiro presidente civil pós-ditadura eleito indiretamente (para evitar que o
populacho fizesse merda), mas que esticou as canelas antes de tomar posse.
Durante a gestão do Sarnento-de-Bigode-e-Jaquetão,
foi promulgada uma Constituição — a sétima da história de Bostil — que instituiu um formidável
festival de bondades, mas se esqueceu de apontar quem bancaria a farra. E foi então que o sonho
começou a virar pesadelo.
Sucedeu-lhe no cargo o primeiro presidente efetivamente eleito pelo valoroso voto popular na "nova república". Dois anos depois, denunciado por corrupção e ciente de que seria inexoravelmente penabundado, o escroque renunciou para evitar a perda de seus direitos políticos — mas então já era tarde demais: diante da forte pressão popular, o Congresso cassou-o mesmo assim... e, acredite se quiser, anos depois esse sacripanta foi eleito senador da república. Quem não está acostumado estranha, mas vai por mim: absolutamente tudo pode acontecer em Bostil.
Sucedeu-lhe no cargo o primeiro presidente efetivamente eleito pelo valoroso voto popular na "nova república". Dois anos depois, denunciado por corrupção e ciente de que seria inexoravelmente penabundado, o escroque renunciou para evitar a perda de seus direitos políticos — mas então já era tarde demais: diante da forte pressão popular, o Congresso cassou-o mesmo assim... e, acredite se quiser, anos depois esse sacripanta foi eleito senador da república. Quem não está acostumado estranha, mas vai por mim: absolutamente tudo pode acontecer em Bostil.
Seguiu-se um governo de transição comandado pelo prosaico Lindomar Frango, e os bons resultados no combate à hiperinflação que campeava solta havia décadas levaram os bostileiros a eleger presidente seu ministro do fazenda, o grão-duque do partido
"Rei na Barriga".
Devido à inenarrável soberba da legenda (curiosamente emblemada por um tucano), sucederam a seu governo 13 anos e fumaça da mais inacreditável roubalheira, então sob o comando do "Partido dos Camarões" (assim chamado porque seus integrantes e apoiadores não só são "vermelhos" e têm os intestinos na cabeça). Como não há bem que sempre dure nem mal que nunca termine — mesmo nesse rincões da galáxia —, a sucessora do primeiro presidente Camarão, indicada para manter quente a poltrona presidencial enquanto seu padrinho político e mentor cumpria o intervalo constitucional de 4 anos após o qual poderia voltar a se candidatar ao posto, foi picada pela mosca azul (lá também tem mosca azul), fez um pacto com o diabo para se reeleger, mas acabou penabundada antes de concluir seu segundo mandato (ainda pior do que o primeiro).
Devido à inenarrável soberba da legenda (curiosamente emblemada por um tucano), sucederam a seu governo 13 anos e fumaça da mais inacreditável roubalheira, então sob o comando do "Partido dos Camarões" (assim chamado porque seus integrantes e apoiadores não só são "vermelhos" e têm os intestinos na cabeça). Como não há bem que sempre dure nem mal que nunca termine — mesmo nesse rincões da galáxia —, a sucessora do primeiro presidente Camarão, indicada para manter quente a poltrona presidencial enquanto seu padrinho político e mentor cumpria o intervalo constitucional de 4 anos após o qual poderia voltar a se candidatar ao posto, foi picada pela mosca azul (lá também tem mosca azul), fez um pacto com o diabo para se reeleger, mas acabou penabundada antes de concluir seu segundo mandato (ainda pior do que o primeiro).
Como consequência, durante dois anos e fumaça os bostileiros foram assombrados por um vampiro (vampiros existem nesse mundo paralelo, e não só em Bostil, mas em todo o planeta Lodo). Hoje, até onde se sabe, o país é
comandado por Javir Bostonardo, um inconsequente saudosista da ditadura militar (por
incrível que pareça, coisas assim acontecem por lá), mas isso já é assunto para o
próximo capítulo, que pretendo publicar depois de amanhã. Até lá.