NA CIÊNCIA, CADA CERTEZA TRAZ OUTRA DÚVIDA; NA FÉ, CADA DÚVIDA VIRA UMA CERTEZA.
Os primeiros computadores eletrônicos surgiram em meados dos anos 1950, na forma de monstruosos mainframes que ocupavam andares inteiros, pesavam toneladas, custavam milhões de dólares, mas tinham menos poder de processamento que uma calculadora xing-ling atual, daquelas que são vendidas por R$ 10 nos melhores camelódromos do ramo (clique aqui para mais detalhes). Apenas para dar uma ideia do que isso significa, no pool de sistemas usado pela NASA na missão Apollo 11 (que levou o homem à Lua em 1969) a frequência de operação do processador era de 0,043 MHz e a quantidade de memória física era de míseros 64KB.
A computação
pessoal surgiu nos anos 1970, mas os microcomputadores só começaram a se
popularizar entre pessoas "comuns" na década de 90. O sucesso dos desktops — termo que significa
literalmente "em cima da mesa"
— propiciou o surgimento dos laptops
— aglutinação dos termos em inglês lap (colo) e top (em
cima), significando "em cima do
colo" —, que mais adiante passou a ser chamado de “notebook” devido ao formato e dimensões semelhantes às de um caderno universitário.
Observação: A
princípio, o termo laptop remetia a portáteis
maiores, mais pesados e pródigos em recursos que os notebooks. Mais adiante, essa diferenciação deixou de ser observada;
de algum tempo a esta parte, o termo laptop
caiu em desuso, conquanto possa ser utilizado sem problema algum.
Até meados da década passada, nove em cada 10 usuários
de PC sonhavam ter um PC portátil, mas o preço dessas belezinhas era um
pesadelo. Meu primeiro note — um Compaq
EVO n1020v comprado em meados de 2003 — custou o equivalente a 22 salários-mínimos (valor
que, atualizado pelo IGP-M,
corresponde a R$ 13.393,34).
Os portáteis perderam parte do encanto com a chegada dos ultraportáteis
— smartphones e tablets, mas o fato é que inúmeras tarefas (de games radicais
a aplicações de edição de imagens) demandam mais poder de processamento e
memória do que esses pequenos notáveis oferecem. Por outro lado, o smartphone caiu no gosto do povo e se
tornou onipresente, condenando ao ostracismo soluções que já tiveram seus 15
minutos de fama — como os netbooks (“net” vem de rede e, por
extensão, remete à Internet), que são menores, mais leves e ainda mais
espartanos (em termos de recursos de hardware) que os notebooks de entrada de linha.
Aqui cabe abrir um parêntese para dizer que “cair no gosto” é uma variação da expressão “dar no goto”, e que “goto” é um sinônimo informal de glote. Segundo o Houaiss, ambas as locuções significam “ser objeto de agrado, de atenção; cair nas boas graças”, mas “cair no goto” é uma expressão antiga que, além de ser pouco conhecida, faz referência uma função corporal e, se tomada literalmente, significa “provocar engasgo ou sufocamento” (nada a ver, portanto, com o sentido de “agrado” que se pretende comunicar).
Cultura inútil, mas, como dizia meu avô, “saber não ocupa lugar”. Ou não. Senão vejamos.
Diz-se que Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança — embora acreditar nisso fique mais difícil a cada dia, considerando o que se tem visto mundo afora nestes tempos estranhos. Enfim, interessa dizer que o homem criou o computador “à sua imagem e semelhança”, donde a semelhança entre a memória humana e as memórias física e de massa do sistema (RAM e HDD, respectivamente).
A capacidade de armazenamento da máquina é limitada, mas pode ser ampliada por um upgrade (para mais detalhes, clique aqui). A memória humana, por sua vez, também é limitada, mas, pelo menos até onde eu sei, não há como fazer upgrade.
Observação: Clique aqui
para detalhes sobre tipos e tecnologias de memória utilizadas pelo computador;
para ler a sequência desde o primeiro capítulo, clique aqui e,
ao final de cada post, clique no link Postagem
mais recente uma ou mais vezes, até que o capítulo subsequente seja
exibido.
Da feita que não somos eternos, mais de 1 trilhão de conexões que mais de 1 bilhão de neurônios são capazes de forma são mais que suficientes. Claro que teríamos um sério problema de espaço se cada neurônio fosse capaz de armazenar uma única lembrança, mas as combinações que são criadas expandem substancialmente nossa capacidade de armazenar recordações.
Ainda com base na
analogia entra nossa memória e a do
computador, o “espaço” disponível no cérebro humano gira em torno de 2,5 PB (cada petabyte corresponde a 1.000.000 de gigabytes), o que é suficiente para armazenar a programação transmitida
ininterruptamente por um canal de TV durante mais de 300 anos.
Claro que trata-se de mera especulação; medir a
capacidade de chips, módulos e drives de memória é relativamente simples, mas mensurar a capacidade do cérebro humano já são outros quinhentos. Até porque algumas lembranças envolvem mais detalhes e ocupam mais
espaço, enquanto outras são “deletadas”, abrindo espaço para novas lembranças.
Convém ter em mente (sem trocadilho) que a memória humana não fica localizada num
determinado local do cérebro, como se imaginava até pouco tempo atrás. Na
verdade, ela é formada por um grupo de sistemas onde
cada um deles tem seu papel na criação, armazenamento e lembrança das
informações, e todos trabalham em conjunto para fornecer um pensamento coeso.
É difícil encontrar um indivíduo com mais de 50 anos que não pague mico por esquecer o número do próprio telefone, p.ex. Esses lapsos, inerentes ao processo de envelhecimento, são mais recorrentes em fumantes, bebedores contumazes e pacientes tratados com ansiolíticos, hipnóticos de longa ação, antipsicóticos e antidepressivos.
Esquecer eventualmente
o que comeu no almoço do dia anterior — ou mesmo se almoçou no
dia anterior — não significa estar desenvolvendo o Mal de Alzheimer (doença degenerativa
incurável que afeta inicialmente a memória, segue pelas habilidades espaciais e
visuais e acaba levando à demência cerca de 10% dos sexagenários e 25% dos octogenários), mas se esses esquecimentos
se repetem de forma recorrente...
Até aqui eu não disse grande coisa, mas enchi um bocado de linguiça. Mais tarde, se ainda me lembrar qual era o assunto em pauta, verei se consigo concluir o raciocínio e publicar o texto na postagem de... Por falar nisso, que dia é hoje?